Crosse 100 – História do Corta-mato em Portugal
“Crosse 100 – História do Corta-mato em Portugal”
O atletismo português conta na sua história capítulos brilhantes no corta mato. Diria mesmo que o crosse foi durante décadas, a par das corridas em estrada, os sectores do atletismo que alavancaram a modalidade para voos mais altos nas pistas, com as vitórias de Carlos Lopes na década de setenta do século passado.
Praticado nas suas origens pelos alunos universitários de Cambridge e de Oxford, o “cross-country” foi modalidade olímpica até 1924, precisamente há 100 anos em Paris, popularizou-se com a realização de campeonatos nacionais, assim como o Crosse das Nações e depois com o Mundial de Crosse.
Em Portugal, com o primeiro campeonato nacional em 1911 (vitória de Francisco Lázaro), o corta mato, mantem uma raiz popular pelas suas características ligadas à natureza, num pais com carências de infraestruturas desportivas, mas também pela rivalidade entre os grandes clubes.
Pela importância que teve na formação dos nossos melhores fundistas, pelos títulos conquistados internacionalmente, mas também pela criação de bases desportivas saudáveis nas escolas e clubes, vimos como excelente iniciativa a publicação da obra de António Fernandes “Crosse 100 – História do Corta-mato em Portugal”.
Nas 222 páginas da obra editada SPORTBOOK com o apoio da FPA, o autor faz uma síntese desde os momentos iniciais até aos nossos dias com a realização da 100.ª edição dos Campeonatos Nacionais de Corta-mato. Uma história que só António Fernandes o poderia fazer tão bem ou melhor como fez com 100 anos da Maratona em Portugal, publicada em 2013 pela Xistarca.
«Década a década, vamos conhecendo as grandes figuras, de Francisco Lázaro a Manuel Dias, de Manuel Faria e Manuel Oliveira a Fernando Mamede e Carlos Lopes, que passaram o testemunho a outros grandes campões, como Paulo Guerra e Domingos Castro, passando por Ezequiel Canário e Eduardo Henriques, até aos mais recentes campeões, já em pleno século XXI, como Rui Pinto, Rui Teixeira e Samuel Barata, entre outros. Igualmente passamos um pouco pela história da variante curta do corta-mato, em que Rui Silva foi “rei” incontestado», destaca o autor.
PS: Os Campeonatos Nacionais de Corta-Mato Curto realizam-se já no próximo sábado, 16 de março, em Mira.
14/03/2024
O atletismo português conta na sua história capítulos brilhantes no corta mato. Diria mesmo que o crosse foi durante décadas, a par das corridas em estrada, os sectores do atletismo que alavancaram a modalidade para voos mais altos nas pistas, com as vitórias de Carlos Lopes na década de setenta do século passado.
Praticado nas suas origens pelos alunos universitários de Cambridge e de Oxford, o “cross-country” foi modalidade olímpica até 1924, precisamente há 100 anos em Paris, popularizou-se com a realização de campeonatos nacionais, assim como o Crosse das Nações e depois com o Mundial de Crosse.
Em Portugal, com o primeiro campeonato nacional em 1911 (vitória de Francisco Lázaro), o corta mato, mantem uma raiz popular pelas suas características ligadas à natureza, num pais com carências de infraestruturas desportivas, mas também pela rivalidade entre os grandes clubes.
Pela importância que teve na formação dos nossos melhores fundistas, pelos títulos conquistados internacionalmente, mas também pela criação de bases desportivas saudáveis nas escolas e clubes, vimos como excelente iniciativa a publicação da obra de António Fernandes “Crosse 100 – História do Corta-mato em Portugal”.
Nas 222 páginas da obra editada SPORTBOOK com o apoio da FPA, o autor faz uma síntese desde os momentos iniciais até aos nossos dias com a realização da 100.ª edição dos Campeonatos Nacionais de Corta-mato. Uma história que só António Fernandes o poderia fazer tão bem ou melhor como fez com 100 anos da Maratona em Portugal, publicada em 2013 pela Xistarca.
«Década a década, vamos conhecendo as grandes figuras, de Francisco Lázaro a Manuel Dias, de Manuel Faria e Manuel Oliveira a Fernando Mamede e Carlos Lopes, que passaram o testemunho a outros grandes campões, como Paulo Guerra e Domingos Castro, passando por Ezequiel Canário e Eduardo Henriques, até aos mais recentes campeões, já em pleno século XXI, como Rui Pinto, Rui Teixeira e Samuel Barata, entre outros. Igualmente passamos um pouco pela história da variante curta do corta-mato, em que Rui Silva foi “rei” incontestado», destaca o autor.
PS: Os Campeonatos Nacionais de Corta-Mato Curto realizam-se já no próximo sábado, 16 de março, em Mira.
14/03/2024
Inspirational running books for the New Year
Brian Gardner, editor da página de facebook Old Running Results and Pictures, propõem para 2024 um conjunto de leituras para os apaixonados da corrida - Inspirational running books for the New Year.
Destaque para as biografias de Emil Zátopek, Sebastian Coe, Steve Ovett, Brendan Foster, Herb Elliott, Dave Moorcroft.
PS1: recordo (mais uma vez) que nenhum dos nossos cinco campeões olímpicos – Lopes, Rosa, Fernanda, Évora e Pichardo - têm sequer uma biografia digna dos seus currículos.
PS2: A única publicação (176 páginas) destes campeões é a de Rosa Mota - Memória de uma Carreira de Leonor Pinhão. Dom Quixote, abril de 1999 (esgotada).
Destaque para as biografias de Emil Zátopek, Sebastian Coe, Steve Ovett, Brendan Foster, Herb Elliott, Dave Moorcroft.
PS1: recordo (mais uma vez) que nenhum dos nossos cinco campeões olímpicos – Lopes, Rosa, Fernanda, Évora e Pichardo - têm sequer uma biografia digna dos seus currículos.
PS2: A única publicação (176 páginas) destes campeões é a de Rosa Mota - Memória de uma Carreira de Leonor Pinhão. Dom Quixote, abril de 1999 (esgotada).
Sei o que estão a sentir. Também podia estar ali
«Madrugar, treinar, suportar as dores musculares, testar e superar limites, treinar mais e mais, para, talvez um dia, subir ao pódio.»
Joana Bértholo, no seu livro “O Meu Treinador”, não escreve apenas sobre a experiência que viveu até aos 17 anos como nadadora e triatleta. A romancista escreve sobre todos nós que, de múltiplas formas, durante anos, sonhamos em ser atletas de alta competição mas… ficamos pelo caminho.
Aqueles que “tudo” deram ao desporto, à modalidade que praticaram de forma apaixonada e obsessiva, mas o “tudo” não foi suficiente para atingir a excelência, as finais, as medalhas, apenas acessíveis a uma super elite mundial.
Aqueles que se inspiraram nas vitórias de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nelson Évora ou Pablo Pichardo, (apenas para falar dos lusos campeões olímpicos), modelos aqui tão perto, tão humanos, mas ao mesmo tempo tão inatingíveis.
Joana Bértholo escreve sobre os perdedores, os que ficaram pelo caminho, os lesionados, os fracos psicologicamente, os inadaptados, todos aqueles que tentaram, tentaram, tentaram, mas foram empurrados para fora de um sistema que não permite falhas e falhados. Que ao mais pequeno deslize, uma tática mal conduzida, uma pequena queda, uma lesão mal curada, uma anemia, deitou tudo a perder.
No fundo é um livro sobre aqueles que nos sofás de suas casas assistem, de quatro em quatro anos, aos Jogos Olímpicos e pensam: «Sei o que estão a sentir. Também podia estar ali.»
«Quando se assiste aos Jogos Olímpicos talvez não nos ocorra que, por cada uma daquelas mulheres outras milhares se dedicaram tanto, algumas até mais, mas não alcançaram os resultados. A montanha não se define apenas pelo cume», recorda a escritora.
O ensaio, agora publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, integrado na coleção Retratos da Fundação, terá múltiplas leituras e aborda múltiplos temas e essa é a sua riqueza.
Joana Bértholo dá título e coloca o treinador no centro do processo de treino, da competição. A figura capaz de levar ao olimpo. O mágico que transforma sonhos em medalha, recordes. O mentor, tutor, mestre, cientista, professor, coach, trainer.
Para a atleta Joana Bértholo, «o treinador surge então como a carruagem, cavalo, comboio, barco pesqueiro, aeronave. Uma força propulsora, que puxa, que arrasta ou impele. Sim, é isso: um tapeta voador. (…) Quando digo “O Meu Treinador”, está contido no tom com que o pronuncio uma homenagem a uma pessoa mais importante da minha vida.»
Mas escrever sobre isso passa por reconhecer não só o quanto este vínculo é precioso e delicado, «dado que o treinador pode exercer uma força construtiva e formativa tremenda, mas também como pode causar imenso dano. Ele é, constantemente, a tela onde a atleta projecta os seus medos e anseios. (…)
Nunca encontrei para a escrita nada parecido a um treinador», revela, para concluir o seu ensaio:
«no fundo, a devoção desportiva continua a ser a minha forma de fé, uma espécie de religião, da qual apenas deixei de ser praticante.»
O desporto merece (boa) literatura. O desporto merece os escritos de Foster Wallace, Leanne Shapton, Murakami. O desporto português merece o livro O Meu Treinador de Joana Bértholo.
03/10/2023
Joana Bértholo, no seu livro “O Meu Treinador”, não escreve apenas sobre a experiência que viveu até aos 17 anos como nadadora e triatleta. A romancista escreve sobre todos nós que, de múltiplas formas, durante anos, sonhamos em ser atletas de alta competição mas… ficamos pelo caminho.
Aqueles que “tudo” deram ao desporto, à modalidade que praticaram de forma apaixonada e obsessiva, mas o “tudo” não foi suficiente para atingir a excelência, as finais, as medalhas, apenas acessíveis a uma super elite mundial.
Aqueles que se inspiraram nas vitórias de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nelson Évora ou Pablo Pichardo, (apenas para falar dos lusos campeões olímpicos), modelos aqui tão perto, tão humanos, mas ao mesmo tempo tão inatingíveis.
Joana Bértholo escreve sobre os perdedores, os que ficaram pelo caminho, os lesionados, os fracos psicologicamente, os inadaptados, todos aqueles que tentaram, tentaram, tentaram, mas foram empurrados para fora de um sistema que não permite falhas e falhados. Que ao mais pequeno deslize, uma tática mal conduzida, uma pequena queda, uma lesão mal curada, uma anemia, deitou tudo a perder.
No fundo é um livro sobre aqueles que nos sofás de suas casas assistem, de quatro em quatro anos, aos Jogos Olímpicos e pensam: «Sei o que estão a sentir. Também podia estar ali.»
«Quando se assiste aos Jogos Olímpicos talvez não nos ocorra que, por cada uma daquelas mulheres outras milhares se dedicaram tanto, algumas até mais, mas não alcançaram os resultados. A montanha não se define apenas pelo cume», recorda a escritora.
O ensaio, agora publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, integrado na coleção Retratos da Fundação, terá múltiplas leituras e aborda múltiplos temas e essa é a sua riqueza.
Joana Bértholo dá título e coloca o treinador no centro do processo de treino, da competição. A figura capaz de levar ao olimpo. O mágico que transforma sonhos em medalha, recordes. O mentor, tutor, mestre, cientista, professor, coach, trainer.
Para a atleta Joana Bértholo, «o treinador surge então como a carruagem, cavalo, comboio, barco pesqueiro, aeronave. Uma força propulsora, que puxa, que arrasta ou impele. Sim, é isso: um tapeta voador. (…) Quando digo “O Meu Treinador”, está contido no tom com que o pronuncio uma homenagem a uma pessoa mais importante da minha vida.»
Mas escrever sobre isso passa por reconhecer não só o quanto este vínculo é precioso e delicado, «dado que o treinador pode exercer uma força construtiva e formativa tremenda, mas também como pode causar imenso dano. Ele é, constantemente, a tela onde a atleta projecta os seus medos e anseios. (…)
Nunca encontrei para a escrita nada parecido a um treinador», revela, para concluir o seu ensaio:
«no fundo, a devoção desportiva continua a ser a minha forma de fé, uma espécie de religião, da qual apenas deixei de ser praticante.»
O desporto merece (boa) literatura. O desporto merece os escritos de Foster Wallace, Leanne Shapton, Murakami. O desporto português merece o livro O Meu Treinador de Joana Bértholo.
03/10/2023
A Tirania do Mérito
A Tirania do Mérito - O que aconteceu ao bem comum?
de Michael J. Sandel; Tradução: Alberto Gomes
Vivemos numa constante competição. O mundo está dividido entre vencedores e perdedores.
O statu quo é amplamente justificado pela máxima «quem muito se esforça tudo pode». O resultado? Um mundo que reforça a desigualdade social e, ao mesmo tempo, culpabiliza as pessoas.
Tornar a meritocracia mais justa.
À primeira vista, esta é uma atitude sensata. Melhorar as oportunidades educativas de estudantes pobres, mas talentosos, é um bem absoluto. Nas últimas décadas, as faculdades e as universidades americanas fizeram grandes progressos em termos de recrutamento de estudantes afro-americanos e hispânicos, mas poucos fizeram para aumentar a proporção de estudantes de rendimento mais baixos. (…)
A preferência por recrutar atletas é outra vantagem para candidatos ricos. Pensa-se, por vezes, que a descida dos padrões académicos para os atletas, sobretudo em desportos de alto nível como o futebol americano e o basquetebol, contribuiu paras a admissão de estudantes de minoria sub-representadas e de meios de rendimentos baixos. Mas, no geral, os candidatos da preferência atlética são desproporcionadamente ricos e brancos. Isto acontece porque a maior parte dos desportos para os quais as faculdades de elite recrutam estudantes é predominantemente praticada por jovens de famílias abastadas: squash, lacrosse, vela, remo, golfe, esgrima e até equitação.
A tirania do mérito
É aqui que nasce o populismo. É da manipulação política deste ressentimento que nasce o populismo. Um populismo que, à esquerda e à direita, é usado para atrair o voto dos descontentes com a globalização.
Michael J. Sandel é professor de Filosofia na Universidade de Harvard. O seu curso de Justiça, mundialmente conhecido, foi o primeiro a ser disponibilizado online, gratuitamente, por aquela instituição e foi visto por milhões de pessoas. The Global Philosopher, série da BBC conduzida pelo autor, explora as questões éticas que estão por detrás das manchetes e conta com participantes de vários países. Publicado em Portugal pela Editorial Presença, Michael J. Sandel é autor dos bestsellers internacionais Justiça - Fazemos o que Devemos?, O que o Dinheiro Não Pode Comprar e A Tirania do Mérito - O que Aconteceu ao Bem Comum?
15h51 de 31/05/2023
de Michael J. Sandel; Tradução: Alberto Gomes
Vivemos numa constante competição. O mundo está dividido entre vencedores e perdedores.
O statu quo é amplamente justificado pela máxima «quem muito se esforça tudo pode». O resultado? Um mundo que reforça a desigualdade social e, ao mesmo tempo, culpabiliza as pessoas.
Tornar a meritocracia mais justa.
À primeira vista, esta é uma atitude sensata. Melhorar as oportunidades educativas de estudantes pobres, mas talentosos, é um bem absoluto. Nas últimas décadas, as faculdades e as universidades americanas fizeram grandes progressos em termos de recrutamento de estudantes afro-americanos e hispânicos, mas poucos fizeram para aumentar a proporção de estudantes de rendimento mais baixos. (…)
A preferência por recrutar atletas é outra vantagem para candidatos ricos. Pensa-se, por vezes, que a descida dos padrões académicos para os atletas, sobretudo em desportos de alto nível como o futebol americano e o basquetebol, contribuiu paras a admissão de estudantes de minoria sub-representadas e de meios de rendimentos baixos. Mas, no geral, os candidatos da preferência atlética são desproporcionadamente ricos e brancos. Isto acontece porque a maior parte dos desportos para os quais as faculdades de elite recrutam estudantes é predominantemente praticada por jovens de famílias abastadas: squash, lacrosse, vela, remo, golfe, esgrima e até equitação.
A tirania do mérito
É aqui que nasce o populismo. É da manipulação política deste ressentimento que nasce o populismo. Um populismo que, à esquerda e à direita, é usado para atrair o voto dos descontentes com a globalização.
Michael J. Sandel é professor de Filosofia na Universidade de Harvard. O seu curso de Justiça, mundialmente conhecido, foi o primeiro a ser disponibilizado online, gratuitamente, por aquela instituição e foi visto por milhões de pessoas. The Global Philosopher, série da BBC conduzida pelo autor, explora as questões éticas que estão por detrás das manchetes e conta com participantes de vários países. Publicado em Portugal pela Editorial Presença, Michael J. Sandel é autor dos bestsellers internacionais Justiça - Fazemos o que Devemos?, O que o Dinheiro Não Pode Comprar e A Tirania do Mérito - O que Aconteceu ao Bem Comum?
15h51 de 31/05/2023
Recaredo de Siete Águas
Recaredo Agulló Albuixech é uma das personalidades mais importantes do Atletismo espanhol. Conheci Recaredo nos anos 80 quando tive a possibilidade de participar numa corrida no sul de Espanha, na pequena aldeia de Siete Águas, perto de Valência – o Grande Fundo Internacional de Siete Águas.
Durante cinco edições tive o privilégio de conviver com Recaredo e toda a simpática equipa organizativa com quem mantive amizade até aos dias de hoje.
Como refere o site SOYCORREDOR, e eu não diria melhor: «Recaredo Agulló Albuixech, " Reca " para os amigos, é uma pessoa exemplar, que traz uma luz especial por onde passa. Ele é tão respeitoso com todos que beira a excelência. As palavras saem de sua boca com sábia inteligência e enorme doçura. Ele sabe ser e é um prazer falar com ele. É um estudioso do atletismo, como uma enciclopédia aberta...Tanto que, nestes tempos, seria o mesmo que dizer que Recaredo Agulló é " o Google do atletismo ".
Recaredo Agulló Albuixech tem uma vasta obra publicada, alguma dela sobre desporto: Las Carreras populares en la provincia de Valencia (1890-1990); Un siglo de atletismo valenciano (1907-2008); Las carreras populares; El joc de pilota a través de la prensa valenciana, 1790-1909; Pelayo 1868-2018: La emoción de jugar a Pilota; Valencia, capital europea del deporte.
Imaginam pois, como era fascinante para um jovem como eu ter o privilegio de conviver com uma pessoa apaixonada pelo atletismo e ao mesmo tempo com uma elevada formação académica. Isto num ambiente tão especial que era Siete Águas, onde os portugueses eram recebido como muito carinho.
No tempo em que todos os fins de semana havia um fundista português a competir em Espanha, o Grande Fundo de Siete Águas transformou-se de corrida regional num grande evento internacional, contando com a presença nas edições em que participei com nomes como John Ngugi, Rono, Susan Sirma, Paul Kipkoech, mas também Fernando Mamede, Luís Horta, Bernardo Manuel e José Pedras, o meu companheiro de Siete Águas. Recordo também a presença de Mónica Rosa, Albertina Machado. Estão a falhar-me outros nomes portugueses na certa, que até venceram ou foram ao pódio na prova.
Mas o Grande Fundo de Siete Águas era muito mais que uma corrida de atletismo em estrada. Era um grande evento desportivo que, apesar da sua dureza – 20 km com muitas subidas e temperaturas altas - mobilizava os atletas populares e os atletas de elite. Mas também trazia para a rua milhares de espectadores que assistiam à competição uma verdadeira festa!
Por tudo isto, li com saudades a entrevista de Recaredo Agulló Albuixech que aqui partilho: https://www.soycorredor.es/noticias/recaredo-agullo-impulsor-incansable-valores-mas-puros-atletismo-running_276433_102.html?fbclid=IwAR3HDCAZckHe2VDNgE3ZvZHH4p5E-RwyPZbW7bansiJFrZPTBLLNwwxjP80
Durante cinco edições tive o privilégio de conviver com Recaredo e toda a simpática equipa organizativa com quem mantive amizade até aos dias de hoje.
Como refere o site SOYCORREDOR, e eu não diria melhor: «Recaredo Agulló Albuixech, " Reca " para os amigos, é uma pessoa exemplar, que traz uma luz especial por onde passa. Ele é tão respeitoso com todos que beira a excelência. As palavras saem de sua boca com sábia inteligência e enorme doçura. Ele sabe ser e é um prazer falar com ele. É um estudioso do atletismo, como uma enciclopédia aberta...Tanto que, nestes tempos, seria o mesmo que dizer que Recaredo Agulló é " o Google do atletismo ".
Recaredo Agulló Albuixech tem uma vasta obra publicada, alguma dela sobre desporto: Las Carreras populares en la provincia de Valencia (1890-1990); Un siglo de atletismo valenciano (1907-2008); Las carreras populares; El joc de pilota a través de la prensa valenciana, 1790-1909; Pelayo 1868-2018: La emoción de jugar a Pilota; Valencia, capital europea del deporte.
Imaginam pois, como era fascinante para um jovem como eu ter o privilegio de conviver com uma pessoa apaixonada pelo atletismo e ao mesmo tempo com uma elevada formação académica. Isto num ambiente tão especial que era Siete Águas, onde os portugueses eram recebido como muito carinho.
No tempo em que todos os fins de semana havia um fundista português a competir em Espanha, o Grande Fundo de Siete Águas transformou-se de corrida regional num grande evento internacional, contando com a presença nas edições em que participei com nomes como John Ngugi, Rono, Susan Sirma, Paul Kipkoech, mas também Fernando Mamede, Luís Horta, Bernardo Manuel e José Pedras, o meu companheiro de Siete Águas. Recordo também a presença de Mónica Rosa, Albertina Machado. Estão a falhar-me outros nomes portugueses na certa, que até venceram ou foram ao pódio na prova.
Mas o Grande Fundo de Siete Águas era muito mais que uma corrida de atletismo em estrada. Era um grande evento desportivo que, apesar da sua dureza – 20 km com muitas subidas e temperaturas altas - mobilizava os atletas populares e os atletas de elite. Mas também trazia para a rua milhares de espectadores que assistiam à competição uma verdadeira festa!
Por tudo isto, li com saudades a entrevista de Recaredo Agulló Albuixech que aqui partilho: https://www.soycorredor.es/noticias/recaredo-agullo-impulsor-incansable-valores-mas-puros-atletismo-running_276433_102.html?fbclid=IwAR3HDCAZckHe2VDNgE3ZvZHH4p5E-RwyPZbW7bansiJFrZPTBLLNwwxjP80
Os recordes Nacionais e o fim de ciclo no Atletismo
Chegou-me à mão, nestes primeiros dias de janeiro de 2023, o livro Recordes Nacionais do Atletismo Feminino e Outras Histórias, da autoria de Sequeira Andrade e Arons de Carvalho, com a chancela da Federação Portuguesa de Atletismo.
Um volume que dá continuidade ao trabalho de investigação iniciado por Sequeira Andrade com a publicação, em 2010, de Os Recordes Nacionais do Atletismo e Outras Histórias, dedicado ao sector masculino.
Uma obra partilhada pelos mais importantes jornalistas especialistas na modalidade que, infelizmente, já não se encontram entre nós. O seu desaparecimento e a publicação destas obras marca um momento de viragem, um fim de ciclo, no atletismo português, precisamente no momento que a entidade máxima da modalidade celebra o seu centenário.
É uma página da história que se vira, uma ideia de atletismo, um conceito, que ficou no século XX e que Sequeira Andrade e Arons de Carvalho tão bem souberam representar.
O seu legado à modalidade, a imensa obra publicada, a paixão com que viveram o Atletismo é algo único, não só sobre o ponto de vista jornalístico, como no seu envolvimento como praticantes e como dirigentes.
O saber acumulado, a análise crítica (nem sempre consensual) não tem paralelo no atletismo assim como em outras modalidades em Portugal.
Nestes dois volumes, de consulta obrigatória para quem pretenda abordar a história do atletismo, o perfil dos atletas e os seus recordes em particular, encontramos “os grandes e pequenos momentos da odisseia atlética portuguesa”.
Sequeira Andrade (1928 – 2019)
Iniciou a sua atividade jornalística no jornal O Século, tendo escrito em diversos jornais e revistas com destaque para A Capital, Diário Popular, Diário de Notícias, Record, A Bola, Mundo Desportivo, Sports Ilustrado, a Marca, Revista Atletismo, e O Benfica, onde foi diretor durante cinco anos. Como dirigente foi responsável pela reimplantação do atletismo em Setúbal no Vitória FC. Integrou os quadros diretivos da FPA em duas ocasiões.
Arons de Carvalho (1947 – 2022)
Licenciado em Educação Física, foi no jornalismo onde exerceu a sua atividade profissional tendo escrito nos jornais A Capital, República, Luta, Mundo Desportivo, Record, Agência Lusa, tendo fundado a Revista Atletismo em 1982.
12h00 de 03/01/2023
Um volume que dá continuidade ao trabalho de investigação iniciado por Sequeira Andrade com a publicação, em 2010, de Os Recordes Nacionais do Atletismo e Outras Histórias, dedicado ao sector masculino.
Uma obra partilhada pelos mais importantes jornalistas especialistas na modalidade que, infelizmente, já não se encontram entre nós. O seu desaparecimento e a publicação destas obras marca um momento de viragem, um fim de ciclo, no atletismo português, precisamente no momento que a entidade máxima da modalidade celebra o seu centenário.
É uma página da história que se vira, uma ideia de atletismo, um conceito, que ficou no século XX e que Sequeira Andrade e Arons de Carvalho tão bem souberam representar.
O seu legado à modalidade, a imensa obra publicada, a paixão com que viveram o Atletismo é algo único, não só sobre o ponto de vista jornalístico, como no seu envolvimento como praticantes e como dirigentes.
O saber acumulado, a análise crítica (nem sempre consensual) não tem paralelo no atletismo assim como em outras modalidades em Portugal.
Nestes dois volumes, de consulta obrigatória para quem pretenda abordar a história do atletismo, o perfil dos atletas e os seus recordes em particular, encontramos “os grandes e pequenos momentos da odisseia atlética portuguesa”.
Sequeira Andrade (1928 – 2019)
Iniciou a sua atividade jornalística no jornal O Século, tendo escrito em diversos jornais e revistas com destaque para A Capital, Diário Popular, Diário de Notícias, Record, A Bola, Mundo Desportivo, Sports Ilustrado, a Marca, Revista Atletismo, e O Benfica, onde foi diretor durante cinco anos. Como dirigente foi responsável pela reimplantação do atletismo em Setúbal no Vitória FC. Integrou os quadros diretivos da FPA em duas ocasiões.
Arons de Carvalho (1947 – 2022)
Licenciado em Educação Física, foi no jornalismo onde exerceu a sua atividade profissional tendo escrito nos jornais A Capital, República, Luta, Mundo Desportivo, Record, Agência Lusa, tendo fundado a Revista Atletismo em 1982.
12h00 de 03/01/2023
Siete Décadas enseñando con Pasión Atletismo
A Real Federação Espanhola de Atletismo acaba de publicar -
Siete Décadas enseñando con Pasión Atletismo
de José García Grossocordón “Grosso” -
- La historia de la Escuela Nacional de Entrenadores (ENE), en la actualidad Centro Nacional de Formaciones Atléticas (CENFA) y los medios para su desarrollo.
Uma obra sobre o Atletismo espanhol, em que o treinador é um actor central em todo o processo de desenvolvimento da modalidade. Um publicação que é muito mais que a história do Atletismo, mas um manual para todos os que queiram conhecer um pouco mais da realidade do atletismo do pais vizinho, a quem nós portugueses sempre estivemos próximos por razões históricas, culturais, geográficas e linguísticas.
Num pais, como o nosso, onde pouco se publica sobre os treinadores portugueses e os seu atletas, onde pouco se publica sobre treino e investigação a ele associado, esta obra, de uma grande simplicidade mas também profundidade, pode ser uma obra de referência para todos nós.
Introducción pelo autor José García Grossocordón:
«El deseo de la publicación de este libro es que nuestros lectores puedan conocer, disfrutar y vivir con pasión momentos inolvidables de la historia de nuestro atletismo a lo largo de las diferentes páginas, viajar a lo largo del tiempo de una manera
cronológica a las entrañas de la historia del comienzo y desarrollo de la Escuela Nacional de Entrenadores (E.N.E.), desde el 8 de abril 2018 Centro Nacional de Formaciones Atléticas (CENFA), pieza fundamental en el crecimiento de nuestro deporte y de los éxitos obtenidos (Hay una frase muy conocida y extendida a lo largo del tiempo que dice “Donde hay un Entrenador Hay Atletismo”).
Otro deseo es dar luz propia a la profesión de entrenador, profesión muy incomprendida y no tratada adecuadamente por nuestra sociedad. Una gran mayoría de nuestros colegas han tenido que compaginar dicha profesión con otras, no pudiéndose dedicar a tiempo completo, es decir con exclusividad a este deporte, siendo muy pocos los elegidos que han podido vivir dignamente de él. Pero siempre su entrega, dedicación, profesionalidad han estado por encima de cualquier circunstancia, teniendo en la mayoría de los casos que pagar un peaje muy costoso dentro de su vida familiar. La figura de entrenador ha sido una pieza fundamental en el crecimiento de nuestro deporte, siendo uno de los culpables de que el atletismo nacional se encuentre en la elite del mismo y que gracias a sus aportaciones, nuestros atletas hayan podido ir creciendo y poder competir con sus adversarios en condiciones similares. Por ultimo, un recuerdo, como no podía ser de otra manera, a todos aquellos entrenadores colaboradores, animadores anónimos que desarrollan su actividad a lo largo y ancho de nuestra geografía y que con su aportación desinteresada han permitido un desarrollo y un crecimiento de este deporte.
Entre as 426 páginas destacamos os seguintes capítulos:
- Los Entrenadores Vistos por sus Atletas.
Altuna Ignacio, visto por Ramón Cid; Álvarez del Villar, visto por Juanjo Azpeitia, Ballesteros José Manuel, visto por José María Morera; Bravo Julio, visto por Anacleto Jiménez; Campra Emilio, visto por Antonio Fernández Ortiz; Cisneros Gerardo, visto por Santiago de la Parte; Cutié Manuel, visto por Tomás Barris; Durán Jesús, visto por Raúl Jimeno; Enciso Jaime, visto por Javier Moracho; Ferrero Guillermo, visto por Fabián Roncero; Gil Carlos, visto por Antonio Sánchez; Linares Lázaro, visto por Francisco Fuentes; Lombao Bernardino, visto por Sagrario Aguado; López Francisco, visto por Javier Arqués; Llopart Moisés, visto por Daniel Plaza; Marín José, visto por Valentí Massana; Martínez José Luis, visto por Álvaro Burrell; Molins José, visto por Carmen Valero; Mova Giovanni Batista, visto por Elías Reguero,; Ortega Alfonso, visto por Javier Álvarez Salgado; Pascual Enrique, visto por Fermín Cacho; Rojo Gregorio, visto por José Manuel Abascal; Ruf Juan, visto por Alberto Ruiz; Torralbo Ramón, visto por Ruth Beitia; Torres José Luis, visto por Ignacio Sola; Velasco Martín, visto por José Luis González.
- Nuestras Entrenadoras Opinan:
Alonso Manoli, Belda Yolanda, Gallo Albina, Lahoz Esther, Mariezcurrena Idoia, Martín Dunia, Miret Blanca, Pastor Montse, Paz Patricia, Pérez Ana, Rodríguez Carmen, Román Oliva, Rosich Vilaró Mercè, Urkiola Inma.
- Convenios Desarrollados por La Escuela Nacional de Entrenadores con las - Facultades de Ciencias de la Actividad Física y Deportes.
- Los Centros de Alto Rendimiento.
O Autor: José García Grossocordón
Licenciado en Educación Física.
- Técnico Deportivo Superior en Atletismo
- Master en Coaching y liderazgo deportivo
- Entrenador Nacional de Atletismo Especialista en Vallas.
- Entrenador Nacional de Atletismo Diplomado en Carreras.
- Entrenador Nacional de Atletismo.
26/09/2022
Siete Décadas enseñando con Pasión Atletismo
de José García Grossocordón “Grosso” -
- La historia de la Escuela Nacional de Entrenadores (ENE), en la actualidad Centro Nacional de Formaciones Atléticas (CENFA) y los medios para su desarrollo.
Uma obra sobre o Atletismo espanhol, em que o treinador é um actor central em todo o processo de desenvolvimento da modalidade. Um publicação que é muito mais que a história do Atletismo, mas um manual para todos os que queiram conhecer um pouco mais da realidade do atletismo do pais vizinho, a quem nós portugueses sempre estivemos próximos por razões históricas, culturais, geográficas e linguísticas.
Num pais, como o nosso, onde pouco se publica sobre os treinadores portugueses e os seu atletas, onde pouco se publica sobre treino e investigação a ele associado, esta obra, de uma grande simplicidade mas também profundidade, pode ser uma obra de referência para todos nós.
Introducción pelo autor José García Grossocordón:
«El deseo de la publicación de este libro es que nuestros lectores puedan conocer, disfrutar y vivir con pasión momentos inolvidables de la historia de nuestro atletismo a lo largo de las diferentes páginas, viajar a lo largo del tiempo de una manera
cronológica a las entrañas de la historia del comienzo y desarrollo de la Escuela Nacional de Entrenadores (E.N.E.), desde el 8 de abril 2018 Centro Nacional de Formaciones Atléticas (CENFA), pieza fundamental en el crecimiento de nuestro deporte y de los éxitos obtenidos (Hay una frase muy conocida y extendida a lo largo del tiempo que dice “Donde hay un Entrenador Hay Atletismo”).
Otro deseo es dar luz propia a la profesión de entrenador, profesión muy incomprendida y no tratada adecuadamente por nuestra sociedad. Una gran mayoría de nuestros colegas han tenido que compaginar dicha profesión con otras, no pudiéndose dedicar a tiempo completo, es decir con exclusividad a este deporte, siendo muy pocos los elegidos que han podido vivir dignamente de él. Pero siempre su entrega, dedicación, profesionalidad han estado por encima de cualquier circunstancia, teniendo en la mayoría de los casos que pagar un peaje muy costoso dentro de su vida familiar. La figura de entrenador ha sido una pieza fundamental en el crecimiento de nuestro deporte, siendo uno de los culpables de que el atletismo nacional se encuentre en la elite del mismo y que gracias a sus aportaciones, nuestros atletas hayan podido ir creciendo y poder competir con sus adversarios en condiciones similares. Por ultimo, un recuerdo, como no podía ser de otra manera, a todos aquellos entrenadores colaboradores, animadores anónimos que desarrollan su actividad a lo largo y ancho de nuestra geografía y que con su aportación desinteresada han permitido un desarrollo y un crecimiento de este deporte.
Entre as 426 páginas destacamos os seguintes capítulos:
- Los Entrenadores Vistos por sus Atletas.
Altuna Ignacio, visto por Ramón Cid; Álvarez del Villar, visto por Juanjo Azpeitia, Ballesteros José Manuel, visto por José María Morera; Bravo Julio, visto por Anacleto Jiménez; Campra Emilio, visto por Antonio Fernández Ortiz; Cisneros Gerardo, visto por Santiago de la Parte; Cutié Manuel, visto por Tomás Barris; Durán Jesús, visto por Raúl Jimeno; Enciso Jaime, visto por Javier Moracho; Ferrero Guillermo, visto por Fabián Roncero; Gil Carlos, visto por Antonio Sánchez; Linares Lázaro, visto por Francisco Fuentes; Lombao Bernardino, visto por Sagrario Aguado; López Francisco, visto por Javier Arqués; Llopart Moisés, visto por Daniel Plaza; Marín José, visto por Valentí Massana; Martínez José Luis, visto por Álvaro Burrell; Molins José, visto por Carmen Valero; Mova Giovanni Batista, visto por Elías Reguero,; Ortega Alfonso, visto por Javier Álvarez Salgado; Pascual Enrique, visto por Fermín Cacho; Rojo Gregorio, visto por José Manuel Abascal; Ruf Juan, visto por Alberto Ruiz; Torralbo Ramón, visto por Ruth Beitia; Torres José Luis, visto por Ignacio Sola; Velasco Martín, visto por José Luis González.
- Nuestras Entrenadoras Opinan:
Alonso Manoli, Belda Yolanda, Gallo Albina, Lahoz Esther, Mariezcurrena Idoia, Martín Dunia, Miret Blanca, Pastor Montse, Paz Patricia, Pérez Ana, Rodríguez Carmen, Román Oliva, Rosich Vilaró Mercè, Urkiola Inma.
- Convenios Desarrollados por La Escuela Nacional de Entrenadores con las - Facultades de Ciencias de la Actividad Física y Deportes.
- Los Centros de Alto Rendimiento.
O Autor: José García Grossocordón
Licenciado en Educación Física.
- Técnico Deportivo Superior en Atletismo
- Master en Coaching y liderazgo deportivo
- Entrenador Nacional de Atletismo Especialista en Vallas.
- Entrenador Nacional de Atletismo Diplomado en Carreras.
- Entrenador Nacional de Atletismo.
26/09/2022
"O (Des)Governo do Desporto em Portugal"
"O (Des)Governo do Desporto em Portugal" é um livro "crítico e de reflexão" de António José Silva, presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), no qual responsabiliza o poder político, mas também o movimento associativo.
"Há muita coisa a mudar. A responsabilidade não morre solteira. Não é só dos partidos políticos e Governo, mas também de quem deste lado trabalha diariamente no desporto", sintetiza, em declarações à agência Lusa.
A obra, hoje lançada na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), tem quatro partes, sendo que a segunda sai em 2023, a terceira em 2024 e a quarta em 2025.
A "alteração e adequação" do regime jurídico das federações aos "novos tempos", a implementação de "práticas de boa governança e integridade financeira", bem como a regulamentação mais cuidada das apostas desportivas são algumas das medidas preconizadas pelo dirigente para que o desporto deixe de ser "olhado com desconfiança".
O livro contempla o "olhar académico de professor catedrático e a experiência em organizações desportivas" do seu autor, que dá "ênfase à importância do desporto real", que, em seu entender, nem a sociedade nem os partidos a entendem adequadamente.
António José Silva dedica particular atenção à resposta do Estado às necessidades e especificidades do desporto em tempos de covid-19, bem como os programas e propostas dos restantes partidos na Assembleia da República.
"O problema do desporto não tem a ver com o Governo, mas com a falta de relevância política não só no Governo, que é o órgão que tem responsabilidade de legislar, mas também outros partidos na Assembleia da República que não apresentam propostas que permitam alavancar o desporto para a importância social que deveria ter", critica.
O responsável entende que "nem o Governo nem os restantes partidos fazem o seu papel de elevar o desporto na sua dimensão social", citando um conjunto de exemplos contrários e bem-sucedidos no 'Velho Continente', dentro e fora da União Europeia.
"Os próprios agentes desportivos não sabem valorizar o desporto de forma concertada e sinérgica, levando-o a uma prioridade das pessoas porque só assim é que os políticos ao olhar para o desporto, porque afeta diretamente quem vota neles. A responsabilidade é partilhada. Nossa, do sistema desportivo e dos políticos", completa.
No segundo volume, António José Silva apresentará um modelo para o desporto de Portugal para as próximas décadas ao nível estrutural, bem como uma análise dos fatores determinantes do sucesso dos países em termos desportivos.
Segundo o autor, o terceiro volume tratará de questões específicas como desporto de base, a promoção de talentos, o apoio à investigação científica, a importância dos técnicos e formação dos treinadores ou o pós-carreira, entre outros.
Finalmente, o quarto volume tem um contexto "mais pessoal", apresentando datas, factos e personalidades, "pessoas mais e menos marcantes no desporto", pouco depois de António José Silva deixar a FPN, pois em 2024 termina o terceiro e último mandato, imposto por lei.
À Lusa, garante que a presidência do Comité Olímpico de Portugal não é um desafio em que esteja a pensar -- "não é cargo que, à data, equacione sequer" -- assumindo mesmo, em tom de brincadeira, que "dificilmente alguém votará" em si, "depois da assertividade das afirmações no livro".
VER APRESENTAÇÃO EM: https://www.facebook.com/fpnatacao1930/videos/758442812189191
"Há muita coisa a mudar. A responsabilidade não morre solteira. Não é só dos partidos políticos e Governo, mas também de quem deste lado trabalha diariamente no desporto", sintetiza, em declarações à agência Lusa.
A obra, hoje lançada na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), tem quatro partes, sendo que a segunda sai em 2023, a terceira em 2024 e a quarta em 2025.
A "alteração e adequação" do regime jurídico das federações aos "novos tempos", a implementação de "práticas de boa governança e integridade financeira", bem como a regulamentação mais cuidada das apostas desportivas são algumas das medidas preconizadas pelo dirigente para que o desporto deixe de ser "olhado com desconfiança".
