Gerhard Richter, Anselm Kiefer e Tony Cragg em Lisboa
Isto está tudo ligado. Os três gigantes das artes andam por aí, discretamente por Lisboa, em galerias, museus, salas de cinema, praças, quase em silêncio.
As suas obras pouco têm em comum, a não ser que os adoro quase por igual aos três. A verdade é que assumem as suas culturas europeias/germânicas e são rapazes já com alguma idade para não precisarem de dar nas vistas.
Gerhard Richter (91 anos) pintor alemão, nascido em Dresden é um dos meus pintores preferidos. Um dos seus mais importantes quadros Abstract Painting (Abstraktes Bild) encontra-se no CCB. A sua obra apresenta temas com elementos do acaso num jogo entre realismo e abstração.
Anselm Kiefer (78 anos), pintor e escultor alemão, nascido em Donaueschingen. Recentemente apresentado no cinema e Portugal num belíssimo documentário de Wim Wenders, os seus trabalhos exploram a interseção da recente história alemã e as experiências individuais do artista.
Anthony Douglas Cragg (74 anos) escultor anglo-alemão, residente em Wuppertal, Alemanha desde 1977. O seu trabalho integra-se na natureza, fazendo a ponte entre as ciências abstratas e o mundo da imaginação cultural humana. Quatro esculturas de Tony Cragg estiveram patentes no centro histórico de Lisboa durante a exposição no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC).
Os três estão representados na Coleção do CCB.
As suas obras pouco têm em comum, a não ser que os adoro quase por igual aos três. A verdade é que assumem as suas culturas europeias/germânicas e são rapazes já com alguma idade para não precisarem de dar nas vistas.
Gerhard Richter (91 anos) pintor alemão, nascido em Dresden é um dos meus pintores preferidos. Um dos seus mais importantes quadros Abstract Painting (Abstraktes Bild) encontra-se no CCB. A sua obra apresenta temas com elementos do acaso num jogo entre realismo e abstração.
Anselm Kiefer (78 anos), pintor e escultor alemão, nascido em Donaueschingen. Recentemente apresentado no cinema e Portugal num belíssimo documentário de Wim Wenders, os seus trabalhos exploram a interseção da recente história alemã e as experiências individuais do artista.
Anthony Douglas Cragg (74 anos) escultor anglo-alemão, residente em Wuppertal, Alemanha desde 1977. O seu trabalho integra-se na natureza, fazendo a ponte entre as ciências abstratas e o mundo da imaginação cultural humana. Quatro esculturas de Tony Cragg estiveram patentes no centro histórico de Lisboa durante a exposição no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC).
Os três estão representados na Coleção do CCB.
Il Commendatore Enzo Ferrari
Se querem perceber o que é competição sem limites – entre a vida e a morte – onde não se olha a meios para se chegar ao sucesso, vejam o filme FERRARI de Michael Mann, baseado no romance Enzo Ferrari - O Homem e a Máquina de Brock Yates, publicado pela primeira vez em 1991.
O realizado norte americano (The Last of the Mohicans) aborda sem contemplações de forma primorosa um período da vida de “Il Commendatore” Enzo Ferrari quando, em 1957, este decide apostar tudo na icônica competição Mille Miglia, uma corrida automobilística de longa distância por Itália, quando a falência paira sobre a empresa com o seu nome.
Ferrari, mecânico autodidata, antigo piloto, não participa em corridas com a sua equipa para promover os seus carros, ele vende carros para participar em corridas.
Para ele os seus pilotos só têm de pensar numa coisa: “vencer”.
A sua vida é marcada pela tragédia, numa época em que as questões de segurança ainda estavam na pré-história automobilística, com a morte a surgir em cada curva.
Num filme hiper-realista (excelente interpretação de Adam Driver no papel de Enzo) o realizado não faz cedências, tanto ao nível da caracterização das personagens, do ambiente de época, como da cena que relatam os acidentes mortais que se sucediam.
Frases de Enzo Ferrari:
“A aerodinâmica é para as pessoas que não sabem construir motores”.
“Temos de trabalhar continuamente senão pensamos na morte”.
“As corridas são uma mania excelente e exigem que se sacrifique tudo, sem reticências, sem hesitações”.
“Nunca fiz uma viagem a sério ou fui de férias. Para mim, as melhores férias são passar o tempo nas oficinas quando quase toda a gente está de férias”.
“Os carros de corrida não são nem bonitos, nem feios. Tornam-se bonitos com a vitória”.
“Chegou ao fim a era das corridas com simpatia”.
“O sucesso é terrível. Os italianos perdoam tudo: os ladrões, os assassinos, menos o sucesso.”
O realizado norte americano (The Last of the Mohicans) aborda sem contemplações de forma primorosa um período da vida de “Il Commendatore” Enzo Ferrari quando, em 1957, este decide apostar tudo na icônica competição Mille Miglia, uma corrida automobilística de longa distância por Itália, quando a falência paira sobre a empresa com o seu nome.
Ferrari, mecânico autodidata, antigo piloto, não participa em corridas com a sua equipa para promover os seus carros, ele vende carros para participar em corridas.
Para ele os seus pilotos só têm de pensar numa coisa: “vencer”.
A sua vida é marcada pela tragédia, numa época em que as questões de segurança ainda estavam na pré-história automobilística, com a morte a surgir em cada curva.
Num filme hiper-realista (excelente interpretação de Adam Driver no papel de Enzo) o realizado não faz cedências, tanto ao nível da caracterização das personagens, do ambiente de época, como da cena que relatam os acidentes mortais que se sucediam.
Frases de Enzo Ferrari:
“A aerodinâmica é para as pessoas que não sabem construir motores”.
“Temos de trabalhar continuamente senão pensamos na morte”.
“As corridas são uma mania excelente e exigem que se sacrifique tudo, sem reticências, sem hesitações”.
“Nunca fiz uma viagem a sério ou fui de férias. Para mim, as melhores férias são passar o tempo nas oficinas quando quase toda a gente está de férias”.
“Os carros de corrida não são nem bonitos, nem feios. Tornam-se bonitos com a vitória”.
“Chegou ao fim a era das corridas com simpatia”.
“O sucesso é terrível. Os italianos perdoam tudo: os ladrões, os assassinos, menos o sucesso.”
POVOS ORIGINÁRIOS – GUERREIROS DO TEMPO
“A fotografia é minha forma de vida, é a maneira como eu vejo o mundo”, diz o autor, citado em nota de imprensa. Ricardo Stuckert tem 52 anos, e conta com mais de três décadas de experiência. Durante oito anos foi fotógrafo oficial da Presidência da República nos primeiros dois mandatos (2003-2010) de Lula da Silva, eleito novamente presidente do Brasil.
‘Stuckinha’, como é conhecido no Brasil, trabalhou, no início da sua vida profissional, em órgãos de comunicação como “O Globo” e “Veja”. Recentemente, foi diretor de fotografia do filme ‘Democracia em Vertigem’. Por sua vez, este é da autoria de Petra Costa e foi nomeado para o Óscar do Melhor Documentário 2020 da Academia de Hollywood.
‘Povos Originários’ pode ser vista no Palácio Anjos, em Algés, até ao dia 16 de julho, de terça a domingo, das 11h00 às 18h00 (última entrada às 17h30). Todavia, a mostra estará encerrada às segundas e feriados.
MAIS INFORMAÇÃO: https://www.dn.pt/cultura/na-floresta-amazonica-entre-os-seus-guardioes-16193294.html
18h55 de 04/06/2023
‘Stuckinha’, como é conhecido no Brasil, trabalhou, no início da sua vida profissional, em órgãos de comunicação como “O Globo” e “Veja”. Recentemente, foi diretor de fotografia do filme ‘Democracia em Vertigem’. Por sua vez, este é da autoria de Petra Costa e foi nomeado para o Óscar do Melhor Documentário 2020 da Academia de Hollywood.
‘Povos Originários’ pode ser vista no Palácio Anjos, em Algés, até ao dia 16 de julho, de terça a domingo, das 11h00 às 18h00 (última entrada às 17h30). Todavia, a mostra estará encerrada às segundas e feriados.
MAIS INFORMAÇÃO: https://www.dn.pt/cultura/na-floresta-amazonica-entre-os-seus-guardioes-16193294.html
18h55 de 04/06/2023
Uma Tragédia indescritível
*Fausto Ribeiro:
Eu estou em İstanbul, largas centenas de quilómetros distante, cerca de mil até à fronteira com a Síria, na ponta diametralmente oposta. Mas, várias vezes vamos para essa zona para fugir à inclemência do Inverno. Este ano, porque o Inverno parecia não querer chegar a İstanbul (mas já cá está, chegou há 1 semana), não fomos até lá. Mersin, Adana, Hatay (Antakya ou İskenderun ou Alexandreta, conforme quem nomeia a antiga e histórica metrópole), são cidades ribeirinhas do Mediterrâneo e com İnvernos menos rigorosos.
Os sismos (7,7 e 7,8 com imensas réplicas de 5 ou mais graus) foram no sudoeste da Turquia e na zona contígua com a Síria, abrangendo uma área bem maior que Portugal inteiro. Não há registos históricos de tamanha dimensão, quer na magnitude dos sismos, quer na sua extensão.
Uma destruição maior que uma guerra, algo inimaginável.
Mas na Síria ainda foi pior, ficou tudo arrasado, nem a guerra havia já destruído tanto essa zona.
Logo no pior momento deste Inverno até agora, frio gélido, nevões e ventos assustadores em toda essa área que não é ribeirinha, mais interior.
As pessoas foram apanhadas a dormir e saíram para a rua com o que tinham no corpo, imagine-se!
Kahramanmaraş, Adiyaman, Diyarbakır, Batman, Osmaniye, Şirnak, Kilis, Mardin, Siirt, Malatya, Şanliurfa, Hatay, Adana, são cidades de centenas de milhares de habitantes, Gaziantep e Mersin (grande ponto turístico veranil, chega a ter 6 milhões nessa altura do ano) de milhões.
As imagens são indescritíveis e ainda bem piores por todas essas localidades mais interiores, isoladas, onde nada ficou inteiro nem de pé. Há zonas praticamente inacessíveis devido à neve acumulada, onde ainda não se conhecem bem os estragos, apenas se imaginam e se temem
Decididamente não há Deus
Os turcos são duros mas solidários, embora rudes à primeira vista.
Imagine-se estar-se a esgravatar escombros muito instáveis, constantemente a sucederem-se réplicas e a desmoronarem-se mais casas, paredes e muros, com neve, frio e vento a envolver tudo.
Na Síria as coisas estão muito piores, desde logo, pela qualidade das casas ser bem inferior e estar exangue devido a uma guerra de quase 12 anos, salva-se a zona não ser tão povoada. Mas é muito irregular morfologicamente, grandes vales e extensas e abruptas montanhas (a zona dos Curdos) o que dificulta o socorro, assim como, o país não ter os meios nem a organização da Turquia e a chamada comunidade internacional parece estar a esquecer-se dos sírios.
Essa zona da Síria é muito complicada, há aí ferozes combates de várias forças e facções antagónicas no conflito. É a Pátria dos curdos que a comunidade internacional não quer reconhecer e vota ao abandono, à miséria e à diáspora mais de 25 milhões de seres humanos, deixando outros nas mãos de organizações terroristas que os arregimentam. Ora, se a Turquia, país bem apetrechado para estas situações (os terramotos são frequentes no seu território) está impotente para socorrer tudo e rapidamente, imagine-se uma Síria exangue devido a 12 anos de guerra e que nunca esteve suficientemente apetrechada para enfrentar desastres destes, que também aí são frequentes, mesmo antes da guerra. Avançar-se para um cessar-fogo temporário, ninguém se lembra...
Sei que as imagens que tendes aí já vos poderão dar uma ideia da imensidão desta tragédia, mas a situação no terreno é ainda mais aterradora, claramente impossível sequer de acreditar, a comoção não nos permite.