O livro contempla o "olhar académico de professor catedrático e a experiência em organizações desportivas" do seu autor, que dá "ênfase à importância do desporto real", que, em seu entender, nem a sociedade nem os partidos a entendem adequadamente.
António José Silva dedica particular atenção à resposta do Estado às necessidades e especificidades do desporto em tempos de covid-19, bem como os programas e propostas dos restantes partidos na Assembleia da República.
"O problema do desporto não tem a ver com o Governo, mas com a falta de relevância política não só no Governo, que é o órgão que tem responsabilidade de legislar, mas também outros partidos na Assembleia da República que não apresentam propostas que permitam alavancar o desporto para a importância social que deveria ter", critica.
O responsável entende que "nem o Governo nem os restantes partidos fazem o seu papel de elevar o desporto na sua dimensão social", citando um conjunto de exemplos contrários e bem-sucedidos no 'Velho Continente', dentro e fora da União Europeia.
"Os próprios agentes desportivos não sabem valorizar o desporto de forma concertada e sinérgica, levando-o a uma prioridade das pessoas porque só assim é que os políticos ao olhar para o desporto, porque afeta diretamente quem vota neles. A responsabilidade é partilhada. Nossa, do sistema desportivo e dos políticos", completa.
No segundo volume, António José Silva apresentará um modelo para o desporto de Portugal para as próximas décadas ao nível estrutural, bem como uma análise dos fatores determinantes do sucesso dos países em termos desportivos.
Segundo o autor, o terceiro volume tratará de questões específicas como desporto de base, a promoção de talentos, o apoio à investigação científica, a importância dos técnicos e formação dos treinadores ou o pós-carreira, entre outros.
Finalmente, o quarto volume tem um contexto "mais pessoal", apresentando datas, factos e personalidades, "pessoas mais e menos marcantes no desporto", pouco depois de António José Silva deixar a FPN, pois em 2024 termina o terceiro e último mandato, imposto por lei.
À Lusa, garante que a presidência do Comité Olímpico de Portugal não é um desafio em que esteja a pensar -- "não é cargo que, à data, equacione sequer" -- assumindo mesmo, em tom de brincadeira, que "dificilmente alguém votará" em si, "depois da assertividade das afirmações no livro".
VER APRESENTAÇÃO EM: https://www.facebook.com/fpnatacao1930/videos/758442812189191
A história dos miúdos do Liceu de Faro
«A história dos miúdos (“môces” em Algarvio) da equipa do Liceu de Faro é uma história invulgar, demonstrativa daquilo que os jovens são capazes de construir, se os protagonistas assumirem uma atitude minimamente responsável, de forma a obterem a confiança dos decisores.»
O livro «Môces do Liceu de Faro», de Luís Horta foi apresentado, sábado, 7 de maio, na Escola Secundária João de Deus, o antigo Liceu.
Quando tudo começou, a maioria dos atletas tinha 12/13 anos e o treinador, António Campos, era um pouco mais velho, mas também ele aluno do Liceu de Faro.
“A equipa de atletismo do Liceu de Faro representou uma experiência muito peculiar, no âmbito do desporto escolar e do desporto federado de formação, liderada por um grupo de jovens algarvios”, refere a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.
O projeto permitiu a ascensão de “atletas e treinadores de craveira internacional”, como João Campos, Ezequiel Canário, António Campos e Artur Lara Ramos.
O livro foi escrito por Luís Horta, especialista em medicina desportiva, professor universitário, antigo responsável pela agência anti-doping portuguesa e também atleta da equipa do Liceu de Faro do Sporting e Benfica.
Fonte: Diário Online Região Sul
08/05/2022
O livro «Môces do Liceu de Faro», de Luís Horta foi apresentado, sábado, 7 de maio, na Escola Secundária João de Deus, o antigo Liceu.
Quando tudo começou, a maioria dos atletas tinha 12/13 anos e o treinador, António Campos, era um pouco mais velho, mas também ele aluno do Liceu de Faro.
“A equipa de atletismo do Liceu de Faro representou uma experiência muito peculiar, no âmbito do desporto escolar e do desporto federado de formação, liderada por um grupo de jovens algarvios”, refere a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.
O projeto permitiu a ascensão de “atletas e treinadores de craveira internacional”, como João Campos, Ezequiel Canário, António Campos e Artur Lara Ramos.
O livro foi escrito por Luís Horta, especialista em medicina desportiva, professor universitário, antigo responsável pela agência anti-doping portuguesa e também atleta da equipa do Liceu de Faro do Sporting e Benfica.
Fonte: Diário Online Região Sul
08/05/2022
Não vai ao pódio, nem recebe medalha
Um pequeno livro, com curtos textos, mas grandes ensinamentos sobre desporto de competição e os «Jogos da máscara» Tóquio 2020. O brasileiro Ricardo de Moura , um homem do desporto, com presença em sete jogos olímpicos, aborda nesta obra de forma sintética mas cativante temas tão importantes e interessantes como o trabalho do treinador, a força mental, o foco, o talento, a teoria e a prática, organização e resultados. Destes destaco os capítulos - não vai ao pódio nem recebe medalha e saúde mental - onde Ricardo Moura aborda o papel dos treinadores e das questões relacionadas com a pressão nos desportistas.
Uma obra que poderá ser um exemplo para os treinadores portugueses que tão bons resultados tem obtido no plano internacional mas que não produzem nada no plano editorial que nos permita registar os seus ensinamentos, as suas experiências para o presente e para o futuro.
Ricardo Moura: «SÓ ESPORTE. SÓ O ESPORTE. Durante toda minha vida, estive no esporte. Mais especificamente, na natação. Renunciei a muitas coisas para poder estudar cada vez mais, atingir objetivos e contribuir de forma efetiva para a evolução de atletas, técnicos e dirigentes. Dei o meu melhor. Sempre. Como retribuição, o esporte me permitiu vivenciar momentos indescritíveis em eventos que foram de pequenas piscinas em bairros distantes aos melhores parques aquáticos do mundo. O esporte me ensinou a planejar, definir objetivos, vencer com humildade e perder com dignidade. Só o esporte... Uma junção de textos escritos durante o ano dos Jogos Olímpicos 2021. Disserta sobre vários temas. Só esporte... Os textos são de minha autoria, a diagramação e a capa foram feitas no Brasil por Renê de Moura e a impressão efetuada em Portugal. Assim sendo, o livro está disponível no momento somente para Portugal. Pode ser adquirido através do e-mail: [email protected] »
Uma obra que poderá ser um exemplo para os treinadores portugueses que tão bons resultados tem obtido no plano internacional mas que não produzem nada no plano editorial que nos permita registar os seus ensinamentos, as suas experiências para o presente e para o futuro.
Ricardo Moura: «SÓ ESPORTE. SÓ O ESPORTE. Durante toda minha vida, estive no esporte. Mais especificamente, na natação. Renunciei a muitas coisas para poder estudar cada vez mais, atingir objetivos e contribuir de forma efetiva para a evolução de atletas, técnicos e dirigentes. Dei o meu melhor. Sempre. Como retribuição, o esporte me permitiu vivenciar momentos indescritíveis em eventos que foram de pequenas piscinas em bairros distantes aos melhores parques aquáticos do mundo. O esporte me ensinou a planejar, definir objetivos, vencer com humildade e perder com dignidade. Só o esporte... Uma junção de textos escritos durante o ano dos Jogos Olímpicos 2021. Disserta sobre vários temas. Só esporte... Os textos são de minha autoria, a diagramação e a capa foram feitas no Brasil por Renê de Moura e a impressão efetuada em Portugal. Assim sendo, o livro está disponível no momento somente para Portugal. Pode ser adquirido através do e-mail: [email protected] »
Corrida do Tejo - 40 anos - Desafiando a Liberdade - Exposição
'Desafiando a Liberdade. 40 anos da Corrida do Tejo' é o título da exposição comemorativa do 40º aniversário da Corrida do Tejo, no Centro Cultural Palácio do Egipto, localizado no centro histórico da vila de Oeiras.
É deste modo que se assinala o 40º aniversário de uma das mais importantes provas de corrida de estrada do panorama nacional e uma das mais emblemáticas marcas da identidade de Oeiras, relatando a sua génese, a fantástica evolução que a corrida teve ao longo do tempo nos seus mais diversos aspetos e, ainda, dando a conhecer parte da História do Desporto no concelho.
Para além de se ter convertido num fenómeno de democratização, a Corrida do Tejo é, também, uma manifestação de liberdade e cultura, que faz parte do Património Cultural Imaterial de Oeiras.
'Desafiando a Liberdade. 40 anos da Corrida do Tejo' baseia-se num discurso expositivo inovador com recurso às novas tecnologias, onde o visitante poderá, de forma metafórica, quilómetro a quilómetro, deslumbrar-se com a ambiência competitiva e festiva desta prova que, anualmente, cobre a estrada Marginal de cor e alegria.
A exposição estará patente ao público de 4 de fevereiro a 30 de abril, podendo ser visitada de terça-feira a sábado, das 11H às 17H. Encerra aos domingos, segundas e feriados.
https://www.oeiras.pt/-/desafiando-liberdade-40-anos-corrida-tejo
27/02/2022
É deste modo que se assinala o 40º aniversário de uma das mais importantes provas de corrida de estrada do panorama nacional e uma das mais emblemáticas marcas da identidade de Oeiras, relatando a sua génese, a fantástica evolução que a corrida teve ao longo do tempo nos seus mais diversos aspetos e, ainda, dando a conhecer parte da História do Desporto no concelho.
Para além de se ter convertido num fenómeno de democratização, a Corrida do Tejo é, também, uma manifestação de liberdade e cultura, que faz parte do Património Cultural Imaterial de Oeiras.
'Desafiando a Liberdade. 40 anos da Corrida do Tejo' baseia-se num discurso expositivo inovador com recurso às novas tecnologias, onde o visitante poderá, de forma metafórica, quilómetro a quilómetro, deslumbrar-se com a ambiência competitiva e festiva desta prova que, anualmente, cobre a estrada Marginal de cor e alegria.
A exposição estará patente ao público de 4 de fevereiro a 30 de abril, podendo ser visitada de terça-feira a sábado, das 11H às 17H. Encerra aos domingos, segundas e feriados.
https://www.oeiras.pt/-/desafiando-liberdade-40-anos-corrida-tejo
27/02/2022
A qualidade do Atletismo de alta competição
No livro 'Atletismo de Alta Competição' Abreu Matos e Abel Correia apresentam 'o caso português', as suas bases legais, o modelo organizativo e o funcionamento da estrutura. Os autores vão mais longe ao realizarem um diagnóstico dos níveis de satisfação dos seus mais diretos intervenientes - os atletas e respectivos treinadores - face às condições de preparação que lhe são propiciadas.
Com este conhecimento, "as probabilidades de êxito desportivo crescerão na medida em que se conseguir aperfeiçoar a gestão operacional dos meios colocados à disposição para a alta competição", defendem os autores da obra publicada há perto de 20 anos, mas que continua actual em muitos dos seus aspectos interpretativos e analíticos, num momento em que um grupo de atletas manifestou fortes criticas à Federação Portuguesa de Atletismo, em comunicado público, considerando que a modalidade "vem sendo fustigada por mau dirigismo" e que se "está a seguir para um caminho sem retorno".
Para os autores do livro, as preocupações de qualidade do Atletismo de alta competição está centrada no processo, por quem é gerido [os dirigentes e técnicos] e para quem os requisitos finais são estabelecidos e os serviços são pensados [os atletas]. "Estes pressupostos obrigam a que a Federação - leia-se, a sua liderança - saiba compreender o sistema de valores que lhe dá identidade cultural'', acrescentam Abreu Matos e Abel Correia.
"O seu inverso acarreta desvios e perdas, tanto na performance organizacional, como no cumprimento dos objetivos operacionais que se persegue. É nessa perspectiva que a missão da função de gestão da qualidade passa pela sensibilização e educação da gestão de topo. Cabendo à Direção da Federação e ao seu Presidente a condução estratégica e o estabelecimento dos objectivos da organização", apontam. Tal, porém, só serão possível se essa procura de excelência fizer parte da cultura da Federação ou seja se um conjunto de capacidades pautarem o seu próprio funcionamento que os atores caracterizam:
- ADAPTAÇÃO / REAÇÃO - num ambiente em constante mutação como o que se verifica nos dias de hoje, a Federação deverá estar preparada para, num curto espaço de tempo, reagir a situações imprevistas . A melhor forma de o conseguir passará pela manutenção de níveis elevados de empatia entre todas as pessoas envolvidas na estrutura.
- DECISÃO - em vez de se deixar enredar por rotinas, a Federação deve ser condutora de processos de tomada de decisão em função de percepções bem concretas do ambiente que a rodeia.
- AUSCULTAÇÃO - os agentes externos - atletas, treinadores , clubes , associações etc, são o alvo que dão corpo à existência do serviço, cabendo à Federação entender e municiar-se dos instrumentos mais adequados ao desempenho esperado por esses agentes.
- RESPONSABILIZAÇÃO - a gestão do serviço de alta competição constitui um serviço essencialmente organizacional dependente da mobilização dos dirigentes e técnicos que o concebem e produzem.
Nesse sentido concluem: "As preocupações à volta do serviço de alta competição - e não só - existem porque existem atletas. (…) o desafio que se coloca terá que, forçosamente, girar em torno da satisfação. Fundamentalmente da satisfação de todos os agentes envolvidos na alta competição.
Abreu Matos é treinador de atletismo desde 1976 nas áreas de preparação olímpica, alta competição e seleções nacionais, entre os atletas que treinou destaque para Naide Gomes.
Abel Correia iniciou a pratica de Atletismo na década de setenta. Licenciado em Educação Física é doutorado em Ciências do Desporto com a tese "Estratégia das Federações Desportivas".
09/12/2021
Com este conhecimento, "as probabilidades de êxito desportivo crescerão na medida em que se conseguir aperfeiçoar a gestão operacional dos meios colocados à disposição para a alta competição", defendem os autores da obra publicada há perto de 20 anos, mas que continua actual em muitos dos seus aspectos interpretativos e analíticos, num momento em que um grupo de atletas manifestou fortes criticas à Federação Portuguesa de Atletismo, em comunicado público, considerando que a modalidade "vem sendo fustigada por mau dirigismo" e que se "está a seguir para um caminho sem retorno".
Para os autores do livro, as preocupações de qualidade do Atletismo de alta competição está centrada no processo, por quem é gerido [os dirigentes e técnicos] e para quem os requisitos finais são estabelecidos e os serviços são pensados [os atletas]. "Estes pressupostos obrigam a que a Federação - leia-se, a sua liderança - saiba compreender o sistema de valores que lhe dá identidade cultural'', acrescentam Abreu Matos e Abel Correia.
"O seu inverso acarreta desvios e perdas, tanto na performance organizacional, como no cumprimento dos objetivos operacionais que se persegue. É nessa perspectiva que a missão da função de gestão da qualidade passa pela sensibilização e educação da gestão de topo. Cabendo à Direção da Federação e ao seu Presidente a condução estratégica e o estabelecimento dos objectivos da organização", apontam. Tal, porém, só serão possível se essa procura de excelência fizer parte da cultura da Federação ou seja se um conjunto de capacidades pautarem o seu próprio funcionamento que os atores caracterizam:
- ADAPTAÇÃO / REAÇÃO - num ambiente em constante mutação como o que se verifica nos dias de hoje, a Federação deverá estar preparada para, num curto espaço de tempo, reagir a situações imprevistas . A melhor forma de o conseguir passará pela manutenção de níveis elevados de empatia entre todas as pessoas envolvidas na estrutura.
- DECISÃO - em vez de se deixar enredar por rotinas, a Federação deve ser condutora de processos de tomada de decisão em função de percepções bem concretas do ambiente que a rodeia.
- AUSCULTAÇÃO - os agentes externos - atletas, treinadores , clubes , associações etc, são o alvo que dão corpo à existência do serviço, cabendo à Federação entender e municiar-se dos instrumentos mais adequados ao desempenho esperado por esses agentes.
- RESPONSABILIZAÇÃO - a gestão do serviço de alta competição constitui um serviço essencialmente organizacional dependente da mobilização dos dirigentes e técnicos que o concebem e produzem.
Nesse sentido concluem: "As preocupações à volta do serviço de alta competição - e não só - existem porque existem atletas. (…) o desafio que se coloca terá que, forçosamente, girar em torno da satisfação. Fundamentalmente da satisfação de todos os agentes envolvidos na alta competição.
Abreu Matos é treinador de atletismo desde 1976 nas áreas de preparação olímpica, alta competição e seleções nacionais, entre os atletas que treinou destaque para Naide Gomes.
Abel Correia iniciou a pratica de Atletismo na década de setenta. Licenciado em Educação Física é doutorado em Ciências do Desporto com a tese "Estratégia das Federações Desportivas".
09/12/2021
Os treinadores invisíveis
Se Portugal produziu algo de verdadeira qualidade, nos últimos 50 anos, comparável ao que de melhor se faz na Europa desenvolvida, isso foi sem dúvida realizado pelos seus treinadores.
Por isso, sempre me impressionou a falta de reconhecimento, a ignorância pura que o trabalho desenvolvido por esses técnicos é votado pelas instituições desportivas deste país. Ao contrário do que acontece na literatura, no cinema, na pintura ou na arquitetura onde apresentamos também representantes de inegável qualidade.
Não me refiro à atribuição de uma medalha ou uma homenagem de circunstância, uma exposição, mas ao estudo crítico, publicação e promoção da qualidade do trabalho desenvolvido por esses técnicos.
Nem para aqui chamo o futebol, também com treinadores de grande qualidade, mas com outros recursos e outros palcos, que os colocam em outra dimensão.
Nas modalidades olímpicas e no atletismo em particular, é confrangedor a forma como as instituições esquecem e ignoram o trabalho desenvolvido pelos treinadores que contribuíram com resultados de grande qualidade para o desporto em Portugal.
Não me refiro apenas a Moniz Pereira - que Fernando Mota, antigo presidente da Federação de Atletismo, considera a figura desportiva nacional do século XX - ignorado pelos seus pares, mas também pelas instituições que serviu agora que se comemora os 100 anos do seu nascimento.
Da faculdade onde foi aluno e depois lecionou cerca de 30 anos não vemos um estudo, um trabalho ou uma investigação de fôlego, mesmo que crítica, sobre o seu legado. Da federação de atletismo total ausência de memória. Mas esta ausência de memória e esquecimento voluntário é extensiva a treinadores de grande valia que hoje são completamente ignorados.
Fonseca e Costa, João Campos, José Pedrosa, Lara Ramos, António Campos, Jorge Ramiro, Alfredo Barbosa, José Carvalho, Bernardo Manuel, Abreu Matos, apenas para citar alguns, foram treinadores que muito deram ao desporto nacional. Os atuais, como João Ganço ou José Uva, vão pelo mesmo caminho. Mas se abordarmos os treinadores de canoagem (Hélio Lucas) ou judo (Pedro Soares), onde conquistamos medalhas olímpicas, a realidade é idêntica: pouco ou nada destes treinadores existe no plano do estudo da investigação na área do treino de alta competição desenvolvido pelas instituições desportivas.
Claro que os próprios treinadores também não estão isentos de responsabilidades – onde posso consultar os trabalhos publicados no plano científico sobre o treino, o caminho percorrido até ao ouro olímpico de Fernanda Ribeiro, Rosa Mota, Carlos Lopes ou Nelson Évora?
06/11/2021
foto: Lumiar, Lisboa, anos 40 do seculo XX.
Por isso, sempre me impressionou a falta de reconhecimento, a ignorância pura que o trabalho desenvolvido por esses técnicos é votado pelas instituições desportivas deste país. Ao contrário do que acontece na literatura, no cinema, na pintura ou na arquitetura onde apresentamos também representantes de inegável qualidade.
Não me refiro à atribuição de uma medalha ou uma homenagem de circunstância, uma exposição, mas ao estudo crítico, publicação e promoção da qualidade do trabalho desenvolvido por esses técnicos.
Nem para aqui chamo o futebol, também com treinadores de grande qualidade, mas com outros recursos e outros palcos, que os colocam em outra dimensão.
Nas modalidades olímpicas e no atletismo em particular, é confrangedor a forma como as instituições esquecem e ignoram o trabalho desenvolvido pelos treinadores que contribuíram com resultados de grande qualidade para o desporto em Portugal.
Não me refiro apenas a Moniz Pereira - que Fernando Mota, antigo presidente da Federação de Atletismo, considera a figura desportiva nacional do século XX - ignorado pelos seus pares, mas também pelas instituições que serviu agora que se comemora os 100 anos do seu nascimento.
Da faculdade onde foi aluno e depois lecionou cerca de 30 anos não vemos um estudo, um trabalho ou uma investigação de fôlego, mesmo que crítica, sobre o seu legado. Da federação de atletismo total ausência de memória. Mas esta ausência de memória e esquecimento voluntário é extensiva a treinadores de grande valia que hoje são completamente ignorados.
Fonseca e Costa, João Campos, José Pedrosa, Lara Ramos, António Campos, Jorge Ramiro, Alfredo Barbosa, José Carvalho, Bernardo Manuel, Abreu Matos, apenas para citar alguns, foram treinadores que muito deram ao desporto nacional. Os atuais, como João Ganço ou José Uva, vão pelo mesmo caminho. Mas se abordarmos os treinadores de canoagem (Hélio Lucas) ou judo (Pedro Soares), onde conquistamos medalhas olímpicas, a realidade é idêntica: pouco ou nada destes treinadores existe no plano do estudo da investigação na área do treino de alta competição desenvolvido pelas instituições desportivas.
Claro que os próprios treinadores também não estão isentos de responsabilidades – onde posso consultar os trabalhos publicados no plano científico sobre o treino, o caminho percorrido até ao ouro olímpico de Fernanda Ribeiro, Rosa Mota, Carlos Lopes ou Nelson Évora?
06/11/2021
foto: Lumiar, Lisboa, anos 40 do seculo XX.
Desporto e Religião
Transcendência, devoção, fé, milagre, superação, mística, sacrifício são alguns conceitos religiosos, entre muitos outros, que com frequência vemos aplicados no desporto.
O desporto é, na sua essência, uma manifestação religiosa, defendia Pierre de Coubertin, criador dos jogos da era moderna. Era assim na antiga Grécia. É assim nos dias de hoje. Coubertin afirmou: «A primeira característica do desporto olímpico antigo como o do moderno é ser uma religião.» O desporto entendido como um meio de purificação, de ascese.
Um conceito reafirmado em 1972, durante os Jogos de Munique, por Avery Brundage, então presidente do Comité Olímpico Internacional: «Talvez o desporto, religião do século XX, com a sua mensagem de lealdade e retidão, tenha sucesso [relativamente à construção da paz e da harmonia entre os povos] onde outras instituições falharam».
O Papa Francisco, em entrevista ‘La Gazzetta dello Sport’, em janeiro de 2021 fala de «lealdade, compromisso, sacrifício, inclusão, espírito de equipa, mas também de ascetismo e redenção» que resumem os seus pensamentos sobre a importância e o valor do desporto.
Os exemplos dessa cadeia de comportamento religioso no desporto está ilustrado em inúmeros momentos da história, mas permanece totalmente presente nos dias de hoje apesar da laicidade das sociedades no seculo XXI.
A possibilidade de um atleta se ‘transcender’, ascender, indo além ou elevar-se acima do vulgar é com frequência utilizado para explicar feitos considerados únicos. Recordamos o corredor Roger Banister, o primeiro atleta a superar a barreira dos 4 minutos na milha, a 6 de maio de 1954, recordou mais tarde, já licenciado em medicina na área da neurologia: “A terra parecia mover-se comigo (…) um ritmo vivo dominou o meu corpo. Perdendo a consciência sobre os meus movimentos, descobri uma nova união com a natureza (…) uma nova fonte de poder e beleza, que eu desconhecia.”
Por cá, a comunicação social destacava recentemente: «Ouro de fé e devoção: Auriol Dongmo campeã europeia do peso». «São a fé, a devoção e a força que me mantêm nesta luta», revelava a luso-camaronesa em março de 2021.
No plano colectivo, a ‘mística’ ou a ‘devoção’ atribuída aos clubes de futebol. Uma atitude afetiva, assente na devoção a uma ideia, uma causa, estão presentes no imaginário de adeptos e é «exigido» aos atletas, naquilo que mais religioso poderemos encontrar nos dias de hoje fora da esfera da entrega a uma causa apesar do profissionalismo do desporto nas sociedades contemporâneas.
O desporto é hoje um dos negócios mais florescentes e um produto que melhor se vende. Apesar da a sua instrumentalização para fins ideológicos, a sua descredibilização por questões de doping e falsas apostas, ainda assim, resiste como atividade religiosa de massas, superando barreiras geográficas, raciais, sociais, culturais, religiosas, políticas e económicas.
O livro «Desporto e Diversidade Religiosa - Caminhos para a Paz» foi apresentado dia 11 de outubro, na sede Comité Olímpico de Portugal. Composta por uma seleção de ensaios, editados por José Manuel Constantino e Rui Proença Garcia, a obra está dividida em três partes. Parte I – Desporto e Religião: Itinerários de Paz; Parte II – O Desporto na visão de confissões religiosas; Parte III – Testemunhos de fé.
Mais informação em:
https://comiteolimpicoportugal.pt/noticias/detalhe-da-noticia/?id=NEW-c51faf5b-e992-46d0-b808-d97c0292f79a
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18/10/2021
O desporto é, na sua essência, uma manifestação religiosa, defendia Pierre de Coubertin, criador dos jogos da era moderna. Era assim na antiga Grécia. É assim nos dias de hoje. Coubertin afirmou: «A primeira característica do desporto olímpico antigo como o do moderno é ser uma religião.» O desporto entendido como um meio de purificação, de ascese.
Um conceito reafirmado em 1972, durante os Jogos de Munique, por Avery Brundage, então presidente do Comité Olímpico Internacional: «Talvez o desporto, religião do século XX, com a sua mensagem de lealdade e retidão, tenha sucesso [relativamente à construção da paz e da harmonia entre os povos] onde outras instituições falharam».
O Papa Francisco, em entrevista ‘La Gazzetta dello Sport’, em janeiro de 2021 fala de «lealdade, compromisso, sacrifício, inclusão, espírito de equipa, mas também de ascetismo e redenção» que resumem os seus pensamentos sobre a importância e o valor do desporto.
Os exemplos dessa cadeia de comportamento religioso no desporto está ilustrado em inúmeros momentos da história, mas permanece totalmente presente nos dias de hoje apesar da laicidade das sociedades no seculo XXI.
A possibilidade de um atleta se ‘transcender’, ascender, indo além ou elevar-se acima do vulgar é com frequência utilizado para explicar feitos considerados únicos. Recordamos o corredor Roger Banister, o primeiro atleta a superar a barreira dos 4 minutos na milha, a 6 de maio de 1954, recordou mais tarde, já licenciado em medicina na área da neurologia: “A terra parecia mover-se comigo (…) um ritmo vivo dominou o meu corpo. Perdendo a consciência sobre os meus movimentos, descobri uma nova união com a natureza (…) uma nova fonte de poder e beleza, que eu desconhecia.”
Por cá, a comunicação social destacava recentemente: «Ouro de fé e devoção: Auriol Dongmo campeã europeia do peso». «São a fé, a devoção e a força que me mantêm nesta luta», revelava a luso-camaronesa em março de 2021.
No plano colectivo, a ‘mística’ ou a ‘devoção’ atribuída aos clubes de futebol. Uma atitude afetiva, assente na devoção a uma ideia, uma causa, estão presentes no imaginário de adeptos e é «exigido» aos atletas, naquilo que mais religioso poderemos encontrar nos dias de hoje fora da esfera da entrega a uma causa apesar do profissionalismo do desporto nas sociedades contemporâneas.
O desporto é hoje um dos negócios mais florescentes e um produto que melhor se vende. Apesar da a sua instrumentalização para fins ideológicos, a sua descredibilização por questões de doping e falsas apostas, ainda assim, resiste como atividade religiosa de massas, superando barreiras geográficas, raciais, sociais, culturais, religiosas, políticas e económicas.
O livro «Desporto e Diversidade Religiosa - Caminhos para a Paz» foi apresentado dia 11 de outubro, na sede Comité Olímpico de Portugal. Composta por uma seleção de ensaios, editados por José Manuel Constantino e Rui Proença Garcia, a obra está dividida em três partes. Parte I – Desporto e Religião: Itinerários de Paz; Parte II – O Desporto na visão de confissões religiosas; Parte III – Testemunhos de fé.
Mais informação em:
https://comiteolimpicoportugal.pt/noticias/detalhe-da-noticia/?id=NEW-c51faf5b-e992-46d0-b808-d97c0292f79a
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18/10/2021
“Olímpicas – As portuguesas nos Jogos de Helsínquia 52 ao Rio 16” apresentado
O livro “Olímpicas – As portuguesas nos Jogos de Helsínquia 52 ao Rio 16”, da autoria de Cipriano Lucas, que dá a conhecer todas as atletas nacionais participantes no maior evento multidesportivo do mundo, foi apresentado esta segunda-feira na sede do Comité Olímpico de Portugal.
Rita Nunes, diretora do Departamento de Estudos e Projetos do COP, editora da obra historiou o projeto. “Todos os livros têm uma história, este tem 118 histórias”, das 118 atletas portuguesas participantes nos Jogos Olímpicos”, disse, agradecendo ainda o apoio da Imprensa Nacional-Casa da Moeda - representada pelo administrador Alcides Gama – que assegurou a impressão.
Cipriano Lucas falou das protagonistas do livro. “São figuras que me motivaram enquanto atleta e com as quais também me envolvi como jornalista. Agradeço ao presidente do COP, José Manuel Constantino, a possibilidade de concretizar este projeto.” O autor deixou uma intenção: “Todas elas mereciam por si só uma biografia, diria que isto é um ponto de partida, um manual.”
LER MAIS AQUI
03/05/2021
Rita Nunes, diretora do Departamento de Estudos e Projetos do COP, editora da obra historiou o projeto. “Todos os livros têm uma história, este tem 118 histórias”, das 118 atletas portuguesas participantes nos Jogos Olímpicos”, disse, agradecendo ainda o apoio da Imprensa Nacional-Casa da Moeda - representada pelo administrador Alcides Gama – que assegurou a impressão.
Cipriano Lucas falou das protagonistas do livro. “São figuras que me motivaram enquanto atleta e com as quais também me envolvi como jornalista. Agradeço ao presidente do COP, José Manuel Constantino, a possibilidade de concretizar este projeto.” O autor deixou uma intenção: “Todas elas mereciam por si só uma biografia, diria que isto é um ponto de partida, um manual.”
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03/05/2021
Livro - 30 anos de Triatlo
A Federação de Triatlo de Portugal lançou hoje o livro "30 anos de Triatlo". A cerimónia decorreu na Tribuna de Honra do Estádio Nacional com a presença das entidades oficiais com destaque para o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, o presidente do Comité Paralímpico, José Manuel Lourenço, e da Fundação do Desporto, Paulo Frischknech.
A obra, que percorreu a historia do Triatlo em Portugal desde a suas primeiras provas em Peniche e Cascais, passando pela formação da Federação até as medalhas em mundiais e Jogos Olimpicos, tem a assinatura de Cipriano Lucas e Elisabete Silva.
"Entre as inúmeras histórias que percorrem o livro desde os pioneiros da modalidade nos anos 80 do século XX, até à participação no Rio de Janeiro 2016, a modalidade afirmou-se em Portugal pela capacidade organizativa dos seus dirigentes que levou à obtenção de um estatuto que a distingue das outras modalidades olímpicas, não só pelos resultados de excelência como também pela qualidade do projeto de preparação olímpica com o lema "de e para os atletas." MAIS INFORMAÇÃO: https://www.facebook.com/triatloportugal/videos/1606974519498283
24/04/2021
Olímpicas - As portuguesas nos Jogos de Helsínquia`52 ao Rio`16
O Comité Olímpico de Portugal lança no Dia Internacional da Mulher 2021 o livro “Olímpicas – As portuguesas nos Jogos de Helsínquia’52 ao Rio’16”, da autoria de Cipriano Lucas.
São 64 anos da história da participação das mulheres portugueses nos Jogos Olímpicos, com a inclusão das suas biografias, desde as três pioneiras Dália Cunha, Natália Cunha e Laura Amorim que competiram no concurso individual de ginástica aplicada, em Helsínquia’52, até às 30 atletas integrantes da Missão de Portugal ao Rio’16. “Com este pequeno tributo pretendemos celebrar a participação feminina portuguesa nos Jogos Olímpicos. Desde a primeira presença, nos Jogos Olímpicos Helsínquia 1952, até ao Rio de Janeiro 2016, 118 portuguesas competiram no maior evento desportivo à escala planetária. Uma reduzida elite de desportistas desbravou, durante 64 anos, um difícil caminho pela igualdade na prática desportiva em Portugal e no Mundo. Atletas que conquistaram por direito próprio, com muito empenho e determinação, um lugar entre a família olímpica. Uma forma superior de representação das raparigas e mulheres portuguesas que, desde o início do século XX até hoje, dedicaram as suas vidas ao desporto. Uma difícil luta, dentro e fora dos estádios, que permitiu às jovens de hoje o pleno direito à prática desportiva, à sua afirmação no plano nacional e ao sonho olímpico”, escreveu Cipriano Lucas, na Apresentação. “Olímpicas – As portuguesas nos Jogos de Helsínquia’52 ao Rio’16” tem 234 páginas e foi impresso na Imprensa Nacional Casa da Moeda. O livro está acessível aqui. Site COP 08/03/2021 |
Desporto Escolar - aquilo que não se avalia não se pode melhorar
“Se as nossas universidades produzissem bons dicionários ou catálogos, tornavam-se mais úteis.” *
Há temas que, pela sua complexidade (ou simplicidade?), são inesgotáveis. Um filão de opiniões que nos levam a elaborar sobre as mais diversas teses, abordagens, teorias, sem nunca encontramos respostas objetivas, um verdadeiro rumo por caminhos bem definidos. O Desporto Escolar está entre esses temas – provavelmente um dos maiores equívocos do desporto em Portugal.
Sobre o Desporto Escolar muito já foi escrito, mas pouco foi pensado. Diríamos ainda que menos foi concretizado, com tempo, método e convicção. Vitima de uma deriva politica, incapaz de o assumir como vetor fundamental do desenvolvimento desportivo no nosso país.
Por tudo isso, o livro «Desporto Escolar – A influência motivacional no contexto da sua prática nível Histórico, Jurídico e Político», de João Marreiros, é uma obra de leitura obrigatória para percebermos o que é e o que (não) foi o desporto nas escolas do nosso país.
O autor, antigo atleta internacional, do Benfica e Sporting, treinador, professor de educação física, doutor em rendimento desportivo pela Universidade de Extremadura, com inúmeras obras publicadas sobre educação física, desporto, olimpismo, realiza neste livro um pormenorizado levantamento histórico, politico e jurídico sobre o Desporto Escolar no nosso país, tornando esta publicação um verdadeiro manual, um guia obrigatório para podermos compreender com clareza “o que foi o aparecimento e desenvolvimento do Desporto em contexto Escolar…” E assim encontrarmos respostas para a atual desvalorização e dificuldade de afirmação de um sector que deveria ser um pilar do desporto em Portugal.
João Marreiros defende – “nas aulas de educação física deve iniciar-se o processo de formação desportiva e no Desporto Escolar colocar a prática desportiva ao alcance da maioria dos alunos de ambos os sexos de cada turma, por ano de escolaridade, de acordo com as suas capacidades e interesses.”
O autor acrescenta – “nas escolas, através do Desporto deverá pretender-se a formação de homens e mulheres e não de campeões, onde a prática regular do exercício físico, mesmo de forma mais simples, é fundamental para preservar a saúde e melhorar a qualidade de vida.”
E conclui – “o desporto escolar deverá processar-se na escolar em pé de igualdade com quaisquer outras disciplinas que façam parte dos currículos e programas da Escola.”
Todavia, “o curto prazo e as pressões do dia a dia têm-se sobreposto ao longo prazo e às eventuais estratégias de desenvolvimento. (…) A estrutura/instituição do Desporto escolar é uma das mais antigas do país mas continua da maneira que todos conhecemos: um deserto de ideias, onde nada acontece que seja digno de menção.”
Desde 1974 até 2019 houve 34 tomadas de posse de ministro de educação. O Sistema Educativo está dependente do poder politico e de preconceitos ideológicos, mudando cada vez que muda um ministro.
“Assim não é fácil ir mais além, porque aquilo que não se avalia não pode melhorar.”
Neste livro que consideramos um Manual, ponto de partida fundamental para estudar o desporto na escola, não resistimos a destacar alguns momentos históricos identificados por João Marreiros:
1782 – Ano em que se pode afirmar que a Educação Física começou a ser ministrada de modo sistemático na instituição não militar (…) no Colégio S. Lucas.
1791 – Publicação do “Tratado da Educação Physica dos Meninos para uso da Nação Portuguesa” – Primeira obra conhecida em Portugal sobre Educação Física.
1834 – Construção na Casa Pia do primeiro ginásio que há conhecimento em Portugal.
1836 – Apareceu o primeiro livro de educação física escrito pelo médico Guilherme Centai.
1905 – A educação física passou a ser obrigatória nos liceus.
1932 – É proibido o desporto nas escolas publicas. (…) retirava-se a prática dos desportos e dos jogos de competição, com a argumentação de que eram nefastos para a educação da juventude.
1936 – Será dada à Mocidade Portuguesa uma organização nacional e pré-militar que estimule o desenvolvimento integral da sua capacidade física. Nada é mencionado sobre a participação desportiva dos jovens a nível escolar.
1940 – É criado o Instituto Nacional de Educação Física.
1944 – 10 de Junho. É inaugurado o Estádio nacional.
1956 -1964 – Fica proibido a entrada em competições desportivas de caracter oficial ou de campeonatos a qualquer individuo que não possua o exame da 3.ª classe e da 4.ª classe a partir de 1 de janeiro de1959.
1961 – Aparece pela primeira vez as palavras "Desporto Escolar" na imprensa.
1971 - Aparece pela primeira vez as palavras “desportos escolares” em decretos lei.
1985/86 – 40% das escolas não estavam equipadas para responder às necessidades da Educação física e do desporto.
1990/91 – Os alunos estavam impedidos na sua condição de extraescolar de atletas federados de participar nas provas do Desporto Escolar. Por outro lado, as seleções do país seriam constituídas pelos melhores alunos quer fossem federados ou não. Isto durou até 2003/04.
PS: sobre a parte V desta obra - A motivação no contexto da prática desportiva – ela merece, só por si, uma critica diferenciada.
Fotos: Ministério da Educação e Ciência, Secretaria-Geral Coleção de Fotografias da Mocidade Portuguesa e Casa Pia de Lisboa.
*Pacheco Pereira em entrevista à Revista História, novembro 1998.
Há temas que, pela sua complexidade (ou simplicidade?), são inesgotáveis. Um filão de opiniões que nos levam a elaborar sobre as mais diversas teses, abordagens, teorias, sem nunca encontramos respostas objetivas, um verdadeiro rumo por caminhos bem definidos. O Desporto Escolar está entre esses temas – provavelmente um dos maiores equívocos do desporto em Portugal.
Sobre o Desporto Escolar muito já foi escrito, mas pouco foi pensado. Diríamos ainda que menos foi concretizado, com tempo, método e convicção. Vitima de uma deriva politica, incapaz de o assumir como vetor fundamental do desenvolvimento desportivo no nosso país.
Por tudo isso, o livro «Desporto Escolar – A influência motivacional no contexto da sua prática nível Histórico, Jurídico e Político», de João Marreiros, é uma obra de leitura obrigatória para percebermos o que é e o que (não) foi o desporto nas escolas do nosso país.
O autor, antigo atleta internacional, do Benfica e Sporting, treinador, professor de educação física, doutor em rendimento desportivo pela Universidade de Extremadura, com inúmeras obras publicadas sobre educação física, desporto, olimpismo, realiza neste livro um pormenorizado levantamento histórico, politico e jurídico sobre o Desporto Escolar no nosso país, tornando esta publicação um verdadeiro manual, um guia obrigatório para podermos compreender com clareza “o que foi o aparecimento e desenvolvimento do Desporto em contexto Escolar…” E assim encontrarmos respostas para a atual desvalorização e dificuldade de afirmação de um sector que deveria ser um pilar do desporto em Portugal.
João Marreiros defende – “nas aulas de educação física deve iniciar-se o processo de formação desportiva e no Desporto Escolar colocar a prática desportiva ao alcance da maioria dos alunos de ambos os sexos de cada turma, por ano de escolaridade, de acordo com as suas capacidades e interesses.”
O autor acrescenta – “nas escolas, através do Desporto deverá pretender-se a formação de homens e mulheres e não de campeões, onde a prática regular do exercício físico, mesmo de forma mais simples, é fundamental para preservar a saúde e melhorar a qualidade de vida.”