Vai chegando ajuda de todos os cantos do mundo, melhor, de quase todos os cantos, porque algumas das potências mundiais, incluindo europeias, ainda estão a fazer contas... Países (que não vou nomear, para não ferir susceptilidades) houve que, por exemplo, ainda antes de se ouvirem declarações de seus governantes, já tinham 5 aviões de carga e mais 2 repletos de pessoal médico em solo turco. Outros, por exemplo, a Alemanha, onde os imigrantes turcos são aos milhões, a quem muito se deve a sua reconstrução do pós-guerra, até nas declarações de circunstância foi escandalosamente tardia, tal como a pérfida Britânia. Dos EUA e do Canadá, pouco veio até agora, vergonhosamente pouco. Biden enviou 10 elementos de resgate e 10 cães treinados para o efeito. 10?!!!, um país que é praticamente um continente, com uma economia esmagadora e um grau de apetrechamento técnico e tecnológico ímpar?!!!. 10 + 10, imagine-se, até de Portugal seguiu bem mais.
Vem-me à memória o que se passou no Haití há 13 anos. Os EUA enviaram 11 médicos somente após um par de semanas (a viagem era longa...), mas toda a comunicação social hollywoodesca, bem reflectida no resto do Ocidente, não abria noticiário nem apresentava primeiras páginas sem elogiar essa ajuda(ita), esquecendo-se, por exemplo, não só da República Dominicana como de Cuba (em menos de 4 horas já havia mais de 400 médicos cubanos no terreno). A União Europeia também levou demasiado tempo a reagir e continua a fazer contas e a encontrar um esquema para actuar em conjunto (agora, até parece já o entrudo, afirma que vai criar e fortalecer organismo para responder a catástrofes destas / que o façam, já tarda, mas não venham enrolar a manta porque a situação é super-urgente. Incrível como uma tão rica e poderosa instituição nunca se tenha lembrado disso antes e tenha sido agora apanhada descalça), ainda sem uma resposta global, vendo vários dos seus países a antecipar-se. Itália, Portugal, Polónia (apesar de tudo), Holanda, Espanha, Grécia (até a Grécia, ancestral inimigo) começaram a avançar sem esperar por directivas da UE. Da OTAN, também nada ainda chegou e menos se ouviu. Helicópteros, único meio para chegar aos pontos críticos, que são milhares, que a OTAN podia já ter começado a enviar, nicles, batatóides. Tendas, tendas, tendas, geradores, geradores, geradores, comida, comida, comida, hospitais de campanha (os 2 maiores hospitais de Hatay ruíram com tudo e todos lá dentro e os restantes hospitais turcos, que são bem mais de mil, rebentam pelas costuras com a chegada permanente de vítimas), carros para a desobstrução dos escombros, médicos e enfermeiros, material médico de emergência, engenheiros para organizar a actividade, soldados para ajudar em tudo o que for preciso, o que a OTAN tem em qualidade e profundidade, ainda nada deu sinal (está mais focada e preocupada com a China e esperando um terramoto-marmoto que estenda o Atlântico e engula o Pacífico...).
Lembro-me do terrível terramoto de 2010 (9 de Janeiro) no Haití (mais de 250 mil mortos, mais de 1 milhão de crianças órfãs, uma cidade imensa transformada em cacos, Port-au-Prince). Eu estava então na República Dominicana, país que divide a ilha com o Haití. O governo dominicano organizou ajudas e socorros de toda a natureza, rapidamente saindo para lá. Outros pequenos e não poderosos países da zona faziam o que podiam para socorrer aquela gente, mas os poderosos do mundo - e não todos -, apesar das comoventes declarações e generosas promessas, só se deu conta deles no terreno mais de 1 semana depois e, do dinheiro prometido então (e já passaram 13 anos) nem metade ainda chegou ao país.
Eu presenciei toda aquela tragédia no dia-a-dia porque integrei uma equipa de desportistas e artistas dominicanos que seguia todos os dias, durante várias semanas, com ajuda (como era o mais velho e como falava francês, a língua oficial no Haití, era eu o chefe da equipa). Desde então, cheguei à conclusão que seria de todo impossível acontecer algum dia tragédia maior. Hoje confesso que já não estou tão convicto disso. É que, o que vou vendo e sabendo ultrapassa todos os limites possíveis de imaginar.
Como já disse, os turcos são duros e rudes, mas solidários. Todos os meus atletas apresentaram-se nos gabinetes montados em İstanbul para mobilizar voluntários para a zona. A extensão da devastação é enorme e não se consegue ter socorristas (formados ou não) em todo lado. As condições climatéricas juntam-se às dificuldades de sobrevivência de quem ainda está soterrado, o frio ameaça todos esses infelizes com hipotermia.
Quando os meus atletas decidiram avançar, eu quis ir com eles e fui. Mas não me aceitaram devido à idade. De nada valeu os atletas lhes dizerem que eu estava fisicamente apto e já tinha experiência de tragédia desta natureza. Vi-os partir com um valente aperto no coração.
Isto é uma coisa enorme, enorme!, quantos milhões vão continuar severamente afectados durante anos a fio, quantas gerações virão sem que ainda as coisas possam ter voltado ao que era antes?, quantos milhões vão ficar desempregados, com tantas empresas desaparecidas para sempre nos escombros?, quantos órfãos vão ter de sobrevier sem os seus progenitores?, quanta ajuda vai ser necessária para minorar os estragos? e quantos países estarão na disposição de manter essa ajuda imprescindível?, é que a Turquia apesar de economicamente poderosa não consegue abarcar toda a dimensão da tragédia e a Síria, se já antes da guerra tinha pouco, agora tem quase nada.
Tudo isto, junto ao que devasta e devora a Ucrânia, ao que se passou há meses no Paquistão, à monstruosidade que provocou o último vírus, aos conflitos bélicos que se avizinham e que já estão prometidos, à fome e à pobreza a alastrarem-se como nunca, é a verdadeira realidade do mundo em que vivemos no século XXI, que construímos e que teimamos em não querer mudar, como se vivêssemos no Paraíso (e se algo nos perturba essa felicidade paradisíaca, prontamente identificamos o causador, que, curiosamente, nunca somos nós / a quem vamos agora acusar deste medonho terramoto?, a Deus ou ao Diabo?).
Desastres naturais, como o de agora, nada podemos fazer para os evitar, mas poderíamos evitar a dimensão dos seus estragos se nos preocupássemos em ter mais e melhores meios de socorro e, pensar melhor a urbanização, exigente em melhor construção e em vigilância do seu estado, como, demasiado importante para o efeito, ajudar a quem precisa de casa e somente consegue construir umas barracas que teimam em ser o seu túmulo; na recente tragédia sucedida no Paquistão, apenas uma das inúmeras todos os anos, se nos preocupássemos realmente em preservar o ambiente que nos permitiu aparecer e manter-nos no planeta; de vírus e outras mortíferas epidemias e pandemias sanitárias, se deixássemos de afrontar a natureza com propósitos de gula descontrolada e parássemos de inventar novas armas para derrotar o inimigo; das calamidades que a fome e a pobreza nos trazem. De novo cito o Haití (mas também poderia citar o Iémen, a quem a Arábia Saudita bloqueia os portos, impedindo que chegue ajuda humanitária, mesmo a que vem da ONU, e a tal comunidade internacional faz de conta que desconhece), hoje nas mãos de pandillas cruelmente criminosas, a que a comunidade internacional não quer atender e tenta que não saibamos, se parássemos de fazer negócio com a sobrevivência dos outros; do que se passa agora na Ucrânia (e no Iémen e na Síria e no Iraque e na Palestina e no Congo e no Sudão e no Chade e na República Centro Africana e no Saharauí e no Mali e no Burkina Fasso e na Nigéria e na Somália e no Afeganistão e no Nagorno-Karabagh/Arménia-Azerbaijão e em Moçambique e em Myanmar, etc., etc., tragédias encobertas e esquecidas para que não nos assalte a incómoda consciência) se nos preocupássemos em tentar não hostilizar o outro e em integrar-nos com ele.
*Fausto Ribeiro foi treinador de Francis Obikwelu entre muito outros atletas em Portugal e é treinador de atletismo na Turquia desde 2013.
Eu estou em İstanbul, largas centenas de quilómetros distante, cerca de mil até à fronteira com a Síria, na ponta diametralmente oposta. Mas, várias vezes vamos para essa zona para fugir à inclemência do Inverno. Este ano, porque o Inverno parecia não querer chegar a İstanbul (mas já cá está, chegou há 1 semana), não fomos até lá. Mersin, Adana, Hatay (Antakya ou İskenderun ou Alexandreta, conforme quem nomeia a antiga e histórica metrópole), são cidades ribeirinhas do Mediterrâneo e com İnvernos menos rigorosos.
Os sismos (7,7 e 7,8 com imensas réplicas de 5 ou mais graus) foram no sudoeste da Turquia e na zona contígua com a Síria, abrangendo uma área bem maior que Portugal inteiro. Não há registos históricos de tamanha dimensão, quer na magnitude dos sismos, quer na sua extensão.
Uma destruição maior que uma guerra, algo inimaginável.
Mas na Síria ainda foi pior, ficou tudo arrasado, nem a guerra havia já destruído tanto essa zona.
Logo no pior momento deste Inverno até agora, frio gélido, nevões e ventos assustadores em toda essa área que não é ribeirinha, mais interior.
As pessoas foram apanhadas a dormir e saíram para a rua com o que tinham no corpo, imagine-se!
Kahramanmaraş, Adiyaman, Diyarbakır, Batman, Osmaniye, Şirnak, Kilis, Mardin, Siirt, Malatya, Şanliurfa, Hatay, Adana, são cidades de centenas de milhares de habitantes, Gaziantep e Mersin (grande ponto turístico veranil, chega a ter 6 milhões nessa altura do ano) de milhões.
As imagens são indescritíveis e ainda bem piores por todas essas localidades mais interiores, isoladas, onde nada ficou inteiro nem de pé. Há zonas praticamente inacessíveis devido à neve acumulada, onde ainda não se conhecem bem os estragos, apenas se imaginam e se temem
Decididamente não há Deus
Os turcos são duros mas solidários, embora rudes à primeira vista.
Imagine-se estar-se a esgravatar escombros muito instáveis, constantemente a sucederem-se réplicas e a desmoronarem-se mais casas, paredes e muros, com neve, frio e vento a envolver tudo.
Na Síria as coisas estão muito piores, desde logo, pela qualidade das casas ser bem inferior e estar exangue devido a uma guerra de quase 12 anos, salva-se a zona não ser tão povoada. Mas é muito irregular morfologicamente, grandes vales e extensas e abruptas montanhas (a zona dos Curdos) o que dificulta o socorro, assim como, o país não ter os meios nem a organização da Turquia e a chamada comunidade internacional parece estar a esquecer-se dos sírios.
Essa zona da Síria é muito complicada, há aí ferozes combates de várias forças e facções antagónicas no conflito. É a Pátria dos curdos que a comunidade internacional não quer reconhecer e vota ao abandono, à miséria e à diáspora mais de 25 milhões de seres humanos, deixando outros nas mãos de organizações terroristas que os arregimentam. Ora, se a Turquia, país bem apetrechado para estas situações (os terramotos são frequentes no seu território) está impotente para socorrer tudo e rapidamente, imagine-se uma Síria exangue devido a 12 anos de guerra e que nunca esteve suficientemente apetrechada para enfrentar desastres destes, que também aí são frequentes, mesmo antes da guerra. Avançar-se para um cessar-fogo temporário, ninguém se lembra...
Sei que as imagens que tendes aí já vos poderão dar uma ideia da imensidão desta tragédia, mas a situação no terreno é ainda mais aterradora, claramente impossível sequer de acreditar, a comoção não nos permite.
Vai chegando ajuda de todos os cantos do mundo, melhor, de quase todos os cantos, porque algumas das potências mundiais, incluindo europeias, ainda estão a fazer contas... Países (que não vou nomear, para não ferir susceptilidades) houve que, por exemplo, ainda antes de se ouvirem declarações de seus governantes, já tinham 5 aviões de carga e mais 2 repletos de pessoal médico em solo turco. Outros, por exemplo, a Alemanha, onde os imigrantes turcos são aos milhões, a quem muito se deve a sua reconstrução do pós-guerra, até nas declarações de circunstância foi escandalosamente tardia, tal como a pérfida Britânia. Dos EUA e do Canadá, pouco veio até agora, vergonhosamente pouco. Biden enviou 10 elementos de resgate e 10 cães treinados para o efeito. 10?!!!, um país que é praticamente um continente, com uma economia esmagadora e um grau de apetrechamento técnico e tecnológico ímpar?!!!. 10 + 10, imagine-se, até de Portugal seguiu bem mais.
Vem-me à memória o que se passou no Haití há 13 anos. Os EUA enviaram 11 médicos somente após um par de semanas (a viagem era longa...), mas toda a comunicação social hollywoodesca, bem reflectida no resto do Ocidente, não abria noticiário nem apresentava primeiras páginas sem elogiar essa ajuda(ita), esquecendo-se, por exemplo, não só da República Dominicana como de Cuba (em menos de 4 horas já havia mais de 400 médicos cubanos no terreno). A União Europeia também levou demasiado tempo a reagir e continua a fazer contas e a encontrar um esquema para actuar em conjunto (agora, até parece já o entrudo, afirma que vai criar e fortalecer organismo para responder a catástrofes destas / que o façam, já tarda, mas não venham enrolar a manta porque a situação é super-urgente. Incrível como uma tão rica e poderosa instituição nunca se tenha lembrado disso antes e tenha sido agora apanhada descalça), ainda sem uma resposta global, vendo vários dos seus países a antecipar-se. Itália, Portugal, Polónia (apesar de tudo), Holanda, Espanha, Grécia (até a Grécia, ancestral inimigo) começaram a avançar sem esperar por directivas da UE. Da OTAN, também nada ainda chegou e menos se ouviu. Helicópteros, único meio para chegar aos pontos críticos, que são milhares, que a OTAN podia já ter começado a enviar, nicles, batatóides. Tendas, tendas, tendas, geradores, geradores, geradores, comida, comida, comida, hospitais de campanha (os 2 maiores hospitais de Hatay ruíram com tudo e todos lá dentro e os restantes hospitais turcos, que são bem mais de mil, rebentam pelas costuras com a chegada permanente de vítimas), carros para a desobstrução dos escombros, médicos e enfermeiros, material médico de emergência, engenheiros para organizar a actividade, soldados para ajudar em tudo o que for preciso, o que a OTAN tem em qualidade e profundidade, ainda nada deu sinal (está mais focada e preocupada com a China e esperando um terramoto-marmoto que estenda o Atlântico e engula o Pacífico...).
Lembro-me do terrível terramoto de 2010 (9 de Janeiro) no Haití (mais de 250 mil mortos, mais de 1 milhão de crianças órfãs, uma cidade imensa transformada em cacos, Port-au-Prince). Eu estava então na República Dominicana, país que divide a ilha com o Haití. O governo dominicano organizou ajudas e socorros de toda a natureza, rapidamente saindo para lá. Outros pequenos e não poderosos países da zona faziam o que podiam para socorrer aquela gente, mas os poderosos do mundo - e não todos -, apesar das comoventes declarações e generosas promessas, só se deu conta deles no terreno mais de 1 semana depois e, do dinheiro prometido então (e já passaram 13 anos) nem metade ainda chegou ao país.
Eu presenciei toda aquela tragédia no dia-a-dia porque integrei uma equipa de desportistas e artistas dominicanos que seguia todos os dias, durante várias semanas, com ajuda (como era o mais velho e como falava francês, a língua oficial no Haití, era eu o chefe da equipa). Desde então, cheguei à conclusão que seria de todo impossível acontecer algum dia tragédia maior. Hoje confesso que já não estou tão convicto disso. É que, o que vou vendo e sabendo ultrapassa todos os limites possíveis de imaginar.
Como já disse, os turcos são duros e rudes, mas solidários. Todos os meus atletas apresentaram-se nos gabinetes montados em İstanbul para mobilizar voluntários para a zona. A extensão da devastação é enorme e não se consegue ter socorristas (formados ou não) em todo lado. As condições climatéricas juntam-se às dificuldades de sobrevivência de quem ainda está soterrado, o frio ameaça todos esses infelizes com hipotermia.
Quando os meus atletas decidiram avançar, eu quis ir com eles e fui. Mas não me aceitaram devido à idade. De nada valeu os atletas lhes dizerem que eu estava fisicamente apto e já tinha experiência de tragédia desta natureza. Vi-os partir com um valente aperto no coração.
Isto é uma coisa enorme, enorme!, quantos milhões vão continuar severamente afectados durante anos a fio, quantas gerações virão sem que ainda as coisas possam ter voltado ao que era antes?, quantos milhões vão ficar desempregados, com tantas empresas desaparecidas para sempre nos escombros?, quantos órfãos vão ter de sobrevier sem os seus progenitores?, quanta ajuda vai ser necessária para minorar os estragos? e quantos países estarão na disposição de manter essa ajuda imprescindível?, é que a Turquia apesar de economicamente poderosa não consegue abarcar toda a dimensão da tragédia e a Síria, se já antes da guerra tinha pouco, agora tem quase nada.
Tudo isto, junto ao que devasta e devora a Ucrânia, ao que se passou há meses no Paquistão, à monstruosidade que provocou o último vírus, aos conflitos bélicos que se avizinham e que já estão prometidos, à fome e à pobreza a alastrarem-se como nunca, é a verdadeira realidade do mundo em que vivemos no século XXI, que construímos e que teimamos em não querer mudar, como se vivêssemos no Paraíso (e se algo nos perturba essa felicidade paradisíaca, prontamente identificamos o causador, que, curiosamente, nunca somos nós / a quem vamos agora acusar deste medonho terramoto?, a Deus ou ao Diabo?).
Desastres naturais, como o de agora, nada podemos fazer para os evitar, mas poderíamos evitar a dimensão dos seus estragos se nos preocupássemos em ter mais e melhores meios de socorro e, pensar melhor a urbanização, exigente em melhor construção e em vigilância do seu estado, como, demasiado importante para o efeito, ajudar a quem precisa de casa e somente consegue construir umas barracas que teimam em ser o seu túmulo; na recente tragédia sucedida no Paquistão, apenas uma das inúmeras todos os anos, se nos preocupássemos realmente em preservar o ambiente que nos permitiu aparecer e manter-nos no planeta; de vírus e outras mortíferas epidemias e pandemias sanitárias, se deixássemos de afrontar a natureza com propósitos de gula descontrolada e parássemos de inventar novas armas para derrotar o inimigo; das calamidades que a fome e a pobreza nos trazem. De novo cito o Haití (mas também poderia citar o Iémen, a quem a Arábia Saudita bloqueia os portos, impedindo que chegue ajuda humanitária, mesmo a que vem da ONU, e a tal comunidade internacional faz de conta que desconhece), hoje nas mãos de pandillas cruelmente criminosas, a que a comunidade internacional não quer atender e tenta que não saibamos, se parássemos de fazer negócio com a sobrevivência dos outros; do que se passa agora na Ucrânia (e no Iémen e na Síria e no Iraque e na Palestina e no Congo e no Sudão e no Chade e na República Centro Africana e no Saharauí e no Mali e no Burkina Fasso e na Nigéria e na Somália e no Afeganistão e no Nagorno-Karabagh/Arménia-Azerbaijão e em Moçambique e em Myanmar, etc., etc., tragédias encobertas e esquecidas para que não nos assalte a incómoda consciência) se nos preocupássemos em tentar não hostilizar o outro e em integrar-nos com ele.
*Fausto Ribeiro foi treinador de Francis Obikwelu entre muito outros atletas em Portugal e é treinador de atletismo na Turquia desde 2013.
Comparo com o desporto de alta competição
Joana Marques é hoje uma das figuras incontornáveis do humor em Portugal e autora do podcast mais ouvido de 2022. Fascinada com as pessoas, diz-se, antes de mais, “comentadora da realidade”
A Joana já escreveu um livro que satirizava os livros de auto-ajuda e, para isso, teve de ler vários desse género. Passa horas a ver televisão. Este tipo de exercício é um sacrifício ou um prazer?
[risos] É as duas coisas. Começa por ser prazer, depois, quando chega a um certo ponto, entra pelo sacrifício. Comparo com o desporto de alta competição. Ter um programa diário na rádio, um semanal na televisão ou uma crónica que tem de ser sempre entregue naquele dia tem este lado de atingir a meta. Ao atleta, acredito que nem todos os dias lhe apeteça treinar, mas foi para atleta porque gosta muito de correr. Não me queixo. Às vezes, traz grande contentamento, ao descobrir uma pérola. De repente, descubro uma entrevista e reparo numa coisa que aquela pessoa está sempre a dizer, um tique. É como estar à procura de uma pepita de ouro e descobrir.
Ler mais: https://www.publico.pt/2023/01/28/impar/entrevista/pessoas-poemse-jeito-nao-guardam-nada-2036618
Entrevista no diário Público Domingo, 29 de Janeiro de 2023
A Joana já escreveu um livro que satirizava os livros de auto-ajuda e, para isso, teve de ler vários desse género. Passa horas a ver televisão. Este tipo de exercício é um sacrifício ou um prazer?
[risos] É as duas coisas. Começa por ser prazer, depois, quando chega a um certo ponto, entra pelo sacrifício. Comparo com o desporto de alta competição. Ter um programa diário na rádio, um semanal na televisão ou uma crónica que tem de ser sempre entregue naquele dia tem este lado de atingir a meta. Ao atleta, acredito que nem todos os dias lhe apeteça treinar, mas foi para atleta porque gosta muito de correr. Não me queixo. Às vezes, traz grande contentamento, ao descobrir uma pérola. De repente, descubro uma entrevista e reparo numa coisa que aquela pessoa está sempre a dizer, um tique. É como estar à procura de uma pepita de ouro e descobrir.
Ler mais: https://www.publico.pt/2023/01/28/impar/entrevista/pessoas-poemse-jeito-nao-guardam-nada-2036618
Entrevista no diário Público Domingo, 29 de Janeiro de 2023
A vida de Galileu de Bertolt Brecht
Andrea (em voz alta) – Infeliz a terra que não tem heróis! Galileu entrou, inteiramente mudado pelo processo, quase irreconhecível. Ouviu a frase de Andrea. Para à porta, por alguns instantes, à espera de uma saudação. Como esta não vem, pois os discípulos recuam diante dele, ele vem para a frente, devagar e inseguro, por causa dos seus olhos enfraquecidos; encontra uma banqueta e senta.
Andrea – Eu não posso mais vê-lo. Ele que vá embora.
Federzoni – Calma.
Andrea (grita com Galileu) – Esponja de vinho! Comedor de lesmas! Salvou a sua pele bem-amada? (senta) Estou me sentindo mal.
Galileu (calmo) – Tragam um copo d'água! (...)
Andrea – Já dá para andar, se vocês me ajudarem um pouco. (sustentado pelos dois, ele sai pela porta. Neste momento Galileu começa a falar.)
Galileu – Não. Infeliz a terra que precisa de heróis. "Não está claro que um cavalo pode quebrar as patas, se cai de uma altura de três braças ou quatro, enquanto que a um cão, como também a um gato, mesmo caindo de uma altura de oito ou dez braças, ou a um grilo que caísse do alto de uma torre, ou a uma formiga que viesse da Lua, não aconteceria nada? Assim como animais menores são relativamente mais resistentes e mais fortes que os maiores, também, as plantas menores resistem melhor: uma nogueira de duzentas braças não poderia sustentar a proporção de galhos que sustenta a nogueira pequena e a natureza não pode deixar que um cavalo fique do tamanho de vinte cavalos, ou que um gigante cresça dez vezes, a não ser que altere a proporção de todos os seus membros, especialmente dos ossos, que precisam ser fortalecidos em medida muito maior que a proporcional. – A suposição comum, de que máquinas grandes e pequenas têm resistência igual, é claramente enganosa."