E conclui – “o desporto escolar deverá processar-se na escolar em pé de igualdade com quaisquer outras disciplinas que façam parte dos currículos e programas da Escola.”
Todavia, “o curto prazo e as pressões do dia a dia têm-se sobreposto ao longo prazo e às eventuais estratégias de desenvolvimento. (…) A estrutura/instituição do Desporto escolar é uma das mais antigas do país mas continua da maneira que todos conhecemos: um deserto de ideias, onde nada acontece que seja digno de menção.”
Desde 1974 até 2019 houve 34 tomadas de posse de ministro de educação. O Sistema Educativo está dependente do poder politico e de preconceitos ideológicos, mudando cada vez que muda um ministro.
“Assim não é fácil ir mais além, porque aquilo que não se avalia não pode melhorar.”
Neste livro que consideramos um Manual, ponto de partida fundamental para estudar o desporto na escola, não resistimos a destacar alguns momentos históricos identificados por João Marreiros:
1782 – Ano em que se pode afirmar que a Educação Física começou a ser ministrada de modo sistemático na instituição não militar (…) no Colégio S. Lucas.
1791 – Publicação do “Tratado da Educação Physica dos Meninos para uso da Nação Portuguesa” – Primeira obra conhecida em Portugal sobre Educação Física.
1834 – Construção na Casa Pia do primeiro ginásio que há conhecimento em Portugal.
1836 – Apareceu o primeiro livro de educação física escrito pelo médico Guilherme Centai.
1905 – A educação física passou a ser obrigatória nos liceus.
1932 – É proibido o desporto nas escolas publicas. (…) retirava-se a prática dos desportos e dos jogos de competição, com a argumentação de que eram nefastos para a educação da juventude.
1936 – Será dada à Mocidade Portuguesa uma organização nacional e pré-militar que estimule o desenvolvimento integral da sua capacidade física. Nada é mencionado sobre a participação desportiva dos jovens a nível escolar.
1940 – É criado o Instituto Nacional de Educação Física.
1944 – 10 de Junho. É inaugurado o Estádio nacional.
1956 -1964 – Fica proibido a entrada em competições desportivas de caracter oficial ou de campeonatos a qualquer individuo que não possua o exame da 3.ª classe e da 4.ª classe a partir de 1 de janeiro de1959.
1961 – Aparece pela primeira vez as palavras "Desporto Escolar" na imprensa.
1971 - Aparece pela primeira vez as palavras “desportos escolares” em decretos lei.
1985/86 – 40% das escolas não estavam equipadas para responder às necessidades da Educação física e do desporto.
1990/91 – Os alunos estavam impedidos na sua condição de extraescolar de atletas federados de participar nas provas do Desporto Escolar. Por outro lado, as seleções do país seriam constituídas pelos melhores alunos quer fossem federados ou não. Isto durou até 2003/04.
PS: sobre a parte V desta obra - A motivação no contexto da prática desportiva – ela merece, só por si, uma critica diferenciada.
Fotos: Ministério da Educação e Ciência, Secretaria-Geral Coleção de Fotografias da Mocidade Portuguesa e Casa Pia de Lisboa.
*Pacheco Pereira em entrevista à Revista História, novembro 1998.
Os Biden - Uma família de atletas
Ele foi atleta universitário e elegeu "Momentos de Glória" como o seu filme preferido. Ela é uma apaixonada pela corrida e já terminou uma maratona. Joe e Jill Biden serão o casal presidencial dos EUA nos próximos quatro anos. O desporto é uma referência na família Biden.
“Por mais que eu não tivesse confiança na minha capacidade de comunicar verbalmente, sempre tive confiança na minha capacidade atlética”, escreveu Biden nas suas memórias, "Promises to Keep: On Life and Politics."
“O desporto eram tão natural para mim quanto falar não era natural. E os desporto acabaram por ser o meu ingresso para a aceitação - e muito mais. Eu não era facilmente intimidado em jogo, então, mesmo quando gaguejava, era sempre o garoto que dizia: 'Dê-me a bola' ”, recorda o futuro presidente dos EUA.
O jogador de basebol e futebol americano universitário considera o drama desportivo de 1981 de Hugh Hudson, Chariots of Fire o seu filme preferido, revelou à cadeia de TV CBS. "A verdade é que há pessoas que colocam os princípios à frente da fama e glória pessoal. Isso, para mim, é a marca do verdadeiro heroísmo". Chariots of Fire é uma história sobre como permanecer fiel às suas convicções, mesmo que isso signifique abandonar as vantagens.
Por seu lado, a futura primeira dama dos EUA, Jill Biden é uma apaixonada pela corrida. "É uma sensação boa. Quer dizer, eu me sinto bem comigo mesmo, e é por isso que continuei. Comecei quando tinha uns 40 anos, estou correndo há quase 20 anos. E tenho sido bastante consistente com isso."
Que típico treino diário realiza?, questiona a revista Runner's World. "Bem, a minha meta é cinco milhas em um ritmo de nove a dez minutos, cinco dias por semana. Que treinos realiza para preparar uma corrida? "fui bastante disciplinada para cumprir um plano e depois seguir esse plano diariamente. Foi assim que me preparei para a maratona do Corpo de Fuzileiros Navais de 1998, a única que fiz. Mas já corri várias meias maratonas e corridas de 16 km."
“Por mais que eu não tivesse confiança na minha capacidade de comunicar verbalmente, sempre tive confiança na minha capacidade atlética”, escreveu Biden nas suas memórias, "Promises to Keep: On Life and Politics."
“O desporto eram tão natural para mim quanto falar não era natural. E os desporto acabaram por ser o meu ingresso para a aceitação - e muito mais. Eu não era facilmente intimidado em jogo, então, mesmo quando gaguejava, era sempre o garoto que dizia: 'Dê-me a bola' ”, recorda o futuro presidente dos EUA.
O jogador de basebol e futebol americano universitário considera o drama desportivo de 1981 de Hugh Hudson, Chariots of Fire o seu filme preferido, revelou à cadeia de TV CBS. "A verdade é que há pessoas que colocam os princípios à frente da fama e glória pessoal. Isso, para mim, é a marca do verdadeiro heroísmo". Chariots of Fire é uma história sobre como permanecer fiel às suas convicções, mesmo que isso signifique abandonar as vantagens.
Por seu lado, a futura primeira dama dos EUA, Jill Biden é uma apaixonada pela corrida. "É uma sensação boa. Quer dizer, eu me sinto bem comigo mesmo, e é por isso que continuei. Comecei quando tinha uns 40 anos, estou correndo há quase 20 anos. E tenho sido bastante consistente com isso."
Que típico treino diário realiza?, questiona a revista Runner's World. "Bem, a minha meta é cinco milhas em um ritmo de nove a dez minutos, cinco dias por semana. Que treinos realiza para preparar uma corrida? "fui bastante disciplinada para cumprir um plano e depois seguir esse plano diariamente. Foi assim que me preparei para a maratona do Corpo de Fuzileiros Navais de 1998, a única que fiz. Mas já corri várias meias maratonas e corridas de 16 km."
Desporto é cultura
O artista plástico Mário Vitória apresentou no Porto, após a tomada de posse da equipa liderada por António Silva na presidência da Federação Portuguesa de Natação para 2020/20024, a obra de pintura que celebra o encontro da amizade nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Nesta apresentação o pintor falou da sua obra, das sinergias entre o Desporto e a Arte, ao mesmo tempo que sinalizou a amizade entre a cultura japonesa e portuguesa.
27/10/2020
27/10/2020
O silêncio da Lezíria e o confinamento de Bernardo
Bernardo “já passou dos 80”, como gosta de recordar. Mas tudo nele é de um jovem de 20 anos. Adora partilhar com os amigos a sua paixão pela natureza – os animais, o Gerês, a Lezíria. Mas também os amigos, o convívio, as “estórias”, a leitura, a poesia (que lê e escreve - 1). Bernardo cumpriu finalmente a promessa, há muito assumida, de me levar a visitar a Lezíria, a ver as aves. Passámos uma tarde, até ao anoitecer, naquele infinito espaço que se perde no horizonte, tão perto de Lisboa, mas simultaneamente tão longe da capital. Um paraíso silencioso, esquecido que Bernardo conheceu com os 17 anos de jovem caçador – que já não é há desde 1977 -, agora reconvertido a apaixonado observador de aves, não se cansa de repetir.
Para quem ama os espaços abertos, o confinamento imposto pelo covid 19 poderia ser algo doloroso, sofrido, mas não. Hoje falámos ao telefone. Eu estava em falta para com ele porque não lhe respondi a uma chamada. Após semanas sem falarmos, encontro-o feliz, apesar do medo que a todos consome. O medo da morte. “não vale a pena choramingar… ninguém acode”, atira a sorrir.
Bernardo fala-me com um otimismo maravilhoso para quem quase 87 anos. Não é um otimismo de circunstância, mas verdadeiro. Recorda-me ao telefone os seus “dias alegres” em confinamento – caminha 3 km por dia em casa onde já percorreu mais de 160 km num corredor de 20 metros (!!!).
A sua paixão pela corrida, que começou aos 54 anos, após abandonar o ténis, levou-o durante 15 anos, a terminar 235 provas de estrada, 65 meias maratona e uma maratona (aos 59 anos). “Tenho tudo registado” afirma com orgulho. Após os 70 trocou a corrida pela caminhada. “A corrida é uma droga. Começamos a correr e ficamos agarrados. Gostava muito mas tive de deixar por causa da idade”, confessa sem mágoa.
No confinamento faz ainda exercícios no ginásio improvisado, apanha sol, depois pratica o seu inglês – “agora mais enferrujado”, assume. Tem ainda tempo para observar, da sua varanda, com uns potentes binóculos, os pássaros que habitam junto a sua casa em Lisboa – “um casal de gaios, melros nascidos nos jardins”. E também acompanha a vida de “uma ratazana no campo” do outro lado da segunda circular, conta-me a sorrir.
A sua paixão pelo ténis, que praticou antes de se apaixonar pela corrida, leva-o a rever finais de grandes torneios na TV. “Revejo algumas finais mais que uma vez. Adoro.” Depois faz tiro, outra das suas paixões. “Só realizo as posições de disparo e simulo o tiro a seco, sem bala, em casa porque ainda não quer regressar à carreira de tiro do Jamor “por precaução”.
A sua “positividade” leva-o a recordar os mineiros que ficaram retidos (“confinados”, compara) num espaço muito reduzido durante meses - 33 homens ficaram soterrados numa mina durante 70 dias no Deserto do Atacama, no Chile, até 13 de outubro de 2010. “O que significa isto? Este estar em casa comparado com o que passaram esses homens”, pergunta-me, sem esperar resposta. Eu sorri, sem lhe dar resposta, mas pensando naquela tarde na Lezíria.
1 - O silêncio na Lezíria
O silencio naquelas noites frias
Deixa chegar tão bem ao meu ouvido
Um coro de mil tons, em ar festivo
Como se festa houvesse todos os dias
A tua solidão prende-me a alma
Estou preso ao teu contar a vida inteira
Velha Lezíria és fiel companheira
De quem ao estar contigo logo se acalma
E esses mil murmúrios e rumores
São bênçãos sagradas, multicolores
Vagueando na Lezíria, a vida inteira
Ouço um borrelho no seu triste piar
para lá da vala estão toiros a pastar
Ouço no esteiro remos de uma bateira.
24/06/2020
FOTO: Luís Filipe Nunes
Para quem ama os espaços abertos, o confinamento imposto pelo covid 19 poderia ser algo doloroso, sofrido, mas não. Hoje falámos ao telefone. Eu estava em falta para com ele porque não lhe respondi a uma chamada. Após semanas sem falarmos, encontro-o feliz, apesar do medo que a todos consome. O medo da morte. “não vale a pena choramingar… ninguém acode”, atira a sorrir.
Bernardo fala-me com um otimismo maravilhoso para quem quase 87 anos. Não é um otimismo de circunstância, mas verdadeiro. Recorda-me ao telefone os seus “dias alegres” em confinamento – caminha 3 km por dia em casa onde já percorreu mais de 160 km num corredor de 20 metros (!!!).
A sua paixão pela corrida, que começou aos 54 anos, após abandonar o ténis, levou-o durante 15 anos, a terminar 235 provas de estrada, 65 meias maratona e uma maratona (aos 59 anos). “Tenho tudo registado” afirma com orgulho. Após os 70 trocou a corrida pela caminhada. “A corrida é uma droga. Começamos a correr e ficamos agarrados. Gostava muito mas tive de deixar por causa da idade”, confessa sem mágoa.
No confinamento faz ainda exercícios no ginásio improvisado, apanha sol, depois pratica o seu inglês – “agora mais enferrujado”, assume. Tem ainda tempo para observar, da sua varanda, com uns potentes binóculos, os pássaros que habitam junto a sua casa em Lisboa – “um casal de gaios, melros nascidos nos jardins”. E também acompanha a vida de “uma ratazana no campo” do outro lado da segunda circular, conta-me a sorrir.
A sua paixão pelo ténis, que praticou antes de se apaixonar pela corrida, leva-o a rever finais de grandes torneios na TV. “Revejo algumas finais mais que uma vez. Adoro.” Depois faz tiro, outra das suas paixões. “Só realizo as posições de disparo e simulo o tiro a seco, sem bala, em casa porque ainda não quer regressar à carreira de tiro do Jamor “por precaução”.
A sua “positividade” leva-o a recordar os mineiros que ficaram retidos (“confinados”, compara) num espaço muito reduzido durante meses - 33 homens ficaram soterrados numa mina durante 70 dias no Deserto do Atacama, no Chile, até 13 de outubro de 2010. “O que significa isto? Este estar em casa comparado com o que passaram esses homens”, pergunta-me, sem esperar resposta. Eu sorri, sem lhe dar resposta, mas pensando naquela tarde na Lezíria.
1 - O silêncio na Lezíria
O silencio naquelas noites frias
Deixa chegar tão bem ao meu ouvido
Um coro de mil tons, em ar festivo
Como se festa houvesse todos os dias
A tua solidão prende-me a alma
Estou preso ao teu contar a vida inteira
Velha Lezíria és fiel companheira
De quem ao estar contigo logo se acalma
E esses mil murmúrios e rumores
São bênçãos sagradas, multicolores
Vagueando na Lezíria, a vida inteira
Ouço um borrelho no seu triste piar
para lá da vala estão toiros a pastar
Ouço no esteiro remos de uma bateira.
24/06/2020
FOTO: Luís Filipe Nunes
O atletismo em Lisboa nos 90 anos da AAL
É sempre com prazer que recebemos a publicação de obras sobre o Atletismo português. Apesar da riqueza da sua história, a modalidade não tem inspirado as suas instituições, os seus dirigentes, treinadores, atletas, jornalistas e outros agentes para uma publicação mais cuidada e frequente. Poucos são os nossos grandes atletas que lançaram as suas biografias com a qualidade merecida. Poucos sãos os nossos treinadores que publicaram obras sobre as suas ideias, os seus percursos desportivos, os seus métodos de treino. Raras são também as publicações assinadas pelos dirigentes, assim como das instituições que representam. Vem isto a propósito da recente publicação da Associação de Atletismo de Lisboa, assinada por António Fernandes – 90 anos da Associação de Atletismo de Lisboa.
O actual assessor de comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo, com uma vasta experiência na modalidade – ex-diretor da Revista Atletismo, jornalista de A BOLA, RECORD, LUSA – publicou em 2010 o livro os ‘100 anos da Maratona em Portugal’, uma obra obrigatória para quem pretenda conhecer o que foi a realização dessa distância olímpica em Portugal.
Agora, com ‘90 anos da Associação de Atletismo de Lisboa’, Fernandes deliciamos com “histórias que descrevem momentos do atletismo português que vão muito para além de um repositório de datas e factos que engrandecem a modalidade e a Associação da capital. Dos primeiros anos do romantismo das entidades organizadoras aos anos de sucesso internacional”, como afirma o autor.
Muito haverá ainda para escrever sobre o atletismo em Portugal, mas este contributo de Fernandes leva-nos a recordar com rigor as corridas no final do seculo XIX, passando pelos anos de viragem com o 25 de Abril de 1974 até às mudanças confirmadas no presente século.
Parabéns António Fernandes, parabéns AAL pelos 90 anos da Associação de Atletismo de Lisboa.
Foto de Pedro Mónica. Encontro LISBOA-MADRID-BARCELONA; Estádio Nacional; Maio 1977. Carlos Cabral com a camisola da AAL lidera, com o treinador Pascua Piqueras na relva a incentivar os atletas espanhóis.
O actual assessor de comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo, com uma vasta experiência na modalidade – ex-diretor da Revista Atletismo, jornalista de A BOLA, RECORD, LUSA – publicou em 2010 o livro os ‘100 anos da Maratona em Portugal’, uma obra obrigatória para quem pretenda conhecer o que foi a realização dessa distância olímpica em Portugal.
Agora, com ‘90 anos da Associação de Atletismo de Lisboa’, Fernandes deliciamos com “histórias que descrevem momentos do atletismo português que vão muito para além de um repositório de datas e factos que engrandecem a modalidade e a Associação da capital. Dos primeiros anos do romantismo das entidades organizadoras aos anos de sucesso internacional”, como afirma o autor.
Muito haverá ainda para escrever sobre o atletismo em Portugal, mas este contributo de Fernandes leva-nos a recordar com rigor as corridas no final do seculo XIX, passando pelos anos de viragem com o 25 de Abril de 1974 até às mudanças confirmadas no presente século.
Parabéns António Fernandes, parabéns AAL pelos 90 anos da Associação de Atletismo de Lisboa.
Foto de Pedro Mónica. Encontro LISBOA-MADRID-BARCELONA; Estádio Nacional; Maio 1977. Carlos Cabral com a camisola da AAL lidera, com o treinador Pascua Piqueras na relva a incentivar os atletas espanhóis.
El Atletismo Español en los Juegos Olímpicos
ÍNDICE
Saluda de Alejandro Blanco (Presidente del COE) . . . . . . . . . . . . . 4 Saluda de José María Odriozola (Presidente de la RFEA) . . . . . . . . 5 Saluda de José Javier Etayo (Presidente de la AEEA) . . . . . . . . . . . . 6 Introducción . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 España en los Juegos Olímpicos - Medallistas y Finalistas . . . . . ..10 Mejores Atletas por pruebas (según puestos) . . . . . . . . . . . . . . . . 12 El abanderado español en los Juegos de Amberes 1920...............15 ¿a trayectoria deportiva de José García Lorenzana? . . ................. 23 La primera aventura olímpica del atletismo español . . . . . . . . . . 25 Los atletas españoles en los Juegos Olímpicos . . . . . . . . . . . . . . . 37 Índice de todos los participantes españoles . . . . . . . . . . . . . . . ...115 Miscelánea y estadísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .130 BIOGRAFÍAS DE MEDALLISTAS ESPAÑOLES (CRONOLOGICA) Jorge Llopart (Moscú 1980) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 José Manuel Abascal (Los Ángeles 1984) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .163 Daniel Plaza (Barcelona 1992) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .169 Fermín Cacho (Barcelona 1992 - Atlanta 1996) . . . . . . . . . . . . . . 173 Javier García (Barcelona 1992) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 Antonio Peñalver (Barcelona 1992) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 Valentín Massana (Atlanta 1996) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 María Vasco (Sidney 2000) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 Manuel Martínez (Atenas 2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 Francisco Javier Fernández (2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247 Joan Lino Martínez (2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251 Jesús Ángel García (el deportista español en más Juegos ) . . . 255 Asociación Española de Estadísticos de Atletismo (AEEA) . . . . . 259 LER MAIS: https://www.rfea.es/historia/seleccion/JJOO_TodoLibro.pdf |
Paulo Guerra o lobo solitário do crosse
“O crosse para mim foi uma paixão que vi crescer a partir logo do primeiro ano de juniores.”
CL: em função do domínio africanos, a tua decisão de apostar fortemente no corta mato, apesar de obteres excelente resultados na pista [5.º nos 10.000 m do Europeu de Helsínquia’94; 8.º nos 10.000 m do Mundial de Gotemburgo’95] foram pensadas com pragmatismo ou as opções foram sendo feitas em função dos objetivos?
PG: Não, de maneira nenhuma. O aspeto mais importante não foi uma aposta. Foi uma paixão. O crosse para mim foi uma paixão que vi crescer a partir logo do primeiro ano de juniores. Dou um grande exemplo: no segundo ano de juniores, sem ninguém me dizer nada. Eu era treinado pelo professor José Manuel Correia e representava o Arraiolense FC, e em alguns treinos de uma hora, quando estava a chover muito, ia para o terreno lavrado onde passavam os tratores para fazerem a delimitação de proteção dos fogos. O lavrado com a chuva ficava uma lama infernal. E eu corria uma hora ali, num sobe e desce, em Barrancos.
CL: adoravas…
PG: ia treinar para aquele lamaçal. Penso que dessa forma aperfeiçoei uma técnica de correr um pouco rápido com o desgaste menor possível quando tínhamos um palmo de lama.
CL: para além dessa paixão, claro que havia uma clara aposta de fazer grandes resultados internacionais em competições como crosse de grande prestigio. Como era a tua gestão de carreira em termos de planeamento?
PG: A partir de 1 de setembro, eu vivia 100% para a modalidade e sempre apontando o campeonato da Europa, quando começou a aparecer, o campeonato nacional e o mundial, em fevereiro ou março. A minha planificação era sempre apontando para o corta mato. Tínhamos a Taça dos Clubes campeões Europeus, logo em outubro na estrada, mas isso era um complemento que eu ia fazer. Porque a minha preparação toda, os três ou quatro treinos específicos que fazia por sema eram exclusivamente para o corta mato.
CL: conseguias competir sempre a bom nível? Tinhas os compromissos para o clube, a seleção ou provas que o empresário te propunha… como conseguias conciliar todos esses objetivos, estar em tão bom nível em tantas provas?
PG: é verdade. E isso faz muita diferença do que acontece hoje. Como já disse, e isto acontecia com todos os atletas. Começávamos a treinar a sério em setembro. Tínhamos a Taça dos Clubes Campeões Europeus de meia maratona com as melhores equipas da Europa e fazíamos pódio sempre… individual e coletivo. No primeiro corta mato, em outubro, competia para vencer. E depois íamos prolongado essas vitórias ao longo da época: corta-matos em novembro e dezembro, depois as são silvestres, em janeiro mais corta matos, depois o mundial em março. Em abril fazíamos logo mínimos para o europeu ou mundial no challenge de 10.000 metros.
“O que a minha geração fez foi aproveitar os conhecimentos da anterior geração.” Ler mais na revista INSIDE - https://www.facebook.com/magazineinside/
CL: em função do domínio africanos, a tua decisão de apostar fortemente no corta mato, apesar de obteres excelente resultados na pista [5.º nos 10.000 m do Europeu de Helsínquia’94; 8.º nos 10.000 m do Mundial de Gotemburgo’95] foram pensadas com pragmatismo ou as opções foram sendo feitas em função dos objetivos?
PG: Não, de maneira nenhuma. O aspeto mais importante não foi uma aposta. Foi uma paixão. O crosse para mim foi uma paixão que vi crescer a partir logo do primeiro ano de juniores. Dou um grande exemplo: no segundo ano de juniores, sem ninguém me dizer nada. Eu era treinado pelo professor José Manuel Correia e representava o Arraiolense FC, e em alguns treinos de uma hora, quando estava a chover muito, ia para o terreno lavrado onde passavam os tratores para fazerem a delimitação de proteção dos fogos. O lavrado com a chuva ficava uma lama infernal. E eu corria uma hora ali, num sobe e desce, em Barrancos.
CL: adoravas…
PG: ia treinar para aquele lamaçal. Penso que dessa forma aperfeiçoei uma técnica de correr um pouco rápido com o desgaste menor possível quando tínhamos um palmo de lama.
CL: para além dessa paixão, claro que havia uma clara aposta de fazer grandes resultados internacionais em competições como crosse de grande prestigio. Como era a tua gestão de carreira em termos de planeamento?
PG: A partir de 1 de setembro, eu vivia 100% para a modalidade e sempre apontando o campeonato da Europa, quando começou a aparecer, o campeonato nacional e o mundial, em fevereiro ou março. A minha planificação era sempre apontando para o corta mato. Tínhamos a Taça dos Clubes campeões Europeus, logo em outubro na estrada, mas isso era um complemento que eu ia fazer. Porque a minha preparação toda, os três ou quatro treinos específicos que fazia por sema eram exclusivamente para o corta mato.
CL: conseguias competir sempre a bom nível? Tinhas os compromissos para o clube, a seleção ou provas que o empresário te propunha… como conseguias conciliar todos esses objetivos, estar em tão bom nível em tantas provas?
PG: é verdade. E isso faz muita diferença do que acontece hoje. Como já disse, e isto acontecia com todos os atletas. Começávamos a treinar a sério em setembro. Tínhamos a Taça dos Clubes Campeões Europeus de meia maratona com as melhores equipas da Europa e fazíamos pódio sempre… individual e coletivo. No primeiro corta mato, em outubro, competia para vencer. E depois íamos prolongado essas vitórias ao longo da época: corta-matos em novembro e dezembro, depois as são silvestres, em janeiro mais corta matos, depois o mundial em março. Em abril fazíamos logo mínimos para o europeu ou mundial no challenge de 10.000 metros.
“O que a minha geração fez foi aproveitar os conhecimentos da anterior geração.” Ler mais na revista INSIDE - https://www.facebook.com/magazineinside/
Cromos do Atletismo
Caderneta Ases do Desporto, de 1971, partilhada por Henrique Hélder no seu facebook a 14 de março de 2019, e que aqui editamos e divulgamos. Faltam as fotos da Maria Céu Lopes, Fernanda Pinto e Eulália Mendes.
O foco era o atletismo
Rui Silva, em entrevista, na revista INSIDE:
“Os resultados não podiam falhar por falta de preparação. Não havia facilidades. Não havia vida paralela. O foco era o atletismo. Eu não digo que não pudesse ser diferente. Mas nós não tínhamos outras opções.”
“Sem matéria prima de qualidade é difícil fazer bons atletas. Agarrar numa pedra quadrada e coloca-la redonda dá um bocado de trabalho. E não se consegue se o treinador não tiver ferramentas para isso.”
“Uma das questões é que o atleta quer muito, sonham com grandes palcos, Jogos, medalhas olímpicas. Mas depois quando nos vamos pôr ao caminho há muitos espinhos. Não é um caminho cor de rosa. O problema é mesmo o caminho.”
Rui Silva foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004; Medalha de bronze no Campeonato do Mundo de Helsínquia 2005 (5º em 2003, 7º em 2001); Vice-campeão europeu em Budapeste 1998 e terceiro em Munique 2002
Campeão mundial de pista coberta em 2001 e vice-campeão (3000 m) em 2004 (5º em 1999)
Campeão europeu de pista coberta em 1998, 2002 e 2009; vice-campeão em 2000 (3000 m); 6º em 2011 (3000 m).
https://www.facebook.com/magazineinside/
“Os resultados não podiam falhar por falta de preparação. Não havia facilidades. Não havia vida paralela. O foco era o atletismo. Eu não digo que não pudesse ser diferente. Mas nós não tínhamos outras opções.”
“Sem matéria prima de qualidade é difícil fazer bons atletas. Agarrar numa pedra quadrada e coloca-la redonda dá um bocado de trabalho. E não se consegue se o treinador não tiver ferramentas para isso.”
“Uma das questões é que o atleta quer muito, sonham com grandes palcos, Jogos, medalhas olímpicas. Mas depois quando nos vamos pôr ao caminho há muitos espinhos. Não é um caminho cor de rosa. O problema é mesmo o caminho.”
Rui Silva foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004; Medalha de bronze no Campeonato do Mundo de Helsínquia 2005 (5º em 2003, 7º em 2001); Vice-campeão europeu em Budapeste 1998 e terceiro em Munique 2002
Campeão mundial de pista coberta em 2001 e vice-campeão (3000 m) em 2004 (5º em 1999)
Campeão europeu de pista coberta em 1998, 2002 e 2009; vice-campeão em 2000 (3000 m); 6º em 2011 (3000 m).
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Desporto, Género e Sexualidade é o título do livro apresentado no dia 18 de setembro, na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), e que reúne um conjunto de 12 textos a olhar para “uma situação que tem de levar em linha de conta que nos tempos atuais já não estamos apenas perante um propósito de igualdade de direitos entre sexos que são diferentes, mas entre géneros onde as diferenças não são as mesmas”, conforme se pode ler na contracapa. A coordenação é de José Manuel Constantino e Maria Machado.
http://comiteolimpicoportugal.pt/desporto-genero-e-sexualidade-apresentado-terca-feira-no-cop/
http://comiteolimpicoportugal.pt/desporto-genero-e-sexualidade-apresentado-terca-feira-no-cop/
Aurora Cunha uma vida de paixões
A biografia ilustrada que faltava de uma das maiores campeãs do nosso atletismo. Aurora Cunha é um dos nomes incontornáveis do desporto português. Campeã em várias provas mundiais, nasceu no Norte do País e daí se mostrou ao mundo. Retirada há anos das competições, tem tido um percurso posterior de grande empenho nas causas sociais e desportivas. «Os portugueses reconhecem o seu inestimável contributo e agradecem-lho. Também por isso mesmo aqui estou para lhe testemunhar essa gratidão. Que é do cidadão. Mas é, também e sobretudo, do Presidente da República, em nome de Portugal.» Marcelo Rebelo de Sousa |
Última Aula
A coragem académica, a paixão pelo conhecimento, o confronto como estratégia, o permanente projeto, o risco, a ‘garra’ e a determinação foram algumas das características de personalidade identificadas em Gustavo Pires, pelos inúmeros alunos, amigos e colegas presentes na sua última aula enquanto docente da Faculdade de Motricidade Humana (FMH).
Na sua curta e derradeira aula, sobre olimpismo, desporto e educação física, Gustavo Pires recordou o ano de 1968, quando chegou ao Instituto Nacional de Educação Física para iniciar o seu curso. Numa abordagem histórica, lembrou os acontecimentos mais importantes desse ano, viajando no tempo até às civilizações clássicas, passando pelo “cristianismo muscular”, o inicio do movimento olímpico, o século XIX até aos nossos dias.
Partindo de uma aula de Moniz Pereira nesse mesmo ano de 1968, sobre os Jogos Olímpicos do México, o então treinador e professor naquela casa acabaria por deixar uma "marca definitiva" na forma como o então jovem aluno Gustavo Pires viria a abordar a temática do olimpismo durante toda a sua vida, espelhada nas inúmeras obras publicadas.
A aula de Moniz Pereira viria, ainda segundo Gustavo Pires, a ser determinante para aquilo que identifica como a “rotura entre a Educação Física e o Desporto”, duas conceções que ainda hoje se confrontam naquela que é uma visão política do desporto no nosso país.
Uma conceção de "dessacralização do poder" - como observou Manuel Sérgio -, que Gustavo Pires não se cansa de analisar, desmontando as contradições: “fala-se sempre das responsabilidades dos atletas, mas pouco se fala da responsabilidade dos treinadores e nada dos dirigentes.” Numa perspetiva de que “não há alto rendimento sem prática de base, num equilíbrio dinâmico entre a base e a elite”. Não esquecendo o “efeito de ídolo”.
A finalizar a sua última aula, Gustavo Pires citou as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: “travei um bom combate, terminei a corrida e mantive a fé.”
Na sua curta e derradeira aula, sobre olimpismo, desporto e educação física, Gustavo Pires recordou o ano de 1968, quando chegou ao Instituto Nacional de Educação Física para iniciar o seu curso. Numa abordagem histórica, lembrou os acontecimentos mais importantes desse ano, viajando no tempo até às civilizações clássicas, passando pelo “cristianismo muscular”, o inicio do movimento olímpico, o século XIX até aos nossos dias.
Partindo de uma aula de Moniz Pereira nesse mesmo ano de 1968, sobre os Jogos Olímpicos do México, o então treinador e professor naquela casa acabaria por deixar uma "marca definitiva" na forma como o então jovem aluno Gustavo Pires viria a abordar a temática do olimpismo durante toda a sua vida, espelhada nas inúmeras obras publicadas.
A aula de Moniz Pereira viria, ainda segundo Gustavo Pires, a ser determinante para aquilo que identifica como a “rotura entre a Educação Física e o Desporto”, duas conceções que ainda hoje se confrontam naquela que é uma visão política do desporto no nosso país.
Uma conceção de "dessacralização do poder" - como observou Manuel Sérgio -, que Gustavo Pires não se cansa de analisar, desmontando as contradições: “fala-se sempre das responsabilidades dos atletas, mas pouco se fala da responsabilidade dos treinadores e nada dos dirigentes.” Numa perspetiva de que “não há alto rendimento sem prática de base, num equilíbrio dinâmico entre a base e a elite”. Não esquecendo o “efeito de ídolo”.
A finalizar a sua última aula, Gustavo Pires citou as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: “travei um bom combate, terminei a corrida e mantive a fé.”
ANTÓNIO PINTO
“A família, os amigos são muito importantes na carreira de um atleta”
“Um atleta tem de ser médico, psicólogo, treinador de si mesmo”
“Tive de optar cedo pela maratona, se calhar foi um erro”
A importância da família, dos amigos e do treinador na carreira dos atletas de alta competição, o treino, o grupo, o correr riscos em competição, a planificação e definição de objetivos foram alguns dos temas abordados por António Pinto, um dos melhores maratonistas mundiais, em entrevista à INSIDE. https://www.facebook.com/magazineinside/
Como era uma semana de treino normal?
Eu treinava uma semana muito intensa. Depois fazia a descompressão. Fazia uma média de 40 km por dia. A ritmos elevadíssimos. Rolar a 3m/km. Por exemplo um treino de pista de 30x400 metros para 61/62 com intervalo de 45 segundos. 15x1000 metros para 2.40.00. Tinha um grupo de trabalho. Por exemplo na estrada quando bati o recorde nacional dos 5000 metros… Também fiz algumas loucuras. Também estraguei. O Paulo Catarino era a minha ‘lebre’. Sofria, mas também me ajudava, na primeira parte. Começava muitas vezes às 9.00 e às 11.00 ainda lá andávamos. Era violento.
“A família, os amigos são muito importantes na carreira de um atleta”
“Um atleta tem de ser médico, psicólogo, treinador de si mesmo”
“Tive de optar cedo pela maratona, se calhar foi um erro”
A importância da família, dos amigos e do treinador na carreira dos atletas de alta competição, o treino, o grupo, o correr riscos em competição, a planificação e definição de objetivos foram alguns dos temas abordados por António Pinto, um dos melhores maratonistas mundiais, em entrevista à INSIDE. https://www.facebook.com/magazineinside/
Como era uma semana de treino normal?
Eu treinava uma semana muito intensa. Depois fazia a descompressão. Fazia uma média de 40 km por dia. A ritmos elevadíssimos. Rolar a 3m/km. Por exemplo um treino de pista de 30x400 metros para 61/62 com intervalo de 45 segundos. 15x1000 metros para 2.40.00. Tinha um grupo de trabalho. Por exemplo na estrada quando bati o recorde nacional dos 5000 metros… Também fiz algumas loucuras. Também estraguei. O Paulo Catarino era a minha ‘lebre’. Sofria, mas também me ajudava, na primeira parte. Começava muitas vezes às 9.00 e às 11.00 ainda lá andávamos. Era violento.
O pecado original
"A obsessão com uma purificação do corpo, que passa pela forma como nos alimentamos mas também por uma prática exigente de exercício físico, não é uma novidade. Ao longo da história da Humanidade – basta pensarmos na disciplina dos estóicos ou no culto do corpo perfeito dos gregos que tanto fascinou depois os nazis – houve sempre momentos em que ela foi dominante e grupos que a promoveram de uma forma que muitas vezes se aproximou de uma religião ou de uma ideologia – certo versus errado, disciplina versus prazer, ordem versus caos."
Alexandra Prado Coelho. Ler mais:
https://www.publico.pt/…/ha-uma-alimentacao-imoral-1783…/amp
"A obsessão com uma purificação do corpo, que passa pela forma como nos alimentamos mas também por uma prática exigente de exercício físico, não é uma novidade. Ao longo da história da Humanidade – basta pensarmos na disciplina dos estóicos ou no culto do corpo perfeito dos gregos que tanto fascinou depois os nazis – houve sempre momentos em que ela foi dominante e grupos que a promoveram de uma forma que muitas vezes se aproximou de uma religião ou de uma ideologia – certo versus errado, disciplina versus prazer, ordem versus caos."
Alexandra Prado Coelho. Ler mais:
https://www.publico.pt/…/ha-uma-alimentacao-imoral-1783…/amp
António Leitão recordado pelos amigos
INSIDE RUNNING AS A LIFESTYLE #5
A cada edição da revista INSIDE, fazemos honra a um atleta de relevo, às suas histórias desportivas e de vida e aos motivos que podem servir de inspiração para outros. Já passámos por Vanessa Fernandes, Fernando Mamede, Albertina Dias e Ezequiel Canário. Nesta edição temos o gosto de contar com um excelente texto de Cipriano Lucas sobre António Leitão, com depoimentos de pessoas que viveram de perto o seu percurso e que o conheceram como poucos.
Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angels (1984) na prova de 5.000m, António Leitão era também um amigo do nosso projeto, dos nossos atletas e das dinâmicas que comecávamos a desenvolver quando mais de perto lidou connosco.
É uma honra poder contar com um artigo tão bom e tão cuidado por parte de Cipriano Lucas. Existem memórias que devemos preservar com carinho e que devem permanecer connosco para sempre.
Leitão, era um amigo de todos e via a corrida com uma paixão que contagiava tudo e todos à sua volta.
Leitura obrigatória!
www.run4excellence.com/inside
A cada edição da revista INSIDE, fazemos honra a um atleta de relevo, às suas histórias desportivas e de vida e aos motivos que podem servir de inspiração para outros. Já passámos por Vanessa Fernandes, Fernando Mamede, Albertina Dias e Ezequiel Canário. Nesta edição temos o gosto de contar com um excelente texto de Cipriano Lucas sobre António Leitão, com depoimentos de pessoas que viveram de perto o seu percurso e que o conheceram como poucos.
Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angels (1984) na prova de 5.000m, António Leitão era também um amigo do nosso projeto, dos nossos atletas e das dinâmicas que comecávamos a desenvolver quando mais de perto lidou connosco.
É uma honra poder contar com um artigo tão bom e tão cuidado por parte de Cipriano Lucas. Existem memórias que devemos preservar com carinho e que devem permanecer connosco para sempre.
Leitão, era um amigo de todos e via a corrida com uma paixão que contagiava tudo e todos à sua volta.
Leitura obrigatória!
www.run4excellence.com/inside
Ezequiel Canário na INSIDE
INSIDE
A revista INSIDE tem tido o cuidado de recuperar histórias inspiradoras de corredores que tanto deram ao país. Ezequiel Canário esteve entre os melhores do mundo em cross e na pista. Foi 9.º nos Jogos Olímpicos de Los Angels' 84, numa prova de grandes memórias para Portugal.
Um trabalho jornalístico que nos mostra muitas particularidades da sua carreira desportiva.
https://www.facebook.com/magazineinside/photos/a.726850224084704.1073741828.726835400752853/945964375506620/?type=3&theater 22 de março de 2017
A revista INSIDE tem tido o cuidado de recuperar histórias inspiradoras de corredores que tanto deram ao país. Ezequiel Canário esteve entre os melhores do mundo em cross e na pista. Foi 9.º nos Jogos Olímpicos de Los Angels' 84, numa prova de grandes memórias para Portugal.
Um trabalho jornalístico que nos mostra muitas particularidades da sua carreira desportiva.
https://www.facebook.com/magazineinside/photos/a.726850224084704.1073741828.726835400752853/945964375506620/?type=3&theater 22 de março de 2017
O Caminho para a excelência
O Caminho para a excelência
(e que fatores podem condicionar ou beneficiar o meio fundo e fundo português)
João Junqueira: “Para voltarmos a possuir atletas com potencial para poderem alcançar resultados de relevo internacional, não nos iludamos e não continuemos a procurar talentos, nunca os encontraremos.
Se continuarmos infinitamente à procura da solução ideal para o problema nunca iremos começar a trabalhar.
A única forma é produzir talentos.
No nosso caso até já sabemos como se faz pois já o fizemos.
Não há atalhos, teremos de começar já e esperar 7 ou 8 anos por resultados.”
_____
João Junqueira começou a praticar Atletismo no Ginásio Clube de Chaves, clube que representou até 1984. Posteriormente passou pelo Ana e Salgueiros, até chegar ao Benfica em 1988 onde esteve até 1990, ano em que foi campeão de Portugal nos 3000m obstáculos, a sua principal especialidade.