Galileu GALILEI. A vida de Galileu.
Bertolt Brecht. A vida de Galileu. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p.201-3, tradução de Roberto Schwarz. A propósito disso, Albert Camus, comentando sobre o absurdo e o suicídio (nome aliás do ensaio), In: O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1989, p.23, afirma: "Se me pergunto em que julgar se uma questão é mais urgente do que outra, respondo que é com as ações a que ela induz. Eu nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico. Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade desse mundo quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em certo sentido, ele fez bem. Essa verdade não valia a fogueira. Se é a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil".
Andrea – Eu não posso mais vê-lo. Ele que vá embora.
Federzoni – Calma.
Andrea (grita com Galileu) – Esponja de vinho! Comedor de lesmas! Salvou a sua pele bem-amada? (senta) Estou me sentindo mal.
Galileu (calmo) – Tragam um copo d'água! (...)
Andrea – Já dá para andar, se vocês me ajudarem um pouco. (sustentado pelos dois, ele sai pela porta. Neste momento Galileu começa a falar.)
Galileu – Não. Infeliz a terra que precisa de heróis. "Não está claro que um cavalo pode quebrar as patas, se cai de uma altura de três braças ou quatro, enquanto que a um cão, como também a um gato, mesmo caindo de uma altura de oito ou dez braças, ou a um grilo que caísse do alto de uma torre, ou a uma formiga que viesse da Lua, não aconteceria nada? Assim como animais menores são relativamente mais resistentes e mais fortes que os maiores, também, as plantas menores resistem melhor: uma nogueira de duzentas braças não poderia sustentar a proporção de galhos que sustenta a nogueira pequena e a natureza não pode deixar que um cavalo fique do tamanho de vinte cavalos, ou que um gigante cresça dez vezes, a não ser que altere a proporção de todos os seus membros, especialmente dos ossos, que precisam ser fortalecidos em medida muito maior que a proporcional. – A suposição comum, de que máquinas grandes e pequenas têm resistência igual, é claramente enganosa."
Galileu GALILEI. A vida de Galileu.
Bertolt Brecht. A vida de Galileu. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p.201-3, tradução de Roberto Schwarz. A propósito disso, Albert Camus, comentando sobre o absurdo e o suicídio (nome aliás do ensaio), In: O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1989, p.23, afirma: "Se me pergunto em que julgar se uma questão é mais urgente do que outra, respondo que é com as ações a que ela induz. Eu nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico. Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade desse mundo quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em certo sentido, ele fez bem. Essa verdade não valia a fogueira. Se é a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil".
Joaquim Ferreira e Armando Aldegalega - Estes miúdos são fantásticos!
Em grande forma - ambos nascidos no ano de 1937 -, Armando e Joaquim continuam a fazer aquilo que mais gostam: correr (agora é mais caminhar).
São um bom exemplo de que é possível fazer competição e continuar ativo com qualidade de vida.
Joaquim Ferreira foi olímpico nos Jogos de Roma 1960, ao participar nos 3000 m obstáculos. Armando Aldegalega competiu na maratona dos Jogos de Tóquio 1964 e de Munique 1972.
Amigos de longa data, hoje, encontro-os, com frequência no Jamor, a fazer as suas caminhadas.
Armando e Joaquim são mesmo uma exceção neste pais onde 73% da população não pratica atividade física ou desporto. Portugal tem uma média de esperança de vida idêntica à Holanda (cerca de 80 anos) a diferença é que os holandeses têm, a partir dos 65 anos, mais qualidade de vida que os portugueses.
Estafeta Cascais - Lisboa 1961 Sporting
Foto2: Feliciano Marques; Álvaro Conde; Armando Aldegalega; Joaquim Ferreira; e Manuel Oliveira.
São um bom exemplo de que é possível fazer competição e continuar ativo com qualidade de vida.
Joaquim Ferreira foi olímpico nos Jogos de Roma 1960, ao participar nos 3000 m obstáculos. Armando Aldegalega competiu na maratona dos Jogos de Tóquio 1964 e de Munique 1972.
Amigos de longa data, hoje, encontro-os, com frequência no Jamor, a fazer as suas caminhadas.
Armando e Joaquim são mesmo uma exceção neste pais onde 73% da população não pratica atividade física ou desporto. Portugal tem uma média de esperança de vida idêntica à Holanda (cerca de 80 anos) a diferença é que os holandeses têm, a partir dos 65 anos, mais qualidade de vida que os portugueses.
Estafeta Cascais - Lisboa 1961 Sporting
Foto2: Feliciano Marques; Álvaro Conde; Armando Aldegalega; Joaquim Ferreira; e Manuel Oliveira.
Dez razões para escrever // Roland Barthes
Não sendo escrever uma atividade normativa ou científica, não posso dizer porquê nem para que é escrita. Só posso enumerar as razões pelas quais escrevo:
1) por uma necessidade de prazer que, como é sabido, tem relação com o encanto erótico; 2) porque a escrita descentra a fala, o indivíduo, a pessoa, realiza um trabalho cuja origem é indiscernível; 3) para pôr em prática um «don», satisfazer uma atividade distintiva, produzir uma diferença; 4) ser reconhecido, gratificado, amado, discutido, confirmado; 5) para cumprir tarefas ideológicas ou contraideológicas; 6) para obedecer às ordens estritas de uma tipologia secreta, de uma distribuição combatente, de uma avaliação permanente; 7) para satisfazer amigos e irritar inimigos; 8) para contribuir para quebrar o sistema simbólico da nossa sociedade; 9) para produzir novos sentidos, ou seja, novas forças, dominar as coisas de um jeito novo, minar e mudar a subjugação dos sentidos; 10) Finalmente, e como resulta da multiplicidade e da contradição deliberadas destas razões, para desbaratar a ideia, o ídolo, o fetiche da Determinação Única, da Causa (causalidade e «causa nobre»), e creditar assim o valor superior. ou de uma atividade pluralista, sem causalidade, finalidade ou generalidade, como o próprio texto. In Roland Barthes, Inéditos, vol. 1 – teoria. S. Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 101-2. 22/09/2022 |
'Debaixo da pele' de um artista
O Museu Colecção Berardo recebe 'Debaixo da pele', uma exposição retrospectiva da obra do pintor Miguel Telles da Gama. "Tudo isto tem um carácter autobiográfico", diz o artista. 7 de julho 2022
Steve Huston - @SteveHustonArt · Escola de artes
Steve Huston - @SteveHustonArt · Escola de artes
Campeonato Nacional de Verão de Natação Artística – Open Tomar 2022
Julião Sarmento. Abstrato, Branco, Tóxico e Volátil. 16/07/2022
Mr. Brainwash, The Rolling Stones, signed (2008)
Mr. Brainwash Champ, 2016
A renúncia à revolta
Ao ver o filme Belfast de Kenneth Branagh não evitei fazer um paralelismo com Portugal. A irlanda, assim como Portugal, tem uma história marcada pela emigração forçada.
No caso irlandês, para além das questões económicas os problemas religiosos e políticos provocaram uma verdadeira guerra civil entre católicos e protestantes, unionistas e republicanos, que tornaram a vida dos irlandeses num inferno.
A emigração tornava-se assim uma inevitabilidade. O que surpreende é a resistência dos irlandeses a essa emigração procurando a todo o custo manter a sua vida na sua terra. Em Portugal ao contrário a emigração nunca foi uma opção mas uma obrigação.
Aqui recordo um trecho de rentes de Carvalho na Flor e a Foice, livro de 1975: "De um ponto de vista social, a emigração portuguesa constitui a manifestação de uma forma de escravidão que subsiste ainda hoje. De um ponto de vista ético, a emigração portuguesa significa a negação constante do direito mais elementar da pessoa: o direito à vida no próprio país. De um ponto de vista político, a emigração portuguesa supõe a renúncia à revolta."
No caso irlandês, para além das questões económicas os problemas religiosos e políticos provocaram uma verdadeira guerra civil entre católicos e protestantes, unionistas e republicanos, que tornaram a vida dos irlandeses num inferno.
A emigração tornava-se assim uma inevitabilidade. O que surpreende é a resistência dos irlandeses a essa emigração procurando a todo o custo manter a sua vida na sua terra. Em Portugal ao contrário a emigração nunca foi uma opção mas uma obrigação.
Aqui recordo um trecho de rentes de Carvalho na Flor e a Foice, livro de 1975: "De um ponto de vista social, a emigração portuguesa constitui a manifestação de uma forma de escravidão que subsiste ainda hoje. De um ponto de vista ético, a emigração portuguesa significa a negação constante do direito mais elementar da pessoa: o direito à vida no próprio país. De um ponto de vista político, a emigração portuguesa supõe a renúncia à revolta."
O Esplendor
Álvaro de Campos
O Esplendor 17 de Janeiro de 1933
E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta,
Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.
O que de sonho jaz nas encadernações vetustas,
Nas assinaturas complicadas (ou tão simples e esguias) dos velhos livros.
(Tinta remota e desbotada aqui presente para além da morte,
O que de negado à nossa vida quotidiana vem nas ilustrações,
O que certas gravuras de anúncios sem querer anunciam.
Tudo quanto sugere, ou exprime o que não exprime,
Tudo o que diz o que não diz, E a alma sonha, diferente e distraída.
Ó enigma visível do tempo, o nada vivo em que estamos!)
A exposição de Gérard Fromanger (1939–2021) no Museu Coleção Berardo, no âmbito da Temporada França-Portugal 2022, apresenta diversas séries que marcam a sua obra: vinte e seis ao todo, que serão aqui exibidas num conjunto de mais de sessenta quadros seminais.
Cada período, feito de dúvidas, ruturas, recomposições, técnicas diferentes, constitui um conjunto de uma grande coerência. No seu trabalho, as séries respondem a uma lógica interna, marcando cada uma das épocas com a sua biografia íntima, os seus encontros, a sua relação com a atualidade e, de modo mais amplo, com a história.
O «vermelho» de todas as cores e nuances irriga a pintura de Gérard Fromanger, ao ponto de Jacques Prévert imaginar, à semelhança do azul Klein, um vermelho Fromanger.
A obra de Gérard Fromanger é a de um grande explorador do mundo que o rodeia, em permanente sintonia com a estética flâneuse de Walter Benjamin, ou com as derivas de Guy Debord.
Historicamente, existe uma convergência entre a sua obra e a Pop Art, na preferência por cores não moduladas e audaciosas, mas aquela está em constante rebelião contra toda a forma categórica de convenção artística. As suas conversões a diversas práticas fizeram com que permanecesse constantemente aberto a novas ideias. A sua exploração do conjunto das temáticas tradicionais da pintura — o retrato, o nu, a paisagem, a mitologia, a pintura de temas históricos — inscreve-o na continuidade da história da pintura, mas a sua forma despojada de todo o simbolismo implica ao mesmo tempo uma rutura. A obra de Fromanger é caracterizada pela tensão entre o figurável, o representável (corpos, paisagens, cidades...), e aquilo que resiste: o irrepresentável, o incerto, com os seus segmentos de pintura abstrata.
Curadoria de Éric Corne.
Exposição patente até 29.05.2022.
Fonte: https://pt.museuberardo.pt/exposicoes/gerard-fromanger-o-esplendor
O Esplendor 17 de Janeiro de 1933
E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta,
Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.
O que de sonho jaz nas encadernações vetustas,
Nas assinaturas complicadas (ou tão simples e esguias) dos velhos livros.