Transferiu-se para o Sporting na época de 1991 e foi ao serviço do clube leonino, - treinado, entre outros, por Moniz Pereira e Bernardo Manuel -, que viveu os melhores anos da sua carreira, batendo os seus recordes pessoais nos 3000m (7.47:26), 5000m (13.22:3), 10000m (27.53:64) e 3000m obstáculos (8.25:81, que constituía o recorde da pista do Estádio José Alvalade).
Posteriormente entre 1996 e 1999 foi atleta do Maratona CP. Esteve presente nos nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992, onde chegou à meias finais dos 3000m obstáculos, tendo participado também nos Mundiais de 1991 e 1993 e nos Europeus de 1994 e de 1998.
O Caminho para a excelência
(e que fatores podem condicionar ou beneficiar o meio fundo e fundo português)
João Junqueira: “Para voltarmos a possuir atletas com potencial para poderem alcançar resultados de relevo internacional, não nos iludamos e não continuemos a procurar talentos, nunca os encontraremos.
Se continuarmos infinitamente à procura da solução ideal para o problema nunca iremos começar a trabalhar.
A única forma é produzir talentos.
No nosso caso até já sabemos como se faz pois já o fizemos.
Não há atalhos, teremos de começar já e esperar 7 ou 8 anos por resultados.”
_____
João Junqueira começou a praticar Atletismo no Ginásio Clube de Chaves, clube que representou até 1984. Posteriormente passou pelo Ana e Salgueiros, até chegar ao Benfica em 1988 onde esteve até 1990, ano em que foi campeão de Portugal nos 3000m obstáculos, a sua principal especialidade.
Transferiu-se para o Sporting na época de 1991 e foi ao serviço do clube leonino, - treinado, entre outros, por Moniz Pereira e Bernardo Manuel -, que viveu os melhores anos da sua carreira, batendo os seus recordes pessoais nos 3000m (7.47:26), 5000m (13.22:3), 10000m (27.53:64) e 3000m obstáculos (8.25:81, que constituía o recorde da pista do Estádio José Alvalade).
Posteriormente entre 1996 e 1999 foi atleta do Maratona CP. Esteve presente nos nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992, onde chegou à meias finais dos 3000m obstáculos, tendo participado também nos Mundiais de 1991 e 1993 e nos Europeus de 1994 e de 1998.
Foto: Crosse de Oeiras 1998, Alberto Maravilha, José Ramos, João Junqueira e Alberto Chaíça.
Marcio Candoso meu camarada de redação no DN durante uns bons anos.
Um jornalista que gosta de desporto e até praticou atletismo. :-):
Sobre o verdadeiro progresso...
"Estas fotografias são de 1967. Têm, portanto, 50 anos. Mostram a primeira mulher a correr a Maratona de Boston, uma distância que então se julgava apenas acessível a homens.
Segundo reza a história, alguns dos participantes apoiaram-na, enquanto outros - incluindo membros da organização - tentaram afastá-la da prova.
O fulano de calções escuros era o namorado dela, e ajudou-a a fugir dos que tentaram retirá-la da prova.
Foi - só - há 50 anos. Chama-se Roberta Gibb, e ainda é viva. Tem 74 anos."
Foi - só - há 50 anos. Na verdade Chama-se Kathrine Virginia "Kathy" Switzer (Amberg, 5 de janeiro de 1947).
Carlos Flórido: A Roberta Gibb foi realmente a primeira, e em 1966, mas correu sem dorsal nesse ano e no seguinte. Essas imagens são da Katrine Switzer, em 1967, e quem a ataca é um juiz, que lhe tenta roubar o dorsal, sendo impedido pelo na altura namorado da atleta.
7 de março de 2017
Um jornalista que gosta de desporto e até praticou atletismo. :-):
Sobre o verdadeiro progresso...
"Estas fotografias são de 1967. Têm, portanto, 50 anos. Mostram a primeira mulher a correr a Maratona de Boston, uma distância que então se julgava apenas acessível a homens.
Segundo reza a história, alguns dos participantes apoiaram-na, enquanto outros - incluindo membros da organização - tentaram afastá-la da prova.
O fulano de calções escuros era o namorado dela, e ajudou-a a fugir dos que tentaram retirá-la da prova.
Foi - só - há 50 anos. Chama-se Roberta Gibb, e ainda é viva. Tem 74 anos."
Foi - só - há 50 anos. Na verdade Chama-se Kathrine Virginia "Kathy" Switzer (Amberg, 5 de janeiro de 1947).
Carlos Flórido: A Roberta Gibb foi realmente a primeira, e em 1966, mas correu sem dorsal nesse ano e no seguinte. Essas imagens são da Katrine Switzer, em 1967, e quem a ataca é um juiz, que lhe tenta roubar o dorsal, sendo impedido pelo na altura namorado da atleta.
7 de março de 2017
Uma Direcção, e Não Soluções
Uma Direcção, e Não Soluções
José de Almada Negreiros:
A diferença entre solução e direcção é esta: a solução é sempre um remédio passageiro para disfarçar a desgraça. Ao passo que a direcção é a própria dignidade posta nas mãos do desgraçado para que deixe de o ser, e a direcção única é a garantia perpétua dessa dignidade. E foi o que fez Goethe: Descobriu a direcção única. Artista, na verdadeira acepção da palavra; Artista é aquele que precede a própria ciência. Por isso Goethe afastou-se de quantas realidades irrealizáveis onde costumam habitar instaladas as gentes. E impassível, desde cima, assistiu ao desenrolar da tragédia. E viu o mundo inteiro por cima de todas as cabeças, e viu a Europa toda e com cada um dos seus pedaços, e viu cada indivíduo da Humanidade como um pequenino astro tonto que nem sabe sequer ir na parábola da sua própria trajectória, e viu que de todos os seres deste mundo o único que errava o seu fim era o Homem, o dono da Terra! E viu que era na Humanidade que estavam os únicos seres deste mundo que não cumpriam com o seu próprio destino, e finalmente viu! Viu com os seus próprios olhos o que ninguém tinha visto antes dele. Viu pela humanidade inteira, viu por toda a Europa e viu por cada indivíduo. E compreendeu o mundo, e concebeu uma Europa, e para todos os indivíduos da Terra abriu de par em par a direcção única.
Goethe, o génio, é universal, europeu e alemão.
Goethe, o indíviduo Goethe, também presente a essas três unidades, humana, europeia e alemã, as quais três são uma única, a dele.
Nós os Portugueses pertencemos à Humanidade, à Europa e a Portugal. Não somos três coisas distintas, senão uma única, inteira, a nossa.
Cada indivíduo não pode chegar até si mesmo senão através dessas três unidades a que pertence: o mundo, aquela das cinco partes do mundo onde está a sua terra, e a sua terra.
A terra de cada indivíduo não está limitada pelas legítimas fronteiras físicas e políticas do seu próprio território, é além disso um pedaço determinado de uma quinta parte do mundo inteiro. E o indivíduo está tão longe de si mesmo que para chegar até si tem primeiro que dar a sua volta ao mundo, completa, até ao ponto de partida. E todo aquele que queira encontrar dentro de si mesmo a sua própria personalidade, ficará romanticamente sozinho no meio das multidões, na mais terrível solidão de todos os tempos, uma solidão onde o próprio deserto está cheio de arranha-céus e as ruas inundadas de gente!
O indivíduo nunca pertenceu a si mesmo. Pertence em absoluto à sua colectividade. E a sua colectividade é a sua própria Terra e mais aquela das cinco partes do mundo onde está a sua terra e mais o mundo inteiro também. Mas que não se julgue por estas palavras que o indivíduo há-de servir apenas de instrumento à sua própria colectividade. Não! nem vice-versa tão pouco. É um jogo simultâneo da colectividade para os seus indivíduos e de cada indivíduo para a sua colectividade.
E se hoje o indivíduo não existe, isto é, se não tem nem pode ter acção própria, não é tal, de maneira nenhuma, porque a colectividade lhe tenha usurpado também o seu lugar, é apenas porque ninguém está capacitado da obediência que deve a si próprio, é apenas por ignorãncia do que, justamente, ninguém devia ignorar: o seu próprio destino neste mundo.
O destino não é coisa que se saiba pelas sinas, nem obra do acaso, nem artes para adivinhos ou leitores de palmas de mão, nem nada que se modifique com caprichos da fatalidade. O destino de cada indivíduo neste mundo está por cima do seu próprio caso pessoal.
Almada Negreiros, in "Ensaios"
José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno
Museu Calouste Gulbenkian. Exposição antológica mostra a obra de um artista que catalisa a vanguarda nos anos 1910 e atravessa todo o século XX.
José de Almada Negreiros:
A diferença entre solução e direcção é esta: a solução é sempre um remédio passageiro para disfarçar a desgraça. Ao passo que a direcção é a própria dignidade posta nas mãos do desgraçado para que deixe de o ser, e a direcção única é a garantia perpétua dessa dignidade. E foi o que fez Goethe: Descobriu a direcção única. Artista, na verdadeira acepção da palavra; Artista é aquele que precede a própria ciência. Por isso Goethe afastou-se de quantas realidades irrealizáveis onde costumam habitar instaladas as gentes. E impassível, desde cima, assistiu ao desenrolar da tragédia. E viu o mundo inteiro por cima de todas as cabeças, e viu a Europa toda e com cada um dos seus pedaços, e viu cada indivíduo da Humanidade como um pequenino astro tonto que nem sabe sequer ir na parábola da sua própria trajectória, e viu que de todos os seres deste mundo o único que errava o seu fim era o Homem, o dono da Terra! E viu que era na Humanidade que estavam os únicos seres deste mundo que não cumpriam com o seu próprio destino, e finalmente viu! Viu com os seus próprios olhos o que ninguém tinha visto antes dele. Viu pela humanidade inteira, viu por toda a Europa e viu por cada indivíduo. E compreendeu o mundo, e concebeu uma Europa, e para todos os indivíduos da Terra abriu de par em par a direcção única.
Goethe, o génio, é universal, europeu e alemão.
Goethe, o indíviduo Goethe, também presente a essas três unidades, humana, europeia e alemã, as quais três são uma única, a dele.
Nós os Portugueses pertencemos à Humanidade, à Europa e a Portugal. Não somos três coisas distintas, senão uma única, inteira, a nossa.
Cada indivíduo não pode chegar até si mesmo senão através dessas três unidades a que pertence: o mundo, aquela das cinco partes do mundo onde está a sua terra, e a sua terra.
A terra de cada indivíduo não está limitada pelas legítimas fronteiras físicas e políticas do seu próprio território, é além disso um pedaço determinado de uma quinta parte do mundo inteiro. E o indivíduo está tão longe de si mesmo que para chegar até si tem primeiro que dar a sua volta ao mundo, completa, até ao ponto de partida. E todo aquele que queira encontrar dentro de si mesmo a sua própria personalidade, ficará romanticamente sozinho no meio das multidões, na mais terrível solidão de todos os tempos, uma solidão onde o próprio deserto está cheio de arranha-céus e as ruas inundadas de gente!
O indivíduo nunca pertenceu a si mesmo. Pertence em absoluto à sua colectividade. E a sua colectividade é a sua própria Terra e mais aquela das cinco partes do mundo onde está a sua terra e mais o mundo inteiro também. Mas que não se julgue por estas palavras que o indivíduo há-de servir apenas de instrumento à sua própria colectividade. Não! nem vice-versa tão pouco. É um jogo simultâneo da colectividade para os seus indivíduos e de cada indivíduo para a sua colectividade.
E se hoje o indivíduo não existe, isto é, se não tem nem pode ter acção própria, não é tal, de maneira nenhuma, porque a colectividade lhe tenha usurpado também o seu lugar, é apenas porque ninguém está capacitado da obediência que deve a si próprio, é apenas por ignorãncia do que, justamente, ninguém devia ignorar: o seu próprio destino neste mundo.
O destino não é coisa que se saiba pelas sinas, nem obra do acaso, nem artes para adivinhos ou leitores de palmas de mão, nem nada que se modifique com caprichos da fatalidade. O destino de cada indivíduo neste mundo está por cima do seu próprio caso pessoal.
Almada Negreiros, in "Ensaios"
José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno
Museu Calouste Gulbenkian. Exposição antológica mostra a obra de um artista que catalisa a vanguarda nos anos 1910 e atravessa todo o século XX.
Gostar de Jornalismo e de Desporto
A evolução das raquetas no Museu do Desporto
Exposição com a coleção particular de Norberto Santos Santos
Há muitas profissões onde podemos realizar tarefas sem nos envolvermos emocionalmente. Há profissões onde podemos cumprir objetivos e... pronto está feito. Criam-se rotinas. Olhamos para o relógio e está na hora de saída. Outras há, como o Jornalismo, onde é impossível ser bom profissional sem tirar prazer do que se faz. Isso fica marcado no produto final do seu trabalho. Na sua escrita.
Hoje, senti isso quando visitei a exposição "A Evolução da Raqueta de Ténis - Coleção privada de Norberto Santos", patente no Museu do Desporto, no Palácio Foz, na praça dos Restauradores, em Lisboa.
Pensei: "O Norberto tem de gostar muito do que faz. Caso contrário nada disto faz sentido."
A coleção do jornalista, que reúne peças de finais do século XIX até ao presente, só foi possível construir por alguém que gosta muito do que faz, por alguém que gosta muito de desporto e do ténis em particular.
Diz-me Norberto Santos: “esta coleção começou a crescer à medida que eu procurava conhecer a história do ténis. Fui adquirindo peças e aprofundado os conhecimentos, desde os tempos da minha juventude assistia a jogos de ténis no Jamor, e me questionava sobre o passado da modalidade. Quando me apercebi tinha já uma colecção”
Nesta coleção com mais de 100 raquetes, existem modelos em madeira, autênticas relíquias do século XIX, até às raquetas atuais, entre as quais uma utilizada por João Sousa, número um português na atualidade e o mais cotado de sempre.
Norberto Santos Ingressou no jornal "Record" em 1993, onde foi editor das modalidades, passando em 2003 a redator principal. Trabalhou em outros jornais, nomeadamente "O Mundo Desportivo", "A Bola" e "Expresso". Tornou-se especializado em atletismo e ténis e em assuntos ligados ao movimento olímpico. Desde o final dos anos 70 tem colaborado em várias revistas e publicações: "Revista Atletismo", "Jornal do Ténis", "Ténis Europeu", "Mundo do Ténis", "Ténis Portugal" e "Ténis Magazine". Cobriu vários acontecimentos relevantes como Campeonatos do Mundo e da Europa de Atletismo ao longo de três décadas, assim como quatro edições dos Jogos Olímpicos. 7/02/2017
A evolução das raquetas no Museu do Desporto
Exposição com a coleção particular de Norberto Santos Santos
Há muitas profissões onde podemos realizar tarefas sem nos envolvermos emocionalmente. Há profissões onde podemos cumprir objetivos e... pronto está feito. Criam-se rotinas. Olhamos para o relógio e está na hora de saída. Outras há, como o Jornalismo, onde é impossível ser bom profissional sem tirar prazer do que se faz. Isso fica marcado no produto final do seu trabalho. Na sua escrita.
Hoje, senti isso quando visitei a exposição "A Evolução da Raqueta de Ténis - Coleção privada de Norberto Santos", patente no Museu do Desporto, no Palácio Foz, na praça dos Restauradores, em Lisboa.
Pensei: "O Norberto tem de gostar muito do que faz. Caso contrário nada disto faz sentido."
A coleção do jornalista, que reúne peças de finais do século XIX até ao presente, só foi possível construir por alguém que gosta muito do que faz, por alguém que gosta muito de desporto e do ténis em particular.
Diz-me Norberto Santos: “esta coleção começou a crescer à medida que eu procurava conhecer a história do ténis. Fui adquirindo peças e aprofundado os conhecimentos, desde os tempos da minha juventude assistia a jogos de ténis no Jamor, e me questionava sobre o passado da modalidade. Quando me apercebi tinha já uma colecção”
Nesta coleção com mais de 100 raquetes, existem modelos em madeira, autênticas relíquias do século XIX, até às raquetas atuais, entre as quais uma utilizada por João Sousa, número um português na atualidade e o mais cotado de sempre.
Norberto Santos Ingressou no jornal "Record" em 1993, onde foi editor das modalidades, passando em 2003 a redator principal. Trabalhou em outros jornais, nomeadamente "O Mundo Desportivo", "A Bola" e "Expresso". Tornou-se especializado em atletismo e ténis e em assuntos ligados ao movimento olímpico. Desde o final dos anos 70 tem colaborado em várias revistas e publicações: "Revista Atletismo", "Jornal do Ténis", "Ténis Europeu", "Mundo do Ténis", "Ténis Portugal" e "Ténis Magazine". Cobriu vários acontecimentos relevantes como Campeonatos do Mundo e da Europa de Atletismo ao longo de três décadas, assim como quatro edições dos Jogos Olímpicos. 7/02/2017
Os percurso da natação em Portugal
A natação desportiva começou em Portugal com pequenos torneios desportivos disputados nas praias com maior afluência. Entre os banhistas disputavam-se provas de natação como a caça ao pato, algumas corridas, etc. Quase sempre que eram organizadas regatas no seu programa constava uma ou duas corridas de natação. A necessidade de conseguir grandes feitos continuava a persistir, talvez motivados pelas notícias que vinham do estrangeiro. Nos jornais da época publicitam disputas, desafios públicos para que alguns homens do desporto náutico cometiam esta ou aquela façanha ou meçam forças numa prova previamente definida. Quanto mais difícil melhor... Essas contendas ao tornarem-se públicas iam servindo de propaganda para o desporto. Juntavam-se multidões para assistirem a esses duelos onde o espírito de honra era posto em causa e que o cumprimento do proposto era prestigiante.
LIVRO em https://fpnatacao.pt/uploads/livro_historia.pdf
LIVRO em https://fpnatacao.pt/uploads/livro_historia.pdf
Henrique Hélder: 41 anos a correr a 'meia' da Nazaré
Henrique Hélder terminou no último domingo, 13 de novembro, a sua 41.ª edição consecutiva da Meia Maratona da Nazaré, um feito inédito nas corridas de estrada em Portugal.
Muitos atletas há que completaram as quatro mais importantes maratonas a nível mundial; que fizeram as mais difíceis ultramaratonas; que competiram nas principais provas de estada em Portugal. Agora, participar em 41 edições de uma meia maratona, neste caso a Meia Maratona da Nazaré, é qualquer coisa de extremamente difícil, apenas possível pela boa forma física apresentada ao longo de anos, pela paixão à corrida e por esta competição em particular, um ícone organizativo do desporto nacional.
O discreto veterano, de 55 anos, falhou apenas a primeira edição em 1975, quando tinha 13 anos. “O meu treinador da altura, o professor Mário Machado, também organizador daquela que é considerada uma referência das corridas em Portugal, impediu-me de participar porque tinha apenas alguns meses de treino. Nessa primeira edição estive envolvido na organização”, recorda o antigo fundista.
Atleta do Sporting, onde começou a correr com apenas 12 anos, foi depois atleta do Benfica e do Maratona Clube. A sua ligação ao atletismo ficou ainda marcada quando, durante a década de 2000 foi diretor da seção de atletismo do Benfica. Hoje integra, com o seu antigo treinador Mário Machado, a organização das meias maratonas das pontes sobre o Tejo.
17 de novembro de 2016
Muitos atletas há que completaram as quatro mais importantes maratonas a nível mundial; que fizeram as mais difíceis ultramaratonas; que competiram nas principais provas de estada em Portugal. Agora, participar em 41 edições de uma meia maratona, neste caso a Meia Maratona da Nazaré, é qualquer coisa de extremamente difícil, apenas possível pela boa forma física apresentada ao longo de anos, pela paixão à corrida e por esta competição em particular, um ícone organizativo do desporto nacional.
O discreto veterano, de 55 anos, falhou apenas a primeira edição em 1975, quando tinha 13 anos. “O meu treinador da altura, o professor Mário Machado, também organizador daquela que é considerada uma referência das corridas em Portugal, impediu-me de participar porque tinha apenas alguns meses de treino. Nessa primeira edição estive envolvido na organização”, recorda o antigo fundista.
Atleta do Sporting, onde começou a correr com apenas 12 anos, foi depois atleta do Benfica e do Maratona Clube. A sua ligação ao atletismo ficou ainda marcada quando, durante a década de 2000 foi diretor da seção de atletismo do Benfica. Hoje integra, com o seu antigo treinador Mário Machado, a organização das meias maratonas das pontes sobre o Tejo.
17 de novembro de 2016
INSIDE
Talvez já não esteja na memória de muitos que Fernando Mamede, em 1984, bateu o recorde do mundo dos 10.000m. Nós não nos esquecemos e é com enorme satisfação que contamos com um depoimento fantástico de um corredor que atingiu um nível de rendimento impressionante. Uma grande entrevista, conduzida por Cipriano Lucas, nesta segunda edição da revista INSIDE Running as a lifestyle.
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It might not be on everybody's mind but Fernando Mamede broke the 10,000m world record in 1984. It's impossible for us to forget this competition so it is with great pleasure that we share a fantastic testimony of an athlete thas reached an impressive performance level. This is another great interview at the second edition of INSIDE - Running as a lifestyle.
https://www.facebook.com/magazineinside/?fref=ts
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It might not be on everybody's mind but Fernando Mamede broke the 10,000m world record in 1984. It's impossible for us to forget this competition so it is with great pleasure that we share a fantastic testimony of an athlete thas reached an impressive performance level. This is another great interview at the second edition of INSIDE - Running as a lifestyle.
https://www.facebook.com/magazineinside/?fref=ts
"love jogging"
Primeiro corri eu com ela.
Depois correu ela comigo.
No fim corremos os dois um com o outro.
Primeiro corri eu com ela.
Depois correu ela comigo.
No fim corremos os dois um com o outro.
São Jorge
Boxe – para repescar o antigo desejo do actor – e crise? “O boxe nunca me interessou muito, é um ‘género’, não estaria muito interessado num filme sobre boxe, e havia a sombra do Belarmino [Fernando Lopes, 1964]. Belarmino e troika? Não me apetecia." O realizador Marco Martins deu o benefício da dúvida: foi pesquisar, ver o que acontecia. Mergulhou-se na noite do boxe, mundo depauperado povoado por figuras tocadas por uma divisão violenta, boxeurs que trabalham como polícias e seguranças e que para subsistirem fazem cobranças “difíceis” junto de quem, como eles, está em dificuldades e não pode pagar – ao fim dessa noite de pesquisa encontrava-se a ideia inicial de dar rostos aos números e à abstracção chamada crise. Nuno Lopes, por essa altura, entrava para o ginásio, para o boxe.
Nuno Lopes vence Prémio Especial de Melhor Ator no Festival de Veneza. O filme "São Jorge", do realizador Marco Martins é protagonizado por Nuno Lopes.
https://www.youtube.com/watch?v=xNufcZyi6Sw
https://www.publico.pt/culturaip…/noticia/esmurrados-1742590
https://www.youtube.com/watch?v=UCfrUTUO5iE
Nuno Lopes vence Prémio Especial de Melhor Ator no Festival de Veneza. O filme "São Jorge", do realizador Marco Martins é protagonizado por Nuno Lopes.
https://www.youtube.com/watch?v=xNufcZyi6Sw
https://www.publico.pt/culturaip…/noticia/esmurrados-1742590
https://www.youtube.com/watch?v=UCfrUTUO5iE
Doze livros para ler durante os Jogos Olímpicos
Miles Davis: “Se vais contar uma história, tens de trazer alguma atitude”
“Miles Ahead”. “Se vais contar uma história, tens de trazer alguma atitude”, diz a personagem de Miles Davis, interpretada por Don Cheadle. Atitude é o que mais tem este filme. Cheadle não só é o protagonista, como o realizou e escreveu o argumento juntamente com Steven Baigelman (“Get on Up”). Em vez de abordar os anos de sucesso, Cheadle quis focar-se no período de silêncio e mostrar a exaustão física e mental de alguém que é pressionado a apresentar obras de arte a toda a hora, tendo ou não inspiração. “Miles Ahead” começou por se chamar “Kill the Trumpet Player (matem o trompetista)” mas o resultado é o oposto. Este não é um filme sobre a vida de Miles Davis, esta é uma homenagem — conseguida com 311 mil euros, grande parte angariada através de crowdfunding — a um génio em declínio mas, ainda assim, um génio. Ler mais em http://www.nit.pt/article/07-14-2016-critica-miles-ahead-o-filme-que-ressuscita-o-trompetista.
“CONCUSSION”
Um filme obrigatório para quem defende a luta contra o doping
Um filme obrigatório para quem defende a liberalização do doping
Um filme para quem acredita no “sonho americano”
Um filme para quem não acredita na “democracia” americana.
Uma grande história - contada de forma demasiado linear, para americanos - que revela a realidade desportiva nos EUA: onde tudo vale para chegar à vitória e o espectáculo tem sempre de continuar.
O pica-pau bate o bico na árvore milhares de vezes por dia e a sua cabeça não sofre lesões ou traumatismos (termo este que seria a tradução literal do título original do filme “Concussion”). Isso porque esta ave tem um amortecedor natural na cabeça para proteger a sua estrutura cerebral.
Já o homem, se levar uma pancada na cabeça, não tem nenhuma proteção e o risco de sofrer uma lesão grave é muito alto. Portanto, não somos feitos para levar socos ou dar cabeçadas violentas, como acontece na rotina dos jogadores de futebol americano. Essas sucessivas pancadas durante anos podem gerar danos irreversíveis e terminar em tragédia.
A Força da Verdade" recorda o caso verídico de um médico que revelou o modo como a prática do futebol americano afetou a saúde mental de vários jogadores.
Um filme obrigatório para quem defende a liberalização do doping
Um filme para quem acredita no “sonho americano”
Um filme para quem não acredita na “democracia” americana.
Uma grande história - contada de forma demasiado linear, para americanos - que revela a realidade desportiva nos EUA: onde tudo vale para chegar à vitória e o espectáculo tem sempre de continuar.
O pica-pau bate o bico na árvore milhares de vezes por dia e a sua cabeça não sofre lesões ou traumatismos (termo este que seria a tradução literal do título original do filme “Concussion”). Isso porque esta ave tem um amortecedor natural na cabeça para proteger a sua estrutura cerebral.
Já o homem, se levar uma pancada na cabeça, não tem nenhuma proteção e o risco de sofrer uma lesão grave é muito alto. Portanto, não somos feitos para levar socos ou dar cabeçadas violentas, como acontece na rotina dos jogadores de futebol americano. Essas sucessivas pancadas durante anos podem gerar danos irreversíveis e terminar em tragédia.
A Força da Verdade" recorda o caso verídico de um médico que revelou o modo como a prática do futebol americano afetou a saúde mental de vários jogadores.
“Direito Desportivo e Comunicação: um diálogo necessário”
Questões legais centrais no desporto profissional contemporâneo e o papel dos meios de comunicação social para a sua compreensão. Conferência dirigida a todos os envolvidos no sector desportivo, em especial aos que gerem a comunicação de atletas e clubes, promovida pela Associação Portuguesa de Direito Desportivo e a secção de Estudos Relações Públicas e Comunicação Organizacional da Escola Superior de Comunicação Social-IPL, no dia 2 de Março de 2016.
José Marinho, Consultor de Comunicação e ex-Director de Comunicação da Federação Portuguesa de Triatlo:
“Tem de haver um regresso à comunicação.”
“A comunicação desportiva tem um problema: Atualmente está transformada em Carnaval.”
“Nos clubes desportivos não se faz comunicação mas sim propaganda.”
“A imprensa não está isenta de responsabilidades. Faz parte do Carnaval porque vende. E o que vende é o que manipula."
“Lobos disfarçados de cordeiros de comunicação.”
“Os jornalistas fazem parte [do processo] porque dependem das fontes, dos clubes…”
“A primeira obrigação de um jornalista é cruzar a informação.”
“Depois dar atenção ao princípio do contraditório.”
“Não há tempo.”
“Os erros de comunicação acontecem a maior parte das vezes por:
Incompetência, descuido, ligeireza e engano (a maior parte das vezes) pelos problemas da comunicação.
“Alguém tem que pôr termo a isto.”
“As pessoas estão à espera que aconteça uma tragédia. Vai acontecer só não sabemos é quando.”
“Todos tem responsabilidades. Os menos responsáveis são os verdadeiros actores do desporto: os jogadores, treinadores - alguns que se limitam a treinar – e os árbitros.”
“Nos outros desportos não acontece o mesmo porque não tem expressão mediática. Se não , seria igual ao futebol.”
“É uma questão de cultura desportiva e ética.”
“É como a corrupção… é endémica.”
“Não é o carácter é a oportunidade: basta ir com essas pessoas ao futebol ou ver o que colocam no facebook.”
“A comunicação tem de regressar às origens que é comunicação e não propaganda.”
Rute Sousa Vasco, Diretora de conteúdos e media do Portal SAPO:
“Sete jornalistas produzem 70 artigos por dia no SAPO desporto.”
“O site do ‘jornal Record’ duplica esse valor.”
“A forma de avaliação de consumo são as visitas e as ‘pageviews’.”
“SAPO tem 5 milhões de visualizações por dia. Um terço é no desporto.”
“Saber qual é o interesse público e o interesse 'do' público.”
“É desumano pedir a uma redação tão pequena um volume de trabalho tão grande.”
“O Observador produz em média 30 notícias originais por dia.”
“O desporto no SAPO é a área mais comentada pelos leitores. Mas também a mais desregrada onde se parte facilmente para o insulto.”
“Para manter ‘equipas de moderação’ o site do SAPO teria de duplicar a redação para controlar os comentários.É incomportável.”
“Na secção de desporto há leitores que marcam hora para, nos comentários, após as notícias, se insultarem uns aos outros.”
“À terceira denúncia de um comentário este é ‘escondido’. A redação do SAPO assume isso quando entende terem sido ultrapassados os limites.”
“De quem são os conteúdos? O digital é a maior selva quanto aos direitos. No desporto é maior ainda.”
“No SAPO as imagens são compradas à LUSA e outras agências.”
“95% dos erros surgem por inexperiência ou falha no recurso ao copy &paste. 5% são dolo...”
João Capela, Árbitro Internacional de Futebol:
“Porque é que a arbitragem é a única atividade amadora no futebol?”
“Toda a crítica da comunicação social à atividade do árbitro é destrutiva.”
“A verdade desportiva não será mais do que uma interpretação desportiva?”
“Interpretar é igual a ser corrupto?”
O árbitro tem que estar disponível para a sua atividade que é arbitrar.”
“O futebol não pode estar refém da interpretação de lances.”
“Será que não estamos todos – jogadores, treinadores, árbitros - a ser usados para manipular as massas?”
“Se os pais não são os melhores exemplos para os filhos porque não podem ser os filhos os melhores exemplos para os pais?”
“O pior fenómeno do futebol na atualidade é o ‘cristianismo’: todos os pais querem que os seus filhos sejam craques de futebol.”
Associação Portuguesa de Direito Desportivo:
Na prossecução de dois dos seus principais objetivos: promover a disseminação de dados e informação sobre a legislação e regulamentação na área do Direito Desportivo, e fomentar a discussão de aspetos legais que possam interessar tanto a representantes legais de atletas, de clubes ou de federações/ligas desportivas em diferentes contextos desportivos, desde o educacional, passando pelo desporto amador até ao desporto profissional, a Associação Portuguesa de Direito Desportivo promoveu com a secção de Estudos Relações Públicas e Comunicação Organizacional da Escola Superior de Comunicação Social-IPL, no dia 2 de Março de 2016, uma conferência dirigida a todos os envolvidos no sector desportivo, em especial aos que gerem a comunicação de atletas e clubes, não esquecendo os que, tendo como missão informar, trabalham quotidianamente nos meios de comunicação social especializados na área do desporto ou em secções em geral designadas como “de desporto”.
Mais informação em:
http://www.apdd.pt/news
https://www.escs.ipl.pt/agenda-e-eventos/direito-desportivo-e-comunicacao
https://www.facebook.com/AssociacaoPortuguesadeDireitoDesportivo/?fref=nf
“Tem de haver um regresso à comunicação.”
“A comunicação desportiva tem um problema: Atualmente está transformada em Carnaval.”
“Nos clubes desportivos não se faz comunicação mas sim propaganda.”
“A imprensa não está isenta de responsabilidades. Faz parte do Carnaval porque vende. E o que vende é o que manipula."
“Lobos disfarçados de cordeiros de comunicação.”
“Os jornalistas fazem parte [do processo] porque dependem das fontes, dos clubes…”
“A primeira obrigação de um jornalista é cruzar a informação.”
“Depois dar atenção ao princípio do contraditório.”
“Não há tempo.”
“Os erros de comunicação acontecem a maior parte das vezes por:
Incompetência, descuido, ligeireza e engano (a maior parte das vezes) pelos problemas da comunicação.
“Alguém tem que pôr termo a isto.”
“As pessoas estão à espera que aconteça uma tragédia. Vai acontecer só não sabemos é quando.”
“Todos tem responsabilidades. Os menos responsáveis são os verdadeiros actores do desporto: os jogadores, treinadores - alguns que se limitam a treinar – e os árbitros.”
“Nos outros desportos não acontece o mesmo porque não tem expressão mediática. Se não , seria igual ao futebol.”
“É uma questão de cultura desportiva e ética.”
“É como a corrupção… é endémica.”
“Não é o carácter é a oportunidade: basta ir com essas pessoas ao futebol ou ver o que colocam no facebook.”
“A comunicação tem de regressar às origens que é comunicação e não propaganda.”
Rute Sousa Vasco, Diretora de conteúdos e media do Portal SAPO:
“Sete jornalistas produzem 70 artigos por dia no SAPO desporto.”
“O site do ‘jornal Record’ duplica esse valor.”
“A forma de avaliação de consumo são as visitas e as ‘pageviews’.”
“SAPO tem 5 milhões de visualizações por dia. Um terço é no desporto.”
“Saber qual é o interesse público e o interesse 'do' público.”
“É desumano pedir a uma redação tão pequena um volume de trabalho tão grande.”
“O Observador produz em média 30 notícias originais por dia.”
“O desporto no SAPO é a área mais comentada pelos leitores. Mas também a mais desregrada onde se parte facilmente para o insulto.”
“Para manter ‘equipas de moderação’ o site do SAPO teria de duplicar a redação para controlar os comentários.É incomportável.”
“Na secção de desporto há leitores que marcam hora para, nos comentários, após as notícias, se insultarem uns aos outros.”
“À terceira denúncia de um comentário este é ‘escondido’. A redação do SAPO assume isso quando entende terem sido ultrapassados os limites.”
“De quem são os conteúdos? O digital é a maior selva quanto aos direitos. No desporto é maior ainda.”
“No SAPO as imagens são compradas à LUSA e outras agências.”
“95% dos erros surgem por inexperiência ou falha no recurso ao copy &paste. 5% são dolo...”
João Capela, Árbitro Internacional de Futebol:
“Porque é que a arbitragem é a única atividade amadora no futebol?”
“Toda a crítica da comunicação social à atividade do árbitro é destrutiva.”
“A verdade desportiva não será mais do que uma interpretação desportiva?”
“Interpretar é igual a ser corrupto?”
O árbitro tem que estar disponível para a sua atividade que é arbitrar.”
“O futebol não pode estar refém da interpretação de lances.”
“Será que não estamos todos – jogadores, treinadores, árbitros - a ser usados para manipular as massas?”
“Se os pais não são os melhores exemplos para os filhos porque não podem ser os filhos os melhores exemplos para os pais?”
“O pior fenómeno do futebol na atualidade é o ‘cristianismo’: todos os pais querem que os seus filhos sejam craques de futebol.”
Associação Portuguesa de Direito Desportivo:
Na prossecução de dois dos seus principais objetivos: promover a disseminação de dados e informação sobre a legislação e regulamentação na área do Direito Desportivo, e fomentar a discussão de aspetos legais que possam interessar tanto a representantes legais de atletas, de clubes ou de federações/ligas desportivas em diferentes contextos desportivos, desde o educacional, passando pelo desporto amador até ao desporto profissional, a Associação Portuguesa de Direito Desportivo promoveu com a secção de Estudos Relações Públicas e Comunicação Organizacional da Escola Superior de Comunicação Social-IPL, no dia 2 de Março de 2016, uma conferência dirigida a todos os envolvidos no sector desportivo, em especial aos que gerem a comunicação de atletas e clubes, não esquecendo os que, tendo como missão informar, trabalham quotidianamente nos meios de comunicação social especializados na área do desporto ou em secções em geral designadas como “de desporto”.
Mais informação em:
http://www.apdd.pt/news
https://www.escs.ipl.pt/agenda-e-eventos/direito-desportivo-e-comunicacao
https://www.facebook.com/AssociacaoPortuguesadeDireitoDesportivo/?fref=nf
Pensamentos de Atletas
Coubertin reuniu as passagens seguintes para o Almanach Olympique de 1918 e 1920. A primeira volta a explicar o lema “citius, altius, fortius”. O competidor Olímpico se converte num exemplo, Coubertin vê nele uma “regra instintiva” que justifica o esporte de alta performance, além disso, que inclusive o torna necessário. A segunda passagem é de Roman d’um rallie, publicado em 1899 com o pseudônimo de Georges Hohrod1 na Nouvelle Revue. Continha a mesma ideia que a referência feita pelo bispo da Pensilvânia: “importante na vida não é o triunfo, mas a luta. O importante não é ter ganhado, mas ter lutado bem.”
“Para que cem pessoas se dediquem à cultura física, é preciso que cinquenta pratiquem desporto. Para que cinquenta pratiquem desporto, é necessário que vinte se especializem. Para que vinte se especializem, cinco devem ser capazes de grandes proezas. Tudo isso se realiza e se encaixa, e explica a razão pela qual as campanhas dos teóricos contra o atleta especializado são pueris e sem alcance”.
“A vida é simples porque a luta é simples. O bom lutador retrocede, mas não desiste; cede, mas nunca renuncia. Se o impossível se ergue diante dele, desvia e vai mais longe. Se lhe falta alento, descansa e espera. Se é posto fora de combate, anima seus companheiros com suas palavras e sua presença. E ainda quando afunda ao seu redor, a desesperança não o invade”.
“Pensées d’athlètes”, em: Almanach Olympique para 1918. Lausanne, 1917, p. 15.
1 Com esse pseudônimo havia publicado juntamente com M. Eschbach a Ode ao esporte, com a qual obteve a medalha de ouro no concurso literário dos Jogos Olímpicos de 1912 em Estocolmo.
Pierre de Coubertin (1863-1937)Textos EscolhidosO Comité Internacional Pierre de Coubertin com o apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul / Porto Alegre / Brasil acabou de publicar em português uma seleção de textos de Pierre de Coubertin. Os editores foram Norbert Müller e Nelson Todt.
A obra está disponível numa versão eletrónica gratuita no link:
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0736-2.pdf
23 de Outubro de 2015
“Para que cem pessoas se dediquem à cultura física, é preciso que cinquenta pratiquem desporto. Para que cinquenta pratiquem desporto, é necessário que vinte se especializem. Para que vinte se especializem, cinco devem ser capazes de grandes proezas. Tudo isso se realiza e se encaixa, e explica a razão pela qual as campanhas dos teóricos contra o atleta especializado são pueris e sem alcance”.
“A vida é simples porque a luta é simples. O bom lutador retrocede, mas não desiste; cede, mas nunca renuncia. Se o impossível se ergue diante dele, desvia e vai mais longe. Se lhe falta alento, descansa e espera. Se é posto fora de combate, anima seus companheiros com suas palavras e sua presença. E ainda quando afunda ao seu redor, a desesperança não o invade”.
“Pensées d’athlètes”, em: Almanach Olympique para 1918. Lausanne, 1917, p. 15.
1 Com esse pseudônimo havia publicado juntamente com M. Eschbach a Ode ao esporte, com a qual obteve a medalha de ouro no concurso literário dos Jogos Olímpicos de 1912 em Estocolmo.
Pierre de Coubertin (1863-1937)Textos EscolhidosO Comité Internacional Pierre de Coubertin com o apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul / Porto Alegre / Brasil acabou de publicar em português uma seleção de textos de Pierre de Coubertin. Os editores foram Norbert Müller e Nelson Todt.
A obra está disponível numa versão eletrónica gratuita no link:
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0736-2.pdf
23 de Outubro de 2015
Portugal a nadar com talento rumo à excelência
Plano Estratégico, Portugal a nadar rumo à excelência 2014/2024 e o Manual de referência FPN para o ensino e aperfeiçoamento técnico em natação. Documentos que pretendem indicar o foco da FPN durante os próximos 10 anos.
Da análise dos fatores de competitividade, da missão e visão institucional da FPN são assumidos nestes livros quatro vetores estratégicos: “massificar a prática da natação; desenvolver a prática desportiva; render e competir ao alto nível; e sustentar a atividade: estrutural e funcional, transversal a todos os restantes.” Estes livros sobre o Plano Estratégico “foram elaborados com a finalidade de dar respostas aos desafios que se colocam à FPN. Pretende ser um instrumento técnico, no qual a FPN se poderá apoiar para planificar, orientar e liderar um desenvolvimento sustentado para a prática da Natação em Portugal”, explicou António José Silva, presidente da FPN no decorrer da 1.º Convenção Portuguesa de Natação, que decorreu no dia 17 em Rio Maior. Ler mais em http://comiteolimpicoportugal.pt/portugal-a-nadar-com-talento-rumo-a-excelencia/ 23 de Outubro de 2015 |
Mito ou realidade?
"O treino desportivo é uma arte que tem de se basear nas ciências humanas, mas não esqueçamos que existem muitos problemas científicos que a medicina desportiva não pode, por enquanto, explicar. Por isso, o 'treinador artista' terá de utilizar algum empirismo nas suas acções. Toda a teoria nasce da prática mas não devemos rejeitar nem uma nem outra porque só as duas em conjunto poderão ser úteis ao treino moderno.".
Em 1995 - há precisamente 20 anos - Mário Moniz Pereira prefaciava com esta reflexão o livro 'Escola Portuguesa de Meio-Fundo e Fundo, Mito ou Realidade?' do professor/treinador Mário Paiva. A mais importante obra sobre o que foi a Metodologia de Treino de Meio Fundo e Fundo (MTMFF) em Portugal até à data da publicação do livro em 17 de Novembro de 1995.
No prólogo, o autor do livro sugere que o trabalho interessará aos treinadores mais experientes "como reforço do que utilizam ou utilizaram no seu trabalho diário ou como ponto de partida para outras concepções de treino". Assim como "recomenda" a leitura aos treinadores mais jovens para quem o seu percurso de formação a acção por ensaio e erro é fundamental que poderá servir para "esclarecer muitas incertezas e criar dúvidas cada vez mais consistentes".
Porque consideramos uma obra fundamental - a par dos livros Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo e Fundo, de Moniz Pereira (1980) e de "A Evolução do Treino de Meio Fundo e Fundo em Portugal, de António Campos (1985) - para entender aquilo que foi a MTMFF, tão ignorada hoje por treinadores, dirigentes e instituições desportivas, com responsabilidades, decidimos, em jeito de comemoração de datas importantes destas três importantes obras (35, 30 e 20 anos, respectivamente), apresentar aqui alguns dos pontos, de forma sintética, que consideramos fundamentais para entender essa "Escola", com características únicas no Mundo que logrou, de forma sistemática, a obtenção de resultados de grande valor internacional pelos atletas portugueses.
E como, ao nível da metodologia de treino, esse trabalho de décadas foi desvirtuado, ignorado e mesmo destruído nos últimos anos, sem que tenham surgido alternativas objectivas, sérias e credíveis que possam apontar outros caminhos parta o sucesso dos nosso jovens atletas.
Iremos começar pelo fim do livro onde Mário Paiva, licenciado em Desporto e Educação Física pelo Instituto Superior de Educação Física da Universidade do Porto, treinador de Atletismo durante 25 épocas desportivas (Futebol Clube do Porto, Centro de Atletismo do Porto, Futebol Clube da Maia, Sport Comercio e Salgueiros, Boavista Futebol Clube) apresenta as suas...
Conclusões
Mário Paiva:
1. "Os resultados do nosso estudo comprovam a existência de uma Escola Portuguesa de Meio-Fundo e Fundo."
2. "A Metodologia de Treino de Meio Fundo e Fundo existente em Portugal [até 1995, n.d.r] difere no essencial (carga, natureza dos meios e métodos) das utilizadas no Quénia e Finlândia."
3. Os treinadores portugueses utilizam [até 1995, n.d.r.] MTMFF uniforme.
4. A MTMFF dos treinadores portugueses é igual ou tem características próximas (núcleo igual e diferenças com pouco relevo) da utilizada por Moniz Pereira.
5. Não existiu, até 1992, qualquer acção de formação ou de divulgação da MTMFF de Moniz Pereira, por parte das intituições responsáveis para o efeito, Federação Portuguesa de Atletismo, Direcção geral dos Desportos e escolas de formação de professores de Educação Física, que nunca a reconheceram como uma Escola Portuguesa de Meio-Fundo e Fundo."
(continua)
2 de Setembro de 2015
Em 1995 - há precisamente 20 anos - Mário Moniz Pereira prefaciava com esta reflexão o livro 'Escola Portuguesa de Meio-Fundo e Fundo, Mito ou Realidade?' do professor/treinador Mário Paiva. A mais importante obra sobre o que foi a Metodologia de Treino de Meio Fundo e Fundo (MTMFF) em Portugal até à data da publicação do livro em 17 de Novembro de 1995.
No prólogo, o autor do livro sugere que o trabalho interessará aos treinadores mais experientes "como reforço do que utilizam ou utilizaram no seu trabalho diário ou como ponto de partida para outras concepções de treino". Assim como "recomenda" a leitura aos treinadores mais jovens para quem o seu percurso de formação a acção por ensaio e erro é fundamental que poderá servir para "esclarecer muitas incertezas e criar dúvidas cada vez mais consistentes".
Porque consideramos uma obra fundamental - a par dos livros Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo e Fundo, de Moniz Pereira (1980) e de "A Evolução do Treino de Meio Fundo e Fundo em Portugal, de António Campos (1985) - para entender aquilo que foi a MTMFF, tão ignorada hoje por treinadores, dirigentes e instituições desportivas, com responsabilidades, decidimos, em jeito de comemoração de datas importantes destas três importantes obras (35, 30 e 20 anos, respectivamente), apresentar aqui alguns dos pontos, de forma sintética, que consideramos fundamentais para entender essa "Escola", com características únicas no Mundo que logrou, de forma sistemática, a obtenção de resultados de grande valor internacional pelos atletas portugueses.
E como, ao nível da metodologia de treino, esse trabalho de décadas foi desvirtuado, ignorado e mesmo destruído nos últimos anos, sem que tenham surgido alternativas objectivas, sérias e credíveis que possam apontar outros caminhos parta o sucesso dos nosso jovens atletas.
Iremos começar pelo fim do livro onde Mário Paiva, licenciado em Desporto e Educação Física pelo Instituto Superior de Educação Física da Universidade do Porto, treinador de Atletismo durante 25 épocas desportivas (Futebol Clube do Porto, Centro de Atletismo do Porto, Futebol Clube da Maia, Sport Comercio e Salgueiros, Boavista Futebol Clube) apresenta as suas...
Conclusões
Mário Paiva:
1. "Os resultados do nosso estudo comprovam a existência de uma Escola Portuguesa de Meio-Fundo e Fundo."
2. "A Metodologia de Treino de Meio Fundo e Fundo existente em Portugal [até 1995, n.d.r] difere no essencial (carga, natureza dos meios e métodos) das utilizadas no Quénia e Finlândia."
3. Os treinadores portugueses utilizam [até 1995, n.d.r.] MTMFF uniforme.
4. A MTMFF dos treinadores portugueses é igual ou tem características próximas (núcleo igual e diferenças com pouco relevo) da utilizada por Moniz Pereira.
5. Não existiu, até 1992, qualquer acção de formação ou de divulgação da MTMFF de Moniz Pereira, por parte das intituições responsáveis para o efeito, Federação Portuguesa de Atletismo, Direcção geral dos Desportos e escolas de formação de professores de Educação Física, que nunca a reconheceram como uma Escola Portuguesa de Meio-Fundo e Fundo."
(continua)
2 de Setembro de 2015
What distinguishes the best coaches from the rest?
Coaching is not what you know. It’s what your student learns. And for your student to learn, you have to learn him. I think the greats spend a lot of time understanding where the player is. The day they stop learning is the day they should stop teaching.
Life’s Work: An Interview with Andre Agassi
Ler mais em https://hbr.org/2015/10/andre-agassi?utm_campaign=Socialflow&utm_source=Socialflow&utm_medium=Tweet
Coaching is not what you know. It’s what your student learns. And for your student to learn, you have to learn him. I think the greats spend a lot of time understanding where the player is. The day they stop learning is the day they should stop teaching.
Life’s Work: An Interview with Andre Agassi
Ler mais em https://hbr.org/2015/10/andre-agassi?utm_campaign=Socialflow&utm_source=Socialflow&utm_medium=Tweet
Os cavalos também se abatem
"A maior maratona do mundo!"
"Não precisa ser o numero um na estrada da vida, mas não seja o último."
"Posso não conseguir identificar um vencedor mas reconheço bem um perdedor"
Retrato implacável de uma realidade cruel e violenta, na terra do espectáculo. Onde tudo é espectáculo. Onde tudo se compra e vende. Ou quase tudo. O filme não perdeu nenhuma actualidade e as maratonas de dança agora são transmitidas pela TV em novos formatos. Big Brother, e muitas outras casas e segredos são agora o negócio. 1 de Setembro de 2015
"Não precisa ser o numero um na estrada da vida, mas não seja o último."
"Posso não conseguir identificar um vencedor mas reconheço bem um perdedor"
Retrato implacável de uma realidade cruel e violenta, na terra do espectáculo. Onde tudo é espectáculo. Onde tudo se compra e vende. Ou quase tudo. O filme não perdeu nenhuma actualidade e as maratonas de dança agora são transmitidas pela TV em novos formatos. Big Brother, e muitas outras casas e segredos são agora o negócio. 1 de Setembro de 2015
...A vontade
Carta 80
«Hoje tenho o tempo todo por minha conta, benesse que fico devendo menos a mim próprio do que à realização de uma “esferomaquia” (jogo de bola que podiam participar diversos competidores) e à atracção que tal espectáculo exerceu sobre todos os possíveis importunos.. Ninguém virá interromper-me, ninguém impedirá o curso das minhas meditações que assim, com esta certeza, prossegue com maior firmeza. Não ouvirei de vez em quando a porta a abrir-se, não verei afastar-se a cortina do meu gabinete: poderei prosseguir em paz e sossego, o que é tanto mais necessário para quem caminha sozinho seguindo a sua própria via. Não pretendo negar que sigo os meus predecessores; claro que os sigo, mas reservando-me o direito de descobrir, alterar ou abandonar alguma ideia; não sou escravo dos meus mestres, apenas lhes dou o meu assentimento!
Mas creio que falei demais quando me gabei de poder gozar uma tarde de silêncio e um retiro livre de interrupções: agora mesmo me chega aos ouvidos um enorme clamor vindo do estádio, o qual, se me não corta o pensamento, pelo menos o desvia para a consideração do fenómeno desportivo. Ponho-me a pensar na quantidade dos que exercitam o físico, e na escassez dos que ginasticam a inteligência; na afluência que têm os gratuitos espectáculos desportivos, e na ausência de público durante as manifestações culturais; enfim, na debilidade mental desses atletas de quem admiramos as espáduas musculadas. E penso sobretudo nisto: se o corpo pode, à força de treino, atingir um grau de resistência tal que permite ao atleta suportar a um tempo os murros e pontapés de vários adversários, que o torna apto a aguentar um dia inteiro sob um sol abrasador, numa arena escaldante, todo coberto de sangue – não será mais fácil ainda dar à alma uma tal robustez que a torne capaz de resistir sem ceder aos golpes da fortuna, capaz de erguer-se de novo ainda que derrubada e espezinhada?! De facto, enquanto o corpo, para se tornar vigoroso, depende de muitos factores materiais, a alma encontra em si mesma tudo quanto necessita para se robustecer, alimentar, exercitar. Os atletas precisam de grande quantidade de comida e bebida, de muitos unguentos, sobretudo de um treino intensivo: tu, para atingires a virtude, não precisarás de despender um tostão em equipamento! Aquilo que pode fazer de ti um homem de bem existe dentro de ti. Para seres um homem de bem só precisas de uma coisa: a vontade. Em que poderás exercitar melhor a tua vontade do que no esforço para te libertares da servidão que oprime o género humano, essa servidão a que até os escravos do mais baixo estrato, nascidos, por assim dizer, no meio do lixo, tentam por todos os meios eximir-se? O escravo gasta todas as economias que fez à custa de passar fome para comprar a sua alforria; e tu, que te julgas de nascimento livre, não estás disposto a gastar um centavo para garantires a verdadeira liberdade?
Escusas de olhar para o cofre, que esta liberdade não se compra. Por isso te digo que a «liberdade» a que se referem os registos públicos é uma palavra vã, pois nem os compradores nem os vendedores da alforria a possuem. O bem que é a liberdade terás tu de dá-lo a ti mesmo, de o reclamar a ti mesmo! Liberta-te, para começar, do medo da morte (já que a ideia da morte nos oprime como um jugo), depois do medo da pobreza. Para te convenceres de que a pobreza não é em si um mal bastar-te-á comparares o rosto dos pobres com o dos ricos. Um pobre ri com mais frequência e convicção; nenhuma preocupação o aflige profundamente; mesmo que algum cuidado se insinue nele depressa passará como nuvem ligeira. Em contrapartida, aqueles a quem o vulgo chama «afortunados» exibem uma boa disposição fingida, carregada, contaminada de tristeza, e tanto mais lamentável quanto, muitas vezes, nem sequer podem mostrar-se abertamente infelizes, antes se vêem forçados, entre desgostos que lhes roem o coração, a representarem a comédia da felicidade!
(...)
Mas para quê falar dos outros? Pensa em ti: se quiseres saber quanto vales não atendas aos teus rendimentos, à tua casa ou à tua posição social, olha sim para dentro de ti, em vez de, como agora, acreditares no valor que os outros te atribuem!»
Lúcio Aneu Séneca, Cartas a Lucílio, Fundação Calouste Gulbenkian, 2009
«Hoje tenho o tempo todo por minha conta, benesse que fico devendo menos a mim próprio do que à realização de uma “esferomaquia” (jogo de bola que podiam participar diversos competidores) e à atracção que tal espectáculo exerceu sobre todos os possíveis importunos.. Ninguém virá interromper-me, ninguém impedirá o curso das minhas meditações que assim, com esta certeza, prossegue com maior firmeza. Não ouvirei de vez em quando a porta a abrir-se, não verei afastar-se a cortina do meu gabinete: poderei prosseguir em paz e sossego, o que é tanto mais necessário para quem caminha sozinho seguindo a sua própria via. Não pretendo negar que sigo os meus predecessores; claro que os sigo, mas reservando-me o direito de descobrir, alterar ou abandonar alguma ideia; não sou escravo dos meus mestres, apenas lhes dou o meu assentimento!
Mas creio que falei demais quando me gabei de poder gozar uma tarde de silêncio e um retiro livre de interrupções: agora mesmo me chega aos ouvidos um enorme clamor vindo do estádio, o qual, se me não corta o pensamento, pelo menos o desvia para a consideração do fenómeno desportivo. Ponho-me a pensar na quantidade dos que exercitam o físico, e na escassez dos que ginasticam a inteligência; na afluência que têm os gratuitos espectáculos desportivos, e na ausência de público durante as manifestações culturais; enfim, na debilidade mental desses atletas de quem admiramos as espáduas musculadas. E penso sobretudo nisto: se o corpo pode, à força de treino, atingir um grau de resistência tal que permite ao atleta suportar a um tempo os murros e pontapés de vários adversários, que o torna apto a aguentar um dia inteiro sob um sol abrasador, numa arena escaldante, todo coberto de sangue – não será mais fácil ainda dar à alma uma tal robustez que a torne capaz de resistir sem ceder aos golpes da fortuna, capaz de erguer-se de novo ainda que derrubada e espezinhada?! De facto, enquanto o corpo, para se tornar vigoroso, depende de muitos factores materiais, a alma encontra em si mesma tudo quanto necessita para se robustecer, alimentar, exercitar. Os atletas precisam de grande quantidade de comida e bebida, de muitos unguentos, sobretudo de um treino intensivo: tu, para atingires a virtude, não precisarás de despender um tostão em equipamento! Aquilo que pode fazer de ti um homem de bem existe dentro de ti. Para seres um homem de bem só precisas de uma coisa: a vontade. Em que poderás exercitar melhor a tua vontade do que no esforço para te libertares da servidão que oprime o género humano, essa servidão a que até os escravos do mais baixo estrato, nascidos, por assim dizer, no meio do lixo, tentam por todos os meios eximir-se? O escravo gasta todas as economias que fez à custa de passar fome para comprar a sua alforria; e tu, que te julgas de nascimento livre, não estás disposto a gastar um centavo para garantires a verdadeira liberdade?
Escusas de olhar para o cofre, que esta liberdade não se compra. Por isso te digo que a «liberdade» a que se referem os registos públicos é uma palavra vã, pois nem os compradores nem os vendedores da alforria a possuem. O bem que é a liberdade terás tu de dá-lo a ti mesmo, de o reclamar a ti mesmo! Liberta-te, para começar, do medo da morte (já que a ideia da morte nos oprime como um jugo), depois do medo da pobreza. Para te convenceres de que a pobreza não é em si um mal bastar-te-á comparares o rosto dos pobres com o dos ricos. Um pobre ri com mais frequência e convicção; nenhuma preocupação o aflige profundamente; mesmo que algum cuidado se insinue nele depressa passará como nuvem ligeira. Em contrapartida, aqueles a quem o vulgo chama «afortunados» exibem uma boa disposição fingida, carregada, contaminada de tristeza, e tanto mais lamentável quanto, muitas vezes, nem sequer podem mostrar-se abertamente infelizes, antes se vêem forçados, entre desgostos que lhes roem o coração, a representarem a comédia da felicidade!
(...)
Mas para quê falar dos outros? Pensa em ti: se quiseres saber quanto vales não atendas aos teus rendimentos, à tua casa ou à tua posição social, olha sim para dentro de ti, em vez de, como agora, acreditares no valor que os outros te atribuem!»
Lúcio Aneu Séneca, Cartas a Lucílio, Fundação Calouste Gulbenkian, 2009
"Os campeões não decidem de forma diferente"
"Os campeões desportivos não decidem de forma diferente de outros indivíduos só porque praticam intensamente e de forma coordenada actividade física e tem sucesso. Eles terão sempre de decidir de acordo com os seu conhecimento, o seu uso da lógica, e não menos importante a forma como aprenderam a usar as suas emoções e sentimentos de forma a aprimorarem as suas intuições."
"É importante distinguir actividade física e desporto. A actividade física, de uma forma ou outra, é algo que todos os seres humanos devem fazer em qualquer idade. O desporto é uma história totalmente diferente. O desporto vai do entretenimento ao negócio. A nível de entretenimento pode variar de alta a baixa qualidade, de saudável e prazenteiro a explorador a degradante. Da antiguidade aos dias de hoje, esta é a realidade do desporto e pouco mudou para além do nível de violência que anteriormente existia em algumas práticas desportivas."
António Damásio em entrevista à Revista Olimpo, outubro/dezembro de 2014. http://issuu.com/designverse/docs/olimpo__140_final_revisto
"É importante distinguir actividade física e desporto. A actividade física, de uma forma ou outra, é algo que todos os seres humanos devem fazer em qualquer idade. O desporto é uma história totalmente diferente. O desporto vai do entretenimento ao negócio. A nível de entretenimento pode variar de alta a baixa qualidade, de saudável e prazenteiro a explorador a degradante. Da antiguidade aos dias de hoje, esta é a realidade do desporto e pouco mudou para além do nível de violência que anteriormente existia em algumas práticas desportivas."
António Damásio em entrevista à Revista Olimpo, outubro/dezembro de 2014. http://issuu.com/designverse/docs/olimpo__140_final_revisto
Jules et Jim - La course de vitesse
https://www.youtube.com/watch?v=TEyG7PDL1iM
"Não há Educação sem Educação Física."
“As Políticas Educativas na Educação Física e Desporto Escolar – Perspectivas e Desafios
O que mudou para a Educação Física e o Desporto Escolar desde 5 de Julho de 2012?
Decreto Lei 139/2012 de 5 de Julho: EF é integrada na área de Expressões e Tecnologias. Possibilidade de redução da carga horária da EF no Ensino Básico - 90+40 para 2x50 minutos. Possibilidade da redução da carga horária da EF no ensino secundário - 2x90 para 3x50. A EF deixa de contar para a média de acesso ao ensino superior e média do ensino secundário.
Resultado: No ensino básico 21% das escolas reduziram a carga horária semanal em 2013/2014. No ensino secundário 24% das escolas reduziram a carga horária semanal em 2013/2014.
Organização: SPEF - Sociedade Portuguesa de Educação Física (SPEF) e do Conselho Nacional das Associações de Professores e Profissionais de Educação Física (CNAPEF) na Escola Superior de Comunicação Social dia 1 de Julho de 2015.
"Estando mais uma legislatura a chegar ao fim, importa olhar para o momento atual, fazer um balanço das políticas estabelecidas e perceber quais as perspectivas que se desenham para a EF no Currículo Nacional do Ensino Básico e Secundário, bem como o papel desta e do DE no Sistema Educativo Português."
"Neste sentido, a organização desta Conferência tem como objetivo a reflexão e análise desta temática, através da exposição de ideias e eventuais propostas por parte dos diversos partidos com assento parlamentar."
"A UNESCO publicou recentemente um conjunto de directrizes direccionadas para os gestores governamentais. A ideia principal é a seguinte: reforçar a necessidade de mais e melhor investimento na Educação Física nos primeiros anos da vida escolar. Os benefícios em 4 áreas: literacia física e integração na sociedade, performance académica, inclusão e saúde."
"As políticas educativas e todo o quadro normativo dos últimos 25 anos no que diz respeito à Educação Física (EF) e ao Desporto Escolar (DE) têm flutuado, ora em torno da sua valorização, ora da sua desvalorização."
João Jacinto (Moderador)
"Não vale a pena falar da EF e DE como uma e a mesma coisa porque não são. E não são porque a lei diz que não são."
Presidente do CNAPEF, João Lourenço
Enquadramento histórico da Educação Física
1836 - Pela primeira vez em Portugal é abordado o papel da Educação Física na escola. Nas reformas de Paços Manuel o decreto de 17 de Novembro desse ano cria em Portugal o Ensino Liceal.
1940 - É inaugurado o Instituto Nacional de Educação Física (1940 — 1975). Uma instituição criada pelo Decreto-Lei n.º 30 279, de 23 de Janeiro de 1940.
1975 - A FMH ou Faculdade de Motricidade Humana, anteriormente ISEF ou Instituto Superior de Educação Física foi integrado na Universidade Técnica de Lisboa em 1975.
1990 - Roberto Carneiro reforma o sistema educativo. Organizam-se as várias componentes curriculares nas suas dimensões
humanística, artística, científica, tecnológica, física e desportiva, visando a formação integral do educando e a sua capacitação tanto para a vida activa quanto para a prossecução dos estudos.
2001 - Reorganização do ensino básico.
2004 - A EF passa a contar na média para o ingresso no ensino superior. 2004 - 2012 - "Período Chave"
2012 - A EF deixa de contar como média e entrada no ensino superior. É reduzido o numero de horas.
Paralelamente, a investigação nacional e internacional produzida nos últimos 25 anos continua, de forma unânime, a eleger estas áreas como fulcrais na educação das crianças e jovens.
Pedro Soares (Bloco de Esquerda)
"O decreto lei 139/2012 é uma machadada na EF. A carga horária foi desvalorizada. A média não conta para nada.É uma desvalorização da evolução civilizacional. É urgente dar dignidade à EF. O Desporto Federado é um auxilio à actividade desportiva.
Laurentino Dias (PS)
"Portugal tem melhorado os resultados desportivos mas a comunicação social é uma desgraça quanto à forma como aborda as modalidades, continuado a pensar o desporto como há 50 anos."
"Estamos num tempo em que é possível olhar para a EF e Desporto e reforçar a presença do Estado."
"O espaço privilegiado é o espaço da Educação."
"Haverá sempre tensões entre desporto e educação."
"É inaceitável que a EF seja desvalorizada. Não se pode olhar para a EF sempre na base dos números para diminuir custos no Ministério da Educação.
"O PS pretende dar um acento principal no DE e EF. Uma EF para todos os alunos e um DE para todas as escolas."
Paula Gonçalves (PSD)
"Fui professora de EF entre 1997 e 2013. Reconheço que há muito que fazer mas quando vejo as criticas não posso de forma alguma concordar com elas.É objectivo promovera EF a todos os portugueses. No 1.º ciclo está a ser desenvolvido um projecto piloto. A EF é a única disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino."
Eduardo Libânio (Os Verdes)
"O DE foi reduzido de quatro para três tempos."
Rita Rato (PCP)
"Há um enorme consenso: A EF é fundamental .
A EF ajuda na construção do percurso do desenvolvimento humano."
"Não sou professora de EF mas fui aluna do DE."
"Estas medidas não foram tomadas por desconhecimento mas por opção."
"O conceito da escola publica deste Governo é a de saber ler escrever e contar."
"Tomara decisões contra tudo e contra todos. Mais de 50 estudos alertaram para o impacto."
"Falam na autonomia das Escolas. Até parece que o Governo quis fazer tudo e a escola não deixou."
"O DE tem de ser mais massificado."
"Muitos jovens só saem da sua terra porque praticam desporto."
"24% das escolas diminuíram a carga horária da EF em 2014. Não há fundamentação cientifica para tal decisão."
"Não há uma concepção da escola publica democrática onde se procura combater as desigualdades."
Nuno Ferro presidente da SPEF
"A ignorância, quando associada a uma retórica balofa, quando se junta à capacidade de decisão no poder, é a pior coisa que pode existir para um país... e nós não gostaríamos que isso continuasse a acontecer!"
"A Educação Física não é um espaço de recreação mas de Educação."
Não há Educação sem Educação Física."
https://www.youtube.com/watch?v=ZyUIeQ4DAgU&feature=youtu.be
1 de Julho de 2015
O que mudou para a Educação Física e o Desporto Escolar desde 5 de Julho de 2012?
Decreto Lei 139/2012 de 5 de Julho: EF é integrada na área de Expressões e Tecnologias. Possibilidade de redução da carga horária da EF no Ensino Básico - 90+40 para 2x50 minutos. Possibilidade da redução da carga horária da EF no ensino secundário - 2x90 para 3x50. A EF deixa de contar para a média de acesso ao ensino superior e média do ensino secundário.
Resultado: No ensino básico 21% das escolas reduziram a carga horária semanal em 2013/2014. No ensino secundário 24% das escolas reduziram a carga horária semanal em 2013/2014.
Organização: SPEF - Sociedade Portuguesa de Educação Física (SPEF) e do Conselho Nacional das Associações de Professores e Profissionais de Educação Física (CNAPEF) na Escola Superior de Comunicação Social dia 1 de Julho de 2015.
"Estando mais uma legislatura a chegar ao fim, importa olhar para o momento atual, fazer um balanço das políticas estabelecidas e perceber quais as perspectivas que se desenham para a EF no Currículo Nacional do Ensino Básico e Secundário, bem como o papel desta e do DE no Sistema Educativo Português."
"Neste sentido, a organização desta Conferência tem como objetivo a reflexão e análise desta temática, através da exposição de ideias e eventuais propostas por parte dos diversos partidos com assento parlamentar."
"A UNESCO publicou recentemente um conjunto de directrizes direccionadas para os gestores governamentais. A ideia principal é a seguinte: reforçar a necessidade de mais e melhor investimento na Educação Física nos primeiros anos da vida escolar. Os benefícios em 4 áreas: literacia física e integração na sociedade, performance académica, inclusão e saúde."
"As políticas educativas e todo o quadro normativo dos últimos 25 anos no que diz respeito à Educação Física (EF) e ao Desporto Escolar (DE) têm flutuado, ora em torno da sua valorização, ora da sua desvalorização."
João Jacinto (Moderador)
"Não vale a pena falar da EF e DE como uma e a mesma coisa porque não são. E não são porque a lei diz que não são."
Presidente do CNAPEF, João Lourenço
Enquadramento histórico da Educação Física
1836 - Pela primeira vez em Portugal é abordado o papel da Educação Física na escola. Nas reformas de Paços Manuel o decreto de 17 de Novembro desse ano cria em Portugal o Ensino Liceal.
1940 - É inaugurado o Instituto Nacional de Educação Física (1940 — 1975). Uma instituição criada pelo Decreto-Lei n.º 30 279, de 23 de Janeiro de 1940.
1975 - A FMH ou Faculdade de Motricidade Humana, anteriormente ISEF ou Instituto Superior de Educação Física foi integrado na Universidade Técnica de Lisboa em 1975.
1990 - Roberto Carneiro reforma o sistema educativo. Organizam-se as várias componentes curriculares nas suas dimensões
humanística, artística, científica, tecnológica, física e desportiva, visando a formação integral do educando e a sua capacitação tanto para a vida activa quanto para a prossecução dos estudos.
2001 - Reorganização do ensino básico.
2004 - A EF passa a contar na média para o ingresso no ensino superior. 2004 - 2012 - "Período Chave"
2012 - A EF deixa de contar como média e entrada no ensino superior. É reduzido o numero de horas.
Paralelamente, a investigação nacional e internacional produzida nos últimos 25 anos continua, de forma unânime, a eleger estas áreas como fulcrais na educação das crianças e jovens.
Pedro Soares (Bloco de Esquerda)
"O decreto lei 139/2012 é uma machadada na EF. A carga horária foi desvalorizada. A média não conta para nada.É uma desvalorização da evolução civilizacional. É urgente dar dignidade à EF. O Desporto Federado é um auxilio à actividade desportiva.
Laurentino Dias (PS)
"Portugal tem melhorado os resultados desportivos mas a comunicação social é uma desgraça quanto à forma como aborda as modalidades, continuado a pensar o desporto como há 50 anos."
"Estamos num tempo em que é possível olhar para a EF e Desporto e reforçar a presença do Estado."
"O espaço privilegiado é o espaço da Educação."
"Haverá sempre tensões entre desporto e educação."
"É inaceitável que a EF seja desvalorizada. Não se pode olhar para a EF sempre na base dos números para diminuir custos no Ministério da Educação.
"O PS pretende dar um acento principal no DE e EF. Uma EF para todos os alunos e um DE para todas as escolas."
Paula Gonçalves (PSD)
"Fui professora de EF entre 1997 e 2013. Reconheço que há muito que fazer mas quando vejo as criticas não posso de forma alguma concordar com elas.É objectivo promovera EF a todos os portugueses. No 1.º ciclo está a ser desenvolvido um projecto piloto. A EF é a única disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino."
Eduardo Libânio (Os Verdes)
"O DE foi reduzido de quatro para três tempos."
Rita Rato (PCP)
"Há um enorme consenso: A EF é fundamental .
A EF ajuda na construção do percurso do desenvolvimento humano."
"Não sou professora de EF mas fui aluna do DE."
"Estas medidas não foram tomadas por desconhecimento mas por opção."
"O conceito da escola publica deste Governo é a de saber ler escrever e contar."
"Tomara decisões contra tudo e contra todos. Mais de 50 estudos alertaram para o impacto."
"Falam na autonomia das Escolas. Até parece que o Governo quis fazer tudo e a escola não deixou."
"O DE tem de ser mais massificado."
"Muitos jovens só saem da sua terra porque praticam desporto."
"24% das escolas diminuíram a carga horária da EF em 2014. Não há fundamentação cientifica para tal decisão."
"Não há uma concepção da escola publica democrática onde se procura combater as desigualdades."
Nuno Ferro presidente da SPEF
"A ignorância, quando associada a uma retórica balofa, quando se junta à capacidade de decisão no poder, é a pior coisa que pode existir para um país... e nós não gostaríamos que isso continuasse a acontecer!"
"A Educação Física não é um espaço de recreação mas de Educação."
Não há Educação sem Educação Física."
https://www.youtube.com/watch?v=ZyUIeQ4DAgU&feature=youtu.be
1 de Julho de 2015
"Um pequeno contributo do Rangel para a história do atletismo português"
Arons de Carvalho foi convidado pelo Desportivo Operário do Rangel para apresentar o livro S. Silvestre da Amadora 40 anos. O jornalista, uma referência do atletismo nacional, recordou a importância da competição no contexto do atletismo português, "por onde passaram praticamente todos os melhores fundistas nacionais dos últimos 40 anos". Um prova de fim de ano única "pelo elevado número de publico" presente ao longo de todo o percurso. Arons desvendou ainda alguns dos episódios da prova descritos no livro, entre eles a presença de Carlos Lopes na primeira edição.
Artur Madeira, presidente do Desportivo Operário do Rangel, colectividade organizadora da São Silvestre da Amadora, o principal impulsionador da obra, justificou a comemoração dos 40 anos. António Manuel Simões, o responsável pela criação e organização do evento, recordou como tudo começou e as dificuldades para levar a corrida de fim de ano ao lugar da mais emblemática corrida de fim de ano nacional. |
O Desportivo Operário do Rangel, clube que organiza a corrida São Silvestre da Amadora, apresentou hoje um livro que retrata os 40 anos de história da competição.
Na sede do clube, na Amadora, foi apresentado o livro "São Silvestre da Amadora 40 anos", obra que retrata a história de uma das mais emblemáticas corridas de meio fundo do país, que se realiza desde 1975, sempre a 31 de dezembro, data fixa que perdura desde a primeira edição.
A prova que no último ano ultrapassou os 1.200 participantes, é para Carla Tavares, presidente da Câmara Municipal da Amadora, "uma competição que marca o atletismo nacional", explicando que a obra "revisita quarenta anos de história e memórias".
"Esta é uma competição que marca o atletismo nacional e a cidade da Amadora, é uma prova ímpar dos momentos desportivos do atletismo e dou os parabéns aos organizadores deste livro que revisita quarenta anos de história e memórias, onde passaram grandes figuras", afirmou.
Com testemunhos de vários vencedores presentes no livro e relatos de cada uma das edições, Cipriano Lucas, principal responsável pela recolha de testemunhos, acredita que este livro é "um pequeno contributo que o Rangel dá para a história do atletismo português".
"Quando comecei a fazer pesquisa [do livro], fiquei surpreendido com a importância e impacto da prova, pois é um património da Amadora e do país tendo uma componente muito elevada, equiparada a uma das melhores S. Silvestre mundiais. A prova teve momentos de competitividade fantástica e este livro é um pequeno contributo que o Rangel dá para a história do atletismo português", explicou.
Presentes nesta apresentação estiveram dois vencedores da competição, José Abreu, primeiro classificado em 1977 e 1979, e Rita Borralho, vencedora das duas primeiras edições femininas, em 1980 e 1981, que se mostrou feliz pelo lançamento do livro que relembra o início da sua carreira "numa prova já importante na altura e que como primeira vencedora é motivo de orgulho".
Por SAPO Desporto c/Lusa
Ler mais em:
http://desporto.sapo.pt/atletismo/artigo/2015/06/18/apresentado-livro-comemorativo-dos-40-anos-de-s-silvestre-da-amadora
18 de Junho de 2015
Na sede do clube, na Amadora, foi apresentado o livro "São Silvestre da Amadora 40 anos", obra que retrata a história de uma das mais emblemáticas corridas de meio fundo do país, que se realiza desde 1975, sempre a 31 de dezembro, data fixa que perdura desde a primeira edição.
A prova que no último ano ultrapassou os 1.200 participantes, é para Carla Tavares, presidente da Câmara Municipal da Amadora, "uma competição que marca o atletismo nacional", explicando que a obra "revisita quarenta anos de história e memórias".
"Esta é uma competição que marca o atletismo nacional e a cidade da Amadora, é uma prova ímpar dos momentos desportivos do atletismo e dou os parabéns aos organizadores deste livro que revisita quarenta anos de história e memórias, onde passaram grandes figuras", afirmou.
Com testemunhos de vários vencedores presentes no livro e relatos de cada uma das edições, Cipriano Lucas, principal responsável pela recolha de testemunhos, acredita que este livro é "um pequeno contributo que o Rangel dá para a história do atletismo português".
"Quando comecei a fazer pesquisa [do livro], fiquei surpreendido com a importância e impacto da prova, pois é um património da Amadora e do país tendo uma componente muito elevada, equiparada a uma das melhores S. Silvestre mundiais. A prova teve momentos de competitividade fantástica e este livro é um pequeno contributo que o Rangel dá para a história do atletismo português", explicou.
Presentes nesta apresentação estiveram dois vencedores da competição, José Abreu, primeiro classificado em 1977 e 1979, e Rita Borralho, vencedora das duas primeiras edições femininas, em 1980 e 1981, que se mostrou feliz pelo lançamento do livro que relembra o início da sua carreira "numa prova já importante na altura e que como primeira vencedora é motivo de orgulho".
Por SAPO Desporto c/Lusa
Ler mais em:
http://desporto.sapo.pt/atletismo/artigo/2015/06/18/apresentado-livro-comemorativo-dos-40-anos-de-s-silvestre-da-amadora
18 de Junho de 2015
“Desporto - Património - Memória”
Exposição “Desporto | Património | Memória”
Átrio Principal | 4 a 18 de junho
A Assembleia da República acolhe a exposição "Desporto | Património | Memória", do Museu Nacional do Desporto – Secretaria de Estado do Desporto e Juventude.
De 30 de junho a 31 de dezembro de 2015 estará patente no Museu Nacional do Desporto (Palácio foz, Lisboa).
4 de Junho de 2015
"Jovens com mais aptidão aeróbia apresentam melhor desempenho escolar"
"Jovens com mais aptidão aeróbia apresentam melhor desempenho escolar a matemática e português", Luís Sardinha, coordenador da Plataforma FITEscola.
A plataforma FITescola tem como finalidade diagnosticar/monitorizar a aptidão física de cada aluno e da população escolar a nivel nacional e, ainda, incentivar a prática de atividade física/exercício adequada (o) a cada jovem.
O sistema desportivo, através do respetivos organismos oficiais ou outros organismos como o Comité Olímpico de Portugal, poderá ter acesso a informação relevante para o sucesso da formação desportiva, como é o caso da aptidão física.
O Comité Olímpico de Portugal associa-se a este projeto com a intenção de "estabelecer as ligações necessárias entre os resultados destas avaliações e os organismos desportivos intervenientes no desenvolvimento da prática desportiva, potenciando desta forma a identificação de jovens estudantes com elevados índices de aptidão e capacidade desportiva indicador base para uma prognose sobre elevado potencial desportivo".
A Plataforma foi apresentada ontem, às 15 horas, pelo coordenador do projecto Luís Sardinha no Salão Nobre da Faculdade de Motricidade Humana,com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, entre outras individualidades ligadas à educação, ao desporto e à atividade física.
Ler mais em http://comiteolimpicoportugal.pt/cop-associa-se-ao-projeto-fitescola/
http://www.fmh.utl.pt/ehlab/en/OutreachPrograms/FitSchool.php
15 de Maio de 2015
A plataforma FITescola tem como finalidade diagnosticar/monitorizar a aptidão física de cada aluno e da população escolar a nivel nacional e, ainda, incentivar a prática de atividade física/exercício adequada (o) a cada jovem.
O sistema desportivo, através do respetivos organismos oficiais ou outros organismos como o Comité Olímpico de Portugal, poderá ter acesso a informação relevante para o sucesso da formação desportiva, como é o caso da aptidão física.
O Comité Olímpico de Portugal associa-se a este projeto com a intenção de "estabelecer as ligações necessárias entre os resultados destas avaliações e os organismos desportivos intervenientes no desenvolvimento da prática desportiva, potenciando desta forma a identificação de jovens estudantes com elevados índices de aptidão e capacidade desportiva indicador base para uma prognose sobre elevado potencial desportivo".
A Plataforma foi apresentada ontem, às 15 horas, pelo coordenador do projecto Luís Sardinha no Salão Nobre da Faculdade de Motricidade Humana,com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, entre outras individualidades ligadas à educação, ao desporto e à atividade física.
Ler mais em http://comiteolimpicoportugal.pt/cop-associa-se-ao-projeto-fitescola/
http://www.fmh.utl.pt/ehlab/en/OutreachPrograms/FitSchool.php
15 de Maio de 2015
Media Training
A um mês do arranque dos Jogos Europeus Baku 2015, a Missão portuguesa, à que será a primeira edição destes Jogos multidesportivos do Velho Continente, reuniu-se na Faculdade de Motricidade Humana (FMH).
A convite de José Garcia, chefe de missão olímpica para os Jogos do Rio 2016 do COP, tive a oportunidade de apresentar uma comunicação aos atletas sobre media training. Entre as vários temas abordados sobre a minha experiência como atleta e jornalista aqui deixo uma pequena parte da minha comunicação.
Técnicas para evitar mal entendidos...
(Após as competições)
Seja genuíno… mas não ingénuo
Relaxe e partilhe a sua satisfação pelo desporto. Seja humano.
Independentemente do resultado, procure dar o melhor de si.
Não tratem os jornalistas como inimigos… nem como amigos.
Regra dos 20 segundos
Faça o seu ponto em 20 segundos ou menos.
Desenvolver, se houver tempo, interesse ou necessidade.
Os jornalistas estão ali para contar um “estória”
e vão conta-la … por isso que essa
seja a vossa “estória”.
Objetividade
Evitar generalidades. Use exemplos específicos
que esclareçam e façam as pessoas
se preocuparem com a sua visão.
(...)