(Tinta remota e desbotada aqui presente para além da morte,
O que de negado à nossa vida quotidiana vem nas ilustrações,
O que certas gravuras de anúncios sem querer anunciam.
Tudo quanto sugere, ou exprime o que não exprime,
Tudo o que diz o que não diz, E a alma sonha, diferente e distraída.
Ó enigma visível do tempo, o nada vivo em que estamos!)
A exposição de Gérard Fromanger (1939–2021) no Museu Coleção Berardo, no âmbito da Temporada França-Portugal 2022, apresenta diversas séries que marcam a sua obra: vinte e seis ao todo, que serão aqui exibidas num conjunto de mais de sessenta quadros seminais.
Cada período, feito de dúvidas, ruturas, recomposições, técnicas diferentes, constitui um conjunto de uma grande coerência. No seu trabalho, as séries respondem a uma lógica interna, marcando cada uma das épocas com a sua biografia íntima, os seus encontros, a sua relação com a atualidade e, de modo mais amplo, com a história.
O «vermelho» de todas as cores e nuances irriga a pintura de Gérard Fromanger, ao ponto de Jacques Prévert imaginar, à semelhança do azul Klein, um vermelho Fromanger.
A obra de Gérard Fromanger é a de um grande explorador do mundo que o rodeia, em permanente sintonia com a estética flâneuse de Walter Benjamin, ou com as derivas de Guy Debord.
Historicamente, existe uma convergência entre a sua obra e a Pop Art, na preferência por cores não moduladas e audaciosas, mas aquela está em constante rebelião contra toda a forma categórica de convenção artística. As suas conversões a diversas práticas fizeram com que permanecesse constantemente aberto a novas ideias. A sua exploração do conjunto das temáticas tradicionais da pintura — o retrato, o nu, a paisagem, a mitologia, a pintura de temas históricos — inscreve-o na continuidade da história da pintura, mas a sua forma despojada de todo o simbolismo implica ao mesmo tempo uma rutura. A obra de Fromanger é caracterizada pela tensão entre o figurável, o representável (corpos, paisagens, cidades...), e aquilo que resiste: o irrepresentável, o incerto, com os seus segmentos de pintura abstrata.
Curadoria de Éric Corne.
Exposição patente até 29.05.2022.
Fonte: https://pt.museuberardo.pt/exposicoes/gerard-fromanger-o-esplendor
Last Folio
«A forma mais eficaz de destruir as pessoas é negar e suprimir o seu próprio entendimento da sua história.»
George Orwell
Yuri Dojc e Katya Krausova nasceram ambos na antiga Checoslováquia, tendo emigrado ainda jovens para o Canadá e a Inglaterra, respetivamente, por razões políticas, quando em 1968 o seu país de nascença foi invadido pelas tropas soviéticas, que puseram fim ao sonho da chamada Primavera de Praga e consequentemente à democratização daquele território.
Quando iniciaram este projeto, Yuri Dojc era um fotógrafo consagrado pelos seus retratos de judeus sobreviventes do Holocausto, e Katya Krausova era uma cineasta de sucesso. Viviam há quase 40 anos fora do seu país. Os seus destinos cruzaram-se pelo seu interesse comum em aprofundar a história da Checoslováquia. Juntos desde 2005, viajaram durante dez anos por uma Eslováquia arrasada pela guerra à procura das memórias dos judeus sobreviventes do Holocausto, das suas raízes e das suas identidades, numa tentativa de resgatar a cultura histórica judaica.
As imagens que se apresentam em Last Folio são o resultado do seu trabalho, o último testemunho de uma cultura, da história de um povo — uma história que foi brutalmente interrompida quando das deportações para os campos de concentração, em 1942. São imagens únicas pela sua autenticidade e intensidade, tão belas quanto trágicas, de ruínas de escolas, de sinagogas, de livros e de objetos. A exposição inclui ainda um conjunto de retratos contemporâneos de sobreviventes do Holocausto e um filme que, de uma forma poética, nos tocam e testemunham as cicatrizes da tragédia nazista e da destruição da cultura judaica.
Last Folio é sem dúvida uma experiência dolorosa e profunda, um espaço que expõe a destruição cultural de uma civilização, um espaço de meditação que nos obriga a reagir, a refletir, a questionar o mundo em que vivemos, onde muitos ainda não têm voz, e a exigir que a liberdade e a tolerância sejam os valores fundamentais do século XXI. Cabe a cada um de nós ter a vontade e a capacidade para concretizar esta mudança.
Curadoria de Katya Krausova.
Exposição patente até: 29/05/2022.
Imagem: © Yuri Dojc.
Last Folio, website oficial.
Fonte: https://pt.museuberardo.pt/exposicoes/yuri-dojc-katya-krausova-last-folio
George Orwell
Yuri Dojc e Katya Krausova nasceram ambos na antiga Checoslováquia, tendo emigrado ainda jovens para o Canadá e a Inglaterra, respetivamente, por razões políticas, quando em 1968 o seu país de nascença foi invadido pelas tropas soviéticas, que puseram fim ao sonho da chamada Primavera de Praga e consequentemente à democratização daquele território.
Quando iniciaram este projeto, Yuri Dojc era um fotógrafo consagrado pelos seus retratos de judeus sobreviventes do Holocausto, e Katya Krausova era uma cineasta de sucesso. Viviam há quase 40 anos fora do seu país. Os seus destinos cruzaram-se pelo seu interesse comum em aprofundar a história da Checoslováquia. Juntos desde 2005, viajaram durante dez anos por uma Eslováquia arrasada pela guerra à procura das memórias dos judeus sobreviventes do Holocausto, das suas raízes e das suas identidades, numa tentativa de resgatar a cultura histórica judaica.
As imagens que se apresentam em Last Folio são o resultado do seu trabalho, o último testemunho de uma cultura, da história de um povo — uma história que foi brutalmente interrompida quando das deportações para os campos de concentração, em 1942. São imagens únicas pela sua autenticidade e intensidade, tão belas quanto trágicas, de ruínas de escolas, de sinagogas, de livros e de objetos. A exposição inclui ainda um conjunto de retratos contemporâneos de sobreviventes do Holocausto e um filme que, de uma forma poética, nos tocam e testemunham as cicatrizes da tragédia nazista e da destruição da cultura judaica.
Last Folio é sem dúvida uma experiência dolorosa e profunda, um espaço que expõe a destruição cultural de uma civilização, um espaço de meditação que nos obriga a reagir, a refletir, a questionar o mundo em que vivemos, onde muitos ainda não têm voz, e a exigir que a liberdade e a tolerância sejam os valores fundamentais do século XXI. Cabe a cada um de nós ter a vontade e a capacidade para concretizar esta mudança.
Curadoria de Katya Krausova.
Exposição patente até: 29/05/2022.
Imagem: © Yuri Dojc.
Last Folio, website oficial.
Fonte: https://pt.museuberardo.pt/exposicoes/yuri-dojc-katya-krausova-last-folio
O jornalismo é um desporto de alta-competição
Este jornal, o Última hora, mais a sua pobre, cercada e aterrorizada redação, vive o destino de todos os periódicos: uma grave crise e a aproximação do fim. A novidade mais fresca, a breaking news, a última hora será a notícia do seu fecho…
A entrada em cena da Internet e da partilha grátis de conteúdos, a fuga da publicidade e do público para as plataformas sociais, os ataques e manipulações políticas, a má-fé empresarial, o despedimento dos repórteres mais capazes, as planetárias mentiras publicadas (também ditas fake news) criaram, por assim dizer, uma realidade mais propícia à destruição.
É neste caldo de nervos sem tempo (24×24 horas, em ritmo acelerado) que os protagonistas deste espetáculo terão de tomar decisões absurdas, contraproducentes, caricatas, lamentáveis e, porque não?, comoventes, para salvarem o amor-próprio, a essência da sua profissão e tentarem levar pão à mesa dos filhos.
O que mais interessa em Última Hora – uma comédia, sublinha-se – é a própria humanidade. Os magníficos defeitos, virtudes, heroísmos, canalhices, jogos escondidos, amores secretos, vícios ou altruísmos fazem o universo daqueles que vivem para contar (e moldar) a realidade do mundo. Que última decisão é preciso tomar? Que mentira, se necessária, em nome da sobrevivência? Que teatro acontece todos os dias?
fonte: https://teatromariamatos.pt/event/ultima-hora/
texto Rui Cardoso Martins
encenação Gonçalo Amorim
música original Paulo Furtado aka The Legendary Tigerman
cenografia e figurinos Catarina Barros
desenho de luz Cárin Geada
desenho de som e sonoplastia João Neves
vídeo Eduardo Breda
assistência de encenação Eduardo Breda e Patrícia Gonçalves
assistência de cenografia e figurinos Susana Paixãocom Carlos Malvarez, Catarina Couto Sousa, Cláudio Castro, Ema Marli, Inês Cóias, João Grosso, José Neves, Manuel Coelho, Maria Rueff, Miguel Guilherme, Nadezhda Bocharova e Paula Moraprodução Teatro Nacional D. Maria II
parceria artística Teatro Experimental do Porto (TEP)
apoios Lusa Agência de Notícias de Portugal, Público
Mais informação: https://www.dn.pt/cultura/miguel-guilherme-e-maria-rueff-lutam-pela-sobrevivencia-do-jornal-ultima-hora--12891737.html
A entrada em cena da Internet e da partilha grátis de conteúdos, a fuga da publicidade e do público para as plataformas sociais, os ataques e manipulações políticas, a má-fé empresarial, o despedimento dos repórteres mais capazes, as planetárias mentiras publicadas (também ditas fake news) criaram, por assim dizer, uma realidade mais propícia à destruição.
É neste caldo de nervos sem tempo (24×24 horas, em ritmo acelerado) que os protagonistas deste espetáculo terão de tomar decisões absurdas, contraproducentes, caricatas, lamentáveis e, porque não?, comoventes, para salvarem o amor-próprio, a essência da sua profissão e tentarem levar pão à mesa dos filhos.
O que mais interessa em Última Hora – uma comédia, sublinha-se – é a própria humanidade. Os magníficos defeitos, virtudes, heroísmos, canalhices, jogos escondidos, amores secretos, vícios ou altruísmos fazem o universo daqueles que vivem para contar (e moldar) a realidade do mundo. Que última decisão é preciso tomar? Que mentira, se necessária, em nome da sobrevivência? Que teatro acontece todos os dias?
fonte: https://teatromariamatos.pt/event/ultima-hora/
texto Rui Cardoso Martins
encenação Gonçalo Amorim
música original Paulo Furtado aka The Legendary Tigerman
cenografia e figurinos Catarina Barros
desenho de luz Cárin Geada
desenho de som e sonoplastia João Neves
vídeo Eduardo Breda
assistência de encenação Eduardo Breda e Patrícia Gonçalves
assistência de cenografia e figurinos Susana Paixãocom Carlos Malvarez, Catarina Couto Sousa, Cláudio Castro, Ema Marli, Inês Cóias, João Grosso, José Neves, Manuel Coelho, Maria Rueff, Miguel Guilherme, Nadezhda Bocharova e Paula Moraprodução Teatro Nacional D. Maria II
parceria artística Teatro Experimental do Porto (TEP)
apoios Lusa Agência de Notícias de Portugal, Público
Mais informação: https://www.dn.pt/cultura/miguel-guilherme-e-maria-rueff-lutam-pela-sobrevivencia-do-jornal-ultima-hora--12891737.html
A politica como um jogo
Em tempos de campanha eleitoral, cresce logicamente o agonismo nas suas variantes extremas e o campo de batalha política torna-se uma questão de vencedores e vencidos.
A palavra “agonismo” apresenta-se aqui bastante adequada porque alude simultaneamente ao combate e ao actor dramático, o protagonista. O agonismo, entendido neste sentido muito fiel ao que o agon era para os antigos gregos, tem que ver com o jogo, com a competição desportiva. Manter essa afinidade com o jogo (que implica, ao mesmo tempo, saber vencer e saber perder) era o que garantia a face boa do agonismo. Sem esse saber, o agonismo deixa de ter relação com o jogo e mostra apenas a sua face má.
Evidentemente, a luta política não é uma competição desportiva, apesar da cenarização e gamification (uma palavra inventada pelos ludólogos) a que é submetida pelos media e apesar da forte tendência, na política do nosso tempo, para o enfraquecimento da estratégia a favor da táctica. O “jogo” político deveria exigir a regra da irreversibilidade, isto é, aquilo que é dito hoje não deveria ser uma anulação ou denegação do que foi dito ontem. A correcção dos erros e das tácticas é permitida e desejável, mas devia ser assumida como tal. Um dos factores que afectam a confiança dos cidadãos e os leva à retirada abstencionista é o pressuposto de que eles “lá em casa” (como dizem alguns políticos quando são entrevistados ou entram em debates nos estúdios da televisão) não percebem o “jogo” e é sempre possível dissimular, esconder, omitir. Graças ao nível de alfabetização e de instrução dos cidadãos, graças também à facilidade com que se acede hoje à informação (por muitas falsas notícias que circulem), temos cada vez mais boas razões para desconfiarmos das mensagens simplificadoras (e não há mensagem mais simplificadora do que aquela que insiste na ideia de “passar a mensagem”) que nos são servidas com demasiada pedagogia e condescendência.
As oscilações, num curto período de tempo, dos resultados das sondagens (o que explica as surpresas a que temos tido direito na noite da contagem dos votos), mostram que os cidadãos estão cada vez mais cépticos e, consequentemente, cada vez mais flutuantes, face aos discursos de autoridade. E isso é uma boa notícia, pela qual temos de nos regozijar. Os debates dos partidos nos vários canais de televisão tiveram uma forte audiência porque a cenarização intensificou o agonismo, mas há sinais evidentes de que os cidadãos se tornaram epidermicamente críticos e já não são “governáveis” (a famosa “governabilidade” também se devia referir a este aspecto) através dos recursos tradicionais dos discursos políticos. Até os números da economia, que dantes eram um instrumento seguro para convencer os eleitores, estão hoje desgastados como instrumentos retóricos. Já toda a gente percebeu que sempre que um político debita um número não está a dizer a verdade ou está apenas a dizer uma pequena parte da verdade.
A enunciação “patriarcal” dos nossos dirigentes políticos (tanto dos que usam gravata como dos que usam saia) é hoje suficiente para os desqualificar, sobretudo nos sectores mais jovens da população. Uma boa parte da “rejeição da política” de que se queixam os poderes políticos e que os media estão constantemente a diagnosticar como uma doença da democracia explica-se em boa parte pelas reservas que nos suscitam um certo tipo de enunciação dos responsáveis políticos, tomando-nos quase como ignorantes. O fosso entre a vida política e os cidadãos é antes de mais o resultado desta situação: insiste-se num discurso que está aquém da cultura e do grau de alfabetização da população. O fenómeno do populismo não é um desmentido a esta verificação empírica. O que se passa é que o populismo está hoje disseminado em todo o discurso político, tornou-se a sua condição fundamental. E este “populismo” que não ousa dizer o seu nome prepara o terreno para o populismo mais duro.
O espectáculo da inadequação do discurso dos dirigentes políticos em relação à nova realidade cultural e no confronto com a matéria política com que estamos confrontados tem uma dimensão muito forte em tempo de eleições, que é cada vez mais um interregno lúdico assombrado pelas coisas sérias.
António Guerreiro
Ipsilon
28 janeiro 2022
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Foto - Andreas Feininger Fencer with saber mask, 1955. © Estate of Andreas Feininger
A palavra “agonismo” apresenta-se aqui bastante adequada porque alude simultaneamente ao combate e ao actor dramático, o protagonista. O agonismo, entendido neste sentido muito fiel ao que o agon era para os antigos gregos, tem que ver com o jogo, com a competição desportiva. Manter essa afinidade com o jogo (que implica, ao mesmo tempo, saber vencer e saber perder) era o que garantia a face boa do agonismo. Sem esse saber, o agonismo deixa de ter relação com o jogo e mostra apenas a sua face má.
Evidentemente, a luta política não é uma competição desportiva, apesar da cenarização e gamification (uma palavra inventada pelos ludólogos) a que é submetida pelos media e apesar da forte tendência, na política do nosso tempo, para o enfraquecimento da estratégia a favor da táctica. O “jogo” político deveria exigir a regra da irreversibilidade, isto é, aquilo que é dito hoje não deveria ser uma anulação ou denegação do que foi dito ontem. A correcção dos erros e das tácticas é permitida e desejável, mas devia ser assumida como tal. Um dos factores que afectam a confiança dos cidadãos e os leva à retirada abstencionista é o pressuposto de que eles “lá em casa” (como dizem alguns políticos quando são entrevistados ou entram em debates nos estúdios da televisão) não percebem o “jogo” e é sempre possível dissimular, esconder, omitir. Graças ao nível de alfabetização e de instrução dos cidadãos, graças também à facilidade com que se acede hoje à informação (por muitas falsas notícias que circulem), temos cada vez mais boas razões para desconfiarmos das mensagens simplificadoras (e não há mensagem mais simplificadora do que aquela que insiste na ideia de “passar a mensagem”) que nos são servidas com demasiada pedagogia e condescendência.
As oscilações, num curto período de tempo, dos resultados das sondagens (o que explica as surpresas a que temos tido direito na noite da contagem dos votos), mostram que os cidadãos estão cada vez mais cépticos e, consequentemente, cada vez mais flutuantes, face aos discursos de autoridade. E isso é uma boa notícia, pela qual temos de nos regozijar. Os debates dos partidos nos vários canais de televisão tiveram uma forte audiência porque a cenarização intensificou o agonismo, mas há sinais evidentes de que os cidadãos se tornaram epidermicamente críticos e já não são “governáveis” (a famosa “governabilidade” também se devia referir a este aspecto) através dos recursos tradicionais dos discursos políticos. Até os números da economia, que dantes eram um instrumento seguro para convencer os eleitores, estão hoje desgastados como instrumentos retóricos. Já toda a gente percebeu que sempre que um político debita um número não está a dizer a verdade ou está apenas a dizer uma pequena parte da verdade.
A enunciação “patriarcal” dos nossos dirigentes políticos (tanto dos que usam gravata como dos que usam saia) é hoje suficiente para os desqualificar, sobretudo nos sectores mais jovens da população. Uma boa parte da “rejeição da política” de que se queixam os poderes políticos e que os media estão constantemente a diagnosticar como uma doença da democracia explica-se em boa parte pelas reservas que nos suscitam um certo tipo de enunciação dos responsáveis políticos, tomando-nos quase como ignorantes. O fosso entre a vida política e os cidadãos é antes de mais o resultado desta situação: insiste-se num discurso que está aquém da cultura e do grau de alfabetização da população. O fenómeno do populismo não é um desmentido a esta verificação empírica. O que se passa é que o populismo está hoje disseminado em todo o discurso político, tornou-se a sua condição fundamental. E este “populismo” que não ousa dizer o seu nome prepara o terreno para o populismo mais duro.
O espectáculo da inadequação do discurso dos dirigentes políticos em relação à nova realidade cultural e no confronto com a matéria política com que estamos confrontados tem uma dimensão muito forte em tempo de eleições, que é cada vez mais um interregno lúdico assombrado pelas coisas sérias.
António Guerreiro
Ipsilon
28 janeiro 2022
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Foto - Andreas Feininger Fencer with saber mask, 1955. © Estate of Andreas Feininger
Valor da derrota
Pienso que es necesario educar a las nuevas generaciones en el valor de la derrota. En manejarse en ella. En la humanidad que de ella emerge. En construir una identidad capaz de advertir una comunidad de destino, en la que se pueda fracasar y volver a empezar sin que el valor y la dignidad se vean afectados. En no ser un trepador social, en no pasar sobre el cuerpo de los otros para llegar el primero. Ante este mundo de ganadores vulgares y deshonestos, de prevaricadores falsos y oportunistas, de gente importante, que ocupa el poder, que escamotea el presente, ni qué decir el futuro, de todos los neuróticos del éxito, del figurar, del llegar a ser. Ante esta antropología del ganador de lejos prefiero al que pierde. Es un ejercicio que me parece bueno y que me reconcilia conmigo mismo. Soy un hombre que prefiere perder más que ganar con maneras injustas y crueles. Grave culpa mía, lo sé. Lo mejor es que tengo la insolencia de defender esta culpa, y considerarla casi una virtud.
- Pier Paolo Pasolini ::: "Acho que é necessário educar as novas gerações no valor da derrota. em lidar com isso. Na humanidade que dela emerge. Na construção de uma identidade, capaz de perceber uma comunidade de destino, na qual é possível fracassar e recomeçar sem que o valor e a dignidade sejam afetados. Em não ser alpinista social, em não passar por cima do corpo alheio para chegar primeiro. Diante deste mundo de vencedores vulgares e desonestos, de prevaricadores falsos e oportunistas, de pessoas importantes, que ocupam o poder, que escondem o presente, sem falar no futuro, de todos os neuróticos do sucesso, do aparecer, do devir. Diante dessa antropologia do vencedor, prefiro aquele que perde. É um exercício que me parece bom e que me reconcilia comigo mesmo. Sou um homem que prefere perder mais do que ganhar com formas injustas e cruéis. Grave culpa minha, eu sei. O melhor é que tenho a insolência de defender essa culpa, e considero-a quase uma virtude. - Pier Paolo Pasolini :::: FOTO: Jbsfoto Juris Berzins Soms 1973 with Zorky . Rīga, Latvia, EU |
Viagem performativa através do desporto, arte e cultura
A obra plástica e literária "Tóquio 2020 - Desporto, Arte e Cultura: A viagem Performativa” foi ontem, quarta feira, apresentada no Museu do Oriente, em Lisboa. Iniciativa da Federação Portuguesa de Natação (FPN), em parceria com o Comité Olímpico de Portugal (COP) e Comité Paralímpico de Portugal. A obra plástica de Mário Vitória estará exposta no Museu do Oriente até ao dia 7 de fevereiro.
A obra - um acrílico sobre tela disposto em tríptico - sustenta uma “viagem performativa” através do desporto arte e cultura “transportando o nosso imaginário para o local onde os atletas portugueses, em particular os nadadores, vincaram o nome de Portugal” em Tóquio 2020, referiu o artista plástico Mário Vitória na apresentação.
O livro de suporte à obra plástica contou com a colaboração de Jorge Bento, Carlos Assunção, Mário Vitória, António Silva, José Manuel Constantino, José Lourenço, Gonçalo M. Tavares, Laura Castro, Fernando A.B. Pereira e Carlos Raposo, numa edição de Jorge Olímpio Bento e co-edição de Carlos Alberto Sequeira, Carlos Assunção e António José Silva.
O livro aborda a “Língua Portuguesa como Metalíngua e Língua de Interculturalidade no Oriente: O Caso do Japão”; “Mergulho de uma amizade ancestral na celebração Olímpica”; “Pintura, pensamento, processo e celebração”; “Mergulhos nas Histórias”; “Sobre o Japão”; “Exercício da Memória”; “Apontamentos Biográficos dos Nadadores JO e JP - 1964 Vs 2020.
MAIS INFORMAÇÃO:
https://fpnatacao.pt/noticia.php?codigo=2787
28/01/2022
A obra - um acrílico sobre tela disposto em tríptico - sustenta uma “viagem performativa” através do desporto arte e cultura “transportando o nosso imaginário para o local onde os atletas portugueses, em particular os nadadores, vincaram o nome de Portugal” em Tóquio 2020, referiu o artista plástico Mário Vitória na apresentação.