Os campeões
No momento de falar após a derrota ou do insucesso é que se vê a verdadeira natureza dos atletas… acreditem. Aí é que se veem os verdadeiros campeões.
Autoanálise
Por isso, tentem fazer uma autoanálise sem desvalorizar a vitória dos adversários nem arranjarem desculpas.
Respeito dos média
Quando as perguntas que lhe fazem não são agradáveis, ou entrem pela perspetiva privada, pode pura e simplesmente dizer que não quer responder a essa pergunta. O bom profissional irá entender isso e vocês terão o respeito dos média.
12 de Maio de 2015
A convite de José Garcia, chefe de missão olímpica para os Jogos do Rio 2016 do COP, tive a oportunidade de apresentar uma comunicação aos atletas sobre media training. Entre as vários temas abordados sobre a minha experiência como atleta e jornalista aqui deixo uma pequena parte da minha comunicação.
Técnicas para evitar mal entendidos...
(Após as competições)
Seja genuíno… mas não ingénuo
Relaxe e partilhe a sua satisfação pelo desporto. Seja humano.
Independentemente do resultado, procure dar o melhor de si.
Não tratem os jornalistas como inimigos… nem como amigos.
Regra dos 20 segundos
Faça o seu ponto em 20 segundos ou menos.
Desenvolver, se houver tempo, interesse ou necessidade.
Os jornalistas estão ali para contar um “estória”
e vão conta-la … por isso que essa
seja a vossa “estória”.
Objetividade
Evitar generalidades. Use exemplos específicos
que esclareçam e façam as pessoas
se preocuparem com a sua visão.
(...)
Os campeões
No momento de falar após a derrota ou do insucesso é que se vê a verdadeira natureza dos atletas… acreditem. Aí é que se veem os verdadeiros campeões.
Autoanálise
Por isso, tentem fazer uma autoanálise sem desvalorizar a vitória dos adversários nem arranjarem desculpas.
Respeito dos média
Quando as perguntas que lhe fazem não são agradáveis, ou entrem pela perspetiva privada, pode pura e simplesmente dizer que não quer responder a essa pergunta. O bom profissional irá entender isso e vocês terão o respeito dos média.
12 de Maio de 2015
"Sexo, drogas e acusações": cinco biografias polémicas no desporto
Ex-atletas escrevem biografias para lavar a roupa suja, fazer denúncias e confessar o uso de drogas. O último foi o nadador francês Amaury Leveaux.
Cinco biografias polémicas: “Sexo, Droga e Natação”, Amaury Leveaux, ex-nadador francês “Open – Uma Biografia”, Andre Agassi, ex-tenista norte-americano “No Caminho Certo”, Marion Jones, ex-velocista norte-americana “Up Front – 2010, Uma Temporada para Relembrar, Mark Webber, ex-piloto de Fórmula 1 australiano “Não é Sobre a Bicicleta: Minha Jornada de Volta à Vida”, Lance Armstrong, ex-ciclista norte-americano. O francês Amaury Leaveaux, que abandonou a competição em 2013, aos 29 anos, acaba de lançar a sua biografia desportiva: “Sexe, drogue et natation” (Sexo, droga e natação). Com quatro medalhas olímpicas no seu currículo Leaveaux afirma que os nadadores da selecção francesa 'snifavam' cocaína, inclusive durante os Jogos de Londres-2012. Alguns, afirma, por prazer. Outros usavam a droga como estimulante para as competições. Mas o francês vai além e revela que os dirigentes avisavam quando os testes antidoping seriam feitos e pediam para os atletas evitarem a cocaína. A jornalista brasileira Mariana Lajolo parte desta recente biografia e recorda outros quatro polémicos livros, no site "Esporte Fino" publicados por ex-desportistas: o tenista André Agassi, a atleta Marion Jones, o piloto Mark Webber e o ciclista Lance Armstrong. Ler mais em: http://esportefino.cartacapital.com.br/biografia-drogas-amaury-leveaux/ 30 de Abril de 2015 |
Atitude de campeão
"Tenham sempre um sonho, trabalhem com excelência e celebrem as conquistas."
"Sucesso é uma forma de somar e não subtrair." Se continuar a fazer o que sempre fez não vai sair do mesmo nível." "O atleta e o empreendedor têm muitas atitudes semelhanças, desde o compromisso, a busca por excelência, o planeamento, o trabalho em equipa, a forma de lidar com a concorrência, a disciplina e o sacrifício. Só lançando mão dessas atitudes é possível comemorar conquistas." Sonho, comprometimento e resultado são os pilares das palestras de Gustavo Borges, como revelou hoje no Comité Olímpico de Portugal. O medalhado olímpico brasileiro explora a motivação, concorrência e trabalho em equipa nas em suas apresentações. Excelência é a palavra chave das palestras do economista formado na Universidade de Michigan. As medalhas olímpicas do nadador brasileiro Gustavo Borges: Prata – 100m livre em Barcelona/1992 Prata – 200m livre em Atlanta/1996 Bronze – 100m livre em Atlanta/1996 Bronze – 4x100m livre em Sydney/2000 Ler mais em http://comiteolimpicoportugal.pt/gustavo-borges-inspirou-atletas-portugueses/ 24 de Abril de 2015 |
Sobre a competição
Dantes, no atletismo, nas corridas, quando o juiz de linha de chegada não consegui determinar quem vencera, declarava uma vitória ex aequo. O Juiz desempenhava aqui o papel do homem comum: o homem comum de vista mais apurada. Quando, numa prova de atletismo, a vista mais apurada não consegue distinguir diferença, dizíamos dantes, não há mesmo diferença.
(...)
Estes entendimentos estavam de acordo com o carácter algo fictício atribuído às competições desportivas: o desporto não é a vida; aquilo que "realmente" acontece no desporto não interessa verdadeiramente; o que interessa , sim, é aquilo em que estamos de acordo que acontece.
Hoje, porém, os resultados das competições são decididos por equipamentos mais apurados que a mais apurada vista humana: as câmaras electrónicas dividem cada segundo em cem instantes e gravam cada instante na sua imagem parada.
A cessão do poder de decisão às máquinas mostra até que ponto a natureza das competições de atletismo, que antigamente tinha por modelo as brincadeiras de crianças - os competidores jogavam a ser inimigos - e cujo modus operandi era dantes o consenso, foi repensado. O que antigamente era jogo passou a ser trabalho e as decisões relativas a quem ganha e quem perde tornaram-se potencialmente demasiado importantes - que o mesmo é dizer demasiado dispendiosas - para serem deixadas à falível vista humana.
Diário de Um Mau Ano
J, M, Coetzee
Prémio Nobel da Literatura 2003
Sinopse
Por encomenda do seu editor, um famoso escritor sul-africano radicado em Sydney, na Austrália, escreve um livro com as suas opiniões sobre os temas mais quentes do nosso tempo: conflitos étnicos, terrorismo, globalização, desastres ecológicos, experiências genéticas. Como já não é capaz de digitar os seus próprios textos, o velho escritor contrata uma vizinha, a jovem e sedutora filipina Anya, para transcrever as fitas onde grava as suas polémicas reflexões.
10 de Abril de 2015
(...)
Estes entendimentos estavam de acordo com o carácter algo fictício atribuído às competições desportivas: o desporto não é a vida; aquilo que "realmente" acontece no desporto não interessa verdadeiramente; o que interessa , sim, é aquilo em que estamos de acordo que acontece.
Hoje, porém, os resultados das competições são decididos por equipamentos mais apurados que a mais apurada vista humana: as câmaras electrónicas dividem cada segundo em cem instantes e gravam cada instante na sua imagem parada.
A cessão do poder de decisão às máquinas mostra até que ponto a natureza das competições de atletismo, que antigamente tinha por modelo as brincadeiras de crianças - os competidores jogavam a ser inimigos - e cujo modus operandi era dantes o consenso, foi repensado. O que antigamente era jogo passou a ser trabalho e as decisões relativas a quem ganha e quem perde tornaram-se potencialmente demasiado importantes - que o mesmo é dizer demasiado dispendiosas - para serem deixadas à falível vista humana.
Diário de Um Mau Ano
J, M, Coetzee
Prémio Nobel da Literatura 2003
Sinopse
Por encomenda do seu editor, um famoso escritor sul-africano radicado em Sydney, na Austrália, escreve um livro com as suas opiniões sobre os temas mais quentes do nosso tempo: conflitos étnicos, terrorismo, globalização, desastres ecológicos, experiências genéticas. Como já não é capaz de digitar os seus próprios textos, o velho escritor contrata uma vizinha, a jovem e sedutora filipina Anya, para transcrever as fitas onde grava as suas polémicas reflexões.
10 de Abril de 2015
O poema dos campeões
SE
"Se podes conservar o teu bom senso e a calma No mundo a delirar para quem o louco és tu... Se podes crer em ti com toda a força de alma Quando ninguém te crê... Se vais faminto e nu, Trilhando sem revolta um rumo solitário... Se à torva intolerância, à negra incompreensão, Tu podes responder subindo o teu calvário Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão... Se podes dizer bem de quem te calúnia... Se dás ternura em troca aos que te dão rancor (Mas sem a afectação de um santo que oficia Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)... Se podes esperar sem fatigar a esperança... Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho... Fazer do pensamento um arco de aliança, Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho... Se podes encarar com indiferença igual O triunfo e a derrota, eternos impostores... Se podes ver o bem oculto em todo o mal E resignar sorrindo o amor dos teus amores... Se podes resistir à raiva e à vergonha De ver envenenar as frases que disseste E que um velhaco emprega eivadas de peçonha Com falsas intenções que tu jamais lhes deste... |
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo, E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste, Voltares ao princípio a construir de novo... Se puderes obrigar o coração e os músculos A renovar um esforço há muito vacilante, Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos, Só exista a vontade a comandar avante... Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre... Se vivendo entre os reis, conservas a humildade... Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre São iguais para ti à luz da eternidade... Se quem conta contigo encontra mais que a conta... Se podes empregar os sessenta segundos Do minuto que passa em obra de tal monta Que o minute se espraie em séculos fecundos... Então, ó ser sublime, o mundo inteiro é teu! Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!... Mas, ainda para além, um novo sol rompeu, Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos. Pairando numa esfera acima deste plano, Sem receares jamais que os erros te retomem, Quando já nada houver em ti que seja humano, Alegra-te, meu filho, então serás um homem!" Rudyard Kipling |
"Uma mesa é uma máquina de não deixar cair as coisas"
(o mesmo acontece com as pessoas)
O Homem Máquina. Discursos sobre o Corpo.
“Atlas do Corpo e da Imaginação” por Gonçalo M. Tavares:
- "Quanto mais pesado é o objecto mais exige a nossa atenção, provérbio japonês."
- "A técnica foi durante milénio uma extensão do corpo."
- "O uso da tecnologia é bom ou mau? Depende do uso."
- "Em 1942 aparece o primeiro coração artificial."
- "Corpo e metal, uma relação letal."
- "O ser humano é muito mais que uma máquina física."
- "O corpo humano está obsoleto."
- "O nosso corpo tem tanto das nossas relações amorosas."
- "Nós podemos aperfeiçoar o corpo."
- "Se podemos ter mais um braço... porque não?"
- "Porque não um segundo coração artificial? mais tempo vida, menos dor."
- "Não estamos a inventar nada que a natureza já não realiza..."
- "A tecnologia intervém na obra de Deus."
- "O corpo vai sendo actualizado com a tecnologia."
- "Passar a evolução tecnológica para os genes."
- "Em 2100, o corpo será actualizado como um programa de computador."
- "Pobreza e riqueza não é o que está à volta mas dentro do corpo."
- "Diferença entre os 30 anos de esperança de vida do africano e os 70 do Europeu."
- "Os artistas contemporâneos são os pontas-de-lança intelectuais."
- "Não há forma de travara a evolução tecnológica."
- "Uma mesa é uma máquina de não deixar cair as coisas (o mesmo acontece com as pessoas)."
- "O problema do doping é o de colocar os atletas a níveis diferentes."
- "A avaria é uma espécie de Utopia."
- "Nós gostamos muito dos nossos inimigos. Só assim se entende perder tanto tempo com eles."
- "(alguém por trás de mim diz: vou tornar-te meu inimigo.)"
Conferência que decorreu em Oeiras, no dia 12 de março, às 18H30, no Palácio Marquês de Pombal.
Gonçalo M. Tavares é Professor de Epistemologia na Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa.
“Atlas do Corpo e da Imaginação” por Gonçalo M. Tavares:
- "Quanto mais pesado é o objecto mais exige a nossa atenção, provérbio japonês."
- "A técnica foi durante milénio uma extensão do corpo."
- "O uso da tecnologia é bom ou mau? Depende do uso."
- "Em 1942 aparece o primeiro coração artificial."
- "Corpo e metal, uma relação letal."
- "O ser humano é muito mais que uma máquina física."
- "O corpo humano está obsoleto."
- "O nosso corpo tem tanto das nossas relações amorosas."
- "Nós podemos aperfeiçoar o corpo."
- "Se podemos ter mais um braço... porque não?"
- "Porque não um segundo coração artificial? mais tempo vida, menos dor."
- "Não estamos a inventar nada que a natureza já não realiza..."
- "A tecnologia intervém na obra de Deus."
- "O corpo vai sendo actualizado com a tecnologia."
- "Passar a evolução tecnológica para os genes."
- "Em 2100, o corpo será actualizado como um programa de computador."
- "Pobreza e riqueza não é o que está à volta mas dentro do corpo."
- "Diferença entre os 30 anos de esperança de vida do africano e os 70 do Europeu."
- "Os artistas contemporâneos são os pontas-de-lança intelectuais."
- "Não há forma de travara a evolução tecnológica."
- "Uma mesa é uma máquina de não deixar cair as coisas (o mesmo acontece com as pessoas)."
- "O problema do doping é o de colocar os atletas a níveis diferentes."
- "A avaria é uma espécie de Utopia."
- "Nós gostamos muito dos nossos inimigos. Só assim se entende perder tanto tempo com eles."
- "(alguém por trás de mim diz: vou tornar-te meu inimigo.)"
Conferência que decorreu em Oeiras, no dia 12 de março, às 18H30, no Palácio Marquês de Pombal.
Gonçalo M. Tavares é Professor de Epistemologia na Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa.
"Então lá fomos fazer a cobertura da Volta a Portugal em bicicleta"
É verdade que chegou a fazer jornalismo desportivo?
Luiz Pacheco: Esse foi um emprego que o Mário Cesariny de Vasconcelos me arranjou porque estava lá n'O Volante, o maior e o mais antigo jornal português, e o único de automobilismo, aviação e turismo. Ganhava oitocentos paus, que era o que ganhava o Cesariny, mas ao fim de um mês passei a ganhar um conto de réis, porque me dediquei àquilo. Então lá fomos fazer a cobertura da Volta a Portugal em bicicleta. A vantagem que eu tinha sobre o Mário era esta: eu sabia andar de bicicleta e ele não. Também fizemos automobilismo. Fizemos a cobertura do Circuito do Monsanto. Corria o Fangio e esse Torres também lá andava no "clube dos cem há hora". Eu não percebia nada daquilo. Por isso ia para as boxes, ao pé da maquinaria. Ouvia os comentários: "Eh, grande volta e tal." E escrevia aquilo [risos]. E o Mário estava lá para cima a improvisar qualquer disparate. Estive lá ainda uma porrada de tempo. Traduzíamos artigos do L'Equipe. Depois o Pedro Silveira arranjou-me um emprego no Mundo Motor ou Mundo Motorizado, que ficava na Rua do Alecrim, era uma imitação d'O Volante. Só lá estive um mês, nunca me pagaram. Aí também fazia traduções do L'Equipe, punha-se a riscar o jornal e o editor dizia: "não faça isso que o jornal é do homem do quiosque, que nos empresta." O Volante ainda assinava o L'Equipe esses nem isso... |
«O Crocodilo que Voa - Entrevistas a Luiz Pacheco», organização e introdução de João Pedro George, tem agora uma nova edição pela Tinta da China, em pequeno formato com cantos redondos.
«Grande prosador, Luiz Pacheco foi também um dos melhores conversadores da imprensa. Estas entrevistas, publicadas nos últimos 20 anos em jornais e revistas, apresentam-nos uma das vidas mais agitadas da literatura portuguesa e são bem a expressão de uma inteligência desperta, desafiadora e implacável, batendo forte e feio em algumas personalidades da nossa vida pública.
Caso humano riquíssimo, impossível de resumir aqui, o mais sensato é dar-lhe a palavra: «Luiz José Machado Gomes Guerreiro Pacheco nasceu em 7 de Maio de 1925 e espera morrer no ano 2000. Está bem-disposto, porque está desempregado. Publicou muitos livros de outros autores. Não se lembra de publicar nada (dele) que prestasse. Escreveu muitas obras e perdeu quase todas. Teve três mulheres, nove [sic] filhos e netos, nem conta. Folhetos de sua autoria: «Os Doutores, a Salvação e o Menino», «Carta‑Sincera a José Gomes Ferreira», «O Teodolito», «Os Namorados», «O Cachecol do Artista». Teve 18 valores na admissão. O Urbano teve 12.»
(Texto incluído na «Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica», organizada por Natália Correia em 1965.)»
«Grande prosador, Luiz Pacheco foi também um dos melhores conversadores da imprensa. Estas entrevistas, publicadas nos últimos 20 anos em jornais e revistas, apresentam-nos uma das vidas mais agitadas da literatura portuguesa e são bem a expressão de uma inteligência desperta, desafiadora e implacável, batendo forte e feio em algumas personalidades da nossa vida pública.
Caso humano riquíssimo, impossível de resumir aqui, o mais sensato é dar-lhe a palavra: «Luiz José Machado Gomes Guerreiro Pacheco nasceu em 7 de Maio de 1925 e espera morrer no ano 2000. Está bem-disposto, porque está desempregado. Publicou muitos livros de outros autores. Não se lembra de publicar nada (dele) que prestasse. Escreveu muitas obras e perdeu quase todas. Teve três mulheres, nove [sic] filhos e netos, nem conta. Folhetos de sua autoria: «Os Doutores, a Salvação e o Menino», «Carta‑Sincera a José Gomes Ferreira», «O Teodolito», «Os Namorados», «O Cachecol do Artista». Teve 18 valores na admissão. O Urbano teve 12.»
(Texto incluído na «Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica», organizada por Natália Correia em 1965.)»
Em alta competição o que conta é o resultado... mas não só.
O resultado de excelência é o mais importante. Para isso os treinos exigentes que todos os dias os atletas realizam. Mas a relação com a comunicação social é fundamental. A forma como os atletas se apresentam antes, durante e depois das competições é determinante para que os portugueses se envolvam, apreciem e se identifiquem com os seus ídolos.
A relação dos atletas com a comunicação social
Quando o professor Vítor Pataco, coordenador do CAR Jamor*, nos convidou para realizar um pequena conferência/debate para falarmos sobre o tema “a relação dos atletas com a comunicação social”, aceitei de imediato. Não porque me sinta um especialista na matéria mas porque é um tema que tem ocupado uma parte substancial da minha vida profissional como jornalista e um problema que senti como atleta quando tive a felicidade de poder viver uma carreira na alta competição.
Por momentos recordei as dificuldades de comunicação que grandes campeões de Portugal, como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Joaquim Agostinho, Eusébio e muitos outros, para fazerem passar a sua mensagem aos jornalistas após uma vitória ou uma derrota.
Mas os tempos eram outros. A formação dos atletas também. O jornalismo desportivo era considerado uma área marginal na comunicação.
Hoje tudo mudou. Os atletas têm outros meios, outra formação. Quase setenta por cento dos atletas em Londres 2012 tinham frequência universitária. A comunicação social assumiu um papel incontornável no mundo do Desporto de alta competição cada vez mais espetacular. O jornalismo desportivo passou a ser uma área específica com um peso considerável nos horários e páginas dos jornais, rádios, TV e internet.
Apesar do futebol continuar a monopolizar as atenções dos média, nunca como hoje as modalidades tiveram tanta mediatização. Milhares e milhares de horas em canais temáticos passam as competições, os treinos mas também as vidas dos atletas.
A internet passou a assumir um papel determinante. Revolucionou a comunicação com os sites dos órgãos de comunicação social mas também os sites pessoais, os blogues dos atletas, o facebook, o twitter. A comunicação globalizou-se.
Hoje, como sempre, em alta competição o que conta é o resultado... mas não só.
O resultado de excelência é o mais importante. Para isso os treinos exigentes que todos os dias vocês realizam.
Mas a comunicação é fundamental. A forma como todos vocês se apresentam antes, durante e depois das competições é determinante para que em casa os vossos fãs vivam, festejem e sofram com as vossas carreiras.
Desde os primeiros encontros internacionais, as primeiras medalhas dos atletas portugueses, muitos anos passaram mas os problemas de comunicação persistem.
Porém, nos Jogos de Pequim e de Londres a comunicação teve um impacto nunca visto. Talvez porque os Jogos da China terão sido os primeiros jogos verdadeiramente globalizados. Em Lisboa, muitas vezes, as redações sabiam mais do que se passava na aldeia olímpica do que muitos dos dirigentes que ai estavam instalados e dos próprios jornalistas na sala de imprensa. A comunicação voava à velocidade de um simples clique do rato do computador, de um telefonema ou de uma mensagem de sms.
Foi por isso com alguma surpresa que assisti incrédulo às declarações ingénuas, pouco preparadas dos atletas, dirigentes e treinadores antes, durante e depois dos jogos olímpicos. A relação com a comunicação social. As mensagens que se pretendiam enviarem para Portugal e não para os atletas.
A presença de muitos dos jornalistas que ai se encontravam com pouco conhecimento da equipa portuguesa. Muitos deles escolhidos para representar os jornais, rádios e canais de televisão não por serem especialistas em modalidades, mas sim como prémio por carreira, na maioria ligados ao futebol… apesar do futebol não ter realizado os mínimos.
Portanto, a “futebolização” dos Jogos.
Claro que a forma como foi tratada a informação não poderia escapar a esse estereótipo.
A urgência em enviar “serviço” para Portugal, mas incapazes de contar as verdadeiras “estórias” que se estavam a passar dentro dos campos de jogo e pistas, levou a que a abordagem fosse marcada pelo trivial, o caricato, o acessório, o anedótico.
Isto acompanhado por uma total ausência de coordenação, ao nível de comunicação, entre atletas, treinadores, federações e COP.
Claro que as primeiras e grandes vítimas foram os atletas.
Completamente desenquadrados. Apesar da sua cultura e instrução nada ter a ver com a que os atletas dos anos 50, 60 e 70 do século passado, a verdade é que, um após outro, foram caindo nas suas próprias armadilhas de comunicação. O stress competitivo, a pressão das medalhas, as análises antes, durante e depois das competições acabaram por surtir o resultado que todos nós conhecemos.
Porque é que os atletas tiveram necessidade de justificar o injustificável após os resultados nas competições?
Porque é que os dirigentes fizeram afirmações contraditórias antes, durante e depois dos jogos?
Porque, pura e simplesmente, não existiu uma estratégia de comunicação na equipa portuguesa?
Porque a comunicação social portuguesa não está minimamente preparada para acompanhar as modalidades e os Jogos Olímpicos?
O que deveria, no meu entender, ter sido feito na área da comunicação.
E aqui dirijo-me especificamente aos atletas.
- Sejam genuínos… mas não ingénuos.
Independentemente do resultado, procurem dar o melhor de vocês quando solicitados pelos jornalistas.
- Sejam simpáticos. Não é fácil quando se está sobre stress competitivo… ou os resultados não foram positivos.
Não tratem os jornalistas como inimigos… nem como amigos.
Eles estão ali para contar um “estória” e vão conta-la … por isso que essa seja a vossa “estória”.
- Nem todos temos o dom da palavra, mas sejam claros nas afirmações.
- Procurem a objetividade nas análises dos vossos desempenhos sem cair na crítica ao adversário ou ao árbitro. Ou a desculpa do tempo, do piso, do equipamento ou da piscina… mesmo que seja verdade.
- Pensem que a maioria dos jornalistas não conhece a vossa modalidades por isso expliquem de uma forma simples sempre que necessário as regras as técnicas ou os gestos.
- Antes de uma grande competição, da mesma forma que visualizam um resultado positivo, estruturem um discurso para cada tipo de resultado ou situação.
- Após a competição procurem não falar logo com os jornalistas. Isso nem sempre é possível. Mas tentem descansar um pouco antes da conferência de imprensa.
- No momento de falar após a derrota ou do insucesso é que se ê a verdadeira natureza dos atletas… acreditem. Aí é que se vêm os verdadeiros campeões.
- Por isso tentem fazer uma auto-análise sem desvalorizar a vitória dos adversários nem arranjarem desculpas.
- Tenham, se possível, já um discurso preparado como já disse há pouco.
- Em outras situações, como as entrevista, conferências de imprensa ou presenças televisivas.
- Sejam cuidadosos com a imagem. Por vezes a imagem vale mais que o discurso.
- Tenham alguma preocupação com a vossa postura física.
- Tentem criar o vosso próprio estilo.
- Reparem que todos os grandes campeões, independentemente das marcas desportivas, tem o seu estilo, isso é que os distingue. É a sua imagem de marca.
- Perguntem sempre ao jornalista qual é o perfil do programa ou entrevista para se prepararem um pouco. Que tipo de perguntas estão a pensar fazer. Qual o tema.
- Muitas vezes os jornalistas utilizam a técnica provocatória. Encarem isso como um desafio e não entrem no jogo que os leva a dizer algo que não queiram. E se o tenham feito podem sempre corrigir o erro.
- Quando as perguntas que lhes fazem não são agradáveis, ou entrem pela perspectiva privada, podem pura e simplesmente dizer que não querem responder a essa pergunta. O bom profissional irá entender isso e vocês terão o respeito dos média.
* Aqui deixo uma sínteses da minha apresentação sobre o tema, agradecendo também o apoio a Filomena Carvalho, responsável pelo acompanhamento socioeducativo no CAR Jamor, na preparação e apresentação deste encontro com os atletas.
11 de Março de 2015
A relação dos atletas com a comunicação social
Quando o professor Vítor Pataco, coordenador do CAR Jamor*, nos convidou para realizar um pequena conferência/debate para falarmos sobre o tema “a relação dos atletas com a comunicação social”, aceitei de imediato. Não porque me sinta um especialista na matéria mas porque é um tema que tem ocupado uma parte substancial da minha vida profissional como jornalista e um problema que senti como atleta quando tive a felicidade de poder viver uma carreira na alta competição.
Por momentos recordei as dificuldades de comunicação que grandes campeões de Portugal, como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Joaquim Agostinho, Eusébio e muitos outros, para fazerem passar a sua mensagem aos jornalistas após uma vitória ou uma derrota.
Mas os tempos eram outros. A formação dos atletas também. O jornalismo desportivo era considerado uma área marginal na comunicação.
Hoje tudo mudou. Os atletas têm outros meios, outra formação. Quase setenta por cento dos atletas em Londres 2012 tinham frequência universitária. A comunicação social assumiu um papel incontornável no mundo do Desporto de alta competição cada vez mais espetacular. O jornalismo desportivo passou a ser uma área específica com um peso considerável nos horários e páginas dos jornais, rádios, TV e internet.
Apesar do futebol continuar a monopolizar as atenções dos média, nunca como hoje as modalidades tiveram tanta mediatização. Milhares e milhares de horas em canais temáticos passam as competições, os treinos mas também as vidas dos atletas.
A internet passou a assumir um papel determinante. Revolucionou a comunicação com os sites dos órgãos de comunicação social mas também os sites pessoais, os blogues dos atletas, o facebook, o twitter. A comunicação globalizou-se.
Hoje, como sempre, em alta competição o que conta é o resultado... mas não só.
O resultado de excelência é o mais importante. Para isso os treinos exigentes que todos os dias vocês realizam.
Mas a comunicação é fundamental. A forma como todos vocês se apresentam antes, durante e depois das competições é determinante para que em casa os vossos fãs vivam, festejem e sofram com as vossas carreiras.
Desde os primeiros encontros internacionais, as primeiras medalhas dos atletas portugueses, muitos anos passaram mas os problemas de comunicação persistem.
Porém, nos Jogos de Pequim e de Londres a comunicação teve um impacto nunca visto. Talvez porque os Jogos da China terão sido os primeiros jogos verdadeiramente globalizados. Em Lisboa, muitas vezes, as redações sabiam mais do que se passava na aldeia olímpica do que muitos dos dirigentes que ai estavam instalados e dos próprios jornalistas na sala de imprensa. A comunicação voava à velocidade de um simples clique do rato do computador, de um telefonema ou de uma mensagem de sms.
Foi por isso com alguma surpresa que assisti incrédulo às declarações ingénuas, pouco preparadas dos atletas, dirigentes e treinadores antes, durante e depois dos jogos olímpicos. A relação com a comunicação social. As mensagens que se pretendiam enviarem para Portugal e não para os atletas.
A presença de muitos dos jornalistas que ai se encontravam com pouco conhecimento da equipa portuguesa. Muitos deles escolhidos para representar os jornais, rádios e canais de televisão não por serem especialistas em modalidades, mas sim como prémio por carreira, na maioria ligados ao futebol… apesar do futebol não ter realizado os mínimos.
Portanto, a “futebolização” dos Jogos.
Claro que a forma como foi tratada a informação não poderia escapar a esse estereótipo.
A urgência em enviar “serviço” para Portugal, mas incapazes de contar as verdadeiras “estórias” que se estavam a passar dentro dos campos de jogo e pistas, levou a que a abordagem fosse marcada pelo trivial, o caricato, o acessório, o anedótico.
Isto acompanhado por uma total ausência de coordenação, ao nível de comunicação, entre atletas, treinadores, federações e COP.
Claro que as primeiras e grandes vítimas foram os atletas.
Completamente desenquadrados. Apesar da sua cultura e instrução nada ter a ver com a que os atletas dos anos 50, 60 e 70 do século passado, a verdade é que, um após outro, foram caindo nas suas próprias armadilhas de comunicação. O stress competitivo, a pressão das medalhas, as análises antes, durante e depois das competições acabaram por surtir o resultado que todos nós conhecemos.
Porque é que os atletas tiveram necessidade de justificar o injustificável após os resultados nas competições?
Porque é que os dirigentes fizeram afirmações contraditórias antes, durante e depois dos jogos?
Porque, pura e simplesmente, não existiu uma estratégia de comunicação na equipa portuguesa?
Porque a comunicação social portuguesa não está minimamente preparada para acompanhar as modalidades e os Jogos Olímpicos?
O que deveria, no meu entender, ter sido feito na área da comunicação.
E aqui dirijo-me especificamente aos atletas.
- Sejam genuínos… mas não ingénuos.
Independentemente do resultado, procurem dar o melhor de vocês quando solicitados pelos jornalistas.
- Sejam simpáticos. Não é fácil quando se está sobre stress competitivo… ou os resultados não foram positivos.
Não tratem os jornalistas como inimigos… nem como amigos.
Eles estão ali para contar um “estória” e vão conta-la … por isso que essa seja a vossa “estória”.
- Nem todos temos o dom da palavra, mas sejam claros nas afirmações.
- Procurem a objetividade nas análises dos vossos desempenhos sem cair na crítica ao adversário ou ao árbitro. Ou a desculpa do tempo, do piso, do equipamento ou da piscina… mesmo que seja verdade.
- Pensem que a maioria dos jornalistas não conhece a vossa modalidades por isso expliquem de uma forma simples sempre que necessário as regras as técnicas ou os gestos.
- Antes de uma grande competição, da mesma forma que visualizam um resultado positivo, estruturem um discurso para cada tipo de resultado ou situação.
- Após a competição procurem não falar logo com os jornalistas. Isso nem sempre é possível. Mas tentem descansar um pouco antes da conferência de imprensa.
- No momento de falar após a derrota ou do insucesso é que se ê a verdadeira natureza dos atletas… acreditem. Aí é que se vêm os verdadeiros campeões.
- Por isso tentem fazer uma auto-análise sem desvalorizar a vitória dos adversários nem arranjarem desculpas.
- Tenham, se possível, já um discurso preparado como já disse há pouco.
- Em outras situações, como as entrevista, conferências de imprensa ou presenças televisivas.
- Sejam cuidadosos com a imagem. Por vezes a imagem vale mais que o discurso.
- Tenham alguma preocupação com a vossa postura física.
- Tentem criar o vosso próprio estilo.
- Reparem que todos os grandes campeões, independentemente das marcas desportivas, tem o seu estilo, isso é que os distingue. É a sua imagem de marca.
- Perguntem sempre ao jornalista qual é o perfil do programa ou entrevista para se prepararem um pouco. Que tipo de perguntas estão a pensar fazer. Qual o tema.
- Muitas vezes os jornalistas utilizam a técnica provocatória. Encarem isso como um desafio e não entrem no jogo que os leva a dizer algo que não queiram. E se o tenham feito podem sempre corrigir o erro.
- Quando as perguntas que lhes fazem não são agradáveis, ou entrem pela perspectiva privada, podem pura e simplesmente dizer que não querem responder a essa pergunta. O bom profissional irá entender isso e vocês terão o respeito dos média.
* Aqui deixo uma sínteses da minha apresentação sobre o tema, agradecendo também o apoio a Filomena Carvalho, responsável pelo acompanhamento socioeducativo no CAR Jamor, na preparação e apresentação deste encontro com os atletas.
11 de Março de 2015
"Media tempos imaginários"
"Em Wurtzburgo, onde devia mudar de comboio, não se mexeu. Enquanto anunciavam o tempo de paragem, tirou o cronómetro da algibeira do colete, pô-lo a trabalhar, depois esperou, ainda com os braços cruzados no peito.
Este cronómetro era para Henckel um indispensável acessório de vida, o objecto mais precioso que jamais possuíra, a testemunha, sobretudo, de um período famoso de trabalho. Tendo resolvido nunca mais se ocupar do atletismo, Henckel arrumou um dia o cronómetro no guarda-roupa, debaixo de uma pilha de lençóis. No dia seguinte ia buscá-lo, infeliz como uma criança a quem tivessem confiscado o seu brinquedo. Embora em todas as coisas fosse grande a sua energia, não pudera suportar o suplício, a mão a apalpar frequentemente o bolso e a recair, ridícula. Servia-se dele depois ingenuamente, sem nada fazer contra essa mania, contentíssimo por sentir na palma da mão o peso simpático, modelar-lhe as formas docemente, comprazer-se com a docilidade do mecanismo. Media tempos imaginários, revivia certos resultados, dava a partida a corredores que treinara, dispunha deles e dos seus recordes à vontade."
Ives Gibeau
A Meta
Tradução de José Saramago
Este cronómetro era para Henckel um indispensável acessório de vida, o objecto mais precioso que jamais possuíra, a testemunha, sobretudo, de um período famoso de trabalho. Tendo resolvido nunca mais se ocupar do atletismo, Henckel arrumou um dia o cronómetro no guarda-roupa, debaixo de uma pilha de lençóis. No dia seguinte ia buscá-lo, infeliz como uma criança a quem tivessem confiscado o seu brinquedo. Embora em todas as coisas fosse grande a sua energia, não pudera suportar o suplício, a mão a apalpar frequentemente o bolso e a recair, ridícula. Servia-se dele depois ingenuamente, sem nada fazer contra essa mania, contentíssimo por sentir na palma da mão o peso simpático, modelar-lhe as formas docemente, comprazer-se com a docilidade do mecanismo. Media tempos imaginários, revivia certos resultados, dava a partida a corredores que treinara, dispunha deles e dos seus recordes à vontade."
Ives Gibeau
A Meta
Tradução de José Saramago
Um escritor é como um boxeur
"Ó pá, é muito difícil, no meu estado, escrever capazmente. Um escritor é como um boxeur ou como um futebolista: tem prazo de validade. Há obras que se fazem em ascensão. O Beethoven, por exemplo, vai sempre em ascensão – a 9ª sinfonia, depois seria a 10ª, depois seria a 11ª, se ele aguentasse mais um tempo. E há obras que se fazem um bocadinho datadas. Insistir depois disso seria estúpido. O que me distrai agora é gravar. Mas como não tenho luz, até gravar é difícil. E as pilhas são um balúrdio, as cassetes são um balúrdio, um tipo está a gravar às escuras, de repente já está a gravar por cima de outra coisa… De maneira que agora estou parado, estou reformado. Eu escrevo: escriba/reformado, ou reformado/escriba, tanto faz. Não estou à espera de fazer nada de especial."
Em 1992, Luiz Pacheco deu uma extensa entrevista à revista Kapa, no número 22, de Julho. Os entrevistadores foram Carlos Quevedo e Rui Zink. Colectânea de entrevistas no livro: O Crocodilo que Voa de Luiz Pacheco
Em 1992, Luiz Pacheco deu uma extensa entrevista à revista Kapa, no número 22, de Julho. Os entrevistadores foram Carlos Quevedo e Rui Zink. Colectânea de entrevistas no livro: O Crocodilo que Voa de Luiz Pacheco
Muhammad Ali was never shy about lauding his own balletic talents in the boxing ring, and this photograph shows why. His ability to move away from his opponent, Joe Frazier, with such grace makes Frazier’s haymaker look utterly crude. Ali appears to be untouchable. How ironic, then, that Frazier won the contest that was dubbed Fight of The Century.
Photograph: Bettmann/Corbis
“Analfabetos motores”
"A escola hoje não pode voltar ao que era há 60 anos – examinava para excluir em vez de avaliar para ensinar, procurava instruir para certificar e selecionar, em vez de ensinar e diferenciar para a inclusão, para o sucesso."
"A escola deve, mais do que nunca, preparar os futuros cidadãos para:
Respeitarem-se a si próprios, aos outros e às regras instituídas;
Serem solidários e não solitários;
Saberem cooperar entre si;
Saberem trabalhar em equipa;
Saberem tomar decisões com e sem pressão;
Saberem liderar;
Serem resilientes;
Saberem gerir o insucesso;
Serem saudáveis."
"Sabemos hoje através da investigação, que a proposta de tempo em que foram
elaborados estes programas, isto é, 3 aulas semanais de Educação Física em dias diferentes para
qualquer ciclo de ensino, está abaixo do mínimo para produzir efeitos duradoiros na
saúde. Passados vinte e dois anos da primeira reforma, está sobejamente comprovado
pela unanimidade e multiplicidade de trabalhos de investigação publicados sobre o
tema e por posições da Organização Mundial de Saúde (OMS), da European Physical
Education Association (EUPEA), da UNESCO e outras organizações, que a carga e a
regularidade de atividade física que qualquer criança e jovem até aos 18 anos deve
desenvolver é de cinco vezes por semana, 60 minutos por sessão. A este respeito, o
parlamento europeu,através de uma das suas resoluções em 2007, exortou todos os
governos dos países da União Europeia a reforçar a EF nos seus currículos em pelo
menos três aulas em dias diferentes, devendo as escolas ser incentivadas a ir além
deste objetivo considerado mínimo, sendo perentório em afirmar que a “… a EF é a
única disciplina escolar que procura preparar as crianças para um estilo de vida
saudável, concentrando-se no seu desenvolvimento físico e mental global e
inculcando-lhe importantes valores sociais como, por exemplo, a lealdade, a
autodisciplina, a solidariedade, o espírito de equipa, a tolerância e o fair Play”
Quando se fala hoje em políticas de saúde pública em Portugal (combate ao maior
flagelo do séc. XXI – sedentarismo –, bem como a obesidade
(Portugal é vice-campeão europeu de sobrepeso e obesidade infantojuvenil
na segunda infância, apenas atrás da Itália ), diabetes, doenças
cardíacas, etc.), na formação plena e integral das nossas crianças e jovens e no
desenvolvimento do desporto e do seu sistema em Portugal, jamais se poderá
negligenciar ou sequer desprezar o papel único e insubstituível da EF nestas matérias,
pois ela é, indubitavelmente, o principal instrumento direto de educação para todos os
alunos sem exceção e, portanto, a única área do currículo nacional ao serviço do País
nestes domínios.
É com este quadro de recomendações e unanimidade em torno da importância
da atividade física e da EF na formação dos nossos jovens, que surge o Decreto-lei nº 39/2012.
Contrariamente a todos os estudos, opiniões e demais recomendações
(nacionais e europeias), e mesmo em claro contraponto com uma resolução da
Assembleia da República Portuguesa onde se reconhece a necessidade de se reforçar
a atividade física da população em idade escolar, este decreto promoveu de forma
totalmente injustificada uma redução horária da carga horária em EF no ensino
secundário e no 3º ciclo do ensino básico.
É absolutamente necessário e urgente implementar medidas políticas e processos
que permitam colmatar esta falha curricular tão gravosa para a educação, saúde e
desenvolvimento harmonioso de todas as nossas crianças, e impedir que muitos dos
alunos portugueses que concluem o 1º ciclo do Ensino Básico sejam autênticos
“analfabetos motores”.