O livro de suporte à obra plástica contou com a colaboração de Jorge Bento, Carlos Assunção, Mário Vitória, António Silva, José Manuel Constantino, José Lourenço, Gonçalo M. Tavares, Laura Castro, Fernando A.B. Pereira e Carlos Raposo, numa edição de Jorge Olímpio Bento e co-edição de Carlos Alberto Sequeira, Carlos Assunção e António José Silva.
O livro aborda a “Língua Portuguesa como Metalíngua e Língua de Interculturalidade no Oriente: O Caso do Japão”; “Mergulho de uma amizade ancestral na celebração Olímpica”; “Pintura, pensamento, processo e celebração”; “Mergulhos nas Histórias”; “Sobre o Japão”; “Exercício da Memória”; “Apontamentos Biográficos dos Nadadores JO e JP - 1964 Vs 2020.
MAIS INFORMAÇÃO:
https://fpnatacao.pt/noticia.php?codigo=2787
28/01/2022
Portuguese Filipa Martins with an amazing new skill
Un été à la Garoupe
A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
Paul Eluard, in "Algumas das Palavras"
Tradução de António Ramos Rosa
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
Paul Eluard, in "Algumas das Palavras"
Tradução de António Ramos Rosa
Surréaliste ?
L’adjectif a beau être galvaudé, ce petit bijou de film propose de plonger au cœur du mouvement artistique né dans l’entre-deux-guerres, en partageant l’intimité de huit de ses représentants parmi les plus célèbres. Quatre couples, qui se retrouvent en août 1937 dans le Midi de la France, à la pension de famille Vaste Horizon de Mougins (Alpes-Maritimes), à l’invitation du peintre Pablo Picasso, alors en couple avec Dora Maar. Sont conviés le poète Paul Eluard et sa femme Nusch, le collectionneur britannique Roland Penrose avec sa future épouse, Lee Miller, et le photographe et cinéaste américain Man Ray, venu en compagnie d’Ady Fidelin, jeune danseuse guadeloupéenne.
https://www.lemonde.fr/culture/article/2020/11/28/un-ete-a-la-garoupe-dans-l-intimite-surrealiste-de-pablo-picasso-dora-maar-et-leurs-amis_6061512_3246.html
http://www.pileface.com/media/video/garoupe.mp4
L’adjectif a beau être galvaudé, ce petit bijou de film propose de plonger au cœur du mouvement artistique né dans l’entre-deux-guerres, en partageant l’intimité de huit de ses représentants parmi les plus célèbres. Quatre couples, qui se retrouvent en août 1937 dans le Midi de la France, à la pension de famille Vaste Horizon de Mougins (Alpes-Maritimes), à l’invitation du peintre Pablo Picasso, alors en couple avec Dora Maar. Sont conviés le poète Paul Eluard et sa femme Nusch, le collectionneur britannique Roland Penrose avec sa future épouse, Lee Miller, et le photographe et cinéaste américain Man Ray, venu en compagnie d’Ady Fidelin, jeune danseuse guadeloupéenne.
https://www.lemonde.fr/culture/article/2020/11/28/un-ete-a-la-garoupe-dans-l-intimite-surrealiste-de-pablo-picasso-dora-maar-et-leurs-amis_6061512_3246.html
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Isaac & Nora - Veinte Años - En Plena Naturaleza
Oumi Janta - Berlin Girl 2020
Gabriella PAPADAKIS/Guillaume CIZERON: "Find Me" 2019-20 Free Dance, filmed by Jordan Cowan
Conhecer a Colecção Museu Calouste Gulbenkian: https://gulbenkian.pt/museu/colecao-do-fundador/conhecer-a-colecao/
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Linhas do Tempo - Caminhos Contemporâneos
Calouste Gulbenkian: uma coleção que foi crescendo em várias direções, tendo como critério a excelência – only the best, nas palavras do fundador. Eduardo Nery (1938-2013). Espaço Ilusório. 1969. Lã, produzida pela Manufatura de Tapeçarias de Portalegre. 176 x 292 cm. MCG-CM, inv. TP13
Calouste Gulbenkian: uma coleção que foi crescendo em várias direções, tendo como critério a excelência – only the best, nas palavras do fundador. Eduardo Nery (1938-2013). Espaço Ilusório. 1969. Lã, produzida pela Manufatura de Tapeçarias de Portalegre. 176 x 292 cm. MCG-CM, inv. TP13
Julie Mehretu (born in 1970) is an American contemporary visual artist, known for her multi-layered paintings of abstracted landscapes on a large scale. Her paintings, drawings, and prints depict the cumulative effects of urban sociopolitical changes through the landscape's alteration of architecture, topography, and iconography.
Julie Mehretu, Stadia II, (2004).Julie Me
Julie Mehretu, Stadia II, (2004).Julie Me
Doença da Juventude, escrita por Ferdinand Bruckner em 1926.
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A Anunciação (c. de 1434) do pintor Álvaro Pires de Évora, um dos primeiros pintores portugueses a quem se pode atribuir uma obra, do século XV. Museu de Arte Antiga.
bondade ou cobardia?
bondade ou cobardia?
"A existência não é aquilo que até este momento pensaste que era. Não é honesta, não é gentil, não é justa. A maior parte do mundo não faz ideia disso, acreditam em Deus, ou no paizinho ou em Marx ou na mão invisível do mercado ou em honestidade ou bondade. Atravessam a vida, de olhos fechados, a levar porrada e ser lixados. Ele é assim. Tu és assim. Mas uma ínfima parte de nós, chamemo-nos a resistência, sabemos a verdadeira natureza da vida. É-nos dado o mundo. Somos poderosos e ricos e temos tudo, porque faremos tudo o que for preciso.O resto do mundo será sempre carne para nós, gado, animais para serem pastoreados e por vezes caçados. Nós somos uma sociedade secreta: não temos apertos de mão, não temos reuniões, não vestimos fatiotas ridículas em noites de lua cheia, mas nós existimos, conhecemo-nos e, sempre que nos vemos, sorrimos e por dentro dizemos "olha para estes idiotas. Como e que são tão estúpidos? Porque e que não fazem como nós e pegam simplesmente no que querem?
O realizador e encenador Tiago Guedes regressa ao dramaturgo britânico Dennis Kelly. Na descida vertiginosa aos infernos da complexidade humana, a 'Matança Ritual' de Gorge Mastromas, texto de 2013 sobre a banalidade do mal na pessoa do homem, no Teatro Nacional D. Maria II.
15 de junho de 2017
"A existência não é aquilo que até este momento pensaste que era. Não é honesta, não é gentil, não é justa. A maior parte do mundo não faz ideia disso, acreditam em Deus, ou no paizinho ou em Marx ou na mão invisível do mercado ou em honestidade ou bondade. Atravessam a vida, de olhos fechados, a levar porrada e ser lixados. Ele é assim. Tu és assim. Mas uma ínfima parte de nós, chamemo-nos a resistência, sabemos a verdadeira natureza da vida. É-nos dado o mundo. Somos poderosos e ricos e temos tudo, porque faremos tudo o que for preciso.O resto do mundo será sempre carne para nós, gado, animais para serem pastoreados e por vezes caçados. Nós somos uma sociedade secreta: não temos apertos de mão, não temos reuniões, não vestimos fatiotas ridículas em noites de lua cheia, mas nós existimos, conhecemo-nos e, sempre que nos vemos, sorrimos e por dentro dizemos "olha para estes idiotas. Como e que são tão estúpidos? Porque e que não fazem como nós e pegam simplesmente no que querem?
O realizador e encenador Tiago Guedes regressa ao dramaturgo britânico Dennis Kelly. Na descida vertiginosa aos infernos da complexidade humana, a 'Matança Ritual' de Gorge Mastromas, texto de 2013 sobre a banalidade do mal na pessoa do homem, no Teatro Nacional D. Maria II.
15 de junho de 2017
DEBATE DO SÉCULO -Jordan Peterson & Slavoj Zizek- Capitalismo vs Marxismo
Lisboa como "um jogo de xadrez, tantos os brancos quantos os negros"
Rua Nova dos Mercadores, em Lisboa. Autor anónimo, c. 1570-1590. Londres, Kelmscott Manor Collection – Society of Antiquaries of London. (uma tela original, hoje dividida em duas).
Era o nervo comercial de Lisboa, nela se concentrando lojas de panos e sedas de todas as sortes, tendas de especiarias de todo o género, boticas ou livreiros. Nos sobrados de cima, continuando a seguir João Brandão, viviam inúmeros mercadores, "homens muito abastados e de grossíssimas fazendas, dinheiro e trato". O elevado número de escravos – que levou Baccio da Filicaia a caracterizar Lisboa como "um jogo de xadrez, tantos os brancos quantos os negros"–, as chamadas "negras de canastra" que, transportando os despejos domésticos à cabeça, espantavam os visitantes, ou a forma como os portugueses de bem trajavam, com longas capas negras que lhes deixavam apenas os braços de fora, como relata Jan Taccoen em 1514, são uma nota dominante nesta, como noutras representações das zonas centrais e ribeirinhas da cidade de Lisboa. https://journals.openedition.org/medievalista/1180
Era o nervo comercial de Lisboa, nela se concentrando lojas de panos e sedas de todas as sortes, tendas de especiarias de todo o género, boticas ou livreiros. Nos sobrados de cima, continuando a seguir João Brandão, viviam inúmeros mercadores, "homens muito abastados e de grossíssimas fazendas, dinheiro e trato". O elevado número de escravos – que levou Baccio da Filicaia a caracterizar Lisboa como "um jogo de xadrez, tantos os brancos quantos os negros"–, as chamadas "negras de canastra" que, transportando os despejos domésticos à cabeça, espantavam os visitantes, ou a forma como os portugueses de bem trajavam, com longas capas negras que lhes deixavam apenas os braços de fora, como relata Jan Taccoen em 1514, são uma nota dominante nesta, como noutras representações das zonas centrais e ribeirinhas da cidade de Lisboa. https://journals.openedition.org/medievalista/1180
O Cinema mente, o desporto não
«L'Empire de la Perfection» .
John McEnroe: O Domínio da Perfeição.
“O Cinema mente, o desporto não”
E é com a frase de Godard que Julien Faraut nos convida diretamente para o mundo do ténis.
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John McEnroe: O Domínio da Perfeição.
“O Cinema mente, o desporto não”
E é com a frase de Godard que Julien Faraut nos convida diretamente para o mundo do ténis.
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La partie d'échecs
Maria-Helena Vieira da Silva (1908 - 1992). La partie d'échecs. 1943. Huile sur toile. 81 x 100 cm
Tens of thousands books
55 places you can download tens of thousands books, plays and other literary texts completely legally for free https://nothingintherulebook.com/2017/01/10/55-places-you-can-download-tens-of-thousands-books-plays-and-other-literary-texts-completely-legally-for-free/?fbclid=IwAR1yvatCX4qgUjogvb2DHa_ckZYTVZ0itYU9iRHKNiFCL2Nuhznzi5n8Z5w
Katelyn Ohashi - 10.0 Floor (1-12-19)
Michaela DePrince
Michaela DePrince was born in war-torn Sierra Leone during the country’s decade-long civil war. Rebels killed her father, and shortly after her mother died of fever and starvation. Michaela had vitiligo, a disease that causes patches of skin to lose its color. In Michaela’s native land vitiligo was considered a curse of the devil. This caused her uncle to abandon her at an orphanage. There she was taunted and abused by the women who cared for the children. They called her the devil’s child.