Clarificação conceptual entre EF e Desporto/Desporto Escolar
Em algumas das discussões que têm vindo a público, parece existir uma confusão
conceptual entre alguns intervenientes educativos sobre aquilo que é EF escolar e o
seu objeto, e os aspetos que a distinguem do Desporto, em particular do Desporto
Escolar (DE). Deste modo, importa evidenciar e esclarecer os aspetos que os
diferenciam.
A EF é uma área curricular para TODOS os alunos eclética (contempla vários e
diferentes tipos de atividades físicas – jogos desportos colectivos, ginásticas,
atletismo, danças, atividades de exploração da natureza, modalidades de raquetas,
natação, etc.), inclusiva (adaptada às necessidades de cada aluno), visando o
seu desenvolvimento multilateral (promover a saúde, no presente e no futuro,
desenvolvendo a aptidão, capacidade e competência física dos alunos, as suas
competências sociais e a sua cultura, no que respeita à compreensão dos processos."
A Sociedade Portuguesa de
Educação Física (SPEF) e o Conselho Nacional das Associações de
Profissionais de Educação Física (CNAPEF), através dos seus presidentes,
estiveram dia 25 de Fevereiro, presentes numa audição pública na Assembleia da República.
25 de Fevereiro de 2015
https://cnapef.files.wordpress.com/2015/02/2014-2015-importu00e2ncia-da-ef-ar.pdf
https://cnapef.wordpress.com/2015/02/25/intervencao-do-cnapef-na-assembleia-da-republica/
O que Nunca Ninguém Soube que Houve
"Hoje faz-se mais ginástica do que nunca, as praças de touros triplicaram, constituíram-se sociedades atléticas e cinegéticas; temos o ciclismo, as carreiras de tiro, o jogo de pau, as regatas, o pugilato, do box, tão amado de Ricardo III e de Byron; nenhum dos que disputam os lauréis do chic, nenhum dos que se curvam aforçuradamente ao jugo tirânico da moda deixa de trazer na idéia a tineta de esgrimir o florete como Grisier, a espada com Saint-Georges, ou de atirar à pistola como Junot; metemos uma bala de carabina no alvo com a mesma perícia de um atirador aos pombos de Monte Carlo; entregamo-nos aos exercícios físicos com todo o fervor de nossas almas e de nossos nervos; [...]. Honramo-nos de possuir escola de toureio e velódromos, as grandes solenidades hípicas das corridas cavalares e o pedestreanismo – o diabo a quatro!"
PINTO DE CARVALHO (Tinop). Lisboa d’outros tempos, II, Os Cafés, 1899. Edição fac-similada, Lisboa: Fenda Edições, 1991, p.248-249. Foto: “Almada Negreiros: O que Nunca Ninguém Soube que Houve” é o título da exposição que está no Museu da Electricidade até 29 de Março de 2015, ano em que se assinala o centenário da revista Orpheu, na qual Almada teve uma participação fundamental. A mostra integra cerca de 70 obras inéditas e expostas agora pela primeira vez, de um dos mais importantes artistas portugueses do século XX. São desenhos, pinturas e livros de Almada Negreiros (1893-1970), provenientes do espólio da família, de coleções privadas e de instituições públicas. 23 de Fevereiro de 2015 |
Conversa Fiada
Isto de se atribuir classificações, avaliações, prémios, estrelas a filmes, livros, actores, cineastas ou artistas tem muito que se lhe diga. Tenho muita dificuldade em assistir a esta competição. Notas artísticas... dadas por quem? Na ginástica ou natação sincronizada...
O melhor filme do ano! Óscar para o melhor actor! Nobel para o melhor escritor!
A história do cinema está cheia de filmes arrasados pela critica e ignorados pelos Óscares que depois o tempo encarrega-se de os colocar no devido lugar. O mesmo acontece com os prémios Nobel.
Neste particular a critica de cinema (e de literatura,...e de pintura...) dá para tudo. Havia um realizador de cinema que afirmava: "antes de escrever uma critica deve primeiro contar a história da sua vida." Não é que isso sirva para alguma coisa mas pelo menos sabíamos de onde vinha.
Um amigo que partilha a paixão pelo cinema contou-me que havia um critico que lia em tempos apenas para ir ver os filmes que este dizia mal... quase sempre o meu amigo gostava do filme.
A critica de cinema em Portugal está naquele nível do "gosto ou não gosto". Tirando raras excepções (como Eurico de Barros) os críticos português "dizem coisas" e muitas vezes fica bem "arrasar". Quanto mais melhor.
Foi o o que aconteceu com o Birdman do mexicano Alejandro González Iñárritu.
Uma estrela quer dizer "medíocre". Foi a classificação dos críticos do jornal o Público. Pela duvida podia ter levado duas estrelas (razoável) mas não foi mesmo MEDÍOCRE.
Jorge Mourinha, a 08/01/2015, não tem duvidas sobre o Birdman: "O realizador de Amor Cão e Babel afoga o que podia ter sido um excelente filme numa demonstração algo fútil de virtuosismo formal. Birdman dá de bandeja aos actores personagens em ouro para logo a seguir os impedir de brilhar, afogados no virtuosismo de uma conceptualização formal que se esgota muito mais depressa do que o realizador parece pensar. É um triunfo conceptual que desbarata praticamente todos os muitos trunfos que tinha na mão; mas a câmara em movimento dá tanto nas vistas que há muito quem embarque na sua conversa fiada."
Pelo que já disse antes, não perco uma noite de sono para ver os Óscares, mas fartei-me de rir quando, hoje de manhã, soube que o filme de Iñárritu chamou a si prémios de maior incidência dramática (Fotografia, Argumento Original, Realização e, finalmente, Melhor Filme). Muito bom. Um filme MEDÍOCRE a vencer tantos galardões da academia.
O que é curioso no argumento do Birdman é que aborda, entre inúmeros temas, o papel dos críticos.
23 de Fevereiro de 2015
"Ténis? Não, obrigado. O meu desporto é matar pessoas."
Strangers on a Train
Nas célebres conversas com Hitchcock, François Truffaut sublinha que um dos aspectos mais fascinantes deste filme é a manipulação do tempo, nomeadamente na famosa cena da partida de ténis que ocorre no fim do filme. Guy tem que vencer a todo custo, e o mais rápido possível, para chegar antes ao local do crime e provar sua inocência. Hitchcock explora como poucos os movimentos, além de se mostrar grande conhecedor das regras, uma vez que se utiliza da dinâmica do jogo ténis para aumentar a tensão da obra. A estrela de ténis, Guy, odeia a sua infiel esposa. O misterioso Bruno odeia o seu pai. Perfeito para proposta vantajosa: eu mato o teu, tu matas a minha. (O Desconhecido do Norte-Expresso, de Hitchcock, com base no primeiro romance de Patricia Highsmith, 1951) |
...em que se vai até à falta de fôlego
"Correr, mesmo no mais breve dos percursos, ser-me-ia hoje tão impossível como uma pesada estátua, um César de pedra, mas lembro-me das minhas corridas de criança nas colinas secas de Espanha, do desafio connosco mesmo em que se vai até à falta de fôlego, na certeza de que o coração perfeito e os pulmões intactos restabelecerão o equilíbrio, e tenho uma compreensão, que a inteligência só por si não me daria, do mais insignificante atleta que se exercita na corrida ao longo do estádio. Assim, de cada arte praticada no seu tempo, tiro o conhecimento que me compensa em parte dos prazeres perdidos. Acreditei, e nos bons momentos acredito ainda, que seria possível partilhar desta maneira a existência de todos, e esta simpatia uma das espécies menos revogáveis da imoralidade."
Memórias de Adriano Marguerite Yourcenar Página 15 |
"Desinvestimento cada vez maior da Educação Física nas escolas"
"Em todo o lado ouvimos falar da importância de praticar actividade física e combater o sedentarismo, porque é que nas escolas assistimos exactamente ao oposto?", questionam os professores de Educação Física no jornal "Público".
"Redução da carga horária da EF no 3.º ciclo (do 7.º ao 9.º anos, em que passou a fazer parte de uma áreade Expressões e Tecnologias) e no secundário (do 9.º ao 12.º, em que passou de 180 minutos semanais para 150)."
"Os adultos em Portugal, para além de fazerem muito pouca actividade física, são, na Europa, os que se mostram menos preocupados com essa questão. Na Finlândia, cerca de 70% fazem actividade física com regularidade, mas mesmo assim consideram que deviam fazer mais, enquanto em Portugal só 20% fazem, mas acham que já fazem o suficiente.”
"Dados sobre a prática do Desporto Escolar que lhe permitiram chegar à conclusão que este é praticado por apenas 14% dos alunos. E o que acontece com os outros 86% se não houver uma disciplina de EF no currículo?"
foto:Escola São Miguel , Viseu, 1913
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/educacao-fisica-nas-escolas-o-elo-mais-fraco-1681012?page=-1
"Redução da carga horária da EF no 3.º ciclo (do 7.º ao 9.º anos, em que passou a fazer parte de uma áreade Expressões e Tecnologias) e no secundário (do 9.º ao 12.º, em que passou de 180 minutos semanais para 150)."
"Os adultos em Portugal, para além de fazerem muito pouca actividade física, são, na Europa, os que se mostram menos preocupados com essa questão. Na Finlândia, cerca de 70% fazem actividade física com regularidade, mas mesmo assim consideram que deviam fazer mais, enquanto em Portugal só 20% fazem, mas acham que já fazem o suficiente.”
"Dados sobre a prática do Desporto Escolar que lhe permitiram chegar à conclusão que este é praticado por apenas 14% dos alunos. E o que acontece com os outros 86% se não houver uma disciplina de EF no currículo?"
foto:Escola São Miguel , Viseu, 1913
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/educacao-fisica-nas-escolas-o-elo-mais-fraco-1681012?page=-1
Certa noite [quando tinha onze anos] o meu irmão Philly pede-me que lhe prometa um coisa.
Claro, Philly. Qualquer coisa. Nunca deixes o pai dar-te comprimidos. Comprimidos? Andre, presta atenção ao que te estou a dizer. É muito importante. Está bem. Philly, estou a ouvir. Estou a ouvir. D próxima vez que fores jogar os Nacionais, se o pai te der comprimidos, não os tomes. Ele já me tem dado Excedrin, Philly. Manda-me tomar Excedrin antes dos encontros porque tem muita cafeína. Sim, eu sei. Mas estes comprimidos de que te estou a falar são diferentes. Estes são pequenos, brancos, redondos. Não os tomes. Faças o que fizeres. E se o pai me obrigar? Não posso dizer que não ao pai. Pois. Eu sei. Deixa-me pensar. Philly fecha os olhos.Vejo o sangue subir-lhe para a testa, deixando-a vermelha escura. Muito bem, diz. Já sei. Se tiveres de tomar os comprimidos, se ele te obrigar a tomá-los, joga mal. Perde de propósito. Depois quando saires do court, diz-lhe que estavas a tremer tanto que não te conseguiste concentrar. Está bem. Mas, Philly, que comprimidos são esses? 'Spedd'. O que é isso? É uma droga. Dá montes de energia. Eu sei que ele vai tentar fazer que tomes 'speed'. Como é que sabes, Philly? Fez o mesmo comigo. André Agassi Open - A minha história. Página 86. |
"Se os nossos dirigentes e os responsáveis políticos não têm conhecimentos concretos do Desporto é porque não querem aprender ou sequer ler! A literacia sobre o Desporto é consequência de uma atitude tomada em consciência por aqueles que desprezam a Cultura. Não é portanto de espantar que o nosso Desporto continue a ser 'gerido' como acontecia em 1950!"
"Chega-se a dirigente desportivo, numa determina modalidade desportiva, vinte ou trinta anos depois de se ter abandonado a 'carreira' (?) de praticante ou aceita-se ser dirigente sem ter vivido qualquer de praticante da modalidade que vai ser a sua área de intervenção! O saber da modalidade desportiva que tais dirigentes vão utilizar não passa de um conhecimento empírico e rudimentar de tudo o que caracteriza essa modalidade. A cultura desportiva que dá suporte a todos os comportamentos e atitudes assumidos por esses dirigentes é na prática inexistente. Tais dirigentes vão fazer aquilo que no seu tempo de praticantes viram fazer ou supõem que se fazia. O nível de preparação para dirigir a modalidade é muito pobre e confunde o poder com liderança." Teotónio Lima em "De Jogador a Treinador - Um contributo para a história do treino e da pedagogia do desporto" Livro apresentado no COP a no dia 28 de outubro de 2014 Diplomado, em 1953/54, pelo Instituto Nacional de Educação Física, o Professor Teotónio Lima afirmou-se como técnico de basquetebol em clubes como Instituto Superior Técnico, Atlético Clube de Portugal, Associação de Educação Física e Desportiva de Torres Vedras, Clube de Futebol “Os Belenenses” e, por último no Sport Lisboa e Benfica. Faleceu no dia 10 de Janeiro aos 88 anos. |
"Tudo se treina e o saber estar e ser, em enquadramentos competitivos, é fundamental para qualquer ser humano. Costumo defender que a oposição é um factor de progresso, o erro um meio de aprendizagem fundamental e o insucesso, o verdadeiro caminho que nos poderá levar um dia ao sucesso que almejamos. Só alcançaremos o êxito que perseguimos, se treinarmos quanto baste e soubermos resistir à frustração que o insucesso sempre provoca." "Num determinado momento em que me dirigia aos profissionais da equipa que treinava, senti que um dos veteranos da equipa procurava dizer-me algo ao ouvido. Aproximei-me dele e sussurrou-me, “Energize, do not criticize!”. E como ele tinha razão! Em vez de incentivar e apontar novos caminhos e soluções para ajudar a equipa sair do mau momento que estava a passar, estava a limitar-me a criticar sem sentido e, por isso mesmo, a acentuar a atitude negativa de alguns jogadores. Foi uma enorme lição acerca da importância contida nas atitudes e comportamentos de quem lidera e do impacto que têm naqueles que dirigimos." O Professor Jorge Araújo foi treinador profissional de basquetebol durante 38 anos, selecionador nacional e várias vezes campeão nacional. Hoje em dia é uma referência em matéria de coaching individual e de equipas em contexto empresarial. Apresentação do livro “Tudo se Treina”, da autoria do Professor Jorge Araújo, decorreu hoje na sede do Comité Olímpico de Portugal. 30 de Maio de 2014 |
A Maia, Cidade Europeia do Desporto, apresentou o Programa Nacional de Desporto para Todos, uma iniciativa desenvolvida pelo Governo em estreita colaboração com diversos agentes desportivos.O secretário de Estado do Desporto, Emídio Guerreiro, esclareceu que o programa assenta em três pilares distintos: "o desenvolvimento desportivo, a educação e formação e a saúde". Onze museus, palácios e monumentos do país vão aumentar o preço dos bilhetes entre 50 cêntimos e três euros a partir de 01 de junho, indicou hoje a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC)à agência Lusa. Será criado pela primeira vez um bilhete destinado às famílias numerosas, e segundo a DGPC, as entradas gratuitas aos domingos de manhã vão passar a ser alargadas a todo o dia. LUSA https://www.youtube.com/watch?v=vWRPMW-bjyc 19 de Maio de 2014 |
Ainda há quem diga: "Portugal tem doutores a mais"
OCDE volta a sublinhar baixas qualificações dos portugueses
Relatório da OCDE sobre educação apresenta retrato negro de Portugal
Portugal é um dos países da OCDE onde mais tem crescido o número de jovens que não estudam nem trabalham. É a chamada geração dos "nem-nem", que representa cerca de 17 por cento da população, na faixa etária entre os 15 e os 29 anos. Esta conclusão está no relatório anual sobre educação da OCDE, que analisou ao pormenor as consequências da crise económica.
Portugal tem ainda a terceira mais alta proporção da OCDE de jovens com baixas qualificações. Na população entre os 25 e os 34 anos, 39% das pessoas não estudaram para lá do ensino secundário.
De acordo com os dados de 2011, 58% dos adultos portugueses entre os 25 e os 34 anos tinham pelo menos o 12º, enquanto na OCDE a média ascende aos 82%. No que respeita ao ensino superior, o valor para Portugal é de 28%, contra uma média nos países da organização de 39%.
Apesar das mudanças ao nível do ensino profissional, o relatório não deixa de dar atenção às limitações da Educação nacional. A OCDE identifica, desde logo, limitações ao financiamento (a parcela do PIB destinada ao ensino fica aquém da do conjunto dos 34 países avaliados) e à autonomia das escolas, colocada também abaixo da média. Tendo em conta o baixo nível de qualificações dos portugueses, o documento defende ainda que o país deve incluir nos seus objectivos o aumento do número dos que completam o ensino secundário e a educação de nível superior.
90% das reformas não são avaliadas
Em comunicado, o Ministério da Educação destaca a importância que a OCDE dá à sua reforma do ensino profissionalizante, nomeadamente com a criação dos cursos vocacionais no básico e secundário.
Ao longo de mais de 300 páginas, a OCDE olha para esta e outros 450 programas e medidas postos em prática entre 2008 e 2014 e com o objetivo de melhorar os resultados dos alunos, as escolas e qualidade do ensino. Mais ou menos bem sucedidas, o que a organização conclui é que em 90% dos casos o impacto das medidas nem sequer chega a ser avaliado. "Avaliar os resultados não só traria poupanças a longo prazo, como seria essencial para adotar medidas de política educativa mais bem sucedidas e eficazes", alerta-se no relatório.
19 de Janeiro de 2015
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/relatorio-da-ocde-sobre-a-educacao-o-diagnostico-de-sempre-mas-um-elogio-novo=f907043#ixzz3PHuaVyQH
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=765437&tm=8&layout=122&visual=61
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/aposta-de-crato-no-ensino-profissional-destacada-pela-ocde-1682660
Relatório da OCDE sobre educação apresenta retrato negro de Portugal
Portugal é um dos países da OCDE onde mais tem crescido o número de jovens que não estudam nem trabalham. É a chamada geração dos "nem-nem", que representa cerca de 17 por cento da população, na faixa etária entre os 15 e os 29 anos. Esta conclusão está no relatório anual sobre educação da OCDE, que analisou ao pormenor as consequências da crise económica.
Portugal tem ainda a terceira mais alta proporção da OCDE de jovens com baixas qualificações. Na população entre os 25 e os 34 anos, 39% das pessoas não estudaram para lá do ensino secundário.
De acordo com os dados de 2011, 58% dos adultos portugueses entre os 25 e os 34 anos tinham pelo menos o 12º, enquanto na OCDE a média ascende aos 82%. No que respeita ao ensino superior, o valor para Portugal é de 28%, contra uma média nos países da organização de 39%.
Apesar das mudanças ao nível do ensino profissional, o relatório não deixa de dar atenção às limitações da Educação nacional. A OCDE identifica, desde logo, limitações ao financiamento (a parcela do PIB destinada ao ensino fica aquém da do conjunto dos 34 países avaliados) e à autonomia das escolas, colocada também abaixo da média. Tendo em conta o baixo nível de qualificações dos portugueses, o documento defende ainda que o país deve incluir nos seus objectivos o aumento do número dos que completam o ensino secundário e a educação de nível superior.
90% das reformas não são avaliadas
Em comunicado, o Ministério da Educação destaca a importância que a OCDE dá à sua reforma do ensino profissionalizante, nomeadamente com a criação dos cursos vocacionais no básico e secundário.
Ao longo de mais de 300 páginas, a OCDE olha para esta e outros 450 programas e medidas postos em prática entre 2008 e 2014 e com o objetivo de melhorar os resultados dos alunos, as escolas e qualidade do ensino. Mais ou menos bem sucedidas, o que a organização conclui é que em 90% dos casos o impacto das medidas nem sequer chega a ser avaliado. "Avaliar os resultados não só traria poupanças a longo prazo, como seria essencial para adotar medidas de política educativa mais bem sucedidas e eficazes", alerta-se no relatório.
19 de Janeiro de 2015
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/relatorio-da-ocde-sobre-a-educacao-o-diagnostico-de-sempre-mas-um-elogio-novo=f907043#ixzz3PHuaVyQH
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=765437&tm=8&layout=122&visual=61
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/aposta-de-crato-no-ensino-profissional-destacada-pela-ocde-1682660
Capas de homenagem ao Charlie Hebdo
http://www.publico.pt/multimedia/fotogaleria/as-capas-de-homenagem-ao-charlie-hebdo-343435#/8
http://visao.sapo.pt/recorde-algumas-capas-polemicas-do-charlie-hebdo=f806244
Olimpismo & Guerra Fria |
A imagem e a reputação |
III CONGRESSO de HISTÓRIA e Desporto
DESPORTO E GUERRA "As hostilidades no âmbito da guerra-fria aconteceram pela primeira vez nos JO de Helsínquia (1952) onde a URSS, pelos resultados conseguidos, demonstrou que a supremacia dos EUA sobre as medalhas olímpicas estava a chegar ao fim. A partir de então desencadeou-se uma competição desenfreada entre as duas grandes potências que começaram a fazer do número de medalhas conquistadas a bandeira da sua supremacia ideológica." DESTAQUE: 30 de maio, sexta-feira (16.45) Olimpismo & Guerra Fria Gustavo Pires (Faculdade de Motricidade Humana, Portugal) Por ocasião do centenário da Grande Guerra (1914-1918), que constituiu uma rutura profunda no percurso da história contemporânea portuguesa, europeia e mundial, o III Congresso de História e Desporto é dedicado à temática Desporto e Guerra. Este congresso é organizado pelo Grupo História e Desporto, do Instituto de História Contemporânea (IHC) |
«A reputação de uma organização assume, hoje, uma importância de tal ordem que os seus lideres se vêem obrigados a afectar mais recursos para a manter em níveis elevados. É indispensável que se trabalhe no sentido de prolongar o mais possível o "estado de graça" de uma organização, fazendo com que exista uma auréola positiva em seu redor. Uma cobertura negativa por parte dos órgãos de comunicação, a perda de confiança de todos os agentes que com ela se relacionam, o desabamento do moral dos funcionários e colaboradores são rastilhos de pólvora que incendeiam a intriga, o boato, a controvérsia, com todos os malefícios daí resultantes.
A imagem de uma federação desportiva é o fruto do trabalho e da comunicação diária e de todas as opiniões veiculadas por aqueles que com ela contactam regularmente(...). Ou seja, a imagem entendida como a montra exterior da organização é um dos principais factores de sobrevivência face à concorrência. Se a imagem é positiva gera-se uma reputação, uma confiança e um retorno que colocam a organização entre as melhores para todos os que com ela se relacionam e interagem. Actualmente vive-se num mundo de "show me", um período que exige das organizações maior abertura e transparência.» Num país desportivo, onde muito se critica (nas redes sociais) de "forma emotiva" mas pouco se publica de "forma pensada", António Nobre, na sua obra "Atletismo Português, Gestão da Crise de Valores, Editorial Caminho, 2005", partilha uma das mais importantes e lúcidas reflexões sobre o desporto federado em Portugal e o Atletismo em particular. Antevendo a crise da sociedade portuguesa e do desporto em particular, a actualidade da sua obra, quase 10 anos após a sua publicação, permitem-nos afirmar com convicção que se trata de um livro ainda hoje de leitura obrigatória para dirigentes, treinadores e... atletas. Nas matérias que aborda - que vão desde a comunicação, estratégia, gestão de recursos e financiamento - o autor não se limita a identificar os factores que apontavam, já antes de 2005, para um realidade que iria levar ao actual estado do Atletismo em Portugal mas a sugerir caminhos que, no seu entender, poderiam, pelo menos, minimizar os efeitos de uma crise anunciada. |
“Haja quem divulgue”
- Valor acrescentado da modalidade
- Formas de divulgação
- Parceiros privilegiados
- Media a quanto obrigas
- Quanto custa e o que vale a divulgação.
A comunicação social tradicional – jornais, televisões, rádios - vive hoje uma das suas mais profundas crises: A tirania das audiências; A quebra acentuada de vendas; O nivelamento por baixo na produção de conteúdos; A descredibilização da informação; A descaracterização das redacções; A falta de memória. Enfim, existem inúmeros fatores que podem explicar essa crise.
Os Media vivem uma perturbadora deriva nas sociedades democráticas que não é interpretada de forma consensual pelos próprios agentes que a dirigem,produzem e consomem: grupos de imprensa, jornalistas e público.
Em Portugal o problema agudizou-se na última década também porque os níveis de escolaridade são ainda muito baixos. Os hábitos de leitura são reduzidos.Portanto, a tendência para o consumo de informação de qualidade é muito residual na nossa população.
Isto, paradoxalmente, quando a passamos de dois canais de televisão pública para uma oferta sem limites. De dois trissemanários desportivos para três diários. De inúmeros programas nas televisões públicas e privadas. De canais de clubes. De ‘sites’ especializados.
Sem querermos generalizar e ser demasiado simplistas na nossa análise, a tentação e a tendência tem sido sempre para nivelar por baixo na qualidade dos conteúdos produzidos por jornais, tv e rádios. Hoje o problema não é falta de informação mas de excesso (de má) informação. E, no caso do desporto, a total “futebolização” naquilo que o conceito tem de pior: a clubite, o fanatismo, debates intermináveis sobre o “fora de jogo”.
Tudo isto agravado com as dificuldades económicas que todos nós estamos a viver, impedindo a grande parte da população de investir nessa informação de qualidade que está disponível em outros meios como a ‘Internet’.
Esta crise dos meios de comunicação social tradicionais está ainda diretamente relacionada com o desenvolvimento e a dificuldade de adaptação a esse novo universo que é a ‘Internet’. Ai está, tudo indica, o futuro da comunicação. Como se irá processar na próxima década é o grande desafio de novos e velhos órgãos de imprensa. Só entendendo essa realidade é que podemos tirar melhor partido do fenómeno, tanto como promotores de comunicação como consumidores.
- Valor acrescentado da modalidade
Seguindo o guião proposto por Alexandre Monteiro, presidente da Associação Nacional de Atletas veteranos (ANAV) para o Dia do Atletismo Masters ‘Professor Moniz Pereira’, defendemos que é neste cenário de “revolução mediática” que o Atletismo Masters terá que competir ao seu melhor nível pela sua promoção e visibilidade.
Apesar da realidade anteriormente descrita, estou profundamente convencido que, apesar da crise, vivemos um momento de grandes oportunidades para podermos divulgar, promover e fazer chegar a modalidade a espaços,leitores e públicos que tradicionalmente estão longe do Atletismo.
O desporto para veteranos e o Atletismo Masters em particular tem um potencial de interesse e crescimento junto das populações já perfeitamente verificável naquilo que é o movimento da corrida e do crescimento do desporto em Portugal assim como nascimento de inúmeros ‘sites’ e revistas que abordam esses temas. Ainda estamos longe dos níveis de prática de atividade física da média europeia. Mas quando olhamos para a realidade é fácil constatar o interesse por essa mesma prática nos escalões de veteranos, há muito a maioria dos participantes em grandes eventos de corridas.
Como chegar a essas pessoas e convida-las para integrarem a“Família do Atletismo”, divulgar as nossas iniciativas e dar a conhecer os feitos dos nossos campeões é o grande desafio da modalidade e da ANAV.
- Formas de divulgação
Hoje, as instituições, os clubes, as federações, as associações e os atletas não podem estar (já não estão), reféns da ditadura dos‘Media’ tradicionais onde quase se tem de mendigar uma pequena notícia para divulgara conquista de uma medalha de ouro mundial ou europeia. Os protagonistas e as instituições que os representam terão de ter uma atitude mais ativa na forma como fazem chegar a informação aos seus adeptos e leitores. Não basta obter resultados de grande nível – e nisso o Atletismo Masters é um exemplo – há que fazer chegar essa informação ao grande público. E hoje há um universo de possibilidades.
Os grandes clubes de futebol já perceberam isso com a criação das suas próprias TV´s, sites e jornais. As federações como são os casos da Canoagem, Triatlo, Natação, Ginástica e mesmo o Atletismo investem em gabinetes de comunicação cada vez mais ‘agressivos’ que produzem os seus próprios conteúdos. Há Federações que, na ausência de jornalistas nas suas competições internacionais, criam vídeos, que colocam nos seus sites. Enviam informação para as redações. Muitos atletas criaram já os seus próprios espaços de divulgação na ‘internet’ (sites, blogues) nas redes sociais (fecebook, twitter ,tumbler etc, etc, etc).
Apesar do futebol ocupar regularmente mais de 70% do espaço mediático tradicional (o que nos indigna) defendemos que é uma luta desigual que não devemos travar. Esse não é o nosso adversário mediático. A luta pela mediatização é feita com os resultados de excelências dos atletas em confronto com outras modalidades - muitas delas fora do movimento olímpico como os desportos radicais - que acordaram muito mais cedo que o Atletismo para esta realidade.
- Parceiros privilegiados
Os jornalistas não devem ser encarados como adversários ou inimigos dos atletas ou das instituições. Claro que nos irrita, por vezes, a sua baixa cultura geral e desportiva, em particular. Temos de ter consciência que hoje os jornais, os programas de rádio e TV são feitos por jovens colaboradores e estagiários, pouco experientes, que se desdobram em múltiplas tarefas a uma velocidade que claramente hipoteca a qualidade das notícias. Isso não desculpa o mau profissionalismo que se verifica nos ‘Media’, como, aliás, em outras profissões. Assim como não nos deve inibir de discutir critérios editoriais.
Os problemas entre os desportistas e os produtores de conteúdos, como agora são conhecidos, sempre existiram e continuarão a existir.Cabe também às instituições desportivas e aos atletas a capacidade de fazer passar as suas mensagens. Para isso é necessária uma estratégia de comunicação,inexistente nas carreiras dos atletas e em muitas das instituições desportivas.
Ao contrário, por exemplo, o alpinista João Garcia e o ultramaratonista Carlos Sá tem há muito essa estratégia bem definida, apoiada em especialistas em comunicação, com os resultados que conhecemos. Sabem como ninguém valorizar as suas imagens. Por mais que nos possa custar a aceitar são tão populares como os melhores atletas federados.
Modalidades que vivem de patrocinadores há muito que perceberam essa realidade, como é o caso do ciclismo e dos desportos motorizados onde, como jornalistas, sempre encontrámos uma forma positiva de relacionamento com a comunicação social ao contrário da nossa modalidade de formação, que é o Atletismo. Também por isso conseguem chegar ao público que de outra forma seria impossível. Há um trabalho que leva anos a realizar mas que tem que ser feito.
- Media a quanto obrigas
Os atletas, os clubes e as federações tem de incorporar essa cultura nas suas práticas. Há o momento para o treino, para a competição, para descansar, para estar com a família mas também para trabalhar a imagem de cada um dos atletas. Não há modalidade com mais medalhas conquistadas em Portugal que o Atletismo no escalão de seniores e veteranos e todavia outras modalidades conseguem mais espaço mediático. Nesta voragem do tempo, repito, não basta fazer resultados de grande nível como os nossos melhores atletas o fazem. Temos de fazer chegar essa informação às redações. Porque se não o fizermos outros vão ocupar o pouco espaço que existe para as modalidades.
- Quanto custa e o que vale a divulgação.
Hoje, pela nossa experiência de mais de 20 anos de jornalismo,temos consciência que um excelente atleta poderá minimizar os seus resultados se não souber ou não for capaz de potenciar o seu relacionamento com a comunicação social. Temos muitos exemplos no passado e no presente de atletas que claramente não foram capazes de sair da conflitualidade ou da indiferença.Enquanto outros até de menor valor pela sua personalidade superaram as dificuldades de comunicação e valorizaram os seus feitos desportivos. Quando se vive de patrocinadores isso faz toda a diferença. Mas também, há atletas que passados muitos anos ainda sofrem os efeitos de erradas estratégias de comunicação.
Nesse sentido, e em jeito de síntese, diríamos que, por exemplo, Carlos Lopes e Rosa Mota, atletas de excelência no plano competitivo, foram, em simultâneo, capazes de passar uma imagem muito positiva fora das pistas que ainda hoje perdura. Enquanto Fernando Mamede ou Fernanda Ribeiro, pelas suas personalidades, viram as suas carreiras marcadas por uma clara dificuldade nestas áreas, apesar de serem igualmente excelentes atletas e pessoas simpáticas no plano privado.
Os atletas não podem ser deixados isolados nesta relação com os ‘Media’. É necessário a criação por parte das instituições que integram de assessorias e gabinetes de comunicação que os enquadre, apoie e defenda num trabalho continuado e não apenas nas grandes competições.
Uma relação de proximidade com a comunicação social com regras bem definidas é fundamental e isso só se consegue com conhecimento e respeito pelo trabalho e o papel de ambos os lados.
Os nosso atletas veteranos têm obtido resultados de alto nível internacional que merecem ser conhecidos, promovidos e apreciados junto dos portugueses. Pelo seu elevado valor simbólico são verdadeiros exemplos de vida para todos nós.
- Valor acrescentado da modalidade
- Formas de divulgação
- Parceiros privilegiados
- Media a quanto obrigas
- Quanto custa e o que vale a divulgação.
A comunicação social tradicional – jornais, televisões, rádios - vive hoje uma das suas mais profundas crises: A tirania das audiências; A quebra acentuada de vendas; O nivelamento por baixo na produção de conteúdos; A descredibilização da informação; A descaracterização das redacções; A falta de memória. Enfim, existem inúmeros fatores que podem explicar essa crise.
Os Media vivem uma perturbadora deriva nas sociedades democráticas que não é interpretada de forma consensual pelos próprios agentes que a dirigem,produzem e consomem: grupos de imprensa, jornalistas e público.
Em Portugal o problema agudizou-se na última década também porque os níveis de escolaridade são ainda muito baixos. Os hábitos de leitura são reduzidos.Portanto, a tendência para o consumo de informação de qualidade é muito residual na nossa população.
Isto, paradoxalmente, quando a passamos de dois canais de televisão pública para uma oferta sem limites. De dois trissemanários desportivos para três diários. De inúmeros programas nas televisões públicas e privadas. De canais de clubes. De ‘sites’ especializados.
Sem querermos generalizar e ser demasiado simplistas na nossa análise, a tentação e a tendência tem sido sempre para nivelar por baixo na qualidade dos conteúdos produzidos por jornais, tv e rádios. Hoje o problema não é falta de informação mas de excesso (de má) informação. E, no caso do desporto, a total “futebolização” naquilo que o conceito tem de pior: a clubite, o fanatismo, debates intermináveis sobre o “fora de jogo”.
Tudo isto agravado com as dificuldades económicas que todos nós estamos a viver, impedindo a grande parte da população de investir nessa informação de qualidade que está disponível em outros meios como a ‘Internet’.
Esta crise dos meios de comunicação social tradicionais está ainda diretamente relacionada com o desenvolvimento e a dificuldade de adaptação a esse novo universo que é a ‘Internet’. Ai está, tudo indica, o futuro da comunicação. Como se irá processar na próxima década é o grande desafio de novos e velhos órgãos de imprensa. Só entendendo essa realidade é que podemos tirar melhor partido do fenómeno, tanto como promotores de comunicação como consumidores.
- Valor acrescentado da modalidade
Seguindo o guião proposto por Alexandre Monteiro, presidente da Associação Nacional de Atletas veteranos (ANAV) para o Dia do Atletismo Masters ‘Professor Moniz Pereira’, defendemos que é neste cenário de “revolução mediática” que o Atletismo Masters terá que competir ao seu melhor nível pela sua promoção e visibilidade.
Apesar da realidade anteriormente descrita, estou profundamente convencido que, apesar da crise, vivemos um momento de grandes oportunidades para podermos divulgar, promover e fazer chegar a modalidade a espaços,leitores e públicos que tradicionalmente estão longe do Atletismo.
O desporto para veteranos e o Atletismo Masters em particular tem um potencial de interesse e crescimento junto das populações já perfeitamente verificável naquilo que é o movimento da corrida e do crescimento do desporto em Portugal assim como nascimento de inúmeros ‘sites’ e revistas que abordam esses temas. Ainda estamos longe dos níveis de prática de atividade física da média europeia. Mas quando olhamos para a realidade é fácil constatar o interesse por essa mesma prática nos escalões de veteranos, há muito a maioria dos participantes em grandes eventos de corridas.
Como chegar a essas pessoas e convida-las para integrarem a“Família do Atletismo”, divulgar as nossas iniciativas e dar a conhecer os feitos dos nossos campeões é o grande desafio da modalidade e da ANAV.
- Formas de divulgação
Hoje, as instituições, os clubes, as federações, as associações e os atletas não podem estar (já não estão), reféns da ditadura dos‘Media’ tradicionais onde quase se tem de mendigar uma pequena notícia para divulgara conquista de uma medalha de ouro mundial ou europeia. Os protagonistas e as instituições que os representam terão de ter uma atitude mais ativa na forma como fazem chegar a informação aos seus adeptos e leitores. Não basta obter resultados de grande nível – e nisso o Atletismo Masters é um exemplo – há que fazer chegar essa informação ao grande público. E hoje há um universo de possibilidades.
Os grandes clubes de futebol já perceberam isso com a criação das suas próprias TV´s, sites e jornais. As federações como são os casos da Canoagem, Triatlo, Natação, Ginástica e mesmo o Atletismo investem em gabinetes de comunicação cada vez mais ‘agressivos’ que produzem os seus próprios conteúdos. Há Federações que, na ausência de jornalistas nas suas competições internacionais, criam vídeos, que colocam nos seus sites. Enviam informação para as redações. Muitos atletas criaram já os seus próprios espaços de divulgação na ‘internet’ (sites, blogues) nas redes sociais (fecebook, twitter ,tumbler etc, etc, etc).
Apesar do futebol ocupar regularmente mais de 70% do espaço mediático tradicional (o que nos indigna) defendemos que é uma luta desigual que não devemos travar. Esse não é o nosso adversário mediático. A luta pela mediatização é feita com os resultados de excelências dos atletas em confronto com outras modalidades - muitas delas fora do movimento olímpico como os desportos radicais - que acordaram muito mais cedo que o Atletismo para esta realidade.
- Parceiros privilegiados
Os jornalistas não devem ser encarados como adversários ou inimigos dos atletas ou das instituições. Claro que nos irrita, por vezes, a sua baixa cultura geral e desportiva, em particular. Temos de ter consciência que hoje os jornais, os programas de rádio e TV são feitos por jovens colaboradores e estagiários, pouco experientes, que se desdobram em múltiplas tarefas a uma velocidade que claramente hipoteca a qualidade das notícias. Isso não desculpa o mau profissionalismo que se verifica nos ‘Media’, como, aliás, em outras profissões. Assim como não nos deve inibir de discutir critérios editoriais.
Os problemas entre os desportistas e os produtores de conteúdos, como agora são conhecidos, sempre existiram e continuarão a existir.Cabe também às instituições desportivas e aos atletas a capacidade de fazer passar as suas mensagens. Para isso é necessária uma estratégia de comunicação,inexistente nas carreiras dos atletas e em muitas das instituições desportivas.
Ao contrário, por exemplo, o alpinista João Garcia e o ultramaratonista Carlos Sá tem há muito essa estratégia bem definida, apoiada em especialistas em comunicação, com os resultados que conhecemos. Sabem como ninguém valorizar as suas imagens. Por mais que nos possa custar a aceitar são tão populares como os melhores atletas federados.
Modalidades que vivem de patrocinadores há muito que perceberam essa realidade, como é o caso do ciclismo e dos desportos motorizados onde, como jornalistas, sempre encontrámos uma forma positiva de relacionamento com a comunicação social ao contrário da nossa modalidade de formação, que é o Atletismo. Também por isso conseguem chegar ao público que de outra forma seria impossível. Há um trabalho que leva anos a realizar mas que tem que ser feito.
- Media a quanto obrigas
Os atletas, os clubes e as federações tem de incorporar essa cultura nas suas práticas. Há o momento para o treino, para a competição, para descansar, para estar com a família mas também para trabalhar a imagem de cada um dos atletas. Não há modalidade com mais medalhas conquistadas em Portugal que o Atletismo no escalão de seniores e veteranos e todavia outras modalidades conseguem mais espaço mediático. Nesta voragem do tempo, repito, não basta fazer resultados de grande nível como os nossos melhores atletas o fazem. Temos de fazer chegar essa informação às redações. Porque se não o fizermos outros vão ocupar o pouco espaço que existe para as modalidades.
- Quanto custa e o que vale a divulgação.
Hoje, pela nossa experiência de mais de 20 anos de jornalismo,temos consciência que um excelente atleta poderá minimizar os seus resultados se não souber ou não for capaz de potenciar o seu relacionamento com a comunicação social. Temos muitos exemplos no passado e no presente de atletas que claramente não foram capazes de sair da conflitualidade ou da indiferença.Enquanto outros até de menor valor pela sua personalidade superaram as dificuldades de comunicação e valorizaram os seus feitos desportivos. Quando se vive de patrocinadores isso faz toda a diferença. Mas também, há atletas que passados muitos anos ainda sofrem os efeitos de erradas estratégias de comunicação.