One day Michaela found a magazine blowing in the wind. On its cover was a photograph of a beautiful ballerina en pointe. Once Michaela saw this she found hope and determination to one day become just like that ballerina. Soon after the discovery of the magazine, an American family adopted Michaela, and she became the eighth of their eleven children, nine of whom were adopted. LER MAIS: http://www.michaeladeprince.com/ https://www.youtube.com/watch?v=ZmPcPKC8b-0 |
O fotógrafo desconhecido mais famoso do mundo
"Norman Parkinson -- Sempre na Moda" em retrospetiva em Cascais.
https://www.ft.com/content/74ca03f0-9675-11e2-9ab2-00144feabdc0
https://www.dn.pt/lusa/interior/a-fotografia-de-norman-parkinson----sempre-na-moda-em-retrospetiva-em-cascais-9917770.html
https://www.ft.com/content/74ca03f0-9675-11e2-9ab2-00144feabdc0
https://www.dn.pt/lusa/interior/a-fotografia-de-norman-parkinson----sempre-na-moda-em-retrospetiva-em-cascais-9917770.html
Boom for Real
Boom for Real: A Adolescência Tardia de Jean-Michel Basquiat.
de Sara Driver
Boom for Real: The Late Teenage Years of Jean-Michel Basquiat
2011 - EUA - Data de estreia: 13-09-2018.
Um documentário que retrata os anos anteriores à fama do célebre artista americano Jean-Michel Basquiat, e a forma como a cidade de Nova Iorque, os seus habitantes, e as mutações da cultura artística de finais da década de 1970 e inícios da de 1980 moldaram a sua visão.
Artigos interessantes:
https://progressivepupil.wordpress.com/2012/11/09/basquiat-faces-the-games/
https://www.phillips.com/detail/JEAN-MICHEL-BASQUIAT-AND-ANDY-WARHOL/UK010312/8
de Sara Driver
Boom for Real: The Late Teenage Years of Jean-Michel Basquiat
2011 - EUA - Data de estreia: 13-09-2018.
Um documentário que retrata os anos anteriores à fama do célebre artista americano Jean-Michel Basquiat, e a forma como a cidade de Nova Iorque, os seus habitantes, e as mutações da cultura artística de finais da década de 1970 e inícios da de 1980 moldaram a sua visão.
Artigos interessantes:
https://progressivepupil.wordpress.com/2012/11/09/basquiat-faces-the-games/
https://www.phillips.com/detail/JEAN-MICHEL-BASQUIAT-AND-ANDY-WARHOL/UK010312/8
Diogo Ganchinho: a importância de perder
Diogo Ganchinho: a importância de perder.
Carta aos pais de filhos na alta competição:
Não saber perder significa não aceitar a derrota com humildade. Existe algo na vitória que jamais se poderá perceber na derrota. Perder e aceitar isso, permite uma aprendizagem oculta nas vitórias LER MAIS: https://observador.pt/opiniao/carta-aos-pais-de-filhos-na-alta-competicao-a-importancia-de-perder/
Carta aos pais de filhos na alta competição:
Não saber perder significa não aceitar a derrota com humildade. Existe algo na vitória que jamais se poderá perceber na derrota. Perder e aceitar isso, permite uma aprendizagem oculta nas vitórias LER MAIS: https://observador.pt/opiniao/carta-aos-pais-de-filhos-na-alta-competicao-a-importancia-de-perder/
A performance da escrita
A performance da escrita: o Autor e o Scriptor por Roland Barthes
Em 1968 Roland Barthes publicava “A morte do autor”, um texto instigante acerca da importância do Autor, da Crítica e do Leitor para o pensamento moderno. “[...] o escritor só pode imitar um gesto sempre anterior, jamais original; seu único poder está em mesclar as escrituras, em fazê- las contrariar-se umas pelas outras, de modo a nunca se apoiar em apenas uma delas [...] o escritor não possui mais em si paixões, humores,sentimentos, impressões, mas esse imenso dicionário de onde retira uma escritura que não pode ter parada: a vida nunca faz outra coisa senão imitar o livro, e esse mesmo livro não é mais que um tecido de signos, imitação perdida, infinitamente recuada.” (Barthes)
"O Autor e o Scritor", termos utilizados para descrever diferentes formas de pensar sobre o criador do texto. Autor é o tradicional conceito de conceber uma determinada pessoa criando um trabalho de literatura ou qualquer trabalho escrito apenas pelo poder de sua imaginação. Para Barthes esta formulação não é mais viável. Os ‘insigths’ possibilitados pelo pensamento moderno, incluindo os do Surrealismo, tornaram o termo obsoleto. No lugar do autor, o mundo moderno apresenta uma figura que Barthes chama de scriptor, cujo poder único é combinar textos pré-existentes em novas formas.
Barthes acreditava que toda escrita se fundamenta em textos anteriores, reescrituras, normas e convenções, e que estas são as coisas às quais nos devemos voltar para entender um texto. Além disso, de forma a apontar a relativa falta de importância da biografia do autor de um determinado texto, comparado com as convenções textuais e culturais pré-existentes, Barthes afirma que o escritor não tem passado, pois nasce com o texto. Ele também afirma que, na ausência da ideia de um "autor-Deus", para controlar o significado de determinado trabalho, os horizontes interpretativos estão abertos para o leitor ativo. Como Barthes declara, "a morte do autor é o nascimento do leitor."
Em 1968 Roland Barthes publicava “A morte do autor”, um texto instigante acerca da importância do Autor, da Crítica e do Leitor para o pensamento moderno. “[...] o escritor só pode imitar um gesto sempre anterior, jamais original; seu único poder está em mesclar as escrituras, em fazê- las contrariar-se umas pelas outras, de modo a nunca se apoiar em apenas uma delas [...] o escritor não possui mais em si paixões, humores,sentimentos, impressões, mas esse imenso dicionário de onde retira uma escritura que não pode ter parada: a vida nunca faz outra coisa senão imitar o livro, e esse mesmo livro não é mais que um tecido de signos, imitação perdida, infinitamente recuada.” (Barthes)
"O Autor e o Scritor", termos utilizados para descrever diferentes formas de pensar sobre o criador do texto. Autor é o tradicional conceito de conceber uma determinada pessoa criando um trabalho de literatura ou qualquer trabalho escrito apenas pelo poder de sua imaginação. Para Barthes esta formulação não é mais viável. Os ‘insigths’ possibilitados pelo pensamento moderno, incluindo os do Surrealismo, tornaram o termo obsoleto. No lugar do autor, o mundo moderno apresenta uma figura que Barthes chama de scriptor, cujo poder único é combinar textos pré-existentes em novas formas.
Barthes acreditava que toda escrita se fundamenta em textos anteriores, reescrituras, normas e convenções, e que estas são as coisas às quais nos devemos voltar para entender um texto. Além disso, de forma a apontar a relativa falta de importância da biografia do autor de um determinado texto, comparado com as convenções textuais e culturais pré-existentes, Barthes afirma que o escritor não tem passado, pois nasce com o texto. Ele também afirma que, na ausência da ideia de um "autor-Deus", para controlar o significado de determinado trabalho, os horizontes interpretativos estão abertos para o leitor ativo. Como Barthes declara, "a morte do autor é o nascimento do leitor."
NOITE VIVA
"A vida dá-nos poucas oportunidades. Talvez duas ou três. Por isso, quando acertamos, temos de as agarrar com unhas e dentes. Mas às vezes, ou quase sempre, enganamo-nos. Para quê fazer dramas? A vida passa a correr. É assim." ( Maurício ).
Teatro Aberto apresenta – CINE-TEATRO * NOITE VIVA, de Conor McPherson, com encenação de João Lourenço. EM CENA | Sala Azul | QUARTA A SÁBADO 21H30 | DOMINGO 16H00 SINOPSE Sem grandes perspectivas de futuro, Tomás vai sobrevivendo com esquemas e trabalhos ocasionais. Numa noite, Ana cruza-se no seu caminho. Traz consigo a violência e desperta sentimentos e sonhos que Tomás julgava perdidos. Quem é esta jovem mulher e qual é a sua história? Entre a solidão e o vazio, vislumbram-se a possibilidade do amor e a esperança de uma vida diferente. "Noite viva", apresenta-se como um projecto inovador de cine-teatro. Combinando as linguagens do teatro e do cinema, este espectáculo sai do espaço do teatro para seguir com a câmara as personagens e mostrar no grande ecrã outras histórias que se juntam àquela que se está a contar ao vivo no palco. Tudo se desenrola de noite. É uma noite viva onde irrompem acções e emoções inesperadas e perturbadoras. E noite após noite procura-se a estrela que vai guiar o caminho. FICHA ARTÍSTICA Versão: João Lourenço e Vera San Payo de Lemos Dramaturgia: Vera San Payo de Lemos Encenação: João Lourenço Cenografia: António Casimiro e João Lourenço Figurinos: Isabel Finkler Luz: João Lourenço COM: Anna Eremin | Bruno Bernardo | Filipe Vargas | Rui Mendes | Vítor Norte
“Entrada Solene, em Lisboa, do Núncio Apostólico Monsenhor Giorgio Cornaro”, Museu Nacional dos Coches, em Lisboa
Vermelho
Nova Iorque, 1958-1959. O pintor Mark Rothko contrata Ken, um jovem assistente, para o ajudar na execução de um trabalho que lhe foi encomendado.
Trata-se de uma série de murais para o luxuoso restaurante Four Seasons, integrado no edifício Seagram, um projecto inovador dos arquitectos Philip Johnson e Mies van der Rohe. Enquanto misturam as tintas e preparam as telas, Rothko expõe as suas ideias sobre a arte, reportando-se aos pintores que o antecederam, como Caravaggio ou Miguel Ângelo, e aos seus contemporâneos, como Jackson Pollock ou Andy Warhol: a arte deve propiciar o encontro do homem consigo próprio e com o mistério da existência e não ser um mero objecto de divertimento e decoração.
No diálogo entre o mestre e o discípulo, desenvolve-se um intenso processo de reflexão que os transforma a ambos e os leva a procurar novos caminhos.
Escrito pelo autor norte-americano John Logan em 2009 e distinguido com vários prémios de teatro, vermelho é um diálogo apaixonante sobre a arte e a vida que envolve não apenas artistas e criadores como também os seus cúmplices, os espectadores.
Trata-se de uma série de murais para o luxuoso restaurante Four Seasons, integrado no edifício Seagram, um projecto inovador dos arquitectos Philip Johnson e Mies van der Rohe. Enquanto misturam as tintas e preparam as telas, Rothko expõe as suas ideias sobre a arte, reportando-se aos pintores que o antecederam, como Caravaggio ou Miguel Ângelo, e aos seus contemporâneos, como Jackson Pollock ou Andy Warhol: a arte deve propiciar o encontro do homem consigo próprio e com o mistério da existência e não ser um mero objecto de divertimento e decoração.
No diálogo entre o mestre e o discípulo, desenvolve-se um intenso processo de reflexão que os transforma a ambos e os leva a procurar novos caminhos.
Escrito pelo autor norte-americano John Logan em 2009 e distinguido com vários prémios de teatro, vermelho é um diálogo apaixonante sobre a arte e a vida que envolve não apenas artistas e criadores como também os seus cúmplices, os espectadores.
A dança é sentimento, não é um desporto
O pequeno resumo do percurso de Marcelino Sambé, escrito pela Forbes em forma de justificação para a recente nomeação, reflecte a intensidade do seu trabalho. O que o apaixona no bailado é a forte "característica interpretativa", capaz de transformar a mesma dança, interpretada por dois bailarinos, num produto artístico completamente diferente. “Os bailarinos são os atletas de Deus”, diz, citando Albert Einstein. O ballet exige dos bailarinos todas as capacidades atléticas, mas o que os diferencia é a "graciosidade" com que interpretam os seus papéis. "A dança é sentimento, não é um desporto", sublinha. “A técnica é muito importante”, mas o facto de o bailarino "sentir a música" e se “deixar guiar por ela" desempenha também um papel relevante.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=8&v=PPsUT1iL6IA
http://p3.publico.pt/cultura/palcos/25439/marcelino-sambe-o-bailarino-portugues-que-forbes-tem-debaixo-de-olho?
Actores: Atletas emocionais
Como diz Miguel Guilherme no início da peça, o intérprete é “um atleta emocional”.