Nesse sentido, e em jeito de síntese, diríamos que, por exemplo, Carlos Lopes e Rosa Mota, atletas de excelência no plano competitivo, foram, em simultâneo, capazes de passar uma imagem muito positiva fora das pistas que ainda hoje perdura. Enquanto Fernando Mamede ou Fernanda Ribeiro, pelas suas personalidades, viram as suas carreiras marcadas por uma clara dificuldade nestas áreas, apesar de serem igualmente excelentes atletas e pessoas simpáticas no plano privado.
Os atletas não podem ser deixados isolados nesta relação com os ‘Media’. É necessário a criação por parte das instituições que integram de assessorias e gabinetes de comunicação que os enquadre, apoie e defenda num trabalho continuado e não apenas nas grandes competições.
Uma relação de proximidade com a comunicação social com regras bem definidas é fundamental e isso só se consegue com conhecimento e respeito pelo trabalho e o papel de ambos os lados.
Os nosso atletas veteranos têm obtido resultados de alto nível internacional que merecem ser conhecidos, promovidos e apreciados junto dos portugueses. Pelo seu elevado valor simbólico são verdadeiros exemplos de vida para todos nós.
Cipriano Lucas *
Reflexão apresentada no âmbito das comemorações do Dia do Atletismo Masters “Professor Moniz Pereira”, a 14 de Dezembro de 2014.
*Atleta do Benfica, Marítimo, Belenenses e Maratona Clube
Licenciado em História no ramo educacional
Professor do ensino secundário entre 1996 e 2001
Treinador de Atletismo entre 2003 e 2010
Jornalista do Diário de Notícias entre 1992 e 2014
Reflexão apresentada no âmbito das comemorações do Dia do Atletismo Masters “Professor Moniz Pereira”, a 14 de Dezembro de 2014.
*Atleta do Benfica, Marítimo, Belenenses e Maratona Clube
Licenciado em História no ramo educacional
Professor do ensino secundário entre 1996 e 2001
Treinador de Atletismo entre 2003 e 2010
Jornalista do Diário de Notícias entre 1992 e 2014
«O carro do povo»
José Afonso Sousa apresenta hoje (16.00) na Bertrand do Monumental, "O Volkswagen Carocha em Portugal". No seu livro, o engenheiro, estudante de filosofia e maratonista, conta a história de um automóvel que marcou várias gerações e milhares de famílias no nosso país. Um trabalho de investigação que é um convite a conhecer o mundo do carocha, desde as suas origens até ao seu atual estatuto de «clássico», passando pela sua introdução em Portugal (1950). Editora Sete Mares |
Enormes desigualdades na repartição da riqueza
Desculpem a minha ignorância, mas não consigo perceber o que é que há no livro de Thomas Piketty, Le Capital au XXIème siècle (Editions du Seuil, Setembro 2013), assim de tão grande novidade que mereça este alarido todo. A não ser (e não é pouco) contrariar pela base a propaganda que nos tem imposto nas últimas décadas?
Dois pontos fundamentais do livro que será editado em português em outubro: (1) A história económica dos últimos 220 anos em mais de 20 países mostra que o capitalismo é um sistema de produção que, excepto em circunstâncias muito particulares, gera enormes desigualdades na repartição da riqueza — e isso fundamentalmente porque, nesse sistema, a “taxa de rendimento do capital” (r) tende a ser, em média e no longo prazo, maior do que a “taxa de crescimento da produção” (g), ou seja, porque, tendencialmente (ou segundo um padrão que se verifica no longo prazo), r > g; (2) o que isso significa é que o capitalismo foi sempre — e continua a ser hoje, na época da sua maior globalização e financiarização — um capitalismo patrimonial, isto é, um sistema de produção e distribuição de rendimento que, a partir de uma maior ou menor desigualdade inicial, gera sempre, de forma endógena e progressiva, acumulação e concentração de património (ou capital) nas mãos de uma percentagem muito minoritária de famílias. No longo prazo e na medida em que r > g (ou seja, na medida em que “as pessoas com riqueza herdada só precisam de poupar uma porção do seu rendimento sobre o capital para que este capital cresça mais depressa do que a economia como um todo”), uma sociedade capitalista acaba sempre por ser uma “sociedade de herdeiros”. O ponto (1) é novo na teoria económica porque é nova a ideia de que a história do capitalismo revela o padrão r > g e, portanto, é nova a tese de que este padrão é, na verdade, o principal mecanismo que explica por que razão o capitalismo gera desigualdades de forma endógena. Esta ideia de um “mecanismo” — como mecanismo endógeno e historicamente comprovado — tem uma força imensa. O tempo dirá se é ou não descabido fazer a seguinte analogia: tal como a força e a novidade do pensamento de Darwin consistiu, não na descoberta da evolução das espécies, mas antes na descoberta de um mecanismo (a “selecção natural”) que explicava a evolução das espécies e a tornava plausível, assim também a força e a novidade do pensamento de Piketty consiste, não certamente na descoberta da desigualdade, mas antes na descoberta do mecanismo que a explica e que a mostra ser intrínseca ao capitalismo. Thomas Piketty (n. 1971) é um economista francês que estuda os ciclos económicos numa perspectiva histórica e comparativa. 3 de Junho de 2014 |
O capitalismo é o pior dos regimes económicos com exceção de todos os outros, como Churchill dizia da democracia?
Thomas Piketty, economista francês, autor do livro "O Capital no Século XXI": Acho sobretudo que há diferentes maneiras de organizar as instituições que permitem continuar o capitalismo. É que de outro modo arriscamos que seja a democracia a estar ao serviço do capitalismo, em vez do contrário. Não sou marxista, sou pela propriedade privada, mas há coisas que a propriedade privada não sabe fazer. Não podemos ter uma desigualdade que aumenta porque o rendimento do capital, das rendas, das heranças, é muito maior do que o do trabalho, em que nascer numa família com posses é muito mais seguro para ter uma vida boa do que trabalhar muito, a não ser que se consiga entrar no centil ou decil superior dos salários, como alguns managers. Quando a taxa de rentabilidade do capital, que eu utilizo quase como definição de património porque englobo todos os ativos, é maior do que a taxa de crescimento da economia como foi sempre até ao século XIX e deve voltar a ser neste século, isso quer dizer que as desigualdades aumentam e, certamente, pela via pior, que é a da herança. Há que regular a riqueza e a sua redistribuição. http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx… |
Doping de Estado
Rede suportada pelo Estado chega a 99% dos desportistas na Rússia.
Depois dos EUA, da Alemanha, da Austrália, da Espanha e da China, surge esta semana a notícia de alegadas práticas de dopagem e de corrupção no desporto na Rússia, denunciadas na quarta-feira pelo canal de televisão alemão ZDF/ARD. O documentário contém gravações que revelam indícios de um sistema de dopagem suportado pelo Estado russo e um aparelho destinado a ocultar estas práticas.O ex-diretor da Agência Russa Antidopagem Witali Stepanov declarou que a sua mulher, a meio-fundista retirada Julia Rusanova, lhe contou que se dopou durante anos e que, na Rússia, todos os atletas se dopam.
"Ela contou-me que todos os desportistas na Rússia se dopam porque, de outra forma, não conseguiriam obter resultados", disse Stepanov, acrescentando que "os treinadores são pressionados e, por isso, pressionam os atletas".
O treinador Oleg Popov revelou que os desportistas não têm alternativa. A lançadora de disco Jevgenia Pecherina declarou que 99 por cento dos atletas russos se dopam. Já o diretor do Laboratório de Controlo Antidopagem de Moscovo Gregori Rodschenkov é acusado na reportagem de ter elaborado planos de dopagem destinados a evitar que os atletas acusassem positivo.
Durante décadas muito se escreveu sobre o «doping de estado» nos antigos países do bloco soviético. Após a queda do muro de Berlim, inúmeras investigações promovidas pela imprensa e por organismos internacionais mostram que essas práticas não diminuíram e até aumentaram em todo o mundo. Quando hoje se pensa que o combate ao doping vem ganhando terreno com os inúmeros casos positivos, sabemos que as práticas proibidas continua hoje a ser promovido pelas grandes potências desportivas, apoiadas ou ignoradas pelos governos das jovens e antigas democracias.
Em fevereiro de 2013, uma investigação efetuada por uma comissão governamental australiana chegou à conclusão que o doping e a corrupção grassam em várias modalidades desportivas do país. O relatório aponta o uso generalizado de substâncias dopantes e participação em esquemas de apostas clandestinas por parte de treinadores, médicos e atletas de várias modalidades profissionais daquele país. O Ministro da Justiça, Jason Clare, falou abertamente sobre as denúncias. "Descobrimos que o desporto australiano é altamente vulnerável ao crime organizado. Diversos atletas, de diversos grandes clubes, são suspeitos de se relacionarem com criminosos para se doparem", declarou Jason Clare.
Ainda em agosto do ano passado, o Ministério do Interior da Alemanha publicou um relatório académico que descreve um amplo programa de doping organizado no desporto da Alemanha Ocidental na década de 1970.O relatório refere que o recurso ao doping se tornou sistémico após a criação em outubro de 1970 do Instituto de Ciências do Desporto, que durante décadas coordenou testes com substâncias dopantes, esteroides anabolizantes e reforço do sangue com eritropoietina (EPO).
Ao longo dos últimos anos muitas foram as notícias sobre processos policiais e judiciais relacionados com a dopagem em Espanha.
Em 2006 a Guarda Civil espanhola desmantelou uma rede de doping (na "Operação Puerto") que tinha como alegados clientes 58 ciclistas de elite. Eufemiano Fuentes foi apontado pelas autoridades policiais de Espanha como o cabecilha das redes de doping desmanteladas nas operações "Puerto", que abalou o ciclismo, e "Galgo", que fez tremer o atletismo.O ministro da Educação, Cultura e Desporto de Espanha, José Ignacio Wert, admitiu que o desporto espanhol tem "um problema com o doping" e manifestou a intenção de modificar a lei.
A reportagem publicada nos EUA pela revista norte-americana "Sports Illustrated" em 1997, a partir de uma pesquisa realizada em 198 atletas (entre eles velocistas, nadadores e halterofilistas), mostrou que 195 fariam uso de substâncias proibidas para vencer mesmo sabendo que possíveis efeitos colaterais poderiam levá-los à morte. Carl Lewis, nove medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, acusou nesse ano as autoridades desportivas dos EUA de encobrir casos de doping para favorecer a obtenção de marcas melhores no atletismo do país."Digo com segurança que eles (os dirigentes) sabem mais do que contam sobre o uso de drogas no desporto", disse.
Depois dos EUA, da Alemanha, da Austrália, da Espanha e da China, surge esta semana a notícia de alegadas práticas de dopagem e de corrupção no desporto na Rússia, denunciadas na quarta-feira pelo canal de televisão alemão ZDF/ARD. O documentário contém gravações que revelam indícios de um sistema de dopagem suportado pelo Estado russo e um aparelho destinado a ocultar estas práticas.O ex-diretor da Agência Russa Antidopagem Witali Stepanov declarou que a sua mulher, a meio-fundista retirada Julia Rusanova, lhe contou que se dopou durante anos e que, na Rússia, todos os atletas se dopam.
"Ela contou-me que todos os desportistas na Rússia se dopam porque, de outra forma, não conseguiriam obter resultados", disse Stepanov, acrescentando que "os treinadores são pressionados e, por isso, pressionam os atletas".
O treinador Oleg Popov revelou que os desportistas não têm alternativa. A lançadora de disco Jevgenia Pecherina declarou que 99 por cento dos atletas russos se dopam. Já o diretor do Laboratório de Controlo Antidopagem de Moscovo Gregori Rodschenkov é acusado na reportagem de ter elaborado planos de dopagem destinados a evitar que os atletas acusassem positivo.
Durante décadas muito se escreveu sobre o «doping de estado» nos antigos países do bloco soviético. Após a queda do muro de Berlim, inúmeras investigações promovidas pela imprensa e por organismos internacionais mostram que essas práticas não diminuíram e até aumentaram em todo o mundo. Quando hoje se pensa que o combate ao doping vem ganhando terreno com os inúmeros casos positivos, sabemos que as práticas proibidas continua hoje a ser promovido pelas grandes potências desportivas, apoiadas ou ignoradas pelos governos das jovens e antigas democracias.
Em fevereiro de 2013, uma investigação efetuada por uma comissão governamental australiana chegou à conclusão que o doping e a corrupção grassam em várias modalidades desportivas do país. O relatório aponta o uso generalizado de substâncias dopantes e participação em esquemas de apostas clandestinas por parte de treinadores, médicos e atletas de várias modalidades profissionais daquele país. O Ministro da Justiça, Jason Clare, falou abertamente sobre as denúncias. "Descobrimos que o desporto australiano é altamente vulnerável ao crime organizado. Diversos atletas, de diversos grandes clubes, são suspeitos de se relacionarem com criminosos para se doparem", declarou Jason Clare.
Ainda em agosto do ano passado, o Ministério do Interior da Alemanha publicou um relatório académico que descreve um amplo programa de doping organizado no desporto da Alemanha Ocidental na década de 1970.O relatório refere que o recurso ao doping se tornou sistémico após a criação em outubro de 1970 do Instituto de Ciências do Desporto, que durante décadas coordenou testes com substâncias dopantes, esteroides anabolizantes e reforço do sangue com eritropoietina (EPO).
Ao longo dos últimos anos muitas foram as notícias sobre processos policiais e judiciais relacionados com a dopagem em Espanha.
Em 2006 a Guarda Civil espanhola desmantelou uma rede de doping (na "Operação Puerto") que tinha como alegados clientes 58 ciclistas de elite. Eufemiano Fuentes foi apontado pelas autoridades policiais de Espanha como o cabecilha das redes de doping desmanteladas nas operações "Puerto", que abalou o ciclismo, e "Galgo", que fez tremer o atletismo.O ministro da Educação, Cultura e Desporto de Espanha, José Ignacio Wert, admitiu que o desporto espanhol tem "um problema com o doping" e manifestou a intenção de modificar a lei.
A reportagem publicada nos EUA pela revista norte-americana "Sports Illustrated" em 1997, a partir de uma pesquisa realizada em 198 atletas (entre eles velocistas, nadadores e halterofilistas), mostrou que 195 fariam uso de substâncias proibidas para vencer mesmo sabendo que possíveis efeitos colaterais poderiam levá-los à morte. Carl Lewis, nove medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, acusou nesse ano as autoridades desportivas dos EUA de encobrir casos de doping para favorecer a obtenção de marcas melhores no atletismo do país."Digo com segurança que eles (os dirigentes) sabem mais do que contam sobre o uso de drogas no desporto", disse.
Gosto de campeões humanos. Demasiado humanos.
"São muitos os exemplos de pessoas que combateram a depressão através da prática de exercício físico. O acompanhamento médico é fundamental, mas está provado que o desporto contribui de forma significativa para uma melhoria do bem-estar psíquico, tornando-se um bom aliado no combate à depressão. E eu sei do que falo porque, infelizmente, vivi esta situação na primeira pessoa, após o falecimento do meu pai." do livro "Jéssica Augusto, do Primeiro Quilómetro à Maratona, Manual do Corredor" (página 19) Gosto muito de Jéssica Augusto. A maratonista representa quase tudo aquilo que aprecio num atleta de alta competição: Simplicidade. Humildade. Humanidade. Mas também: Vontade. Entrega. Determinação. Detesto "super homens". Ou "super mulheres". Pior, quando são fabricados artificialmente. Gosto de campeões humanos. Demasiado humanos. Com defeitos e virtudes como qualquer pessoa. Com quem possamos sofrer com as suas derrotas e insucessos. E vibrar com as vitórias. É com essa "humanidade" que eu 'normal' ciadão me identifico. Jéssica Augusto já nos deu imensas alegrias. Estou convencido que irá ainda dar-nos muitas mais. É uma atleta com um enorme potencial. Mas, para mim, nada disto faria sentido se ela não fosse muito mais que uma excelente atleta. Jéssica Augusto é uma querida Como podemos apreciar no seu Livro, recentemente lançado "Jéssica Augusto, do Primeiro Quilómetro à Maratona, Manual do Corredor" 6 Maio de 2014 |
"Por vezes as pessoas convencem-se que são melhores do que as outras"
A minha mãe sempre me disse que não dissesse nada se não tivesse nada a dizer (risos). E que não acreditasse que era melhor do que os outros. Isso significa que se tem respeito pelos outros. Se eu tivesse outra mentalidade, talvez tivesse sido ligeiramente mais bem-sucedido. Por vezes as pessoas convencem-se que são melhores do que as outras, mas a personalidade demonstra-se durante a corrida. Nunca me vi como superior aos outros.
Por muito boa que seja a forma em que se está, sofre-se. Recupera-se rapidamente, mas não consegue chegar-se ao fim sem sofrimento. Felizmente há uma nova geração com uma mentalidade diferente. Independentemente do que aconteceu com o Lance Armstrong, o positivo é que serviu de exemplo. Quando se é adolescente e toda a gente experimenta drogas, também experimentamos. É da natureza humana. Mas não acho que as pessoas sejam inerentemente más. O facto é que era algo generalizado nos 1990s e início da década de 2000. Houve muitos castigos e vejo uma dinâmica diferente, o que não significa que não volte a acontecer. Greg LeMond Vencedor do Tour 1986, 1989 e 1990 http://www.publico.pt/desporto/noticia/no-ciclismo-e-suposto-sofrerse-ficarse-sem-folego-quando-nao-vemos-isso-nos-ciclistas-da-frente-1632077 |
O fundista coleccionador
Conheci o Norberto em 1977. Tenho claro na minha memória corrermos pela primeira vez juntos na pista de 'tartan' do Estádio Nacional.Apesar de hoje mais parecer um lançador, o Norberto nunca (digo eu) lançou um peso, disco, dardo ou martelo. Norberto Santos era fundista. Acreditem! Todos aqueles que o conhecem há poucos anos. Não estou a mentir! juro!
Treinámos muitas vezes juntos. Ele teria por volta de 25 anos e era conhecido por toda a gente do atletismo. Desde dirigentes, treinadores e atletas. Tratava por "tu" campeões como Lopes e Mamede (ver foto). Portanto para mim ele era também um campeão (e era mesmo!). Com 14 anos, Eu era um principiante no atletismo, cheio de medo, sonhos escondidos e uma ambição envergonha.
Um ano antes, vi, a preto e branco na TV, o Carlos Lopes conquistar a prata nos 10 mil metros nos Jogos Olímpicos de Montreal. Batido de forma "injusta" por aquele "sacana" do Viren (pensava eu na altura). O finlandês limitou-se a ir na "mama" a prova toda e arrancou para a vitória nos últimos 500 metros. Depois percebi que não era a primeira vez que Lasse Viren utilizava essa táctica, pois já somava três medalhas de ouro em Jogos Olímpicos. Decidi ir correr para o Jamor. Queria ser como o Lopes. Vingar aquela (repito) "injusta" derrota.
E foi a assim que conheci o Norberto no Jamor. Tratava-o respeitosamente por "senhor Norberto", como tratava todos os grandes campeões que conheci no Estádio Nacional e que, pouco tempo depois, me deixavam correr um pouco com eles quando descontraiam num ligeiro 'footing' depois de fazerem "séries". Para os que não sabem os fundistas chamam "séries" aos treinos na pista.
Era frequente, mesmo sem combinarmos, encontrar-nos no Jamor, em Carcavelos e na Marginal. Uma primeira imagem que tenho de Norberto Santos é que era um apaixonado pelo desporto e pelo atletismo em particular. Falávamos muito de atletismo. Eu escutava respeitosamente todas as suas opiniões mas, estranhamente para um miúdo como eu, ele ouvia-me com atenção e respeitava as minhas ideias.O que não era muito habitual. Ficámos amigos.
Alguns anos depois, já eu tinha perdido uma boa parte dos meus sonhos no atletismo (e perdido a esperança de vingar o Lopes), continuávamos a encontrar com muita frequência mas no centro de Lisboa. Ai eu percebi que Norberto era jornalista. Era um especialista em atletismo como o era outras grandes figuras como Sequeira Andrade, Arons de Carvalho, Jorge Lopes, Luís Lopes. Todos eles jornalistas que eu lia e via na TV. Nessa altura pensei que gostaria de ser jornalista.
Em 1984, a Federação de Atletismo decidiu selecionar três atletas - Oscar Santos, José Frias e eu - para o Cross de Almeria. Qual o meu espanto, quando no aeroporto, o diretor da federação que nos acompanhava era... Norberto Santos. Uma curta mas memorável viagem.Ainda hoje, quando os encontramos, brincamos sempre com as recordações das "Tierras de Almeria".
Uns bons anos depois (para encurtar esta 'estória') em 1992, "juntei-me" ao Norberto nessa aventura do jornalismo, ingressando no DN. Foi nessa altura a que percebi que o Norberto era não só um dos melhores jornalistas especialistas em atletismo como também em ténis, escrevendo sobre várias modalidades. Trabalhou no "O Mundo Desportivo", "A Bola" e "Expresso" e desde 1993 no Record, onde foi editor das modalidades, passando em 2003 a redactor principal.
Cobriu vários acontecimentos relevantes como Campeonatos do Mundo e da Europa de Atletismo ao longo de três décadas, assim como quatro edições dos Jogos Olímpicos.
O que eu não sabia era que ele tinha a paixão do coleccionismo!
Só na terça feira, é que percebi a dimensão dessa paixão quando apresentou, no Museu do Desporto, no Palácio Foz, em Lisboa, a exposição "O Lawn Tennis em Portugal". Uma das mais importantes colecções em Portugal sobre ténis: Raquetas (mais de 100), bolas, equipamentos, fotografias, folhetos turísticos, postais ilustrados, publicações, curiosidades e documentos vários ilustram a história do ténis desde finais do século XIX até fim dos anos 60.
Acreditem que vale bem a pena uma visita ao Palácio Foz.
18 de Abril 2014
Treinámos muitas vezes juntos. Ele teria por volta de 25 anos e era conhecido por toda a gente do atletismo. Desde dirigentes, treinadores e atletas. Tratava por "tu" campeões como Lopes e Mamede (ver foto). Portanto para mim ele era também um campeão (e era mesmo!). Com 14 anos, Eu era um principiante no atletismo, cheio de medo, sonhos escondidos e uma ambição envergonha.
Um ano antes, vi, a preto e branco na TV, o Carlos Lopes conquistar a prata nos 10 mil metros nos Jogos Olímpicos de Montreal. Batido de forma "injusta" por aquele "sacana" do Viren (pensava eu na altura). O finlandês limitou-se a ir na "mama" a prova toda e arrancou para a vitória nos últimos 500 metros. Depois percebi que não era a primeira vez que Lasse Viren utilizava essa táctica, pois já somava três medalhas de ouro em Jogos Olímpicos. Decidi ir correr para o Jamor. Queria ser como o Lopes. Vingar aquela (repito) "injusta" derrota.
E foi a assim que conheci o Norberto no Jamor. Tratava-o respeitosamente por "senhor Norberto", como tratava todos os grandes campeões que conheci no Estádio Nacional e que, pouco tempo depois, me deixavam correr um pouco com eles quando descontraiam num ligeiro 'footing' depois de fazerem "séries". Para os que não sabem os fundistas chamam "séries" aos treinos na pista.
Era frequente, mesmo sem combinarmos, encontrar-nos no Jamor, em Carcavelos e na Marginal. Uma primeira imagem que tenho de Norberto Santos é que era um apaixonado pelo desporto e pelo atletismo em particular. Falávamos muito de atletismo. Eu escutava respeitosamente todas as suas opiniões mas, estranhamente para um miúdo como eu, ele ouvia-me com atenção e respeitava as minhas ideias.O que não era muito habitual. Ficámos amigos.
Alguns anos depois, já eu tinha perdido uma boa parte dos meus sonhos no atletismo (e perdido a esperança de vingar o Lopes), continuávamos a encontrar com muita frequência mas no centro de Lisboa. Ai eu percebi que Norberto era jornalista. Era um especialista em atletismo como o era outras grandes figuras como Sequeira Andrade, Arons de Carvalho, Jorge Lopes, Luís Lopes. Todos eles jornalistas que eu lia e via na TV. Nessa altura pensei que gostaria de ser jornalista.
Em 1984, a Federação de Atletismo decidiu selecionar três atletas - Oscar Santos, José Frias e eu - para o Cross de Almeria. Qual o meu espanto, quando no aeroporto, o diretor da federação que nos acompanhava era... Norberto Santos. Uma curta mas memorável viagem.Ainda hoje, quando os encontramos, brincamos sempre com as recordações das "Tierras de Almeria".
Uns bons anos depois (para encurtar esta 'estória') em 1992, "juntei-me" ao Norberto nessa aventura do jornalismo, ingressando no DN. Foi nessa altura a que percebi que o Norberto era não só um dos melhores jornalistas especialistas em atletismo como também em ténis, escrevendo sobre várias modalidades. Trabalhou no "O Mundo Desportivo", "A Bola" e "Expresso" e desde 1993 no Record, onde foi editor das modalidades, passando em 2003 a redactor principal.
Cobriu vários acontecimentos relevantes como Campeonatos do Mundo e da Europa de Atletismo ao longo de três décadas, assim como quatro edições dos Jogos Olímpicos.
O que eu não sabia era que ele tinha a paixão do coleccionismo!
Só na terça feira, é que percebi a dimensão dessa paixão quando apresentou, no Museu do Desporto, no Palácio Foz, em Lisboa, a exposição "O Lawn Tennis em Portugal". Uma das mais importantes colecções em Portugal sobre ténis: Raquetas (mais de 100), bolas, equipamentos, fotografias, folhetos turísticos, postais ilustrados, publicações, curiosidades e documentos vários ilustram a história do ténis desde finais do século XIX até fim dos anos 60.
Acreditem que vale bem a pena uma visita ao Palácio Foz.
18 de Abril 2014
Uma longa corrida
Os heróis nacionais, os mitos, os primeiros anos, as histórias pouco conhecidas da Maratona em Portugal são nos contados por António Fernandes numa escrita agradável que nos deixa agarrado até à última página. Um livro para quem gosta de desporto, de leitura obrigatória para maratonistas e corredores em geral, uma inspiração para quem sonha realizar os seus primeiros 42.195 metros. As aventuras dos pioneiros são recordadas, assim como a resistência e critica à distância olímpica, facto que não é de hoje como demonstra na pesquisa realizada pelo autor na imprensa do final do século XIX. "Actualmente andam em voga as chamadas corridas pedestres que não oferecem interesse nenhum, pois aquilo é mais próprio da corrida de cavalos que de homens..." escrevia a 12 de Janeiro de 1896 o Jornal 'Estreia'. No livro de António Fernandes, "Cem anos de maratona em Portugal", edição Xistarca, podemos encontrar ainda todos os melhores resultados nacionais da distância e os feitos internacionais dos nossos atletas. Muito bom. António Fernandes Cem Anos de Maratona em Portugal Xistarca |
Escola Portuguesa
Em 1981, era eu um jovem com a cabeça cheia de certezas e algumas ilusões, fui ao lançamento do livro "Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo", na Livraria Sá da Costa, no Chiado. Lembro-me, vagamente, que o professor Moniz Pereira, sempre motivador, me autografou um dos seus livros, que acabei por emprestar e perder (quem o tiver, por favor, devolva-o). Um livro, extremamente simples mas para mim incontornável para perceber como Moniz Pereira chegou, em termos de treino, após 30 anos de experiência, aos resultados que todos conhecemos como treinador. Nesse pequeno manual, estão sintetizadas as bases de uma "escola" que tantos e tão bons atletas formou, quando, há data, o Lopes ainda não tinha conquistado o ouro olímpico, nem o Mamede batido o recorde do mundo. Esta semana voltei à Sá da Costa. Encontrei numa escondida estante um desses exemplares que voltei a reler não com nostalgia, mas com espanto, talvez tristeza. Espanto por sentir como conseguimos (atletas, treinadores, dirigentes), em tão pouco tempo, desbaratar, para não dizer destruir, ou talvez ignorar (não sei) um conjunto de conhecimentos tão profundos, assente em alicerces tão fortes (os rankings, os resultados estão disponíveis). Detesto o discurso nostálgico (no meu tempo é que era). Mas (porra!!!), com algumas excepções, que raio de treino andam atletas e treinadores hoje a fazer?
Que falta de memória, de respeito. Hoje há bons treinadores. Há bons atletas. Não quero acreditar que tudo seja justificado pelo 'facilitismo' associado por muitos à generalizada utilização de métodos e substância proibidos. Desculpem-me o desabafo mas como dizia um amigo meu: "não inventem, copiem!". Por favor, leiam (ou releiam) o livro do Professor Moniz Pereira. 20 de Junho 2013 Moniz Pereira Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo |
Toda a disputa é individual
“Para Píndaro (518-438 a.C.) não há empates. O acontecimento fundamental da vida é a vitória. Não basta por isso a mera participação. Toda a disputa é individual. Não há desportos de equipa na antiga Grécia. Cada competidor está sozinho, mesmo quando representa uma casa, uma família, uma aldeia, uma cidade ou uma nação. Apenas a vitória consegue anular a solidão máxima da disputa.O campeão granjeia fama e glória.O triunfo altera quem o obtém. Permite o reconhecimento, uma identificação e, assim, um «lugar» para sempre. O brilho esplendoroso da vitória amplia. Potencia a vida. Ao vencer-se é-se maior do que se era. É-se falado. Transcende-se o espaço que se ocupa e o tempo durante o qual se existe. Expande-se e propaga-se. Mas a derrota é uma desgraça. Uma calamidade. Quem perde não apenas é esquecido como também não quer ser lembrado. A derrota extirpa a simples hipótese de ainda ser possível. Deixa o perdedor entregue a si. Desampara-o. Sem ilusões.Não pode senão sobreviver-se. Infame.”
PÍNDARO, ODES.
Tradução, prefácio e notas de
António de Castro Caeiro
PÍNDARO, ODES.
Tradução, prefácio e notas de
António de Castro Caeiro
A caixa negra do avião
"A relação entre treinador e atleta é, tanto no atletismo como no futebol, a caixa negra do avião. É nesta relação que reside o segredo do voo bem sucedido e também da queda.Uma caixa que só interessa visionar, mediaticamente dissecar, quando o avião cai, quando a derrota se sucede. Por mais planeamentos, leiam tecnologia envolvida nos procedimentos de treino, esta relação é feita não de fórmulas matemáticas mas de palavras sentidas que tentam governar de modo generoso todos por igual e, como adivinho, sustentar o desígnio desigual e profundo de cada um."
Ana Santos Um dia olímpico Entre a vida quotidiana dos atletas |
Portugal é um dos países da União Europeia onde os cidadãos fazem menos exercício físico ou praticam algum tipo de desporto, sendo apenas ultrapassado pela Bulgária e por Malta, revela um eurobarómetro divulgado a 24 de Março de 2014.
Segundo as conclusões deste estudo encomendado pela Comissão Europeia, que inquiriu 28 mil pessoas entre novembro e dezembro do ano passado, os países do norte da Europa são fisicamente mais ativos do que os do sul e do este.
Na Suécia, um dos países com índices mais elevados de atividade física, 70% dos inquiridos dizem fazer exercício ou praticar um desporto pelo menos uma vez por semana, seguindo-se a Dinamarca (68%), a Finlândia (66%) e os Países Baixos (58%).
No fim da tabela está a Bulgária, onde 78% dos entrevistados dizem nunca fazer qualquer tipo de atividade física, seguida de perto por Malta (75%) e com Portugal (64%), a Roménia e a Itália (60% cada) a completarem a lista de países com menor índice de atividade física entre os cidadãos.
No caso de Portugal, 64% dos inquiridos diz nunca fazer exercício físico e apenas 8% admite fazer desporto ou praticar exercício regularmente.
Para o comissário europeu do Desporto, Androulla Vassiliou, estes resultados "confirmam a necessidade de tomar mais medidas para encorajar mais pessoas a praticar desporto e atividades físicas no seu quotidiano".
"Isto é crucial, não apenas em termos da saúde individual e do bem-estar, mas também pelos custos económicos significativos resultantes da falta de atividade física", acrescentou.
O responsável europeu considera ainda que o inquérito "mostra que as autoridades locais em particular podem fazer mais para encorajar os cidadãos a serem fisicamente mais ativos".
Lusa
Segundo as conclusões deste estudo encomendado pela Comissão Europeia, que inquiriu 28 mil pessoas entre novembro e dezembro do ano passado, os países do norte da Europa são fisicamente mais ativos do que os do sul e do este.
Na Suécia, um dos países com índices mais elevados de atividade física, 70% dos inquiridos dizem fazer exercício ou praticar um desporto pelo menos uma vez por semana, seguindo-se a Dinamarca (68%), a Finlândia (66%) e os Países Baixos (58%).
No fim da tabela está a Bulgária, onde 78% dos entrevistados dizem nunca fazer qualquer tipo de atividade física, seguida de perto por Malta (75%) e com Portugal (64%), a Roménia e a Itália (60% cada) a completarem a lista de países com menor índice de atividade física entre os cidadãos.
No caso de Portugal, 64% dos inquiridos diz nunca fazer exercício físico e apenas 8% admite fazer desporto ou praticar exercício regularmente.
Para o comissário europeu do Desporto, Androulla Vassiliou, estes resultados "confirmam a necessidade de tomar mais medidas para encorajar mais pessoas a praticar desporto e atividades físicas no seu quotidiano".
"Isto é crucial, não apenas em termos da saúde individual e do bem-estar, mas também pelos custos económicos significativos resultantes da falta de atividade física", acrescentou.
O responsável europeu considera ainda que o inquérito "mostra que as autoridades locais em particular podem fazer mais para encorajar os cidadãos a serem fisicamente mais ativos".
Lusa
Do Maracanã para as ruas de Lisboa
Perivaldo jogou na seleção brasileira ao lado de Zico e de Sócrates. Hoje vive na rua, em Lisboa, e vende roupa velha para sobreviver.
No meio do chão, uns poucos objetos: um casaco de senhora, uma mala e uns sapatos usados recolhidos na rua. O vendedor, alto e magro, não se destaca da maioria dos muitos vendedores ambulantes da Feira da Ladra, em Lisboa. Óculos escuros, boina, cabelo com tranças e barba por fazer. Veste de forma modesta - calças justas e botas altas. É simpático e todos o conhecem. Vive na rua, algures no Bairro Alto. Poucos sabem que Perivaldo Lúcio Dantas foi um dos melhores jogadores brasileiros dos anos 70 e 80 do século passado. Conhecido como Peri de Pituba, integrou como lateral-direito a seleção brasileira de 1982 liderada por Telê Santana ao lado de craques como Falcão, Zico e Sócrates.
“A vida deu muitas voltas até eu chegar aqui”, começa por desabafar o antigo jogador. Na Feira da Ladra, onde tenta semanalmente ganhar mais algum dinheiro conta que “aqui poucas pessoas sabem que fui jogador de futebol. Quando digo que joguei na selecção brasileira começam a rir, ninguém acredita”, confessa. Perivaldo, agora com 60 anos, revela que, nos tempos em que jogava à bola, era muito cuidadoso com a imagem Agora os tempos são outros, mas a vaidade continua: “vê a minha cara? Eu era um jovem bonito. Hoje não vou perder a minha dignidade. Olhe para mim. Não estou bem?”, questionou. Em Portugal, jogou no Louletano de Manuel Cajuda e no Torreense de Jesualdo Ferreira, mas a sua carreira não vingou por cá. Contudo, Perivaldo faz jus à canção de António Variações. ‘Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga’, ou, no caso, a carreira é que pagou. “Tive uma vida boa. Mulheres, casas, carros e motos, mas faltou-me a cabeça. A culpa foi minha, um dia deitamo-nos ricos, no outro acordamos pobres”. Mesmo com as saudades a apertar – tem a mulher e os filhos no Brasil – Perivaldo pensa continuar por Portugal. DN 20 de Novembro de 2013 |
Sem abrigo em Lisboa, regressa ao Brasil
Peri de Pituba: "Convivi com bandido e ladrão mas foram os meus amigos que me traíram." "O coração do malandro balançou quando viu espiga de milho" "Adoro Lisboa. Lisboa terra de homem bom e de mulher boa... boa de coração." "Nunca usei droga, nem fumei mas bebida atrapalhou um pouco." Antigo futebolista da seleção brasileira irá viver para o Rio de Janeiro com o apoio do sindicato de jogadores Perivaldo despediu-se ontem “de Lisboa e dos amigos portugueses”. O antigo internacional brasileiro, que representou a seleção ‘canarinha’ em 1982 com Sócrates, Zico e Falcão, regressa ao Brasil após varios anos a viver como ‘sem abrigo’ em Portugal. O extremo direito chegou a Portugal em 1989, em final de carreira, para jogar no Olhanense, caindo no alcoolismo e marginalidade nos últimos anos’. “Durante anos ninguém acreditou em mim quando dizia que tinha sido jogador da seleção brasileira”, começa por dizer emocionado Perivaldo Lúcio Dantas. Até ao dia em que “por acaso” foi descoberto por Nilton na Praça da Figueira num dos “apanhados” do “Cinco para a meia noite”, explica Peri da Pituba, como era conhecido nas equipas que representou como o Bahia, Botafogo, São Paulo e Palmeiras. DN 11 de Dezembro 2013 Antigo jogador trabalha no Rio de Janeiro
Antigo jogador da seleção brasileira, que era sem-abrigo em Lisboa, colabora com o Sindicato de Jogadores do Rio de Janeiro. Mas admite ter saudades dos amigos em Portugal Perivaldo Dantas, 60 anos, começou a trabalhar este mês no Sindicato de Jogadores de Futebol do Rio de Janeiro. O antigo internacional canarinho, que viveu como sem-abrigo em Lisboa durante 23 anos, integra uma equipa de técnicos que desenvolve um projeto de apoio a duas dezenas de jogadores desempregados que treinam na capital do estado carioca. "É uma grande emoção estar no Brasil após tantos anos longe da família, mas tenho saudades de amigos que deixei em Lisboa", disse Perivaldo ao DN, em contacto telefónico desde o Rio de Janeiro. "Revi os meus filhos em Fortaleza e na Bahia e conheci os meus netos. Agora estou no Rio. Adoro o Rio de Janeiro", acrescentou o antigo extremo, revelando que iniciou já alguns contactos com os jogadores com quem vai trabalhar: "Tenho conhecido alguns jovens jogadores desempregados a quem tenho falado da minha experiência antes e depois do futebol. Todos cometemos erros na vida. O jogador de futebol tem muitas vezes uma ideia errada da vida depois de terminada a carreira. Tudo muda, tudo acaba. Depois quando não há dinheiro ainda pior." DN 27 Janeiro 2014 |
O mito de Sísifo
Albert Camus esboça o mito de Sísifo, que desafiou os deuses; quando capturado sofreu uma punição: para toda a eternidade, teria de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha; a pedra então rolaria para baixo e novamente teria que começar tudo. Camus vê em Sísifo o ser que vive a vida ao máximo, odeia a morte e é condenado a uma tarefa sem sentido, como o herói absurdo. Não obstante reconheça a falta de sentido, Sísifo continua executando sua tarefa diária.
Camus apresenta o mito para trabalhar uma metáfora sobre a vida moderna, como trabalhadores em empregos fúteis em fábricas e escritórios. "O operário trabalha todos os dias, faz as mesmas tarefas. Esse destino não é menos absurdo, mas é trágico quando apenas em raros momentos se torna consciente".
Na mitologia grega, rei de Corinto; por ter enganado os deuses foi condenado a rolar eternamente montanha acima uma pedra que voltava a rolar para baixo. Daí a expressão "Trabalho de Sísifo": trabalho pesado e infrutífero.
Muito do pouco que sei sobre ténis aprendi com ele
Frontal, directo, sem 'papas na língua', nas últimas conversas que tivemos fez-me a mais rigorosa análise sobre a realidade do ténis em Portugal. Explicou-me de forma muito simples e clara aquilo que muitos nos 'courts' ainda têm dificuldades em ouvir :"Há uns rapazes habilidosos mas não chega. Só com trabalho, trabalho, trabalho se pode chegar ao sucesso."
Foi jornalista da ANOP e dos jornais A Bola, Record e Diário Popular, tendo colaborado recentemente com a FPT e o Notícias do Ténis. Conhecia profundamente a modalidade. Apaixonado pelo ténis, assistiu a todos os torneios do Grand Slam. Ouvi as suas fantásticas "estórias" sobre jornalismo e ténis. Tive o privilégio de assistir a seu lado aos últimos torneios do agora Portugal Open. Nos últimos anos "já não tinha paciência", como frequentemente me confidenciava, para "alguns aspectos do ténis" mas assistia sempre ao torneio do Jamor com paixão. Tornando-se uma das figuras carismáticas da modalidade e do evento organizado por João Lagos. http://www.record.xl.pt/Modalidades/tenis/interior.aspx?content_id=867673 12 de Fevereiro de 2014 · |
Carlos Figueiredo morreu aos 88 anos, no hospital de Cascais, onde estava internado há algumas semanas.
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